“Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar. E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também” (v 14.3).
Jesus disse que os discípulos sabiam o caminho (v. 4), mas Tomé discordou da opinião de Jesus então Jesus explica (vs.6-15), e diz que rogaria ao Pai para enviar outro “consolador” (parakleto) (vs 14.16).
Jesus chama o Espírito Santo de espírito da verdade que o mundo não pode receber porque não vê, não o conhece, mas os discípulos conheciam tinham conhecimento: “porque ele habita convosco e estará em vós” (vs 14.17).
O verbo habitar está no tempo presente, “agora”, mas na sequência, ele fala que “estará” com os discípulos (vs14.17), e completa: “Não vos deixarei órfãos, voltarei para vós outros” (vs 14.18).
A partir daí, Ele ainda fala: vós conhecereis que eu estou em meu Pai, e vós, em mim, e eu, em vós (vs14.20), o Pai o amará, e viremos para Ele e faremos nele morada (vs 14.23), ouvistes que eu vos disse: vou e volto para junto de vós. (14. 28).
Se a interpretação é que Ele voltará, por ocasião da segunda vinda, então fica difícil aceitar que Ele não está, se for entendido que Ele está, então como explicar as “muitas moradas” que há na casa do Pai?
Alguns interpretam que a hermenêutica coerente com o texto seria que as muitas moradas, seria os discípulos em que o Espírito Santo habita, essa é uma realidade experimentada pela fé: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada” (Jo 14.23). Nesse caso, essas seriam as muitas moradas que há na casa do pai, não onde os discípulos irão, mas moradas onde Deus resolveu habitar.
Mas porque o desejo de querer ir... se Ele resolveu vir, céu não é um lugar, é um estado desejado pela alma humana, esse lugar não existe localizado no espaço-tempo, mas no desejo-falta, aquela sensação de que um dia tivemos esse lugar e o perdemos. Freud chama de desamparo, desejo de retorno ao útero deixado, o cristão de paraiso, um lugar onde habita o desejo, saudade, o paraiso perdido...