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sábado, 24 de julho de 2010

A Influência de Platão na Teologia de Paulo

O desejo do homem ao olhar para um corpo que se sofre com a temporalidade, produz na psique um desejo de imortalidade. O olhar do homem para o finito cria desejo do infinito.

Cristo nunca falou de corpo glorificado, mas sim Paulo. Qual a razão para a expressão de Paulo? No que  está firmada a sua reflexão  e consequentemente sua teologia? 



“CRISTO VIVEU A CONDENAÇÃO DO PECADO NO CORPO, PAULO TEORIZOU SOBRE O CORPO DO PECADO”


Isso significa que uma coisa é quando o VERBO FALA, experimentando na corpo o que fala, e o que fala fica sem nexo: “DEUS MEU, DEUS MEU PORQUE ME DESAMPARASTE? Outra diferente é quando o que fala quer colocar na escrita o que o corpo sente, nesse caso o que fica sem nexo é a fala.

O primeiro (Cristo) fala a partir da vida e das dores, é “Deus” se encontrando nos limites do homem. O segundo e a fala do homem a partir da interpretação da vida, e ai a vida do homem limita a fala.

No primeiro não há dogmas, pois o que o corpo experimenta não é possível racionalizar. No segundo, há uma tentativa através da filosofia expressar o que o corpo sente, a razão se perde, pois o corpo primeiro sente, e sensação não pode ser decodificada por palavras.

Cristo não fala da carne, esse termo lhe é estranho, Paulo empresta do gnosticismo essa dicotomia. Na realidade Paulo sendo discípulo de cristo, é na verdade o melhor aluno de Platão!

Paulo escreveu as suas cartas primeiro, os evangelista que andaram com Jesus escreveram depois... Porque não deram ênfase a sua teologia? A hipótese seria:

“Os evangelistas nos Evangelhos, narram os atos, deram interpretação tendo por base a vida no corpo que culminou na morte e ressurreição”.

Paulo o apóstolos dos gentios, tentou levar o evangelho na linguagem da filosofia grega, onde o axioma universalizado era: “O corpo é mortal a alma é imortal”.

Ele tentou fazer com que o cristianismo fosse acessível aos gentios, e os gregos não poderiam ficar de fora, então usou terminologia da filosofia platônica. Mesmo que  em alguns textos ele mostra a diferença entre fé cristã e a filosofia grega ao falar da ressurreição como ápice final na sua teologia (1 Coríntios 15).

Platão tinha a seguinte cosmologia:


- O MUNDO NOUMENAL - O mundo metafísico (mundo das idéias, do intelecto, mundo ideal a ser conquistado).

- O MUNDO FENOMENAL - O mundo físico (Mundo dos sentidos, sentimentos, sensações, que se opõe ao mundo ideal)

Platão entendia que esses dois mundos estão em antagonismo, em guerra constante, para se alcançar a dimensão do “MUNDO NOUMENAL”, (Metafísco- fora do corpo) o homem teria que travar uma guerra contra o outro mundo o “MUNDO FENOMENAL”, (Físico no  corpo) esse que era o ilusório, enganoso e mal!

É nesse pressuposto que Paulo tenta dialogar com a filosofia grega, explicar a complexidade do embate da PSIQUE (Noumenal – Metafísico – idéias, intelecto) e SOMA (natural-corpo, sensações, desejos). 

Essa conspiração tem outra terminologia na psicanálise Freudiana. A luta do SUPEREGO (equivalente ao noumenal em Platão que é o ideal) X o EGO (Desejo - atua na dimensão dos sentimentos que buscam satisfazer o ID ou necessidade, equivalente ao fenomenal (Platão).


A satisfação dessas necessidades seria ir contra o NOUMENAL, o mundo ideal. (Qualquer semelhança com a luta da carne (sentimentos-desejo) x Espírito (não físico, ideal) não terá sido mera coincidência, mas sim mistura de Paulo com Platão.

Qual a solução encontrada para atingir o mundo noumenal na filosofia grega? Sacrificar o corpo, aniquilar os sentimentos, visto que o corpo é “A prisão da alma imortal”. 

Em nenhum momento se fala de ressurreição na filosofia grega. Nenhuma divindade havia descido ao Hades (Inferno) para vencer Thanatos (Morte). Na mitologia não havia idéia de Ressurreição! 



Está explicado porque o sermão de Paulo em Atos 17 foi bem aceito até o momento em que ele disse: “E ESSE DEUS O RESSUSCITOU DOS MORTOS”! Se referindo a ressurreição de Cristo. Paulo tenta unir a filosofia platônica com o cristianismo e diz em outras palavras o que Platão havia recomendado: 

“A CARNE LUTA CONTRA O ESPÍRITO”. É coincidência?

O que é carne para Paulo? 


“É o equivalente em Platão o que ele chama de mundo “fenomenal”. A carne se opõe ao Mundo Noumenal".


Na teologia Paulina “Espiritual = ideal que está para além dos sentidos! Ou seja, NOUMENAL, a conquista se dá por meio da ASCESE. Mais uma vez coincidentemente o que ensinava PLATÃO.

O mundo noumenal de Platão e conquistado com o sacrifício do corpo, anulando os desejos, traduzindo para a Linguagem Paulina: 

“O CÉU (NOUMENAL) É CONQUISTADO ATRAVÉS DA NEGAÇÃO DOS DESEJOS DA CARNE  (FENOMENAL)!

Essa dicotomia expressa os paradigmas científicos de sua época, o que era compreensível aceitar em seu tempo, o mundo era dicotômico, é compreensivo que Paulo acompanhasse essa tendência.


Numa retrospectiva na história do pensamento, percebe-se que a  TEOLOGIA, e todas as demais áreas do saber,  sempre se inclinaram a acompanhar as teorias cientificas aceitas como verdade, contudo as teorias que eram absolutas naquele momento histórico, foram re-significadas, ou seja, não eram descartadas mas ajustadas a nova verdade que se descobria.


No entanto alguns teólogos preferiram canonizar as suas certezas, e ficar no  ostracismo, fadados a um teologia arcaica e irrelevante.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Culpa: A maior de todas as Potestades!

Acredito que Jesus tinha muitas dimensões tanto Téo-lógica quanto psico-lógica ao usar o termo “Satanás”, no texto bíblico, Ele usou a palavra “satanás” naquele contexto de Lucas, na minha interpretação, como a “culpa recalcada”, que foi à causadora do mal naquela mulher. A culpa entrou em sua psique e a “encurvou”! O que a medicina moderna chama de doenças psico-somáticas.

Alguém duvida que a culpa possa encurvar uma pessoa?... Ainda mais uma mulher na tradição judaica que já nascia culpada do “pecado de Eva”!

Jesus usou nomes como “castas", “demônios”, "satanás” em concordância com a crença da época, satanás era o agente, uma “pessoa com personalidade”, em antítese ao pai, na qual Jesus orava usando um pronome pessoal.

Não tenho dúvidas de que esses termos eram usados para falar do maior de todos os “diabos”, a “Culpa”, essa é a irmã gêmea de Satanás que foi gerada pela busca desenfreada da perfeição para "Agradar uma divindade", seja qual for à religião!

Uma mulher estava na sinagoga, contextualizando com os nossos dias, podemos dizer que era um dos lugares que esta relacionado com a religião (igreja). A religião muitas vezes aumenta a sensibilidade da consciência através da Regras, sobrecarregam o superego (consciência?) e essa sobrecarga aumenta o desejo de transgressão e quando a pessoa transgride, não consegue viver no nível exigido, é dominada por um estado de culpa tão alucinado que vai parar em centros de internações psiquiátricas.

Quem duvida disso é só ir aos hospitais psiquiátricos e verão que a maioria dos pacientes são evangélicos, e quanto mais radical é a igreja mais doentes mentais ela produz.

Jesus já tinha mapeado o DNA da maior de todas as potestades da religião:

“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito; e, depois de o terdes feito, o fazeis filho do inferno duas vezes mais do que vós” (Mateus 23.15)

Um filho do inferno tem poder de fazer seu discípulo duas vezes pior do que ele, justamente aqueles que têm “Doutrinas certas” e querem levar outros ao “céu”, na realidade os conduzem ao “inferno”, esse é o único “mestre” que consegue contrariar a fala de Jesus: “O discípulo não é superior a seu mestre, mas todo o que for perfeito será como o seu mestre”. (Mateus 6.40)

Para Jesus o discípulo que o seguisse não ia superá-lo, mas poderia se tornar igual ao mestre, mas os discípulos dos religiosos quebrariam essa lógica, na dimensão dos religiosos eles sempre vão além, conseguem transcender: “Faziam dos seus discípulos duas vezes piores que eles”!


O apóstolo Paulo mostrou que uma das formas de poderes demoníacos era justamente o que mais existe nas religiões:

“Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz. E, despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo”. (Colossenses 2: 14-15)

Ele não fala de um demônio com personalidade, mas sim de “principados” e “potestades”, que sobrecarregam a psique com a culpa por não atingirem nunca a “perfeição idealizada”.

Essa é um demônio antigo, revelado na religião, a maior criadora de “espíritos malignos”, como queiram chamar os ortodoxos, ou uma grande potestade e o maior diabo que é a Culpa!

A culpa é importante como preservadora da vida, ela se faz necessária, mas a falsa culpa despertada nas tradições religiosas, essa sim causa um mal irremediável ao ser humano.

Vejamos o exemplo daquela mulher aprisionada por “Satanás”:

“E veio ali uma mulher possessa de um espírito de enfermidade, havia já dezoito anos; andava ela encurvada, sem de modo algum poder endireitar-se". “Vendo-a Jesus, chamou-a e disse-lhe: Mulher, estás livre da tua enfermidade”. (Lucas 13.10-11)

A cura se deu no momento em que ao ouvir um homem falando com ela, e ainda no templo, sua estima foi ao alto, e ao subir a estima o seu corpo subiu juntamente com ela. A valorização da pessoa através do amor fez uma simbiose entre psique-corpo, e, veja o que aconteceu: “e, impondo-lhe as mãos, ela imediatamente se endireitou e dava glória a Deus”. (Lucas 13.13)

Em Impondo as mãos “sobre ela”, percebemos o efeito psicológico causado naquela mulher ao sentir a aceitação de Jesus? E a ação de impor as mãos sobre uma mulher que no mínimo estava debaixo de maldição para a sua sociedade? Afinal, carregava o estigma de ser a responsável pela entrada do pecado na humanidade!

A cura aconteceu na sua psique, o “Espírito” que aprisionava, não é uma questão se o “espírito” era ou não era uma entidade com personalidade, mas com certeza pode-se afirmar que esse espírito atuava num “sentimento de desvalorização”, ou o fatal “complexo de inferioridade”, e essa diluição do ser levava a mulher a encurvar-se.

Quantos hoje  estão aprisionados por Satanás a mais tempo do que essa mulher, através da religião onde há tanta culpa que os faz encurvarem...

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Jesus nos lábios... Mamom no coração!


A teologia sempre traz pré-supostos inconscientes por trás de muitas teorias afirmada ao longo da história, uma dessas é a afirmação “bênçãos materiais” x “bênçãos espirituais”, mostram uma hermenêutica falha dentro do contexto da vida de Jesus.

Jesus advertiu os discípulos sobre essa dimensão de se relacionar com os desejos, não dividiu benção em duas dimensões "Materiais x Espirituais", mas falou do coração como fator legitimador para determinar o curso do coração humano.


Como é que se define uma benção espiritual ou material? Isso não existe, essa dicotomia é a razão do flagelo do cristianismo atual, porque ao fragmentar “material x espiritual”, o cristianismo se iguala a qualquer outra filosofia religiosa.

È daí que surgem os méritos como justificativa para ser bem sucedido, tudo isso se originou no conceito grego agostiniano, onde se dividia a vida natural e a noumenal, ou seja, a vida dos sentidos em oposição à matéria, sendo que a matéria era oposição ao mundo ideal, não físico, por isso as bênçãos que se deve almejar é a da “alma”, não física, pois a matéria essa está em oposição ao espiritual! (Matéria x Espírito).

A minha tese é: “O espiritual não está na dimensão do material nem do não material”, mas sim nos “sentimentos” que transformam o material em espiritual, ou seja, a natureza do objeto não tem significado em sí, mas o significado vem dos sentimentos de quem o possui em relação ao objeto de posse!

Jesus disse:
“Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam, porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração, a candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz; se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas! ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. não podeis servir a deus e a mamom”. (Mateus 6.19-24)

A ortodoxia cristã interpretou esse texto que o tesouro no céu onde a traça e a ferrugem não corroem e os ladrões não roubam (v20), como sendo os exercícios espirituais, tais como: “Oração, jejum, Louvor, adoração etc....

Na sequência Jesus fala do coração como vitima do tesouro, do domínio próprio, e dos cuidados com o desejo exagerado de posse (v21), e culmina se antecipando a psicologia falando da somatização como efeito dos desejos, atingindo o corpo, o que era estranho para a teologia da época, e ainda hoje para alguns que estão descontextualizados...

Jesus continua falando sobre os dois senhores em constante conflito, usa metáforas antitéticas como “luz x trevas”, “olhos bons e maus”, “Deus e mamom”.

Não quero entrar na dimensão psicológica do texto, mas ele está dando um show de conhecimento  da psique humana, antes da psicologia profunda, sobre as instancias antagônicas (ego x superego), que chama de “dois senhores”.

Jesus conclui mostrando que na realidade não existe “material ou espiritual”, e sim que os sentimentos iriam determinar a espiritualidade. Para ele as bênçãos espirituais são aquelas que nos dá sabedoria em “ADMINISTRAR OS BENS SEM DEIXAR CORAÇÃO SEJA DOMINADO POR ELES”.

Quem faz isso “ajunta tesouro nos céus”, pois ao invés de ficar ajudando os irmãos em “oração e jejum”, rogando para Deus abençoa-lo, vai ao banco tira um pouco do “tesouro que está ajuntando” e ajuda com as bênçãos que tem adquirido, mas isso só será possível se sua confiança não estiver no tesouro que está no “Banco da terra”, pois o banco do céu é investir naquele que necessita!

Jesus prossegue:
“Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário?” (Mateus 6.24).

Qualquer pregação que leve a pessoa a “ansiedade”, quanto a sua subsistência, é anticristã, seja “bênçãos espirituais” (que não acredito) ou das “bênçãos materiais” (que também não acredito). Todo esse discurso são geradores de neurose em busca de segurança, o que contraria justamente a “fé”, que é a segurança na própria insegurança, ou seja, uma certeza que habita o coração de quem crê mesmo que não encontre razão para essa crença!

A única benção que acredito existir é aquela que não tira a minha paz, nem a sua conquista, tão pouco a sua ausência, na minha percepção o material e o espiritual se fundem numa só dimensão.

O material é espiritualizado e deixa de ser “material”, quando os meus sentimentos são de dependência para com esse objeto, estando ele em minha posse ou no meu desejo.

O sagrado só existe na dimensão do coração de quem crê, por isso para mim não existem “bênçãos materiais” ou “bênçãos espirituais’.

Deus e mamom tornam-se Senhores no coração de quem lhe entregar os seus desejos, seja o objeto de natureza física (material) ou abstrato (não material), por isso Jesus adverte: “os olhos são as lâmpadas do corpo”, são através deles que nossos desejos se intensificação e vão determinar em qual esfera viveremos a nossa vida, quem a dominará.


Ter tesouro no céu, não significa receber recompensa em outra vida, mas viver aqui uma vida superior, não sendo escravo de nada que venha possuir, afinal não são poucos os que pensam que possuem tesouros, quando na realidade são os tesouros que o possui!


Jesus coloca em questão a grande resposta que daremos a nossa existência: 


“Seremos Senhores das nossas conquistas ou escravos delas...”