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sábado, 24 de dezembro de 2011

O que significa o nascimento de Cristo para o mundo?

O nascimento de Cristo para o mundo, significa um divisor de águas, fim de uma era, inicio de um novo calendário. 

No periodo em que Cristo nasceu havia duas culturas entrelaçadas (Grega e Romana) e uma na qual Cristo emerge (Judaica).

Os gregos tinham o lema de que a  sabedoria, o pensamento como forma de elevar uma classe social das demais, sendo assim, mulheres,crianças, escravos, eram sub-categorias. 

Os pensadores, eram a classe elevada ‘entender o kosmos’sofia (sabedoria) fazia separação entre os homens (1 Co 1.22).

Os romanos tinham nas suas leis o poder, a ordem era a forma para se manter a paz (Pax). A força, a pomposidade dos reis, a divisão de classes, a politica estruturada na conquista, no dominio. 

A filosofia romana era a ‘paz’ esse era o bem ‘maior’. Em busca de preservar a paz, pode-se oprimir o humano, o ideal de governo também deixava a humanidade dividida, estabelecia uma hierarquia onde o ‘império’ deveria ser mantido em detrimento do povo. 

A vida de cristo e não apenas o seu nascimento, sua filosofia e prática de vida, foi o primeiro a instituir os “direitos humanos“. Sua vida e mensagem carregava em seu bojo a inclusão social. As crianças que não eram valorizadas no judaixmo, tão pouco por gregos e romanos, eram modelos para o seu reino (Lc18.16).

Cristo fez a primeira revolução feminina da história, as mulheres não tinham voz na politica grega, tão pouco ocupava qualquer posição no império romano, no judaismo era interpretada como a responsável pela queda do homem. (Gn 3.6). 

Os pobres eram excluidos da religião judaica e tidos como sofredores da maldição divina. Jesus quebra esse estigma e os coloca como a classe que não precisava conquistar o reino, pois eram d'Eles antemão (Mt 5.3).

As pessoas que eram peso para o império, empecilho para o testemunho de  prosperidade da religião dominante,  foram acolhidas por aquele que veio como um verdadeiro revolucionário (Mt 5.3). Sem dúvida o maior  da história, veio para dividir, até o calendário ocidental foi partido em antes e depois do seu nascimento.

O nascimento de cristo é importante, mas a sua vida foi mais importante ainda. Ninguém viveu como ele,  defendeu o oprimido, libertou pessoas dos seus carceres emocionais e deu exemplo de como viver a vida.  
Viveu entre diversas culturas, mas nenhuma delas conseguir levar o ser humano onde Ele levou.

Na história do cristianismo interpretaram  Cristo de forma errada, transformaram a vida em códigos morais. Ele não defendeu a moral, mas sim  o direito do ser humano de existir e viver a vida em sua complexidade, sem juizos contra o outro, sem exclusão, respeitando crenças diferentes, amando as pessoas independente do que elas confessam crer. Cristo ensinou acima de tudo que as pessoas são mais importantes que sua religião.

Toda vez que alguém lutar pelos direitos dos pobres,  marginalizados, crianças,mulheres, doentes,  poderá até negar ser seguidor de cristo. Ser avesso ao  cristianismo dogmático intituido pela religião, mas estará defendendo o que Cristo defendeu, poderá até ser anti-cristo na teoria, mas será seu discipulo na prática.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

VERDADES DAS FERIDAS

Quando fui ferido.
Vi tudo mudar.
Das verdades que eu sabia.
Só sobraram restos que eu não esqueci.
Toda aquela paz que eu tinha.
Eu que tinha tudo hoje estou mudo estou mudado.
A meia noite a meia luz pensando.
Daria tudo por um modo de esquecer.
(Música: Meu mundo e nada mais Cantor - Guilherme Arantes)

O poeta diz que “a verdade” que “sabia” mudou quando “foi ferido”. Ou seja, as verdades que entendemos como “verdade de conceitos” ou “fora da ação” como são definidas no positivismo de Augusto Comte ou na Teologia ortodoxa, é a verdade da “Razão”. Logo o homem deve “sacrificar o corpo” para viver essa “verdade”. Uma verdade que vem de fora e se impõe.

O poeta percebe que “a verdade” está entranhada no corpo, nas emoções, sensações. Reconhece:  Vi tudo mudar das verdades que eu sabia”, ou seja, a verdade é “movimento”. Ele prossegue:  Só sobraram “restos” que não conseguia esquecer. A paz depende sim das circunstâncias, não como diz o hino idealista cristão: “Não importa as circunstâncias”, essa é uma idéia positivista, idealista, que advoga uma “realidade extra-histórica” que não está conectada aos conflitos, contradições, vida e dores.

O poeta diz: “Eu que tinha tudo hoje estou mudo estou mudado”. Ora, que relação há em “ter tudo e após o ferimento estar mudo e mudado”? Essa é uma realidade que o religioso extremista experimenta, quando acha que tem a “verdade” e essa é sistematizada pela mente, extra-física, Ele “fala e defende em alta voz”, contudo, quando a vida o confronta com as “feridas”, o primeiro sintoma é “a ausência de Paz”. "Toda aquela paz que tinha". Agora resta a oportunidade de reconstruir a partir dos “restos que sobraram”.

O estado de “mudez” substitui as palavras. No silêncio da reflexão produzida pela dor, as incertezas são os absolutos do sábio, em contraposição, as certezas são as fortalezas do tolo. Hoje estou “Mudo e mudado”, um trocadilho gramatical que expressa mudança, as “certezas” produzem feridas, mas as “incertezas” são sintomas de quem é ferido”.

“A meia noite” é um arquétipo de “crise” período de transição, hora de silêncio, reflexão de quem não está dormindo pela ausência de sono, “meia luz pensando” nostalgia, ansiando a luz completa que outrora tinha antes de “ver tudo mudar”.

O poeta daria "tudo para esquecer", não o que acreditava antes do ferimento, mas o ferimento que lhe fez lembrar das suas “verdades”. Verdades que eram seu porto seguro, agora ele "daria tudo para esquecer". Esquecer que o maior destruidor de “verdades” são as “feridas”. Não as feridas que causamos, mas a que outros causam em nós. Esse é o momento de mudar o tempo do verbo: As verdades que "sei" tornam-se as verdades que "sabia”.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

A VIDA EM DUAS DIMENSÕES

O que é a vida? Em termos psicológicos poderíamos definir a vida como “Pulsão”. A vida pulsa em duas dimensões:

(1) “Na expansão” e na
(2) “Contração”.

Na “expansão” é o pulsar, o viver sem as “regras da moral”, ou seja, o que deseja meu corpo me impulsiona para a realização.

Na parábola o filho que sai de casa, queria viver na “expansão”, obter o que desejava, mas para isso precisava romper com as regras do “pai” (religião, igreja, lar): “E O MAIS MOÇO DELES DISSE AO PAI: PAI, DÁ-ME A PARTE DOS BENS QUE ME PERTENCE”. (Lucas 15.12).

O filho mais velho escolheu viver na “Contração”. Significa que quando o desejo é reprimido o “corpo se enrijece", essa ação na psicanálise é denominada “Criar couraça”. Os músculos que se expandem quando executam o desejo, são os mesmos que se contraem quando esses desejos são “reprimidos” por qualquer lei.

A contração do filho mais velho pode ser vista no seu desabafo (catarse?): “E NUNCA ME DESTE UM CABRITO PARA ALEGRAR-ME COM OS MEUS AMIGOS” (Lucas 15.29).

A vida que pulsa na “expansão” busca a alegria da posse do objeto desejado, mas esse desejo uma vez em posse do sujeito, pode lhe dar novamente a sensação de insatisfação: “E, TORNANDO EM SI, DISSE: QUANTOS JORNALEIROS DE MEU PAI TÊM ABUNDÂNCIA DE PÃO, E EU AQUI PEREÇO DE FOME!” (Lucas 15.17).

Desejo é produto da ausência. A presença aniquila o desejo, relativiza o valor do objeto que outra era desejado.Viver na “expansão” leva o homem a diluição, não há forma de saciar totalmente o desejo.

Viver na “contração” também leva a “aniquilação”, visto que sempre haverá a grande pergunta: “E se eu tivesse ido em busca teria me alegrado?".

A diferença entre as duas dimensões de vida é que, quem arrisca “expandir” chegará a conclusão que é responsável pela sua insatisfação (Lucas 15.17), mas quem vive na “contração” sempre arrumará um bode expiatório para justificar sua covardia: “EIS QUE TE SIRVO HÁ TANTOS ANOS, SEM NUNCA TRANSGREDIR O TEU MANDAMENTO, E NUNCA ME DESTE UM CABRITO PARA ALEGRAR-ME COM OS MEUS AMIGOS” (Lucas 15.29).

Qual a solução? Não tenho! Mas fica um conselho: “Não viva na expansão a ponto de se tornar um irracional”, mas também não viva na contração a ponto de se tornar o mesmo irracional”. Procure um meio termo, não expanda de mais, nem se contraia de mais, ambos extremos aniquilam a vida. A contração petrifica, a expansão dilui. No primeiro o humano vira mineral, no segundo vira animal...

terça-feira, 30 de agosto de 2011

AS ASSOCIAÇÕES CRISTÃS E SEU PAPEL NA PERIFERIA URBANA: UMA ABORDAGEM SOCIOLÓGICA

O fator religioso é um dos principais agentes transformadores da sociedade. Hoje no Brasil não é possível fazer uma analise social sem levar em conta a participação da religião, principalmente as pentecostais históricas quanto as “neopentecostais” .

No entanto, para entendermos os aspectos positivos e negativos dessas ações e necessário avaliar os pressupostos axiomáticos que estão como forca motora dessas atividades. Os atos são efeitos de uma convicção, elaborada numa formulação teológica. A proposta dessa reflexão é fazer uma analise dos pressupostos como causa para as ações sociais efetivas da religião cristã na periferia urbana.

A valorização da pessoa como individuo

A contribuição da religião na periferia urbana tem sua gênese no axioma teológico da bíblia no Antigo Testamento. Já nos livros do Pentateuco havia uma preferência para com os pobres, desvalidos, as pessoas excluídas da sociedade. O oficio do messias era um ministério primariamente que se voltava para os pobres: “Levar boas noticias aos POBRES, anunciar LIBERDADE AOS CATIVOS” (Isaias 61.1).

O êxito da religião evangélica está no fato de que na sociedade, a condição financeira determina a aceitação das pessoas nas redes sociais. Ele só poderá se relacionar de acordo com sua estrutura sócio economica.
A religião cristã proclama uma mensagem sociológica inclusiva, visto que esta fundamentada toda ideologia na seguinte premissa: “Todos os homens são criaturas de Deus”, por isso, as diferenças sociais não são relevantes diante do criador que vê todos de forma igual.

A religião cristã oferece uma proposta que torna se irrecusável, após a consciência de criatura universal, prossegue: “Mas você pode ir mais longe, pode tornar-se filho de Deus ao “aceitar a Jesus como salvador”. Isso significa que a pessoa que estava excluída da sociedade, agora passa a ter uma “família”, onde “Deus” é o “Pai” e todos os participantes da comunidade se consideram “irmãos”.

Essa construção sem duvida torna-se o primeiro beneficio para a sociedade, pois o individuo, de excluído que muitas vezes não tem sequer uma família, ganha um senso de pertencer, ser amado, há uma mudança sintomática na sua vida. As ações efetivas na sociedade são reflexos do poder dos laços criados a partir da inserção da pessoa na comunidade de fé, visto que elas ganham senso de autoridade.

Essa realidade e descrita por BAUMAN, 2010, p. 76: "Assim os fatores unificadores são valorizados como mais fortes e importantes do que qualquer coisa que possa causar divisões, e as diferenças entre os integrantes, são secundarias em relação as similaridades”.

A religião cristã ressalta o valor da individualidade ao mesmo tempo em que a coletividade o imerge numa dimensão reflexiva de respeitar princípios que estão além de si, pertencem a um bem maior da comunidade.

A solidariedade social como o reflexo da valorização do individuo

As ações sociais governamentais buscam obras que venham abranger um bem coletivo, visam a comunidade numa forma geral, buscando na medida do possível atuar na esfera das necessidades básicas. Contudo muito pouco ou quase nada, fazem para outra dimensão do individuo na sociedade que é a necessidade de "pertencer", da "auto-imagem", de valores que transcendem ao ser humano.

Quando uma pessoa chega na igreja e se "converte" a fé cristã, logo os cooperadores da igreja anotam seu endereço e fazem constantes visitas, ao perceberem que ele precisa de alimentos, ou qualquer outra coisa básica para a sua subsistência logos dão um jeito de tirar ofertas entres os irmãos da comunidade para suprir as necessidade mais básicas da pessoa. 

Contudo a  ajuda maior está na mudança de cosmovisão, a pessoa passa a sacralizar o tempo e o espaço. Tempo porque ele passa a crer que agora há um propósito de “Deus” para sua vida, e o espaço também passa a ser sacro, pois "aquele momento" que está no templo, está fora do “dia normal”, o fiél entra nele e nesse "momento", ele resignifica todos os outros momentos, como se recebesse uma carga energética.

O cristão sente-se o protagonista da sua historia, não apenas um "ser" que vai passar, passa a ter  perspectivas que vão além, uma cosmovisão de continuidade e não de finitude. Essa realidade e bem expressa por Leonardo BOFF, 1980 p.65: “Essa fé cria uma mística que não foge nem teme a perseguição, a prisão a tortura e a morte, porque ela liga a pessoa a um absoluto. Mas insere dentro da normalidade da vida de fé na cruz de Jesus Cristo”.

          Status: "Ser" como primazia sobre o "Ter"

A sociedade capitalista tem como premissa básica o acumulo dos bens, automaticamente exclui os indivíduos de baixa ou sem renda. Todas as exigências para se obter um status na sociedade e irrelevante na comunidade cristã. A pessoa torna-se integrante de uma família, ter uma inumerável quantidade de “irmãos na Fé” eleva a sua estima pelo fato dos valores do capitalismo estar no “Ter”, enquanto na religião Cristã esta no “Ser”.

Há uma inversão epistemológica na maneira de refletir a vida, o “Ser” tem primazia sobre o “Ter”. O primeiro passa a ser o Status maior, o segundo torna-se efeito de como ele vai se relacionar com o seu “Deus”. A partir daí ele ganha condições para se ver diferente, ao mesmo tempo em que suas ações vão refletir na sociedade.

A vida religiosa com movimento em direção ao outro

A vida religiosa parte do principio que há necessidade de valorização do individuo, o insere numa “família” que forma uma comunidade de pessoas que agora tem um alvo, por em pratica a ética de Jesus relatada no evangelho, o que significa uma participação mais ativa na rede solidária com o outro. As ações legitimarão o direito dos fiéis entrarem no reino eterno. O julgamento final e descrito como uma reunião de todas as nações onde haverá uma separação entre “ovelhas” e “bodes” em lados opostos.

O cenário é descrito com o rei que dirá para os fiéis vir receber por herança o que foi preparado, isso em razão de terem sido solidários com os excluídos: “Pois eu tive fome; e vocês me deram de comer; tive sede, e vocês me deram de beber; fui estrangeiro e vocês me acolheram; necessitei de roupas e vocês me vestiram; estive enfermo e vocês cuidaram de mim; estive preso e vocês me visitaram.” (Mateus 7.35,36). As pessoas são chamadas de justas e perguntarão quando foi que fizeram isso ao rei, visto que não fizeram pessoalmente a Ele? (Mateus 7. 37-39). A resposta é: “O que vocês fizeram a algum dos meus menores irmãos, a mim o fizeram” (Mateus 7. 40).

Essa e uma condição sine qua non para se alcançar o objetivo proposto pela fé cristã, ou seja, a ação solidária não é uma opção, mas um dever, visto que a isenção do cristão leva-o a exclusão do futuro reino, além de o descaracterizar como cristão, seria o mesmo que ignorar o próprio rei que se coloca no lugar dos marginalizados se identificando com eles: “O que vocês fizeram a algum dos meus menores irmãos, a mim o fizeram” (Mateus 7. 40).

O exclusivismo: O aspecto negativo

Se por um lado o fato de ter um absoluto, da sentido a vida na religião cristã, paradoxalmente esse fato que traz benesses, também e responsável por um dos mais graves problemas: O exclusivismo como gerador da intolerância; isso acontece devido aos axiomas teológicos que permeiam toda a reflexão cristã. Esse exclusivismo tem sua origem na definição do conceito de "verdade".

          A verdade metafísica, fora do corpo e da historia

O que e a verdade? Essa e a gênese de toda a intolerância religiosa, o cristão normalmente se envolve em conflitos quando responde a essa pergunta. A reflexão cristã tem seus postulados na filosofia grega, a verdade é a concordância entre “sujeito e objeto”, produto da “contemplação”. A verdade tem sua gênese na “teoria”, a “práxis” é apenas o efeito é legitimada pela teoria.

A verdade pronta, nasce na “razão” por isso é “eterna e imutável”. O cristão precisa conhecê-la através da interpretação bíblica, e viver de acordo com ela, o que é chamado de “revelação”. Essa “revelação” para o cristão e metafísica, não leva em conta o tempo, a historia e as situações contingências. Na cosmovisao grega o sujeito precisa interpretar o mundo, a verdade e estática, diferente da teoria marxista onde o homem precisa transformar o mundo, a verdade é dialética, e provisória.

A “verdade” é produto do conflito entre o homem e sua luta pela sobrevivência, portanto nasce no corpo. Na teologia cristã a verdade nasce do "espírito, alma, razão", fora do corpo. Essa forma de refletir é prejudicial por produzir dois tipos de reducionismo: O religioso e o Político.

                    Reducionismo religioso

Se a “verdade” esta circunscrita a esfera da hermenêutica com pressupostos nas doutrinas herdadas da tradição, logo, todos os que não pensarem dentro desse circulo, não estão com a “verdade”, assim as demais religiões que professam um credo diferente, são alvo de uma “conversão”, o que causa conflitos.

O que foi positivo para inserir o individuo na comunidade, torna-se a causa geradora de conflitos na comunidade, principalmente com os familiares, pelo fato que agora ele vai lidar com categorias de "sagrado" (tudo que se relaciona com a fé) e "Profano", (tudo o que não relaciona com a fé, chamando de "mundo"). Nessa óptica, a experiência só e legitimada a partir da aceitação da “fé crista”. Esse e um caso muito claro na relação entre católicos e cristãos evangélicos, na reforma protestante (1050 - 1500 d.C). Há certa animosidade quando a pessoa sai da "fé católica" e se "converte" a fé cristã, há rupturas e afastamento por parte do novo fiél da fé evangélica.

                    Reducionismo político

O reducionismo político e outro efeito da herança teológica neoplatônica inserida nas interpretações dos chamados pais da igreja primitiva, século IV d.C. Agostinho praticamente determina o curso da reflexão teológica da igreja, seu pensamento dicotômico herança da filosofia grega estabelece um pensamento dualista, de dois mundos em oposição.

A política foi interpretada como uma dimensão antitética, “secular” e, portanto, em oposição ao “sagrado”, isso fez com que a igreja Cristã de origem protestante, se relacionasse com a política de forma alienada, não e sem razão que Marx a nominou como “ópio do povo”.

A religião atuou com um anestésico frente ao poder da classe dominante. O catolicismo embora tenha uma postura política mais engajada, pode se dizer que foi omissa na maior parte da historia e ainda usou a teologia como meio de legitimar a dominação com uma hermenêutica tendenciosa a favor dos ricos.

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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAUMANN, Zigmunt. Aprendendo a pensar Sociologicamente. Rio de Janeiro-RJ. Zahar 2010.

BOFF, Leonardo. Teologia do cativeiro e da Libertação. Rio de Janeiro-RJ. Ed. Vozes 3ª Ed. 1982.

ALVES, Rubem. O suspiro dos Oprimidos. Ed. Paulus. São Paulo - SP. 6ª Edição 2006.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

DIÁLOGO ENTRE ARISTÓTELES E UM CRISTÃO


Todo o conflito da religião está em que ela diz ter a “verdade”!Contudo a grande pergunta é: “O que é a verdade? Essa é a raiz de todo o problema.

As religiões monoteístas têm em comum o principio grego da razão! A resposta ao o que é a verdade é: “verdade é a concordância entre o intelecto e a gramática”; Ou seja, aquilo que cala a mente, que na sua construção produz uma lógica (logos).

Sendo assim a verdade do cristão, não pode ser a verdade do mulçumano.

Tudo é firmado na filosofia de Aristóteles, onde existe o axioma da chamada “lei da não contradição”.

Isso quer dizer aquilo que afirmo ser, não pode não ser! Se eu tenho a verdade logo você não pode ter a verdade, pois as duas afirmações ferem a lei da não contradição.

Logo a verdade exclui o oposto, se você tem a verdade, e o que eu tiver não concordar com a sua verdade, uma das duas é mentira. Sendo assim jamais o oposto pode ser verdade!

Acontece que as religiões monoteístas enfrentam em seu credo algo que é contraditório na própria gramática e na lei da não contradição de Aristóteles, veja:

Aristóteles inicia o diálogo:
ARISTÓTELES:
- O que é morte?

DISCÍPULO
- Morte é o fim da vida

ARISTÓTELES:
- Como é que se morre

DISCÍPULO
- Quando termina a vida.

ARISTÓTELES:
- A morte é o fim da vida!

DISCÍPULO:
Não é o começo da vida!

ARISTÓTELES:
 - Se irrita e diz: Como a morte pode ser o começo da vida se você diz que ela é o fim da vida? Você tem que optar, ou é o começo ou o fim! Umas das duas afirmações não é verdade!

DISCÍPULO
- È pela fé.

ARISTÓTELES:
Fé? O que é isso? Essa fé é irracional? Não! Uma verdade não pode afirmar e negar ao mesmo tempo a afirmação que havia afirmado!

DISCÍPULO
- Não sei se pode ou não, mas eu creio! E por isso afirmo.

ARISTOTELES
- Assim não dá, para conversar, você afirma uma coisa e depois contraria a primeira afirmação!

Ambos vão embora e nao entram num acordo...

As religiões têm sua base no paradoxo, isso quer dizer que são afirmações contraditórias que não são passiveis de paz na gramática nem no intelecto.

Mas o fato de se “contradizer” na gramática, não significa que não seja verdade! Pois a verdade como conceito grego, exige concordância através da razão!

Mas quem disse que a fé busca a razão?
Fé não nasce no desejo de entender, mas de viver. A fé é fecundada pelo “semém” do desejo...

domingo, 19 de junho de 2011

Marx e Cristo:Um diálogo a partir dos oprimidos

“Os proletários nada tem a perder fora suas correntes; tem o mundo a ganhar”

(Marx e Engels. O manifesto comunista. Ed paz e terra. p. 65) [1].

“... O Senhor ungiu-me para levar boas notícias aos pobres (...) libertação das trevas aos prisioneiros (Isaias 61.1)”.

 “Foi-lhe entregue o livro do profeta Isaías. Abriu-o e encontrou o lugar onde está escrito: (...) ele me ungiu para pregar boas novas aos pobres (...) para libertar os oprimidos (...) (Lucas 4. 17-21)”.

O manifesto comunista apresenta em sua gênese uma correlação com toda a filosofia judaico-cristã no tocante a justiça social em seus escritos. O oprimido sempre foi desde os escritos da lei Mosaica até os evangelhos na era cristã, alvo de libertação  e indignação de Deus devido a exploração, dos que governavam a nação.

No manifesto comunista vemos que Marx e Engels têm em todo o discurso uma preocupação com a classe dominada. Essa em toda história é produtora da riqueza, é protagonista do produto capitalista. Contudo o sistema de produção é injusto no retorno do que nomina “salário”, pois é sempre o mínimo pela produção e ainda o trabalhador é transformado um material de produção.

Esse sistema que recebe o nome mercado é personalizado, e para isso usam-se eufemismos de sentimentos como: “o mercado está nervoso”, “o mercado está calmo”, “o mercado está instável”, “o mercado está de ressaca”! Enquanto o homem é despersonalizado, tornando-se o um “objeto da produção”, A produção e o consumo ganha personalidade...

Será que cristianismo do ocidente em suas diversas ramificações que na história se considera a patentedora da moral, não percebeu que desde o nascimento da burguesia ao capitalismo atual, há uma conspiração contra a dignidade da vida humana? Ou será que percebeu, mas optou pela omissão, devido estar sempre ao dado da classe dominante?

Será que Marx no seu ateísmo materialista, não tem na gênese do manifesto comunista os princípios mais elementares do cristianismo em sua nascente? Nos escritos da religião cristã não é contrário a toda a injustiça social?  No entanto se omitiu diante da classe dominante. Marx no ateísmo materialista lutou pela justiça que os Teistas defendiam na teoria, mas não conseguiram na prática a teoria confessada.

Quais os limites da do manifesto comunista? Creio que parte da resposta é: “A maldade e o egoísmo do homem”.  Principalmente de quem se alimenta com a exploração do pobre. O poder e a ganância são insaciáveis, a moral instituída no sistema contemporâneo é imoral, legitima a opressão, legaliza a desumanização do homem.

O sociólogo Zigmunt Bauman [2], denomina “Modernidade Liquida”: “As relações são fragilizadas, e descartáveis: “assim, para eles [nossos conviventes], o que conta é o tempo, mais do que o espaço que lhes toca ocupar; espaço que, afinal, preenchem apenas ‘por um momento [grifo do autor]” (BAUMAN, 2001, p. 8).

Numa “modernidade liquida”, não há espaço para nada sólido... O capitalismo se alimenta do descartável, provisório, e o homem é o melhor produto...

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[1] MARX, Karl. ENGELS, Friedrich. O Manifesto comunista. Ed. Paz Ed terra. São Paulo – SP. 1998.
[2] http://www.klepsidra.net/klepsidra23/modernidade.htm

sexta-feira, 29 de abril de 2011

NIETSCHE E A RELIGIÃO


Um dos principais métodos para a aprendizagem é a DÚVIDA, a partir dessa a gente começa a questionar, a buscar resposta, esse é um bom começo. A filosofia de Nietsche na sua critica a religião principalmente ao cristianismo está no seguinte:

“O paraíso ou céu tem um preço e qual é esse preço? Todos os sentidos que temos como vontade, desejos, tudo aquilo que o nosso corpo deseja, se opõe a alcançar esse mundo do porvir, que está em oposição aos desejos”.

Paulo tem essa mesma idéia quando diz que para alcançarmos o céu, precisamos aniquilar os desejos da carne (que se manifestam no corpo) para herdarmos o céu. (Que está na outra vida). Esse mundo dos sentidos de Platão é o mesmo que a Carne, e o mundo noumenal que é o ideal, equivalem ao céu à outra vida, pois nessa vida para Platão os sentidos são impedimentos, pois o corpo prende a alma, da mesma forma Paulo diz que a carne (sentidos) é inimiga do Espírito (não físico ideal).

Semelhante a Platão, Paulo consciente ou inconsciente advoga que o corpo é inimigo do Espírito, já que a CARNE entenda esse termo como “desejos que se manifestam no corpo”, milita contra o ESPIRITO, para que esse não faça aquilo que deseja, ou seja, é preciso anular todos os desejos da carne para herdar o céu. Isso significa anular os impulsos naturais do corpo.

Nietsche critica o cristianismo chamando-o de PLATONISMO PARA O POVO, isso por que a filosofia nos tempos de Platão era linguagem da elite. Paulo usa os conceitos de Platão e anuncia por todo o império romano, os princípios da filosofia de Platão para o povo não elitizado.

Nietsche diz que negar os desejos em prol de um mundo noumenal (ideal) na filosofia de Platão, ou negar os desejos que ele chama de AFETOS em pról de um paraíso ou céu no cristianismo, é viver uma vida de FUGA do DEVIR, ou seja, para deter o fluxo continuo da vida que é mudança, crio um principio metafísico, do SER que não muda. Aristóteles o define como o MOTOR IMÓVEL uma força que move todas as coisas, mas não é movido.

No judaísmo esse SER é chamado YAVÉ, no cristianismo JESUS, no Islamismo ALÁ. Esse SER tem princípios imutáveis, regras, dogmas, que ao serem obedecidas, levará o fiél a outra vida, e o recompensará pelo fato dele ter negado os impulsos ou vontade de potencia (NIETSCHE). No judaísmo é a NOVA JERUSALÉM, cristianismo como CÉU, e no ISLAMSMO é PARAISO.

A critica de Nietsche é que para alcançar essa vida fora do corpo, o homem precisa negar os afetos. Acontece que os afetos são a própria vida, e o que chamamos de sentimentos são a “moralização dos afetos”. Reprimi-los é reprimir a vida, uma covardia do homem que anula o viver aqui, em prol de outra vida que supostamente haverá de vir.

Nietsche não para por ai, ele já pertence a modernidade, critica a CIÊNCIA, chamando a de RELIGIÃO. A religião leva o homem a fuga do que ele chama de DEVIR, que significa MUDANÇA, pela necessidade de duração criada pelo homem em razão de que o universo está em constante mudança.

A filosofia grega e as religiões monoteístas dão continuidade a filosofia de PARMENIDES, onde o principio é o ARCHÉ ou SER. NIETSHE dá continuidade ao pensamento de HERÁCLITO, que o principio não é um ser estático, mas o DEVIR, ou seja, no universo tudo se faz, se desintegra e se refaz (esse é o principio da física quântica, da energia que se transforma em matéria e novamente volta ao estado energia, num movimento constante, ora como ondas, ora como partículas) nada está fixo.

NIETSCHE diz que a ciência substituiria o CRISTIANISMO, essa seria a “morte de Deus”, pois no lugar da “fé em Deus”, entra a fé no “homem cientista”. A fé cristã tira o homem do presente quando o leva a viver na dimensão do céu que virá anulando o hoje. A ciência em sua natureza também é religiosa, pois promete o “paraíso” de uma forma metafísica, chamando-a de “futuro”.

A evolução do conhecimento era uma “fé”, ou convicção, que através dela todos os problemas da humanidade seriam resolvidos. Essa idéia era inconscientemente o principio da fé cristã que no paraíso o ESPIRITO não mais lutará contra a CARNE. A ciência prometia também no futuro, um “PARAISO”, pois o conhecimento aniquilaria os conflitos do homem. O principio básico da ciência também é a Fé!

Nietsche chama as propostas da religião e da ciência de NIILISMO (Vazio, nada) visto que as duas projetam para o futuro a solução dos problemas da humanidade. Ambas anulam a vida, o presente, e o devir, em troca de algo que segundo ele não acontecerá!

A matriz filosófica da ciência é a dedução, que busca a comprovação, a da religião é a revelação. Na primeira o êxito está na prova, à tese busca aniquilar toda anti-tese. A religião propõe a tese, e vai além da anti-tese, pois no âmbito da revelação predomina a síntese da dedução e do mistério. A religião não precisa de comprovação, sua dimensão é a convicção que não necessita ser provada para subsistir.

A ciência não conseguiu provar que por meio dela o homem faria do universo um paraíso, entrou em descrédito, quanto à religião continua com sua credibilidade, afinal ela é DESEJO, aceita como verdade o que não se pode provar. A prova do que se crê é o percurso que faz com que a  fé se transforme em ciência.

sábado, 9 de abril de 2011

O QUE JESUS QUIS DIZER COM "VENCER O MUNDO"?

Jesus começa a sua despedida no capitulo 14 do evangelho de João, falando que na casa do pai HÁ MUITAS MORADAS caso contrário ele teria dito: “POIS VOU PREPARAR LUGAR e caso fosse, se não houvesse moradas, ele iria e voltaria para que os discípulos estivessem onde ele estaria. (Jo 14.1-3). 

Ele disse rogaria ao pai para que enviasse outro consolador, para que ficasse com eles para sempre (Jo 14.16). Prometeu que não os deixaria órfãos e que voltaria para eles: “Jesus respondeu, e disse-lhe: Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada” (Jo 14. 23).

Jesus então disse como ele virá e fará morada naqueles que guardar a sua palavra : “Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito”. (Jo 14.23).

Quando Jesus diz que no mundo tereis aflições (Jo 16.33). Ele está falando do sistema que é justamente o oposto do que ele vai falar. Ele mostra que entre Ele e o pai não há hierarquia de poder, que a sua submissão tem base no amor” (Jo 17.1-5). Isso porque mesmo usando o termo PAI, ele mostra um relacionamento de reciprocidade, sem nenhuma patente de superioridade.

Jesus o filho estava EM CARNE! (Jo1.14). Ele desce a uma esfera inferior, mas mostra que o pai o trata com igualdade! Na oração registrada no evangelho segundo João, Ele mostra que mundo é esse que ele diz ser instrumento de aflição e que os seus discípulos em todos os tempos deveriam vencer.

Mundo é todo relacionamento que usa do poder para se impor! Um sistema que tem seus relacionamentos com base na imposição da hierarquia. Mundo se manifesta em toda tentava de manter a ordem através da coerção.  (Jo 17. 1-5)

O evangelho é relacionamentos! A essência do evangelho é mostrar como que Deus o PAI se relaciona com seus filhos através do seu FILHO Jesus! Ele havia mostrado que os relacionamentos não devem ser estabelecidos numa ordem hierárquica, pois quando alguém se sujeita por imposição, ele faz por não ter opção, faz o que lhe é dever, mas tudo que é feito por dever, exclui o prazer, a alegria!

Jesus diz que é chegada a hora e pede para que o pai lhe glorifique, para que ele retribua (Jo 17.1). O pai dá ao filho e o filho se compromete em retribuir mostra que a submissão ao pai, deve existir tendo por base a liberdade, por isso ele mostra que recebeu poder sobre toda a carne, (homens), para ao mesmo tempo para dar a vida a todos quantos ele recebeu (Jo 17.2).

Quando o relacionamento não tem base no poder do maior na escala hierárquica, há retribuição voluntaria, há uma submissão espontânea por isso Jesus disse: “Eu glorifiquei-te na terra, tendo consumado a obra que me deste a fazer” (Jo 17.4). A honra que o PAI deu ao filho o motivou levar adiante a obra que recebeu.

A liberdade traz reciprocidade sincera, enquanto a imposição traz mascaras, fingimento. Só tem ao lado a pessoa que ama, quando a pessoa amada tem liberdade para decidir não ficar ao seu lado e faz opção por ficar. Na liberdade se manifesta o amor e a verdade, pois só quem dá liberdade prova que ama, e só quem fica ao lado de quem tem a liberdade para não ficar, realmente fica porque ama.

Mundo é todo relacionamento com as posses, como se essas fossem realmente do possuidor! Tudo era do pai, e do filho. Pai e Filho tinham tudo, mas os dois se relacionavam como se não tivessem nada! (Jo 17. 6-10).

Mundo é um sistema onde a pessoa se relaciona com egoísmo para com os bens que conquista. Jesus mostra que o mundo se relaciona com base no egoísmo, na oração ele diz que manifestou o nome do pai aos homens que do MUNDO ME DESTE, eram TEUS e tu MOS DESTE (Jo 17.6) e que agora eles conheciam que TUDO QUANTO ME DESTE e eles a RECEBERAM e tem verdadeiramente conhecido que SAI DE TI e creram que ME ENVIASTE (Jo 17.7,8).

Eu não rogo pelo MUNDO (nesse caso mundo pode se interpretar que naquele momento a oração tinha era para os que seriam futuramente seus discípulos e não todas as pessoas), ele continua: “mas por aqueles que me deste, porque são teus”. (Jo 17.9). Depois ele conclui: “E todas as minhas coisas são tuas, e as tuas coisas são minhas; e nisso sou glorificado” (Jo 17.10).

Ele diz que estando no mundo guardou os discípulos no nome do pai, e que nenhum deles havia se perdido exceto o filho da perdição para que a escritura se cumprisse (Jo 17.12).

Judas se perdeu como? Perdeu a “salvação” onde está escrito que Judas perdeu a salvação? Em nenhum lugar diz que Judas perdeu a salvação, todos os discípulos ainda estavam vivos e essa oração foi feita antes da morte de Judas. Jesus disse que os outros discípulos ele guardou, mas que Judas se perdeu, porque se deixou seduzir pelo amor a POSSES. Quem se deixa seduzir pelo que deseja conquistar ou pela conquista que deseja, se perde porque esse é o sistema do mundo. No texto não fala sobre perdição como “perder a salvação”, aliais sequer surge o termo salvação no texto! Quem colocou no texto foi a interpretação da tradição!

Ganhar o mundo e perder a alma não é aproveitar a vida aqui no mundo e não ir para o céu, mas conquistar o que deseja aqui em troca de uma vida amarga, sem sensibilidade, sem alegria “Pois, que aproveitaria ao homem ganhar todo o mundo e perder a sua alma?” (Mc 8.36). Muitos entenderam que Jesus estava propondo uma troca, trocar a vida aqui pela vida do porvir.

Esse entendimento criou cristãos alienados da vida, fugitivos, e até mesmo medrosos em certos contextos! Perder a alma não é perder a salvação para o mundo que virá, mas perder a alegria em busca dos poderes que o sistema do mundo oferece! E em busca de conquistar o que deseja perder o desejo de desfrutar a própria vida.

A pergunta é de quem são mesmo todas as coisas? Do filho ou do pai? Ele diz que todas as coisas são dele, depois diz que todas as coisas são do pai! Ora nós entendemos posse se referindo na primeira pessoa do singular MINHA com antitético a SUA. Jesus e o pai se relaciona como os que TEM TUDO mas ao mesmo tempo NÃO TEM NADA. Onde estava a alegria do filho? Está em que tinha tudo, ao mesmo tempo tudo não era exclusivamente seu, mesmo tendo tudo ele viveu como se não tivesse nada! “As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça”. (Mt 8.20).

Só desfruta de tudo que tem quem tem tudo, mas vive como se não tivesse nada. A segurança no que se tem, tira a alegria de desfrutar o que está em seu poder, visto ter medo de um dia ficar sem nada, mas quem já vive como se nada tivesse não tem nada a temer, pois não tem o que perder!

Jesus mostra que mundo é um sistema de vida organizado no EGOISMO onde aquilo que é meu nunca é compartilhado com o outro, é viver em torno das posses, é nunca aproveitar a vida porque sempre tem que economizar, é nunca deixar que outro usufrua daquilo que é minha posse.

Mundo para Jesus e desejar ter tudo e ter a sensação de não ter nada, e o oposto ao sistema do mundo e viver como se tivesse tudo, mas ao mesmo tempo ter consciência que não tem nada, afinal realmente não temos. Quando se tem essa consciência, a vida pode ser mais leve, pode-se desfrutar melhor do que se conquista, pode se aproveitar o que se tem, por ter consciência que na realidade nada se tem, tudo vai passar!  

Mundo é todo relacionamento que exclui os diferentes. O Filho se fez carne, o pai é Espírito, contudo são UM! Na encarnação as diferenças entre eles convergiram para a unidade na diversidade! (Jo 17.11, 21-22).

]Na encarnação o filho desceu a uma dimensão inferior de vida, ficou limitado ao tempo, sentiu todas as fraquezas humanas. Mas o  relacionamento que Ele tinha com o pai se manteve em harmonia como o que Ele tinha desde a fundação do mundo! (Jo 17.5). Jesus fala que já não está mais no mundo, mas os discípulos continuarão no mundo e ele iria para junto do pai e pede para que o pai os guarde em seu nome os que lhe deste “PARA QUE SEJAM UM, ASSIM COMO NÓS” (Jo 17.11). Ele fere o principio da gramática “sejam um” assim como “nós somos um”. Ele não segue a lógica da gramática e nem da matemática.

Na gramática plural e singular são auto-excludentes, não podem conviver na mesma frase, isso porque a gramática é construção da lógica, trabalha com concordância, relacionamentos precisam existir mesmo com discordâncias! Jesus mostra que a diversidade deve convergir para a unidade, pois há diferença entre unidade na uniformidade para a unidade na diversidade


Na primeira as diferenças são anuladas, tudo se parece, mas não é, consegue fazer com que todos venham agir da mesma forma, contudo não conseguira fazer com que ações e pensamentos andem juntos. Na segunda há tolerância para os que pensam diferente, consegue manter a unidade pelo fato de ter o mesmo propósito. Jesus nunca quis uma unidade de pensamento, mas uma unidade de objetivos. A forma com que os objetivos são alcançados são diferentes.

“E eu dei-lhes a glória que a mim me deste para que SEJAM UM como NÓS SOMOS UM. Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste” ( Jo 17.21,22)

Jesus já antevia o principio da física quântica que relativiza o significado do numero UM! Não existe “UM” como unidade independente! Nenhum objeto é único, visto estar em conexão com as demais leis do universo. Jesus já dizia que Ele e o pai, adotaram esse principio desde a eternidade “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus (Jo 1.1) e queria que os discípulos assim o fizessem, Pedro, Tiago, João, Tomé, Felipe, pessoas diferentes que jamais teriam UNIFORMIDADE, poderiam ter UNIDADE.

Quando se busca unidade na diversidade preserva-se a singularidade. Deus é singular e criou seres singulares, cada um com características ímpares.  A exclusão para com os diferentes é o que Jesus chamou de mundo, para ele a unidade dos discípulos iria tornar mensagem do evangelho digna de credibilidade, não significa pensar igual tão pouco se expressar da mesma forma, mas reconhecer a magnitude da manifestação  da multiforme sabedoria de Deus.

sábado, 2 de abril de 2011

LULA E DILMA: O PRÍNCIPE DE MAQUIAVEL


Maquiavel usou como símbolo os animais para relacionar a forma com que o príncipe deveria agir diante do desafio de manter o poder. As figuras foram o LEÃO e a RAPOSA. O LEÃO tem a FORÇA, lhe falta a ASTÚCIA, por isso  cai em armadilhas!  A raposa tem a astucia, mas lhe falta a força, precisa da força do leão contra ameaça que exige músculos... O que há no leão, falta na raposa...

Maquiavel recomenda que o príncipe tenha no seu governo ambas as dimensões. A força do leão e a astucia da raposa! A Presidenta Dilma é inteligentíssima... Já mostrou que tem um pouco dos dois animais.

Ela foi o príncipe (governo) que embora eleita pelo povo, foi colocada no poder pela aliança dos poderosos... Maquiavel adverte:

“Quando o príncipe é posto pelo povo ele é amado do povo e deve ter cuidado com os poderosos, embora os poderosos não terão tanta força visto que o apoio do povo inibe a rebelião da elite”.

Contudo a Dilma foi eleita pelo povo, mas através da aliança dos “nobres” (PT e PMDB e companhia). Veja o que aconteceu logo no inicio do seu governo, o PMDB começou a querer a fatia do bolo. Maquiavel já advertia que nesse caso o perigo é que “os aliados não podem ser mais forte do que o príncipe”, isso porque poderiam se constituir uma ameaça ao seu poder! Dilma no inicio do seu governo teve problemas com seu maior aliado o PMDB.

A Dilma aderiu ao conselho de Maquiavel, usou a ASTUCIA DA RAPOSA.  Ela saiu de cena da mídia... Por quê? O Lula não saía da mídia, tinha uma extrema popularidade, se ela fica em cena, o que ela fizesse de bom não faria efeito diante dos feitos do seu antecessor.  

“Quando o príncipe beneficia o povo seu sucessor dificilmente apaga as lembranças que ficam na memória, e o que lhe sucede por mais que faça não conseguirá apagar os feitos da memória do povo”. (Maquiavel).

Ela estaria em desvantagem se aparecesse na mídia, isso porque, se fizesse algo que desagradasse o povo, por mínimo que fosse ganharia repercussão sempre, seria comparada a praticamente um “mito”.

Ela seguiu o conselho de Maquiavel, saiu da mídia (ASTÚCIA DA RAPOSA), enfrenta o Irã (FORÇA DO LEÃO), se aproxima da América (ASTUCIA DA RAPOSA) que (estava com um pé atrás com governo anterior, justamente pelo apoio ao IRÃ).

 Ela agiu em oposição ao governo anterior ao enfrentar o IRÃ, ao mesmo tempo em que se aproximou daqueles que o ex-principe havia se afastado!

O mito da criatura que quer independência do seu criador se repete. Só resta saber se essa independência trará punição como trouxe a ADÃO e PROMETEU. Imagine o LULA “comendo o fígado” da DILMA! (Acho que não ir à visita do Obama foi pelo tentar dar uma “BICADA” no seu fígado!

A próxima eleição promete... Uma coisa é certa toda criatura que se rebela contra seu criador não fica sem punição. ADÃO ou PROMETEU, o primeiro foi EXPULSO do jardim, o segundo teve o seu FIGADO COMIDO durante o dia, e regenerado durante a noite para ser comido novamente no dia seguinte e assim eternamente...

Se o lula acha que a DILMA foi cria dele (o que é verdade)... O mito será confrontado, a criatura poderá superar o criador (as pesquisas já apontam um inicio de governo melhor que o anterior) não se iludam! Ela é mais inteligente do que parecia ser...

2014 Dilma poderá facilmente se reeleger... Basta continuar usando a ASTÚCIA DA RAPOSA... E quando precisar usar a força da LEOA... 

sábado, 19 de fevereiro de 2011

O que é a verdade?

O que é a verdade? (Jo 18.38). Essa não deve ser a pergunta, mas sim: “Para que saber a verdade”?  Está disposto a enfrentar as conseqüências de saber a verdade? 


Jesus disse que o conhecimento da verdade liberta. (Jo 8.32). Contudo “conhecer a verdade”, não é assimilar um conjunto de normas ou regras: “Aquele que prática” (Jo 8.36).

Conhecer a verdade no conceito de Jesus  é enfrentar o conflito  entre o “ego” e o “ super-ego”, o que se deseja  mas não aprova pelo fato de que o objeto do desejo ser contrário a consciência. 

A herança da teologia cristã num âmbito geral tem sua reflexão nos conceitos da soberania de Deus oriunda da reforma, que na realidade foi emprestada do conceito grego de Aristóteles do "motor imóvel". 


Para os gregos o “arché” é o principio o “logos”, a razão que move todas as coisas é não é movido por nada.

No embate com os fariseus Jesus disse: “E conhecereis a verdade”! Eles replicaram que eram “descendência de Abraão” e por isso eram livres. Conhecer a verdade para eles era ter conhecimento da teologia judaica e da tradição dos rabinos, das normas e regras a serem obedecidas, além da genética de Abraão!

Jesus se antecipa ao principio de sociologia Marxista e diz: “Aquele que pratica” (faz) (Jo 8.36). A verdade para Jesus tem sua gênese na AÇÃO! Marx certamente gostaria da resposta que Jesus deu aos fariseus. A verdade não prende tudo nos seus decretos, não está impassível na sua redoma de transcendência, como está nos "Deus dos reformadores", e na teologia tradicional.
                                                                                     
A verdade surge na história, é construída pelo sujeito que age, no conflito entre o principio do prazer e a realidade, na luta do ego x superego, ou classe dominante e a dominada, na ganância do capitalista e na exploração do trabalhador. Quem tem uma verdade atemporal congelada, não consegue dialogar com o fluxo continuo e paradoxal da vida.

A verdade tem varias faces, na verdade são “verdades”.  Uma é a verdade dos banqueiros outra é a do cliente que paga altas taxas de juros para que esse use seu dinheiro na especulação financeira.

Uma é a verdade do trabalhador explorado na sua dignidade, violentado, visto que seu trabalho, fruto da troca da energia do seu corpo pela sobrevivência, não consegue alimentar o próprio corpo que produz o alimento, para ele sobreviver, isso porque o capitalista precisa estocar a produção, para sustentar a sua ganância na valoração do produto.

Uma é a verdade da história narrada pelo exercito que vence a guerra,  outra é a verdade da narração da mesma história pelo exército que foi derrotado. A mesma história tem  “verdades diferentes” e nenhum dos dois irá narrar à “verdade do outro”, visto que toda a verdade nasce da luta do homem por sua sobrevivência.

Pilatos fez bem em virar as costas ao perguntar a Jesus o que é a verdade: “e saiu novamente” (Jo 8.38). Conhecer  verdade para que? A não ser que queira viver na dimensão que ela exige! Cada um tem a sua verdade, e sinceramente ninguém está satisfeito com ela. Conhecer a verdade é mecanismo para a produção da culpa, visto que a verdade surge na negação do conflito, na consciencia da impotência.


A verdade nasce no corpo, mas transcende quando esse não tem capacidade para suportá-la. 
A verdade que liberta é aquela que leva a pessoa a viver em consonância com aquilo que sabe dela, do contrário ela será produtora da arrogância naqueles que  tentam viver de acordo com a "verdade do senso comum" mas no seu interior sabe que não a vive.   


A verdade é também produtora da culpa naquele que a conhece no intelecto mas não a consegue  transportar da subjetividade da teoria para a  concretização dos seus atos. Só quero conhecer a quantidade de verdade que puder viver de acordo com ela, do contrário, acho que é melhor não saber a verdade se ao conhecê-la viver em oposição a consciência. Mas como não tenho opção entre conhecer ou não a "verdade", vou tentar vivê-la no limite do possível que a conheço. 


Ora andando de acordo com ela,  ora se culpando por conhecê-la e transgredi-la.  A verdade é que a "verdade"  é implacável, por isso João disse que cristo veio: "Cheio de graça e verdade". (Jo 1.18). 


A verdade deve ser precedida pela graça, sem a graça para viver a verdade, a vida pode ser aniquilada.