Bourdieu entende que há uma concorrência no interior
de cada campo social de forma dinâmica, que tem sua origem nos agentes sociais
(pessoas) através de estratégias diferentes que visam à transformação ou
conservação das estruturas sociais.
O ministro Joaquim Barbosa em sua trajetória de vida
confirma a teoria de Bourdieu que não há fatalismo de “classes” ou de
“estrutura”.
Embora a desigualdade da distribuição do capital seja
a gênese das lutas que produzem um conflito permanente, essas são configuradas
na defesa dos grupos dominantes, que querem defender seus privilégios em
oposição aos grupos e indivíduos que lutam por poder e reconhecimento, que se
situam na hierarquia social na posição de inferioridade.
A forma com que essa luta se realiza são diversas, tais
como: “acumulação de capital econômico ou social, cultural e simbólico”.
As lutas são formas de tentar modificar as
estruturas dos campos sociais, ao mesmo tempo, uma maneira de alterar as
hierarquias manifestadas nas diversas formas, como: “econômica, cultural ou
simbólica”.
Mas as hierarquias podem ser alteradas, modificadas,
pois a cultura também é um capital.
O ministro
Joaquim Barbosa e a presidenta Dilma Rouseff adquiriram esse capital, quebrando
assim o fatalismo da estrutura do “poder dominante”.
Os “processos antecedentes” que são “estruturas
estruturantes” produzem e reproduzem o poder simbólico, tem o objetivo de
através da luta simbólica quebrar a lógica social da classe dominante.
Essa classe dominante é legitima para os agentes do
campo social e considerado por eles como normal.
Dilma e Joaquim Barbosa são exemplos da sociologia
de Bourdieu, em que o agente social transforma a “estrutura social”.
A violência simbólica, doce e mascarada, se exerce
com a cumplicidade daquele que a sofre, das suas vítimas.
Segundo Bourdieu
1996, p.275, “Essa violência está presente no discurso do mestre, na
autoridade do burocrata, na atitude do intelectual (...) constituem uma
violência simbólica, pela qual ninguém é verdadeiramente responsável, que
oprime e rege as linhas políticas nas democracias contemporâneas.
Dois paradigmas fatalistas quebrados:
O negro escravizado na colonização do País, marginalizado
e vítima do preconceito na história sempre as margens da sociedade.
A mulher vitima da violência de gênero, na cultura
religiosa judaico-cristã, a responsável pela inserção do “pecado” no mundo.
Agora representa o poder legitimo, quebrando toda a
lógica da “estrutura estruturante”
estratificada pelos “processos antecedentes”.
Na sociologia de Bourdieu não há determinismo,
predestinação ou destino, o agente social transforma as estruturas sociais.
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BIBLIOGRAFIA
BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas
simbólicas. São Paulo – SP Perspectiva, 7ª Ed., 2011.
________________. O poder simbólico. Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 14ª ed., 2010.
CORTES, Verónica. Pierre
Bourdieu, notas acerca de uma sociologia dos campos. In: Guia de Estudos Relações
mundializadas, neoliberalismo e sociabilidade humana. São Bernardo do
Campo: Editora da Universidade Metodista de São Paulo, 2009.