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quarta-feira, 28 de abril de 2010

A liberdade da escravidão & a escravidão da liberdade

Na teologia a palavra corrente, traz uma conotação de “segmento de um pensamento Teológico”, ou seja, “corrente”, quando alguém diz que é de corrente, “calvinista”, está dizendo que a sua estrutura teológica é herança da construção teológica do reformador João Calvino, da mesma forma a corrente “Arminiana”, de Jacobus Arminius, Wesleyana de John Wesley, Luterana, de Lutero, e assim por diante.

Não é incomum ouvir a pergunta? De qual corrente você é? A resposta depende da formação teológica de cada um! Corrente é uma palavra que traz uma conotação de “limite de liberdade”, mas será que a corrente tem somente essa definição?

Será que não existe liberdade na escravidão? Até que ponto pode dizer que alguém acorrentado não tem “liberdade”. Se definirmos liberdade como capacidade de fazer o que quer, logo o acorrentado não é livre, mas pode alguém ser livre, quando tem “liberdade”, para fazer e não consegue fazer, visto estar preso por “correntes”, como essa da Teologia?

Não sou contra a Teologia, mas não gosto muito dessa palavra quando se refere à teologia, pois para mim a teologia deve estar “livre das correntes”, pois se for corrente, dificilmente será livre! A não ser que haja liberdade na “corrente”!

A corrente que limita o espaço nos tira a liberdade de ir e vir, mas o que dizer das correntes psico-“lógicas”, emaranhadas num sistema fascinante que produz uma letargia mental, onde uma seqüência de pensamentos organizados coloca a mente dentro de uma forma esquemática, fazendo aquele que crê ter tanta convicção das suas certezas, que não consegue ser “livre”, para pensar de forma diferente, embora o seu cérebro esteja “livre”, na realidade está acorrentado! Embora tenha “liberdade” está preso!

Que dizermos da liberdade, ah! Liberdade, como sonha o homem estar livre da causa e efeito... da lei da gravidade! Esse é o sonho humano de ser divino! Enquanto alguns se amarram com a lógica dos "dogmas", outros se libertam dos "dogmas", mas se amarram na "corrente", de não ter “dogmas”, ficando preso na liberdade de não ser escravo.

A liberdade também acaba sendo uma “corrente”, pois a liberdade do homem é relativa, mesmo sendo “livre”, é “escravo” das leis, inclusive a “lei da liberdade”. Não a lei do "não fazer", que sofre as com-“seqüências”, da “passividade”, que é a in-“capacidade” de “fazer”, vive a lamentar a in-felicidade de não ter a liberdade, para “fazer” as coisas mudarem!

Mas a lei do “poder fazer”, para mudar, também tem as conseqüências, tendo ou não uma “corrente”, estaremos sempre acorrentados, uns presos pela corrente dos dogmas, outros presos pelas correntes das “conseqüências”, do “fazer”, mas “não poder”, ser livre das conseqüências do que faz!

Que o diga os “hereges” da história que lhes foram tirados a “liberdade” de expressão, acorrentados, tornaram-se escravos por ter a inteligência livre. Mas quem realmente teve a liberdade transformada em “escravidão”? Quem foi “acorrentado”? Os “acorrentados” por causa da liberdade da inteligência, ou os que os “acorrentaram”, pelo atrofiamento da inteligência escrava, “acorrentada” na ignorância dos seus pré-“conceitos”.

Quem é livre tem “conceitos”, e a visão desses, está sempre aberta a passar pela re-“visão”, pois a revelação está em andamento! Mas o pré- “Conceito”, é um conceito “canonizado”, que não aceita ser re-“visa”-do, pois não “visa”, re-“visar”, que conhecer, também implica em re-“conhecer”, que a verdadeira “liberdade” é estar debaixo da sub-“missão” e essa é a supra-“missão” daqueles que foram chamados para ser os “escravos-livres” de Deus. [1]

Depois de algum tempo os ex-termina- “dores” de “hereges”, que colocaram fim nas “dores” de alguém que conseguiu ver o invisível, a revelação é visível para quem recebe e escura para quem é mero contemplador!

Descobriram que os “hereges” não eram tão “hereges” assim! A definição de herege, ou não, depende do ponto de “vista” de quem acha que de-“tem” a verdade, mas o tempo descobre que os hereges também têm seu ponto de “vista”, mas a “vista” às vezes da “Ponto”, para quem tem o “poder” de prevalecer, contra quem tem a “verdade”, mas não tem poder, para fazer prevalecer a sua “heresia”!

Da a impressão que a verdade é escorregadia, pois nossas certezas hoje são in-“certezas”, amanhã! Quem pode arrogar que nunca foi corrigido pelo mestre em divindade chamado “Tempo”! As certezas são as convicções que termos num momento, mas no momento, seguinte, só ficamos com a certeza do “equivoco”.

Arminio, o herege de Calvino, Lutero o herege do sistema Romano, Os pietistas os hereges dos luteranos, Wesley o herege do Anglicano, Pentecostal hereges do Tradicional... e assim continua a lista interminável dos hereges! A não ser que soframos as “conseqüências da liberdade”, que assim como as “conseqüências da escravidão”, também tem as suas “conseqüências”!

A diferença é que um sofre as conseqüências do "não poder fazer", porque estão presos as "doutrinas", outro as mesmas conseqüências do não poder fazer, mesmo estando livre das doutrinas. O primeiro sofre as conseqüências do que não pode fazer, por isso continua preso. O outro sofre a conseqüência inversa, do poder fazer, e não fazer.
Viva a liberdade da escravidão... E a escravidão da liberdade, afinal ser escravo é também ser livre!
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Notas
[1] Conferir Romanos 6: 17-23, quando o apóstolo fala que eramos: “escravos do pecado” (δουλοι της αμαρτιας) “douloi tes hamartias”, E, libertados do pecado: “fostes feitos servos da justiça” (εδουλωθητε τη δικαιοσυνη) “edoulothete te dikaiosine”.

A palavra “escravos” (douloi), vem da mesma origem “Servos”, (edoulothete) que a palavra “doulos”, traduz para a nossa lingua tanto para “servo” como para “escravo”, ou seja servo ou escravo tem o mesmo significado no grego do novo testamento.

Continuando em Romanos 6: 19: δουλα τη ακαθαρσια (doula te akatharsia), “escravidão da impureza” em contraste com “servirem a justiça” (δουλα τη δικαιοσυνη) “doula te dikaiosine”. (v 20) “Servos de Deus” (δουλωθεντες δε τω θεω) “doulothentes de to theo”.

O apostolo ao escrever em grego, não fez distinção como na lingua portuguesa entre “servo”, e “escravo”, mas usou a mesma palavra tanto para um como para outro. Os tradutores acharam melhor não usarem a mesma palavra, fazendo distinção entre “servo” e “escravo”, coisa que não foi feito no texto grego pelos escritores do Novo testamento

terça-feira, 20 de abril de 2010

DEISMO, TEISMO & PAN-EM-TEISMO

Há duas idéias filosóficas básicas sobre Deus, a oriental e a ocidental, na concepção oriental sobressai a TRANSCENDÊNCIA (judaica) é totalmente ANTI-IMANENTE, ou seja, no Antigo Testamento não vemos o conceito de Deus “EM”, e sim D’ALÉM, o que fica muito “AQUÉM” do anseio humano de relacionamentos, esse Deus precisa ser mais TRANSPARENTE.

No ocidente Deus é mais IMANENTE (Cristianismo) embora seja embrionária no oriente, (judaísmo), difere por crer que Cristo é o cumprimento das profecias contidas nos escritos proféticos!Essa diferença trás a crença em que Deus veio e voltou para o ALÉM, mas não fica “AQUÉM”, pois na encarnação, o CRISTO pelo ESPIRITO está “EM”.

A teologia do oriente “peca”, porque um Deus totalmente TRANSCENDENTE fica AUSENTE, precisa do IMANENTE para estar PRESENTE e ser COM-DESCE- ENTE, a encarnação oferece essa DESCE-IDA, o que está no alto vem para baixo, se iguala a criatura, mesmo sendo o criador.

O DEISMO e o TEÍSMO mostram um Deus totalmente TRANSCENDENTE, porém AUSENTE, o primeiro sem EM-PATHOS, um relojoeiro, frio que cria e deixa a lógica da maquina ser a “senhora do destino”.

O segundo tem EM- PAT-IA, mas falta lhe SIM-PATIA esse “Deus” não DESCE da sua majestade, não se move da sua posição, a semelhança do DEISMO, o TEÍSMO também oferece um Deus CONTEMPLADOR, porém insensível, suas entranhas ficam imóveis, falta vibração, não tem PAIXÃO, conseqüência disso é a ausência de COM-PAXIÃO.

O TEISMO torna-se pior, menos humano, um Deus que não seja humano não serve para ser honrado, pois é crueldade se relacionar com suas criaturas através de leis, escreve com dedo na pedra, marca com fogo, vem no terremoto, ao ouvir a sua voz o homem treme, até mata, não conhece lagrimas, ele precisa se EN-CARNE-AR! Ai então vai aprender a CHORAR.

O TEÍSMO e o DEISMO têm um Deus que está “ALÉM”, mas sua marca é a DESDÉM, olha de cima para baixo, preserva a sua glória, o Deus que serve para ser honrado, não OLHA DE CIMA, ele desce e OLHA PARA CIMA geme, sente o desamparo da sua criatura, até DEUS já experimentou o que é duvidar de DEUS, quando perguntou: “PORQUE ME DESAMPARASTE? Um Deus que se sente DESAMPARADO é digno de ser ADORADO!

O PAN-EN-TEÍSMO ou KRAUSISMO, diz que a criação está “CONTIDA EM” Deus, mas esse é maior do que sua criatura, difere do PAN-TEÍSMO, que diz : “Deus e o universo coincidem perfeitamente”, ou seja, uma unidade que está tão IMANENTE, que não pode ser DIFERENTE, por isso é IN-DIFERENTE!

O CRISTIANISMO tem sua base no PAN-EN-TEISMO, pois Deus está para “ALÉM”, mas em Cristo desceu “EM” e o homem, pela fé, o CON-TÉM: “Vós sois templo do Espírito de Deus, o reino de Deus está dentro de vós.”

Deus não tem morada fixa, é “PEREGRINO”, vive em tabernáculos móveis que passam pela existência! SPINOZA percebeu isso quando disse: “Tudo não é Deus, mas tudo está em Deus, sendo Deus a base de tudo”.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Dogma-latras: adoradores de dogmas!


“Não terás outros deuses além de min”. [1]. Uma tradução mais literal do hebraico poderia ser: “... Não terás outros deuses à parte de min, frente a min, na minha presença”.

Olhando para o contexto onde o povo viveu por 430 anos, uma nação que escravizou os descendentes de Abraão, [2] a nação egípcia descende de Cam, que gerou Miszraim [3] Os Egípcios eram politeístas, e faziam imagens de seres da natureza como representantes das divindades nas quais cria, isso explica o porquê do bezerro de ouro ao enfrentar à ausência de Moisés quando subiu ao monte.

“Mas vendo o povo que Moisés tardava em descer do monte, acercou-se de Arão e lhe disse: Levanta-te, faz-nos deuses que vão adiante de nós; pois, quanto a este Moisés, o homem que nos tirou do Egito, não sabemos o que lhe terá sucedido. Disse-lhes Arão: Tirai as argolas de ouro das orelhas de vossas mulheres, vossos filhos e vossas filhas e trazei-mas”. [4]

Não foi sem propósito a advertência sobre fazer imagens de qualquer espécie das coisas que Ele mesmo criou a “imagem”, exerce poder sobre quem a observa, o ser humano tem uma capacidade extrema de fazer “imagens”.

No caso especifico os quatro séculos de sobrevivência da nação que colocava os seus anseios nas imagens que representava a sua “fé”, essa “imagem” distorcida do Deus de Israel, certamente a primeira advertência seria para que não fizessem “imagem” do Deus que está acima de qualquer imagem criada pela imaginação humana.

Mas será que era a imagem em si, que Deus estava proibindo que se fizesse adoração? Poderíamos definir Idolatria na esfera do ser criar imagem do “ser que o criou”, ou qualquer imagem, ainda que não fabricada nos moldes da argila, metal ou quaisquer que seja o material usado para esculpir a divindade.

O problema não estava na essência, na com-posição, mas na “posição”, do homem diante da imagem que ele cria, pois essa passa a ser digna de ser o “seguro” da fé daquele que crê, quando a dimensão da fé é não estar seguro, é a segurança na insegurança do que se não vê [5]

A idolatria não está na “imagem”, pois essa poderá ser “pedagoga da fé”, a imagem pode revelar verdades através da criatividade da mente, que nem sempre mente, quando cria uma visão da revelação do mistério da fé, visto que na audição o próprio Deus convida a sair [6], mas na visão Ele mesmo diz: “olha para o céu e conta as estrelas”[7], a arte é a visão daquele que vê o que outros não conseguem ver, arte é invenção é expressão de fé!

Na história da igreja, a imagem ganha muitas formas, a idolatria tem muitas faces os “dogmas”, substituíram a idolatria dos “santos” esculpidos pelas mãos humanas, criados por Deus a sua imagem e semelhança, o próprio homem transformou a “imagem” de Deus em substituto do próprio Deus.

A re-forma foi importante, pois combateu a forma, esculpida pelo homem no tocante a sua justificação diante de Deus, mas ao justificar que a justificação pela fé diante Deus não exige forma, também deu forma para a mesma justificação, quando estabeleceu os “dogmas” como à “forma”, para o conhecimento de Deus.

Quem pode negar a importância da re-forma, quando destruiu a forma, mas a mesma reforma também cometeu o erro, não de formar os dogmas, mas de os “canonizar”, querer se segurar na “imagem” de uma confissão de fé estática. Isso é confirmado pelos que se jactam de ser adeptos de uma Teologia calvinista, que certamente nem “Calvino”, imaginaria que iriam “canonizar” a doutrina levando o seu nome.

Na “progressão do paganismo”, sim entre aspas, pois quem pode definir o que é pagão, se para o “pagão” suas ações se movem na direção do sagrado! Mas na defesa da glória de Deus, só havia um remédio, não remediar, agir! Os re-“forma” dores, in-con-“forma”-dos, arrumaram forma de dar o antídoto, convidam o grego "pagão?" Aristóteles, para usar a lógica e dar forma a um Deus multi-forme. Agora ninguém mais colocaria imagem “diante D’Ele”.

No entanto com o passar dos tempos, chegando aos nossos dias, percebemos que a imagem foi substituída pelos “dogmas”, não que os re-forma-dores tinham essa intenção, mas ao querer usar os “dogmas”, para segurar a fé, sem perceber substituiu Deus pelos “dogmas”, a fé nos Deus vivo, pela confissão de Fé que descreve o Deus vivo, agora deveria ter as formas do sistema idealizado da “Sofia”. [8]

Foi posta a res-posta, anti-idolatria, onde se substitui a idolatria do homem que se colocava no lugar de Deus, o “Ser”. Mas corria o risco da substituição, outro ocupar o lugar, o “Saber”.

Não seria a figura humana esculpida, o objeto que ocuparia o lugar: “Não terás outros deuses além de min”. foi convidado Aristóteles "pagão?" trouxe consigo a amiga lógica, a  segurança da “Sofia”, o saber que enganou quem não “sabia”, que há muitas formas de idolatria. A imagem esculpida foi substituída pela imagem do “saber”, foi trocado um ídolo por outro, mudou-se a forma, permanece a essência!

Essa foi denominada “A era dos dogmas”, pois para fugir da idolatria das “indulgências”, que divinizava o homem e destronava Deus, descendo-o a um mero coadjuvante expectador passivo das vontades humanas, necessário era colocar Deus de volta no seu trono, mas a “Sofia”, não sabia que não poderia colocar um Deus tão transcendente, que não fosse com-desce-ente, pois o Deus en-carne, desceu até o homem nas suas limitações.

Os “dogmas”, que foram feitos para proteger o homem das “heresias das indulgências” não conseguiu o proteger das “indulgências das doutrinas”, para ser perdoado dos pecados precisava pagar pelo pecado cometido, da mesma forma havia um preço a ser pago, para quem cometesse o pecado de não aceitar a “proteção”, dos dogmas.

Ouve uma substituição das “indulgências do pecado”, pelas “indulgências dos dogmas”, de qualquer forma o homem pagaria pela sua transgressão, ou pela des-obediência a “lei” do sumo sacerdote, ou pela des-obediência a “lei dos dogmas”, uma coisa ambos concordaram, toda lei transgredida exige punição! O homem pagava por si mesmo ao transgredir o padrão de moral, estabelecido pela “lei”, dos homens, o que produziu uma re-volta, onde a volta a “Sola Scriptura”, foi usada para organizar idéias sobre Deus.

O remédio teve efeito colateral, pois ao colocar em ordem o “descrever Deus”, foi necessário limitá-lo! Os mistérios da revelação seriam sepultados pela premissa: “Deus é soberano”.

Só restou a pré-destinação como ato de um Deus Todo poderoso, que resolveu “eleger” alguns e simplesmente ignorar outros, afinal é todo poderoso pode escolher o que bem quiser, ainda que se contradiga ao dizer: “A minha alma não se alegra com a morte do ímpio”![9]

A salvação era privatizada, e tinha na infalibilidade da igreja a segurança do homem, mas com a re-forma, houve uma substituição, pois agora “a infalibilidade dos dogmas”, era a segurança do homem, para a mesma salvação! O homem só era livre para concordar que não era livre, pois discordar o levaria a experimentar a realidade da prisão!

Neustã [10] nunca foi digna de ser adorada, ela foi apenas uma “imagem”, que serviu de “pedagoga” da revelação, apontando para aquele que a sua semelhança seria pendurado, e nele não há imagem estática, mas uma cura constante, dando o direito de o homem ser curado, dos males de alimentar-se da arvore da ciência do bem e do mal, sendo atraído, ao olhar para ELE. [11]

A serpente de metal, ainda está presente, não por movimento próprio, pois ela não tem vida, mas está viva na mente de quem ouviu [12] falar que só para ela olhar, o milagre acontecia.

Só resta agora despedaçar qualquer imagem, seja de metal, [13] seja da “Sofia dos dogmas”, a revelação progrediu, Deus é multiforme, presente em diversas formas, e não há imagem que possa superar aquela que corporificou , se fez carne vivendo entre nós. [14]
___________________________
NOTAS
[1] Êxodo 20:1
[2] Cf: Gênesis 15:16. O tempo que Israel ficou no Egito foi de 430 anos, embora 30 anos não fosse considerado escravidão visto que esse foi o período que Jose foi governador do Egito. Cf: At 7:18-19.
[3] Gênesis 10:6.                    
[4] Êxodo 32:1-2.                   
[5] Hebreus 11:1.
[6] Gênesis 15:4.                     
[7] Idem, vs (5).
[8] Philosofia: palavra de etimologia grega que significa sabedoria, daí o termo significar “philo”, amigo, amante da Sabedoria.
[9] Ezequiel 33:11.                
[10] Números 21:8-9.
[11] João 3: 14-15 Ele tirou os altos, quebrou as estátuas, deitou abaixo os bosques, e fez em pedaços a serpente de metal que Moisés fizera; porquanto até àquele dia os filhos de Israel lhe queimavam incenso, e lhe chamaram Neustã.
[12] Números 21:8-9 "E disse o SENHOR a Moisés: Faze-te uma serpente ardente, e põe-na sobre uma haste; e será que viverá todo o que, tendo sido picado, olhar para ela. E Moisés fez uma serpente de metal, e pô-la sobre uma haste; e sucedia que, picando alguma serpente a alguém, quando esse olhava para a serpente de metal, vivia".
[13] Ele tirou os altos, quebrou as estátuas, deitou abaixo os bosques, e fez em pedaços a serpente de metal que Moisés fizera; porquanto até àquele dia os filhos de Israel lhe queimavam incenso, e lhe chamaram Neustã.
[14] João 1:14 : E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.

sábado, 10 de abril de 2010

NEO-ATEISMO: “O paradoxo da transcendência na imanência”

André Comte-Sponville, finalmente um “Ateu” coerente que na realidade não é tão ateu assim! È ateu por negar a transcendência, mas faz diferenciação entre as palavras RELIGIÃO & ESPIRITUALIDADE admitindo a segunda sem necessariamente precisar da primeira, ou seja, a existência de ESPIRITUALIDE sem RELIGIÃO, essa é a proposta do que denomino NÉO-ATEISMO!

Essa separação na definição entre ESPIRITUALIDADE e RELIGIÃO é no mínimo PARADOXAL (não contraditória!), pois a palavra ESPIRITUALIDADE, já aponta para uma dimensão de TRANSCENDÊNCIA o que a meu ver é uma forma de RELIGIÃO, mas que não vai para “ALÉM DE” tendo “OUTRO” o diferente, como objeto fora de si, mas a “OUTRA” a IMANENCIA, porém não se pode permanecer na IMANÊNCIA “estar em”, quando se usa a META-FÍSICA, (estar além), pois essa em si é TRANSCENDÊNCIA!

A antropologia do SPONVILLE é EVOLUCIONISTA, mas nessa definição ele acaba transcendendo:

“O que é espiritualidade? É a vida do espírito, especialmente em sua relação com o infinito, com a eternidade, com o absoluto.”

Essa vida do espírito está relacionando como o que TRANSCENDE que é o “infinito, eternidade e absoluto”, de qualquer forma o SPONVILLE admite a dimensão TRANSCENDENTE do ser humano.

Já os ATEUS ORTODOXOS, em oposição a SPONVILLE que seria o NEO-ORTODOXO do ateísmo, não anula a TRANSCENDÊNCIA, pois os ORTODOXOS fazem oposição até mesmo à antropologia EVOLUCIONISTA, que admitem a TRANSCENDENCIA do homem em relação à natureza, com a tese:

“Houve um momento em que o homem dá um salto e esse foi justamente o momento quem que ele TRANSCENDE”.

Não se sabe qual o momento, tão pouco que experiência foi essa, alguns dizem que foi na percepção da sua FINITUDE, o antropólogo CLAUDE LÉVIS STRAUSS com pressupostos da psicanálise FREUDIANA diz: “Surgiu à primeira REGRA OU NORMA”.

FREUD e STRAUSS defendem a tese de que esse momento foi a PROIBIÇÃO DO INCESTO!”

SPONVILLE não CRÊ numa transcendência para um “ALÉM DE”, mas numa transcendência na relação “A UM” usa três termos abstratos para falar da espiritualidade: “INFINITO, ETERNIDADE, e o ABSOLUTO”

Essas são dimensões da religião, o “ALÉM DE”, ainda que não se acredite numa PESSOALIDADE, ou IMPESSOALIDADE, numa causa primária da existência, mas crê-se na dimensão META-FISICA!

A filosofia atéia de SPONVILLE no tocante a ESPIRITUALIDADE já demonstra uma RELIGIÃO, embora admita a ausência de RELIGIOSIDADE, fica difícil de separar uma da outra, pois se pode haver ESPIRITUALIDADE sem RELIGIOSIDADE, não pode haver religiosidade sem ESPIRITUALIDADE seja DOGMÁTICA ou A-DOGMÁTICA, nesse caso, acredito que o SPONVILLE inconscientemente admite que ao definir a possibilidade de uma “VIDA NO ESPIRITO”, fundamenta de que a ESPIRITUALIDADE já é uma RELIGIÃO!

Os termos usado por ele, não carrega uma conotação de PESSOALIDADE ou PERSONALIDADE, como nas religiões TEISTAS, que no relacionamento com o ABSOLUTO usam PRÓ-NOME, que é uma PRÓ-jeção da di-mensão HORIZONTAL, “homem” para a VERTICAL “Deus”, embora não seja assim que crêem os CRISTÃOS ORTODOXOS, pois faz uma pseudo-reflexão na ordem inversa, uma epistemologia na VERTICAL "Deus" para uma HORIZONTAL "homem"!Como se isso fosse possível!

A definição do ABSOLUTO judaico-cristão tem sua gênese não na premissa de um ABSOLUTO “Deus” que CRIA o homem a sua IMAGEM, (embora essa seja a teoria) mas da sua IMAGEM o homem CRIA a imagem do ABSOLUTO “Deus”, isso em reflexo do olhar para si vê a sua imagem e a nomina “Deus”, como efeito do reflexo desse olhar no espelho! Isso explica Deus ter tantos rostos diferentes!

As religiões IMANENTES como o HINDUISMO tem no BRÂMAN o princípio divino, não-personalizado, e neutro, ENERGIA, são diversos adjetivos, FORÇA CÓSMICA, o TAO: “caminho no espaço-tempo - a ordem na qual as coisas acontecem”, no BUDISMO o SAMSARA compreende os três mundos superiores: “Deva, semideuses e seres humanos”.

Mesmo uma religião sem Deus admite a TRANSCENDENCIA, a percepção de tempo, espaço e continuidade da vida tira o homem da total IMANÊNCIA eleva-o a TRANSCENDENCIA!

Se por um lado no ateísmo de SPONVILLE, não há pessoalidade de relação do homem com o ABSOLUTO, ele sai da premissa filosófica grega onde a causalidade é a RAZÃO o motor IMÓVEL que MOVE, também rejeita o “SER QUE É”, o imutável de PARMÊNIDES, que é a expressão judaica do SER com PERSONALIDADE do judaísmo!

SPONVILLE em busca de uma ESPIRITUALIDADE crê na impessoalidade, mas não consegue escapar do que se propõe fugir a “RELIGIOSIDADE”, pois não há outra forma de definir ESPIRITUALIDADE, o termo em si já é RELIGIOSIDADE, por aceitar outra dimensão de existência mesmo na IMANÊNCIA, não nas “fugas” do niilismo negativo das religiões tradicionais (paraíso) nem no niilismo reativo da religião ciência (futuro), mas uma TRANSCENDÊNCIA na própria IMANÊNCIA, o que é “PARADOXO”, pois toda transcendência é movimento para “ALÉM DE” sendo assim PARADOXO é verdade da fé!

SPONVILLE: “bem vindo ao clube”, da religião!
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NOTA
Esse artigo foi escrito tendo como base o excelente texto postado pelo meu amigo Eduardo Medeiros.
Recomendo que para entender melhor esse texto leia antes o artigo no seu blog, com o tema: Espiritualidade ateísta.
http://saladopensamento.blogspot.com/2010/04/espiritualidade-ateista.html

terça-feira, 6 de abril de 2010

O Mistério sem roupa!

A teologia judaica tem na sua crença um fator interessante o NOME de DEUS, que carrega um mistério tão profundo e sacro que sequer deve ser pronunciado.


A Palavra SER composta do tetragrama da língua hebraica, alguns interpretes dizem que poderia ser traduzida por EU SEREI O QUE SEREI ou EU SEREI O QUE MOSTRAREI SER


י    Yodh ou Yud

ה   He ou Hêi

ו   Waw ou Vav

ה   He ou Hei


O Judaísmo sacraliza o nome dado ao mistério, esse é temido, pois tem poder de vida e morte sobre o homem, há reverência em pronunciá-lo, sendo o oposto das religiões onde conhecer o nome dá poder ao homem sobre a divindade, pois não é somente uma forma CONHECER, mas de DOMINAR, através do conhecimento que se tem, pode-se manipular a seu favor, invocando-o através do nome, colocando-a divindade a seu serviço!


Daí entende-se Jacó, que no encontro com a divindade pergunta: “Qual o seu nome”, ouviu a resposta: “Para que perguntas pelo meu nome? (Genesis 32: 29). O mistério não quis se revelar abençoou, não deu espaço para que o sagrado fosse profanado, a divindade é anseio inconsciente do homem, daí, a benção de “Deus”, ser antitética ao comércio dos “deuses”, esses ao serem nomeados passavam a subemeter-se ao que o nomeia!


O nome de DEUS ficou desconhecido, em razão D’Ele ser à sombra do cristo que haveria de vir, ele tem “nomes”, muito mais que “nome”, não é singular, mas plural, não é o Deus dos “orto-doxos”, nem dos “neo-ortodoxos”, e sim dos “para-doxos”, não é uma sub-tração, nem di-visão da divindade, por isso não importa se é UNICIDADE ou TRIN-DADE, se três em um ou um em três, mas muliplicidade na unidade que se revela na diversidade!


Quando o homem dá NOME ao mistério chamando-o de DEUS, tenta decodificá-lo, um pouco do mistério se esvai no nome, pois a palavra “Deus” já é interpretação. Os anti-religiosos que não aceitam DEUS no nome admitem uma espiritualidade no homem, isto é: “DEUS” sem nome, esses o reconhece e sem perceber lhes dá um nome, chamando o de MISTÉRIO!


Essa palavra é a que mais se aproxima do significado de DEUS, pois significa tanto, que não tem definição na explicação do significado, isso porque ao nominar o mistério chamando o de DEUS, já o está limitando, quem admite que o mistério é infinito, quando da nome o traz a dimensão do finito!


O melhor possível seria não lhe dar nome! Que nome se dá ao que não se compreende? “MISTÉRIO”, mas ao nominá-lo estou tirando o que lhe é peculiar, o ABSURDO!


A revelação tem seu fundamento no MITO, que é projeção, anseio e verdade que está além, fora do sujeito, esse que caminha na interpretação, alternando as vestes novas e velhas, ora vestindo, ora se despindo, ora tecendo...


O homem vai dando NOME, tentando decodificar o in-decodificavel, fazê-lo deixar de ser MISTÉRIO, dominá-lo, por isso veste-o conforme a sua roupa! E tira a sua roupa conforme a sua nudez! Não entender DEUS é o que mais lhe fascina... Pois quanto mais longe ele estiver do seu entendimento mais e mais anseia pela sua proximidade!


CRISTO, roupa do mistério que tirou a roupa, ficou nu, na sua nudez veste o homem de sentido, Ele veste a roupa do nu, e aceita que o vistam com suas roupas, o mito que o homem i-mita, MISTÉIRO que se despe para vestir...