Michel Focault aborda a educação do corpo como o objeto de poder.
O
corpo pode ser manipulado, modelado e treinado, pode obedecer, responder e
tornar-se hábil. Focault fala do corpo
como objeto preso ao interior por poderes muito apertados que lhe impõe
limitações, proibições ou obrigações.
Na escola esse corpo é tolhido, a coação se faz sobre as forças que no
momento histórico das disciplinas é o momento em que nasce
uma arte do corpo humano, que visa não unicamente o aumento de suas
habilidades, nem tampouco aprofundar sua sujeição, mas a formação de uma
relação que no mesmo mecanismo o torna tanto mais obediente quanto é mais útil,
e inversamente.
Forma-se uma política de coerção uma manipulação calculada de seus
elementos e gestos de seus comportamentos. Uma anatomia política que é uma
“mecânica de poder” que se define como o domínio sobre o corpo dos outros, não
para submeter ao que se quer, mas para operar como se quer, utilizando-se de
técnicas, de acordo com a rapidez e a eficácia que é determinada, segundo Focault,
“A disciplina fabrica assim corpos submissos e exercitados, corpos dóceis”.
Não é um conceito novo o chamado “corpo dócil”, desde a época clássica
esse conceito já existia, o corpo pode ser submetido, utilizado, transformado e
aperfeiçoado. Contudo na modernidade a submissão do corpo é cada vez mais
preso, utilizado por poderes mais impõe mais limitações, obrigações e
proibições.
Segundo Focault: “A escala dessa técnica de submissão
também está cada vez maior: trabalha-se o corpo detalhadamente, o controle é
constante e sem folga, aproximando seu movimento ao nível da mecânica”.
corpo é objeto de controle e sua eficácia de movimentos é
utilizado numa coerção sem interrupção, olhando sempre os processos da
atividade e exercendo uma codificação que esmiúça o máximo o temo, o espaço e
os movimentos executados por ele.
Os processos disciplinares na modernidade se tornaram
fórmulas de dominação que difere das outras fórmulas desenvolvidas que segundo
Focault, “O momento histórico das disciplinas e o momento em que nasce uma arte
do corpo humano, que visa não unicamente o aumento de suas habilidades, nem
tampouco aprofundar sua sujeição, mas a formação de uma relação que no mesmo
mecanismo o torna tanto mais obediente quanto e mais útil, e inversamente”.
Dessa prática forma-se uma política de coerção infligida
sobre o corpo, uma manipulação calculada sobre o comportamento, uma
"anatomia política", que e também igualmente uma "mecânica do
poder", esta nascendo; ela define como se pode ter domínio sobre o corpo
dos outros, não simplesmente para que façam o que se quer, mas para que operem
como se quer, com as técnicas, segundo a rapidez e a eficácia que se determina.
A disciplina fabrica assim corpos submissos e exercitados, corpos
"dóceis".
A disciplina aumenta a força do corpo, paradoxalmente ao
mesmo tempo diminui a força deste, em síntese a disciplina tem a função de
dissociar o poder do corpo, enquanto a coerção disciplinar estabelece no corpo
o elo coercitivo entre uma aptidão que pode ser aumentada a exploração
econômica, separa a força e o produto do trabalho.
A educação formal desempenha um importante papel na
disciplina do corpo na modernidade. Pode-se confirmar isso, pois a escola se
organiza exatamente da mesma forma que os demais processos disciplinares, pois
o espaço físico da escola é fechado, semelhante a um quartel Focault descreve: “O
conjunto fechado e cercado por uma muralha de dez pés de altura que rodeara os
ditos pavilhões, a trinta pés de distancia de todos os lados - e isto para
manter as tropas em ordem e em disciplina e que o oficial esteja em condições
de responder por ela”.
As escolas da mesma forma são organizadas com muros altos
que objetivam manter a “ordem” dos estudantes. Além dessa estrutura externa, o
espaço interno também é organizado de forma a “disciplinar” por meio dos
princípios de localização imediata e quadriculamento, que de acordo com
Focault, “cada individuo no seu lugar; e em cada lugar, um individuo”.
Esse modelo organizacional tem o objetivo de estabelecer
controle de presença e ausência de forma rápida caso precise encontrar alguma
pessoa, além de facilitar a comunicação e corrigir comportamentos, tendo por
premissa o procedimento par conhecer, dominar e utilizar. Toda a arquitetura
escolar é projetada para facilitar as localizações criando um espaço que
facilite controlar e vigiar as pessoas e seus comportamentos.
Nesse sistema de disciplina as pessoas são definidas pela
posição na classificação que é feita. Segundo Focault, “Ela (disciplina) individualiza
os corpos por uma localização que não os implanta, mas os distribui e os faz
circular numa rede de relações”. Prossegue Foucault:
A
ordenação por fileiras, no século XVIII, começa a definir a grande forma de
repartição dos indivíduos na ordem escolar: filas de alunos na sala, nos
corredores, nos pátios; colocação atribuída a cada um em relação a cada tarefa
e cada prova; colocação que ele obtém de semana em semana, de mês em mês, de
ano em ano; alinhamento das classes de idade umas depois das outras; sucessão dos
assuntos ensinados, das questões tratadas segundo uma ordem de dificuldade
crescente. E nesse conjunto de alinhamentos obrigatórios, cada aluno segundo
sua idade, seus desempenhos, seu comportamento, ocupa ora uma fila, ora outra;
ele se desloca o tempo todo numa serie de casas; umas ideais, que marcam uma
hierarquia do saber ou das capacidades, outras devendo traduzir materialmente
no espaço da classe ou do colégio essa repartição de valores ou dos méritos.
Movimento perpetuo onde os indivíduos substituem uns aos outros, num espaço
escondido por intervalos alinhados.
O ensino formal foi modificado pela técnica de determinar
lugares individuais, fazendo assim tornou-se possível o controle de cada um ao
mesmo tempo o trabalho de todos simultaneamente, com isso há economia de tempo
de aprendizagem e a capacidade de vigilância tornou-se hierarquizada pelo
professor. Juntamente com a organização do espaço e a divisão de séries, a
disciplina tem ainda o auxilio do controle de atividade, além do horário que é inserido
como uma forma de garantir a qualidade do tempo usado com o objetivo de fazer
um tempo sempre útil através do controle sem interrupção.
Se a ginástica condiciona o corpo para o desenvolvimento há
ainda a articulação do corpo, segundo Focault, “cada uma das relações que o
corpo deve manter com o objeto que manipula para aquela atividade deve ser
claramente definida pela disciplina, de forma mecânica, como se fosse uma
engrenagem”.
Foucault nomina essa ação de “codificação instrumental do
corpo”, isso porque, “há a decomposição do gesto global em séries que serão
definidas tanto quanto aos elementos do corpo usados quanto aos elementos do
objeto manipulado, correlacionando-os posteriormente em gestos simples em uma
ordem fixa”.
O controle através das técnicas tem a premissa básica no
principio do “não desperdício de tempo”, para que assim possa ser extraído dele
cada vez mais instantes e sempre mais e mais forças úteis. Através da
classificação serial e da disposição espacial os alunos poderão ser mantidos em
atividades, sujeitando-os a ordens que visam os acostumá-los a os tornar mais
rápidos nas execuções das tarefas.
Essa forma de organização segundo
Focault acontece da seguinte forma:
1°)
Dividir a duração em segmentos, sucessivos ou paralelos, dos quais cada um deve
chegar a um termo especifico;
2°)
Organizar essas sequências segundo um esquema analítico - sucessão de elementos
tão simples quanto possível, combinando-se segundo uma complexidade crescente;
3°)
Finalizar esses segmentos temporais, fixar-lhes um termo marcado por uma prova,
que tem a tríplice função de indicar se o individuo atingiu o nível
estatutário, de garantir que sua aprendizagem esta em conformidade com a dos
outros, e diferenciar as capacidades de cada individuo.
A instituição escolar serve ao projeto da modernidade de
docilização o corpo, suas técnicas descritas por Focault mostram que o
comportamento é uma intervenção para a dominação e subjugação do homem na
sociedade.
O controle do corpo, espaço e tempo, é uma forma de poder
intensa que desarticula o corpo e recompõe de acordo com os interesses alheio
ao individuo, roubando dele a capacidade de ser protagonista de suas ações.
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BIBLIOGRAFIA
FOUCAULT,
Michel. Vigiar e Punir. Disponível em:
https://files.me.com/josemarruda/8uqw7u
Acesso em 19/06/2012.
Trabalho
como requisito parcial para a graduação em Ciências Sociais na
Universidade
Metodista de São PAULO (UMESP).
Faculdade
de Humanidades e Direito (FAHUD)