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quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

TEMPO: CRONOLÓGICO X BIOLÓGICO

"Se tá tão difícil agora.
Se um minuto a mais demora.
Nem olhando assim mais perto.
Consigo ver porque tá tudo tão incerto".
(Música problemas - Ana Carolina).

Ana Carolina consegue como poucos expressar conflitos nos relacionamentos. Ela dá o diagnóstico de um relacionamento em crise. Mostra que o corpo é o relógio do tempo.

Há uma percepção de maior duração no “tempo cronológico” em detrimento do “tempo biológico”.

Quando o relacionamento está bom, à relatividade do tempo funciona da seguinte forma: O tempo biológico (sensações) diminui percepção de durabilidade do tempo cronológico.

Mas o que significa essas duas dimensões de tempos?

CRONOLÓGICO (Relógio): Medido através do movimento da terra em torno do sol.
BIOLÓGICO (vida): É o tempo das sensações, desejo, prazer.

O relacionamento de duas pessoas que se desejam, relativista a duração do tempo. O tempo “Cronos” é imperceptível, o desejo, as sensações, o prazer, faz como que ele seja percebido como de curta durabilidade.

Nessa dimensão é o corpo que mede o tempo. Essa verdade atua em dimensão oposta quando o relacionamento entra em crise, surge uma sensação que não havia antes: "Se tá tão difícil agora”. Um minuto, tempo não perceptível na esfera do desejo, é prolongado a sua sensação de durabilidade com a ausência do desejo: “Um Minuto a mais demora”.

Os mesmos sessenta segundos que não existiam na contagem da relação, agora são prolongados nas sensações.

A música prossegue mostrando a relatividade do espaço. Ela tenta entender o que está acontecendo, se aproxima no sentido de reflexão. O que está acontecendo? O que aconteceu com o “minuto” que não existia, e agora passou a ser “incomodo”?

A aproximação entre o sujeito e o objeto do desejo, não aumenta a sua percepção. A cognição é afetada pelas emoções. Não é uma questão de “Oftalmo” (visão), mas uma questão de “Nous” (mente, entendimento). Ela exclama: “Nem olhando assim mais perto. Consigo ver porque tá tudo tão incerto".

Na certeza criamos o que não existe, na dúvida não conseguimos perceber o que está à frente dos olhos, não é questão de distância geográfica, mas da ausência do desejo. O olhar que dava segurança, agora não consegue ver a razão para a insegurança.

Numa crise as pessoas sempre procuram a “causa”, mas nem sempre é possível encontrar... Mas pode-se sentir o efeito....

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

O MITO DE SÍSIFO E O CAPITALISMO

O capitalismo com seu sistema chamado de “mercado” têm a capacidade de eliminar do ser humano o que lhe é mais peculiar: “A capacidade de criação”.

Na teologia essa capacidade é atribuída à herança da “imagem e semelhança do criador na humanidade”.

Mas como é que o mercado capitalista anula essa capacidade no homem? Ora o mercado atua num ciclo: Produção-repetição-acumulo, novamente, produção-repetição-acumulo e assim infinitamente...

Mas no que isso anula a capacidade de criação? Ora veja que nesse ciclo, não há espaço para o novo, para a criação, o homem não utiliza a imaginação, Ele é “robotizado” ao mesmo tempo em que é “desumanizado”.

Sísifo na mitologia grega recebeu uma punição de Zeus, e essa consistia em carregar uma pedra ao alto de uma montanha e quando chegasse ao topo, deveria soltar ela e descer novamente e subir a pedra sucessivamente infinitamente... Qual foi o maior castigo infligido pela divindade superior? Sem dúvida foi à repetição, tédio, ação sem criação, sem a imaginação.

O castigo de sísifo se assemelha ao castigo do capitalismo ao homem na sua configuração chamada de mercado. O homem produz utilizando a forma de repetição, sua mente está desconectada do seu corpo, não precisa pensar, não cria, apenas repete, dias após dias....

Se o trabalho virou mera repetição, não exige a inter-relação entre corpo e mente, já não é mais criação e sim repetição.... Na sabedoria da mitologia grega a punição pior para o homem seria a ausência de sentido no trabalho, essa seria a grande tortura para a existência humana: “Subir com a pedra e a soltar sabendo que vai rolar novamente e depois a buscar”, é uma ação sinônimo de Tédio!

Nessa experiência o tempo se torna supérfluo, pois embora exista o “Kronos”, o tempo “biológico” passa com a percepção de que nada ocorre, não acontece o novo, a surpresa, anula a experiência. O corpo torna-se máquina isso acontece pelo fato de que a experiência é a capacidade de assimilar acontecimentos, fatos, que nos confrontam com as dificuldades que nos transformam, que nos faz criar.

O mito de Sísifo continua atual.... Sísifo não tinha liberdade para rolar a pedra da montanha e não voltar a levá-la novamente para o alto. Zeus (deus) é o capital, o homem é Sísifo, seu castigo é “rolar a pedra” e a subir novamente.Essa é a sua sobrevivência ao mesmo tempo seu castigo...

Os deuses da mitologia tinham que cumprir seu destino, mas o homem pode soltar essa pedra do monte e não mais voltar a buscá-la?