PARTE II
CONTINUA...
Se Jesus não queria tornar as coisas piores do que já estavam, será que ele estava dizendo:
"Até agora vocês oprimiram o povo com os mandamentos com base na letra da lei de causa e efeito, mas julgam os outros pelos atos, quero lhes mostrar a gênese de todos os atos”. Caso contrario: “Não julgueis, para que não sejais julgados. Pois, com o critério com que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também”. (Mt 7.1-2).
A partir de agora é preciso negar a si mesmo para me seguir, ou seja:
“Quem quiser vir após min, terá que deixar todo juízo de valores a partir de ações concretas, para mergulhar no mundo do inconsciente. A boa noticia que trago, é que as ações são efeitos, as motivações, desejos e repressões são as causas. O juízo de vocês tem base no efeito, julgam os atos, eu, porém proponho uma desconstrução do sistema: “todo juízo deve partir da subjetividade, do abstrato, das intenções e desejos, que estão oculto a uma análise superficial”.
Jesus vivia em conflito com os religiosos, denunciava a mascara social com base no estereótipo, ignorando a interioridade: “limpa primeiro e interior para que o exterior fique limpo“.(Mt 23. 25-26). (Seria essa epistemologia uma introdução à psicanálise?). Freud concorda com Jesus, essa interpretação tem como base a subjetividade! Não seria o fato de ignorar o subconsciente a razão de Freud ser antagônico a religião?
O negar a si mesmo da interpretação tradicional, é a expressão niilista (fuga) de negar o presente (vida) em busca de outra (céu, porvir). Sua nascente na está filosofia platônica, de que: “o mundo dos sentidos estão em oposição ao mundo ideal (metafísico)”, contudo esse ensino não tem paralelo no evangelho de Cristo.
A fuga do homem está que ele não entende o seu psiquismo inconsciente, por isso ignora que seus atos conscientes são impulsos do inconscientes. Jesus fez uma leitura Freudiana antes de Freud no tocante aos fariseus:
"Por que você repara no cisco que está no olho do seu irmão, e não se dá conta da viga que está em seu próprio olho? Como você pode dizer ao seu irmão: ‘Deixe-me tirar o cisco do seu olho’, quando há uma viga no seu? Hipócrita, tire primeiro a viga do seu olho, e então você verá claramente para tirar o cisco do olho do seu irmão. (Mt 7. 3-5).
Não estaria Jesus dizendo que o “cisco” que vemos no olho do outro, na realidade é uma projeção do que está em nós? E que para nos vermos, precisamos do outro como um espelho que reflete a nossa imagem? Mais uma vez não está de acordo com a psicanálise? Porque conseguimos ver no outro algo menor e não conseguimos ver em nós algo maior? Não seria pelo fato de que: “o que nós é próximo nos é desconhecido, como podemos conhecer aquilo que nos é familiar? (Nietsche).
Jesus em seu tempo já denunciava a religiosidade opressora com base em juízos que ignoravam os mecanismo do inconsciente humano. Um amigo psicanalista (Jung) faz a seguinte definição do negar a si mesmo:
“Esse “Negar a si mesmo“ diz respeito ao reconhecimento do nosso lado SOMBRA que, inconscientemente, projetamos no outro? Nesse caso, o “não negar a si mesmo“, seria o mesmo que não admitir o fato de que o comportamento “estranho” do outro, reflete o nosso eu interior coberto pela máscara social?“. (http://levibronze.blogspot.com/2010/11/negar-si-mesmo-o-que-e.html).
Negar a si mesmo é olhar para o que incomoda no outro e saber que são reflexos do nosso olhar no espelho. Só conseguimos nos ver através do reflexo no outro. Todo juízo pré-estabelecido pela sociedade, com normas absolutas, estabelece uma máscara modelo, onde todos são forçados a se encaixar nela. Ignorando a realidade de que cada rosto tem formato diferente, são marcados pelos traços, rugas, sombras existenciais que moldam o rosto de cada um!
MUITO BOM, J. LIMA!
ResponderExcluirBOM ESTAR AO SEU LADO PARA APRENDER AQUILO QUE ESTÁ OCULTO NA PALAVRA DO TODO PODEROSO.
QUE A PARTIR DE POSSA SER UM TEÓFAGO.
CONTINUE ASSIM, PARABÉNS
Caro J. Lima
ResponderExcluirMagistral a sua abordagem sobre o "Negar a si mesmo" - fugindo dos estereótipos que pululam por aí,
Essa da trave no olho tem tudo a ver com a teoria do espelho de Lacan. O cisco que está no olho do outro nos incomoda tanto, justamente porque ele é um pequeno reflexo da trave (recalques) que está no nosso olho interno (o inconsciente).
O seu texto sobre esse tema, trouxe mais subsídios psicoteológicos em seu bojo, e, não tenho dúvida, de que deu mais consistência ao que postei de forma sucinta lá no "Ensaios & Prosas"
Parabéns.
P.S.: Que tal dissecarmos, agora, sobre o que o que é "Tomar a sua Cruz", que vem posteriormente ao "Negar a si mesmo"? (rsrs)
Olá Levi.
ResponderExcluirNão tinha conhecimento dessa teoria do Lacan.
Quanto a proposta de escrever algo sobre "Tomar a sua cruz", é uma boa.
Começa lá no seu blog que vou lá postar um comentário, e depois estendo numa nova reflexão para o meu ok?
Abraço.