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domingo, 19 de junho de 2011

Marx e Cristo:Um diálogo a partir dos oprimidos

“Os proletários nada tem a perder fora suas correntes; tem o mundo a ganhar”

(Marx e Engels. O manifesto comunista. Ed paz e terra. p. 65) [1].

“... O Senhor ungiu-me para levar boas notícias aos pobres (...) libertação das trevas aos prisioneiros (Isaias 61.1)”.

 “Foi-lhe entregue o livro do profeta Isaías. Abriu-o e encontrou o lugar onde está escrito: (...) ele me ungiu para pregar boas novas aos pobres (...) para libertar os oprimidos (...) (Lucas 4. 17-21)”.

O manifesto comunista apresenta em sua gênese uma correlação com toda a filosofia judaico-cristã no tocante a justiça social em seus escritos. O oprimido sempre foi desde os escritos da lei Mosaica até os evangelhos na era cristã, alvo de libertação  e indignação de Deus devido a exploração, dos que governavam a nação.

No manifesto comunista vemos que Marx e Engels têm em todo o discurso uma preocupação com a classe dominada. Essa em toda história é produtora da riqueza, é protagonista do produto capitalista. Contudo o sistema de produção é injusto no retorno do que nomina “salário”, pois é sempre o mínimo pela produção e ainda o trabalhador é transformado um material de produção.

Esse sistema que recebe o nome mercado é personalizado, e para isso usam-se eufemismos de sentimentos como: “o mercado está nervoso”, “o mercado está calmo”, “o mercado está instável”, “o mercado está de ressaca”! Enquanto o homem é despersonalizado, tornando-se o um “objeto da produção”, A produção e o consumo ganha personalidade...

Será que cristianismo do ocidente em suas diversas ramificações que na história se considera a patentedora da moral, não percebeu que desde o nascimento da burguesia ao capitalismo atual, há uma conspiração contra a dignidade da vida humana? Ou será que percebeu, mas optou pela omissão, devido estar sempre ao dado da classe dominante?

Será que Marx no seu ateísmo materialista, não tem na gênese do manifesto comunista os princípios mais elementares do cristianismo em sua nascente? Nos escritos da religião cristã não é contrário a toda a injustiça social?  No entanto se omitiu diante da classe dominante. Marx no ateísmo materialista lutou pela justiça que os Teistas defendiam na teoria, mas não conseguiram na prática a teoria confessada.

Quais os limites da do manifesto comunista? Creio que parte da resposta é: “A maldade e o egoísmo do homem”.  Principalmente de quem se alimenta com a exploração do pobre. O poder e a ganância são insaciáveis, a moral instituída no sistema contemporâneo é imoral, legitima a opressão, legaliza a desumanização do homem.

O sociólogo Zigmunt Bauman [2], denomina “Modernidade Liquida”: “As relações são fragilizadas, e descartáveis: “assim, para eles [nossos conviventes], o que conta é o tempo, mais do que o espaço que lhes toca ocupar; espaço que, afinal, preenchem apenas ‘por um momento [grifo do autor]” (BAUMAN, 2001, p. 8).

Numa “modernidade liquida”, não há espaço para nada sólido... O capitalismo se alimenta do descartável, provisório, e o homem é o melhor produto...

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[1] MARX, Karl. ENGELS, Friedrich. O Manifesto comunista. Ed. Paz Ed terra. São Paulo – SP. 1998.
[2] http://www.klepsidra.net/klepsidra23/modernidade.htm