Lucas 10:3 “Ide eis que vos mando como cordeiros ao meio de lobos”.
Ao falar para os discípulos ir “como” cordeiros, ele não diz que mando “cordeiros” pois cordeiro não pode subsistir no meio de lobos, ele faz uma associação, uma símile , ele diz: “eis que vos mando como cordeiros”, mas na seqüência ele não usa figura de linguagem, afirma: “no meio de lobos”.
Sua advertência é uma psicologia de sobrevivência, pois estava dizendo o seguinte: “entenda que a mensagem do reino é uma mensagem de transformação” como cordeiro é um processo não é cordeiro, somente ele viveu em toda dimensão humana na sua essência, ele não é “como” cordeiro, ele “é” cordeiro.
Ser como cordeiro é diferente de ser cordeiro significa que os discípulos de Jesus estão passando por um processo, o evangelho não oferece uma transformação instantânea, mas sim progressiva. Havia um longo percurso para que a natureza de cordeiro existente nos discípulos subjugasse o poder da natureza do lobo que coexistia em sua personalidade.
Os discípulos recebem missão de agir “como cordeiro”. Lobo e cordeiro são duas faces da natureza humana, cordeiro é a dimensão da natureza que recebe a influência de Deus através do espírito, mas lobo é a outra dimensão da natureza do homem.
Jesus estava não só fazendo uma advertência, mas estava falando das duas dimensões que são antagônicas, que lutam no mesmo centro de consciência e o ambiente facilita, mas não pode determinar. O lobo precisa esforço para agir como cordeiro, mas “como cordeiro” pode facilmente agir “como lobo”, pois quem tem um pouco de lobo não precisa de muito esforço para agir como lobo!
Ter consciência de que a transformação não é instantânea, mas sim progressiva, é saber que o evangelho não atua como num passe de mágica, há necessidade de lutar para que o cordeiro que há na natureza não seja silenciado pelo lobo, isso acontece quando se faz o que deseja, mesmo sabendo que não devia fazer!
Quando se faz algo que sabe que não devia fazer é frustrante ver a luta entre e lobo e cordeiro, fazer o que deseja é fácil basta deixar os instintos levar, mas não fazer o que deseja, é preciso lutar, agir “como” cordeiro é ser manso, quando deseja atacar, suportar, quando quer revidar, essa consciência tem o cordeiro, mas não o lobo, por isso ele vai lutar para que o cordeiro venha agir como ele: “revidar, destruir, atacar!
Quando o lobo ataca faz o que lhe é peculiar por natureza, mas o cordeiro não tem estratégia de ataque, sua natureza não tem essa propensão, Jesus está mostrando que o evangelho oferece a consciência de que devemos ter cuidado, para que nesse conflito entre cordeiro e lobo não deixemos que o lobo venha dominar o cordeiro.
Cordeiro no habitat do lobo é presa facial, por isso ele não diz: “eu mando cordeiro no meio de lobo”, mas “como” cordeiro no meio de “lobo”, porque dentro de nós tem a mansidão do cordeiro que é a herança de cristo, mas tem a astúcia e a sagacidade do lobo, que é o ser humano dentro do seu egoísmo.
Jesus esta dizendo aqui: “Vocês vão como cordeiros no meio de lobo, prestem atenção quando vocês forem confrontados, no meio da matilha tome cuidado para que o lobo que há em você, na sua natureza, ao ser confrontado não queira fazer uma guerra, usando uma astúcia, que lhe é natural”.
O evangelho é o convite ao homem a tomar a natureza do "cordeiro", e viver no mundo de "lobos", a essência da natureza do lobo é astúcia, sagacidade, é predador, a sua subsistência depende da morte de outro, diferente do cordeiro que precisa ser conduzido, alimentado, cuidado, é dependente, não sabe se defender, já o lobo sua defesa é o ataque!Só recua quando encontra alguém que tem maior poder que ele, somente um poder maior o faz retroceder!
A advertência de Jesus aos discípulos era que eles iriam viver num um sistema predatório, pessoas que vão usar a sagacidade para ludibriar, enganar. Sua alerta: “não quero que vocês usem os mesmos instintos, porque esse é para predador!”
Eu envio vocês com uma natureza oposta, sua arma é a sujeição, bondade, mansidão que se encontra no cordeiro, lute contara a força esmagadora, opressora, coerciva, predatória que há em vocês, não usem as mesmas armas, os mesmos instintos, eu não estou enviando lobos, mas "como cordeiro" para lutar no meio de lobos, embora tenham intimidade com as armas dos lobos, suas armas são as do cordeiro!
A força que lhes dou é uma força oposta, não é a força de subjugar, dominar, oprimir, mas de sujeitar-se, não a força da guerra, mas da paz, não é a força que obtém vitória pelo método predatório que elimina o outro, mas a força da confiança de que você recebe a natureza de cordeiro, embora antes já tenha a natureza do lobo.
Você precisa viver num mundo de lobos, transitar entre lobos e não deixar com que a natureza de lobo que está em você venha dominar a natureza do cordeiro. Ele estava advertindo que haveria o perigo de que os seus discípulos ao entrarem no meio dos lobos, esquecessem de que eles iriam lutar de forma diferente, se isso acontecesse haveria uma “guerra de lobos”, e a mensagem do reino não será sinônimo de paz, sim uma guerra.
Ele estava dizendo: “não estou enviando vocês para fazer uma guerra de poder, eu não quero que vocês mostrem que são mais fortes do que os outros, não usem a estratégia do lobo, usem a simplicidade do cordeiro”. È assim que vocês irão atraí-los a experimentarem viver como cordeiros!
Jesus queria deixar claro que no seu reino os fortes não são os predadores, não é força da imposição, coerção, ditadura, mas sim a força do cordeiro mudo que se deixa levar, não é a força daquele que tem poder para esmagar o seu adversário, mas a força daquele que tendo poder não esmaga a cana quebrada.
A força do reino não é a astúcia do lobo, mas a simplicidade do cordeiro, não auto-suficiência predatória do lobo, mas a dependência e humildade do cordeiro, a mensagem do evangelho não é que você pode tudo, se torna imbatível, mas que a força que domina é a mansidão, paz, benignidade, não é medir forças, um poder que vai fazer frente a outro poder, no homem habita duas faces da natureza, a do cordeiro e a do lobo.
A natureza do cordeiro é um arquétipo do “homem perfeito”, mas há a natureza do lobo, que é o "ególatra", que busca satisfazer-se em detrimento do outro, a luta, não deve ser com a força e a astúcia do lobo, mas com a mansidão do cordeiro, não é uma luta para você dominar com suas forças, mas para deixar-se dominar, a natureza humana tem duas faces a do cordeiro e a do lobo!