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sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Dilma Rouseff e Joaquim Barbosa: Uma reflexão Sociológica na Teoria de Pierre Bourdieu

Bourdieu entende que há uma concorrência no interior de cada campo social de forma dinâmica, que tem sua origem nos agentes sociais (pessoas) através de estratégias diferentes que visam à transformação ou conservação das estruturas sociais.

O ministro Joaquim Barbosa em sua trajetória de vida confirma a teoria de Bourdieu que não há fatalismo de “classes” ou de “estrutura”.

Embora a desigualdade da distribuição do capital seja a gênese das lutas que produzem um conflito permanente, essas são configuradas na defesa dos grupos dominantes, que querem defender seus privilégios em oposição aos grupos e indivíduos que lutam por poder e reconhecimento, que se situam na hierarquia social na posição de inferioridade.

A forma com que essa luta se realiza são diversas, tais como: “acumulação de capital econômico ou social, cultural e simbólico”.

As lutas são formas de tentar modificar as estruturas dos campos sociais, ao mesmo tempo, uma maneira de alterar as hierarquias manifestadas nas diversas formas, como: “econômica, cultural ou simbólica”.

Mas as hierarquias podem ser alteradas, modificadas, pois a cultura também é um capital.

 O ministro Joaquim Barbosa e a presidenta Dilma Rouseff adquiriram esse capital, quebrando assim o fatalismo da estrutura do “poder dominante”.

Os “processos antecedentes” que são “estruturas estruturantes” produzem e reproduzem o poder simbólico, tem o objetivo de através da luta simbólica quebrar a lógica social da classe dominante.

Essa classe dominante é legitima para os agentes do campo social e considerado por eles como normal.

Dilma e Joaquim Barbosa são exemplos da sociologia de Bourdieu, em que o agente social transforma a “estrutura social”.

A violência simbólica, doce e mascarada, se exerce com a cumplicidade daquele que a sofre, das suas vítimas.

Segundo Bourdieu 1996, p.275, “Essa violência está presente no discurso do mestre, na autoridade do burocrata, na atitude do intelectual (...) constituem uma violência simbólica, pela qual ninguém é verdadeiramente responsável, que oprime e rege as linhas políticas nas democracias contemporâneas.

Dois paradigmas fatalistas quebrados:

O negro escravizado na colonização do País, marginalizado e vítima do preconceito na história sempre as margens da sociedade.

A mulher vitima da violência de gênero, na cultura religiosa judaico-cristã, a responsável pela inserção do “pecado” no mundo.

Agora representa o poder legitimo, quebrando toda a lógica da “estrutura  estruturante” estratificada pelos “processos antecedentes”.

Na sociologia de Bourdieu não há determinismo, predestinação ou destino, o agente social transforma as estruturas sociais.
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BIBLIOGRAFIA
BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas simbólicas. São Paulo – SP Perspectiva, 7ª Ed., 2011.

________________. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 14ª ed., 2010.

CORTES, Verónica. Pierre Bourdieu, notas acerca de uma sociologia dos campos. In: Guia de Estudos Relações mundializadas, neoliberalismo e sociabilidade humana. São Bernardo do Campo: Editora da Universidade Metodista de São Paulo, 2009.

THIRY-CHERQUES, Hermano Roberto. Pierre Bourdieu: a teoria na prática. Revista de Administração Pública Rio de Janeiro 40(1): 27-55, Jan./Fev. 2006.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

RELIGIÃO, FÉ E NEUROSE


A teologia ortodoxa, na sistematização teológica define que a "Verdade" pertence a uma confissão de Fé. Mas e a verdade é a PESSOA de CRISTO (Jo 14.6) logo, não há necessidade de "DOGMAS", pois cristo não foi dogmático, cristo estabeleceu uma PRÁXIS de VIDA.

A adoração em ESPIRITO E EM VERDADE (Jo 4.24), não tem a ver com CONFISSÃO DE FÉ, mas com a mudança de conceitos sobre a existência, a mulher achava que “Ser” Samaritana e “Ser” Judeu, era fatalismo do destino. (Jo 4.9).

Jesus mostrou que Judeus e samaritanos, não “São” estão “Sendo”. Na vida, nada é “fixo”, e Ele como judeu valoriza o Samaritano que não é, mas Sendo. O verbo “Ser” é estático, o gerúndio “Sendo” é mutável.

A adoração em Espírito e em verdade tem a ver com coragem de enfrentar os traumas e desafios da vida esse era o conteúdo do diálogo de Jesus com a mulher samaritana. Quando Jesus fala da água que tinha para oferecer, a mulher pede: “dá-me dessa água, para que não mais tenha sede, e não venha aqui tirá-la”. (Jo 4.15).

A pessoa que é cristã, mas é dogmática, firmada em doutrinas, quer resolver tudo de forma fácil, quer saciar o desejo da existência com métodos mágicos, ou, com penitências que mereçam o favor divino.

Jesus quer oferecer capacidade para a pessoa enfrentar a vida com todos os traumas e desamparo que ela oferece. Jesus vai a cerne do diálogo: “Vai, chama o teu marido, e vem cá”. (Jo 4.16).

A mulher responde que não tinha marido (Jo 4.17), mas não fala que já tivera cinco, escondia os fracassos de relacionamento, mas estava bem informada sobre teologia histórica e dos conflitos étnicos da sua nação (Jo 4.9), e da tradição judaica (Jo 4.12).

Ela não sabia lidar com as frustrações dos seus relacionamentos. Jesus confronta sua situação e fala de seus fracassos do desamparo existencial que ela vivia, pois: “tivera cinco maridos e o que tinha agora não era d’ela”. (Jo 4.18,19).

A mulher vivia com o sentimento de que não possuía nada, nada lhe pertencia, era insegura, complexada, uma imagem negativa de si mesma, ventilava na religião toda a sua sede existencial, todo o seu desejo de pertencer a alguém e de ter alguém para chamar de “seu”.

Na vida ninguém é de ninguém, mas para se viver é preciso ter o sentimento de que pertence a alguém, e de que tem alguém para se pertencido.

A adoração em Espírito e em verdade não é o levantar as mãos no templo, nem estar no templo certo, tão pouco ter a doutrina correta, mas, tem a ver com encarar a verdade, a sua verdade, a verdade que temos medo, confrontar as nossas dores, rever a nossa maneira de viver.

Jesus pede para a mulher chamar o seu marido: “Vai, chama o teu marido, e vem cá”. (Jo 4.16), a mulher responde que não tinha marido (Jo 4.17). A mulher foge do assunto doloroso e volta-se para a discussão teológica: “Vejo que tu és profeta” (Jo 4.19).  O religioso extremo é neurótico, constrói uma “vida paralela”, foge da realidade da vida, para uma vida imaginária, por não suportar a realidade.

Que conexão tinha os relacionamentos frustrados d’ela, com o fato de reconhecer que Jesus era profeta? Para não enfrentar assuntos que lhe causaram dores e sofrimentos, ela usa a religião como fuga, sai da dimensão física (vida) para a metafísica (fé).

A mulher introduz um novo tema que não tinha relação com o que Jesus havia falado anteriormente. Jesus estava falando de “relacionamentos” a mulher foge para fala de “local de adoração” dos patriarcas (Jo 4.20).

Jesus chama a mulher para encarar a vida, enfrentar seus relacionamentos frustrados. Jesus queria lhe ensinar a mulher, se valorizar, como alguém digna de ser respeitada, apesar do preconceito por ter nascido em Samaria, e pela rejeição por não viver o padrão imposto pela sociedade.

Jesus fala que não existe dogmas certos, locais certos (Jo 4.21-23), depois conclui: “Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.
(Jo 4.24).

Qual é a “verdade” na adoração em Espírito? A verdade de que em Cristo, não deve existir formulas mágicas para resolver os problemas da vida: “dá-me dessa água, para que não mais tenha sede, e não venha aqui tirá-la”. (Jo 4.15).

Problemas de relacionamentos não se resolve com campanhas de 7 dias, correntes, Jejum de Daniel etc... Não se deve usar doutrinas para encobrir os traumas, nem o nome de Jesus  para fugir da maravilhosa vida que Ele veio oferecer.

sábado, 28 de julho de 2012

ESCOLA COMO MEIO DE INSTAURAÇÃO E MANUTENÇÃO DO PROJETO MODERNO

Michel Focault aborda a educação do corpo como o objeto de poder.


O corpo pode ser manipulado, modelado e treinado, pode obedecer, responder e tornar-se hábil. Focault  fala do corpo como objeto preso ao interior por poderes muito apertados que lhe impõe limitações, proibições ou obrigações.


Na escola esse corpo é tolhido, a coação se faz sobre as forças que no momento histórico das disciplinas é o momento em que nasce uma arte do corpo humano, que visa não unicamente o aumento de suas habilidades, nem tampouco aprofundar sua sujeição, mas a formação de uma relação que no mesmo mecanismo o torna tanto mais obediente quanto é mais útil, e inversamente.


Forma-se uma política de coerção uma manipulação calculada de seus elementos e gestos de seus comportamentos. Uma anatomia política que é uma “mecânica de poder” que se define como o domínio sobre o corpo dos outros, não para submeter ao que se quer, mas para operar como se quer, utilizando-se de técnicas, de acordo com a rapidez e a eficácia que é determinada, segundo Focault, “A disciplina fabrica assim corpos submissos e exercitados, corpos dóceis”.

Não é um conceito novo o chamado “corpo dócil”, desde a época clássica esse conceito já existia, o corpo pode ser submetido, utilizado, transformado e aperfeiçoado. Contudo na modernidade a submissão do corpo é cada vez mais preso, utilizado por poderes mais impõe mais limitações, obrigações e proibições. 

Segundo Focault: “A escala dessa técnica de submissão também está cada vez maior: trabalha-se o corpo detalhadamente, o controle é constante e sem folga, aproximando seu movimento ao nível da mecânica”.

corpo é objeto de controle e sua eficácia de movimentos é utilizado numa coerção sem interrupção, olhando sempre os processos da atividade e exercendo uma codificação que esmiúça o máximo o temo, o espaço e os movimentos executados por ele.

Os processos disciplinares na modernidade se tornaram fórmulas de dominação que difere das outras fórmulas desenvolvidas que segundo Focault, “O momento histórico das disciplinas e o momento em que nasce uma arte do corpo humano, que visa não unicamente o aumento de suas habilidades, nem tampouco aprofundar sua sujeição, mas a formação de uma relação que no mesmo mecanismo o torna tanto mais obediente quanto e mais útil, e inversamente”.

Dessa prática forma-se uma política de coerção infligida sobre o corpo, uma manipulação calculada sobre o comportamento, uma "anatomia política", que e também igualmente uma "mecânica do poder", esta nascendo; ela define como se pode ter domínio sobre o corpo dos outros, não simplesmente para que façam o que se quer, mas para que operem como se quer, com as técnicas, segundo a rapidez e a eficácia que se determina. A disciplina fabrica assim corpos submissos e exercitados, corpos "dóceis".

A disciplina aumenta a força do corpo, paradoxalmente ao mesmo tempo diminui a força deste, em síntese a disciplina tem a função de dissociar o poder do corpo, enquanto a coerção disciplinar estabelece no corpo o elo coercitivo entre uma aptidão que pode ser aumentada a exploração econômica, separa a força e o produto do trabalho.

A educação formal desempenha um importante papel na disciplina do corpo na modernidade. Pode-se confirmar isso, pois a escola se organiza exatamente da mesma forma que os demais processos disciplinares, pois o espaço físico da escola é fechado, semelhante a um quartel Focault descreve: “O conjunto fechado e cercado por uma muralha de dez pés de altura que rodeara os ditos pavilhões, a trinta pés de distancia de todos os lados - e isto para manter as tropas em ordem e em disciplina e que o oficial esteja em condições de responder por ela”.

As escolas da mesma forma são organizadas com muros altos que objetivam manter a “ordem” dos estudantes. Além dessa estrutura externa, o espaço interno também é organizado de forma a “disciplinar” por meio dos princípios de localização imediata e quadriculamento, que de acordo com Focault, “cada individuo no seu lugar; e em cada lugar, um individuo”.

Esse modelo organizacional tem o objetivo de estabelecer controle de presença e ausência de forma rápida caso precise encontrar alguma pessoa, além de facilitar a comunicação e corrigir comportamentos, tendo por premissa o procedimento par conhecer, dominar e utilizar. Toda a arquitetura escolar é projetada para facilitar as localizações criando um espaço que facilite controlar e vigiar as pessoas e seus comportamentos.

Nesse sistema de disciplina as pessoas são definidas pela posição na classificação que é feita. Segundo Focault, “Ela (disciplina) individualiza os corpos por uma localização que não os implanta, mas os distribui e os faz circular numa rede de relações”. Prossegue Foucault: 

A ordenação por fileiras, no século XVIII, começa a definir a grande forma de repartição dos indivíduos na ordem escolar: filas de alunos na sala, nos corredores, nos pátios; colocação atribuída a cada um em relação a cada tarefa e cada prova; colocação que ele obtém de semana em semana, de mês em mês, de ano em ano; alinhamento das classes de idade umas depois das outras; sucessão dos assuntos ensinados, das questões tratadas segundo uma ordem de dificuldade crescente. E nesse conjunto de alinhamentos obrigatórios, cada aluno segundo sua idade, seus desempenhos, seu comportamento, ocupa ora uma fila, ora outra; ele se desloca o tempo todo numa serie de casas; umas ideais, que marcam uma hierarquia do saber ou das capacidades, outras devendo traduzir materialmente no espaço da classe ou do colégio essa repartição de valores ou dos méritos. Movimento perpetuo onde os indivíduos substituem uns aos outros, num espaço escondido por intervalos alinhados.

O ensino formal foi modificado pela técnica de determinar lugares individuais, fazendo assim tornou-se possível o controle de cada um ao mesmo tempo o trabalho de todos simultaneamente, com isso há economia de tempo de aprendizagem e a capacidade de vigilância tornou-se hierarquizada pelo professor. Juntamente com a organização do espaço e a divisão de séries, a disciplina tem ainda o auxilio do controle de atividade, além do horário que é inserido como uma forma de garantir a qualidade do tempo usado com o objetivo de fazer um tempo sempre útil através do controle sem interrupção.

Se a ginástica condiciona o corpo para o desenvolvimento há ainda a articulação do corpo, segundo Focault, “cada uma das relações que o corpo deve manter com o objeto que manipula para aquela atividade deve ser claramente definida pela disciplina, de forma mecânica, como se fosse uma engrenagem”.

Foucault nomina essa ação de “codificação instrumental do corpo”, isso porque, “há a decomposição do gesto global em séries que serão definidas tanto quanto aos elementos do corpo usados quanto aos elementos do objeto manipulado, correlacionando-os posteriormente em gestos simples em uma ordem fixa”.

O controle através das técnicas tem a premissa básica no principio do “não desperdício de tempo”, para que assim possa ser extraído dele cada vez mais instantes e sempre mais e mais forças úteis. Através da classificação serial e da disposição espacial os alunos poderão ser mantidos em atividades, sujeitando-os a ordens que visam os acostumá-los a os tornar mais rápidos nas execuções das tarefas.

Essa forma de organização segundo Focault acontece da seguinte forma: 

1°) Dividir a duração em segmentos, sucessivos ou paralelos, dos quais cada um deve chegar a um termo especifico; 

2°) Organizar essas sequências segundo um esquema analítico - sucessão de elementos tão simples quanto possível, combinando-se segundo uma complexidade crescente;

3°) Finalizar esses segmentos temporais, fixar-lhes um termo marcado por uma prova, que tem a tríplice função de indicar se o individuo atingiu o nível estatutário, de garantir que sua aprendizagem esta em conformidade com a dos outros, e diferenciar as capacidades de cada individuo.

A instituição escolar serve ao projeto da modernidade de docilização o corpo, suas técnicas descritas por Focault mostram que o comportamento é uma intervenção para a dominação e subjugação do homem na sociedade.

O controle do corpo, espaço e tempo, é uma forma de poder intensa que desarticula o corpo e recompõe de acordo com os interesses alheio ao individuo, roubando dele a capacidade de ser protagonista de suas ações.

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BIBLIOGRAFIA

FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. Disponível em:  https://files.me.com/josemarruda/8uqw7u Acesso em 19/06/2012.
Trabalho como requisito parcial para a graduação em Ciências Sociais na
Universidade Metodista de São PAULO (UMESP).
Faculdade de Humanidades e Direito (FAHUD)

quarta-feira, 4 de julho de 2012

VIDA: JURISPRUDÊNCIA SOBRE A LEI.

Não matarás. (Êx 20. 13).

Aquele que matar deveria ser morto da mesma forma que matou.

No desenvolver da história, o mesmo Deus dá a Moisés a seguinte instrução:

“Olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé”. (Êx 21.24).

A verdade absoluta é que todo homicida deveria pagar com a própria vida.

Mais a frente (na história e no tempo) o mandamento Deus deu o seguinte mandamento a Moisés:

“Serão por refúgio estas seis cidades para os filhos de Israel, e para o estrangeiro, e para o que se hospedar no meio deles, para que ali se acolha aquele que MATAR A ALGUÉM POR ENGANO". (Nm 35.15).

Deus relativizou o absoluto anterior?
Ele havia dito que o homicida deveria ser punido pelo homicídio. Essa afirmação parte do pressuposto de que:
“O preço de algo só pode ser pago com algo equivalente”, daí, a regra áurea da lei: “Olho por olho dente por dente”? (Êx 21.24).

Sendo assim: O preço de uma vida só poderá se pago com outra vida!

Mas porque a intenção que é subjetiva relativiza um ato concreto e objetivo, o homicídio?

Ora se a subjetividade do ato tem jurisprudência sobre o ato, logo, a lei não é absoluta, mas sim o ser humano...

A penalidade da lei: “Morte”, deixa de ser absoluta e passa a ser “relativa”, porque isso acontece?

A intenção não descaracteriza o ato do homicida, e o homicida continua sendo homicida, mas, não tem poder para aplicar a penalidade prevista na regra áurea da lei!

A conclusão que se chega é que se a lei não é legislada em favor da vida, ela perde o sentido de existir.

A vida é o sumo bem, a lei deve estar submetida ao bem maior que é a vida!

Não matarás é uma verdade absoluta em todos os tempos, contudo, sua penalidade não pode ser aplicada em todas as situações...

Quer dizer então que a verdade depende da “história e do tempo”, para ser caracterizada como absoluta?

Se a resposta é não...

Pergunta?

Então porque Deus mandou não aplicar a penalidade no caso de o homicida não ter intenção de matar?

Se a resposta for sim...

Então a verdade pode ser interpretada fora da história e do tempo?

segunda-feira, 21 de maio de 2012

AMÉRICA LATINA: TENSÕES, ENCONTRO-DESENCONTRO CULTURAL

A Espanha no século XV havia expulsado os mouros da península ibérica e se encontrava num período relativamente de paz, sem guerras, por isso passou a buscar realizar o processo de expansão comercial.

Os espanhóis ao chegarem à América tiveram uma visão etnocêntrica e olhou as sociedades nativas como inferiores à sua, sem qualquer humanidade e assim passíveis de serem escravizadas.

Essa visão é descrita da seguinte forma nas palavras do frei dominicano Tomaz Ortiz dirigidas ao Conselho das Índias (in Todorov, 1991, p. 148):

“Comem carne humana na terra firme. São sodomitas mais do qualquer outra nação. Não há justiça entre eles. Andam completamente nus. Não respeitam o amor nem a virgindade; são inconstantes. Não fazem idéia do que seja a providência. São muito ingratos e amantes das novidades (...) São brutais. Não há entre eles nenhuma obediência. São incapazes de receber lições. Os castigos de nada adiantam (...) Quando se lhes ensinam os mistérios da religião, dizem que essas coisas convêm aos castelhanos, mas não valem nada para eles e que não querem mudar seus costumes. (...) Os índios são mais idiotas do que os asnos e não querem fazer esforço no que quer que seja.”

A partir deste grande “encontro” cultural, houve dois efeitos:

(1) O estranhamento, por parte de ambas as culturas, que viam a outra como algo extraordinário e incompreensível. Os espanhóis encararam a cultura indígena como algo bárbaro e não-humano, enquanto os nativos confundem os espanhóis com as lendas que contam sobre os fins dos tempos ou de deuses da destruição que desceriam à terra. Desse primeiro contato se seguiu o domínio espanhol, com muitas mortes de nativos, seja por batalhas, seja por doenças.

(2) O tempo original do mundo nativo desapareceu para sempre, seus ídolos foram destruídos e os tesouros esquecidos, soterrados sob os escombros de igrejas cristãs e palácios coloniais. Todas as sociedades indígenas das Américas eram civilizações jovens e criativas, a conquista espanhola deteve este crescimento e as deixou com um legado de tristeza.

América Latina no século XIX, após as independências e século XX.

Aníbal Quijano aborda a discussão sobre a identidade latino-americana fala sobre a relação entre colonialismo e modernidade. Usando o personagem de Don Quixote para falar dos momentos que antecede a conquista da América com a expulsão dos Arabes e Judeus. O autor mostra que desde o inicio há uma relação de poder no projeto colonial que é a imposição da cultura dominante e um sistema de exploração como tributação exarcebada mantida pela violência mantida pelos colonizadores.

A ideia de raça foi usada para legitimar toda a produção histórica da América latina, a partir daí a identidade latino americana passou a ser um território de conflitos que foi se aprofundando até criar uma cisão entre o europeu e o não-europeu. O continente latino americano continua prisioneiro da colonização, isso ocorre também pelo fato de não querer se arriscar a aproveitar a configuração do novo mundo como efeito da crise global do periodo da colonização até a modernidade.

Eduardo Galeano no livro Veias abertas da américa Latina faz um diagnóstico da situação da América Latina:

“É a América Latina, a região das veias abertas. Desde o descobrimento até nossos dias, tudo se transformou em capital europeu ou, mais tarde, norte-americano, e como tal tem-se acumulado e se acumula até hoje nos distantes centros de poder. Tudo: a terra, seus frutos e suas profundezas, ricas em minerais, os homens e sua capacidade de trabalho e de consumo, os recursos naturais e os recursos humanos. O modo de produção e a estrutura de classes de cada lugar têm sido sucessivamente determinados, de fora, por sua incorporação à engrenagem universal do capitalismo. (p.5).

No século XXI é preciso entender os desafios do continente, Otávio Ianni tenta compreender recuperando as questões presentes nas raizes da cultura latino America ao longo dos cinco séculos de sua história. Nesse caminho, o autor faz uma sintese passando pelas diferentes dicussões sobre a identidade latino-americana desde sua genese no periodo colonial, passando pelo imperialismom até o momento da globalização na atualidade.
Otavio Ianni ressalta que o continente Latino americano se configura numa realidade geo-histórica, politico-economica e socio-cultural complexa, marcada pela heterogenidade e paradoxal, ao mesmo tempo em que recebeu inumeras denominaçções para ele ainda subsiste a impressão de que o pensamento em suas diferentes modalidades não aprende o que realmente está ocorrendo, sobre os dilemas cruciais da América latina.

Segundo o autor a América latina mais parece um laboratório, visto como modo de produção e processo civilizatório; sempre em nome da “evolução”, “progresso”, “desenvolvimento”, “crescimento”, “emergência”, “racionalização”, “modernização”, “europeização”, “americanização”.

A metafora do espelho

A figura do espelho é uma metafora usada para mostrar a posição do latino americano frente aos paises colonizadores, a visão que o povo tem de si mesmo que é vista como “reflexo” no espelho, não tem uma criação própria, uma identidade criada a partir das reflexões com a sua realidade, somente consegue ver-se no reflexo do espelho dos outros, ibéricos, franceses, ingleses, norte-americanos.

A metáfora “espelho de Próspero” de José Enrique Rodo no início do século 20 faz uma alusão à “Próspero, conquistador e colonizador, europeu ou norte-americano, no contraponto com Caliban, transfiguração de canibal, nativo, conquistado, colonizado”.

Na literatura há reflexo como no livro “A Guerra do Fim do Mundo” de Mário Vargas Llosa, que escreve na perspectiva do fazendeiro, uma abordagem anacrônica e abstrata, alheia ao universo social humano. O livro “Os sertões” de Euclides da cunha, em contraposição é escrito na perspectiva dos que vivem e sonham com uma utopia um mundo com uma realidade que gostariam de viver.

Visão trágica da vida, da sociedade e da história

Segundo Aníbal Pinto e Osvaldo Sunkel 1966, pp. 107-20:

“Desde os tempos do colonialismo, atravessando o imperialismo e entrando pelo globalismo, são muitos os que se dedicam às sombras do poder, explicando, racionalizando, ideologizando, ou seja, contribuindo para que se modifiquem algumas diretrizes e práticas, de modo que nada se transforme. São figurações do arielismo, trabalhando sempre no espelho do europeísmo ou do americanismo, esquecendo ou menosprezando as condições e as potencialidades que se criam e recriam em cada uma e todas as sociedades nacionais latino-americanas”.

Há na América latina e caribe um sentimento de inquietação, incerteza e ilusão, na observação de Ianni:

“De vez em quando, no cotidiano deindivíduos e coletividades, irrompe a aflição, algo imponderável, inquietante. Quando tudo parece caminhar normal, ainda que precariamente, de repente abala-se, desaba, deslocandolugares, raízes, ilusões”. Para Ianni isso é mais ou menos periódico, como se acontecessem num movimento ciclico, as pessoas e ideias parecem mover-se deslocando, soltando as raizes e uma sensação de ser atingido por um terremoto.

Isso pode ser visto nas produções cientificas, intelectuais e artísticas que revelam esse estado de espirito e inquietação produzida pela incerteza:  “Algo estranho e inquietante, impregnando relações e modos de ser, a realidade e o imaginário de uns e outros, em diferentes nações, no continente, ilhas e arquipélagos”.

Essse sentimento da vida individual e coletiva tem sido ventilado por pensadores e artistas de destaque em seus respectivos paises da américa latina, e há tendências que evidenciam essas inquietações de três formas:

(1) A busca por alternativas, como uma notavel mobilização dos latinos americanos e caribenhos que se manifestam ativos e até mesmo combativos contra o anti-globalismo.

(2) Sobressaem-se tendências comunitaristas como mobilizações que se empenham em recriar as bases socio-culturais, tanto politicas e econômicas quanto ideológicas, além do sentimento nostálgico produzido pelo desejo de um mundo mais transparente, produto de uma mescla entre utopia e nostalgia.

(3) Há uma perceptiva e crescente mobilização no sentido de conscientização para promover uma globalização desde baixo.

À medida que cresce a percepção tanto na América latina como no caribe que as relações e os processos da globalização são responsaveis pela dominação e apropriação, há uma consciência cada vez mais critica e desejo de mudança em transformar as condições politico-economica, socioculturais e morais instituidas na história pela ideologia neoliberal.

Há uma fecundação de um neo-socialismo com suas raizes e perspectivas metodologicas da historiografia marxista.

Exemplo de um produto cultural que tenha estas visões

Um exemplo cultural da visão pessimista é o fato de que devido a herança colonizadora, o latino americano não se vê como o protagonista da sua história, pode-se perceber essa auto avaliação pelo fato de que a grande realização da maioria dos brasileiros é ter um emprego com carteira assinada, legitimar a sua dependência, a busca por uma “segurança” onde essa significa a subserviência aos seus patrões.

A mentalidade Européia (colonizadora) é justamente oposta, os imigrantes que chegam à América latina buscam ter o seu próprio negócio, nunca ficar subjugado ao domino de outro, como é o caso do latino americano (o brasileiro principalmente) que se contenta em ter uma carteira assinada e trabalhar como empregado tendo estabilidade no emprego. Essa estabilidade é o preço de não correr o risco de ter sua autonomia é o “espírito escravo” que não tem sua liberdade, mas também está isento de usar sua liberdade.

Essa postura é herança da colonização, a aniquilação de se ver com capacidade para assumir a liderança em seu próprio País.

Ser protagonista da sua história, essa é sem dúvida uma forma fossilizada que está na matriz do pensamento de um povo que desde a sua origem conheceu a dominação espoliadora e opressiva. Aprendeu a ser explorado, por isso em sua maioria ainda é conformado com a situação de dominio imposto pelo sistema da globalização.

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*Trabalho parcial como pré-requisito para a graduação em  Ciências Sociais pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP).
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Referências Bibliográficas

GALEANO, Eduardo. As Veias Abertas da América Latina: Tradução de Galeano de Freitas, Rio de Janeiro, Paz e Terra, (estudos latino-americano, v.12) Do original em espanhol: Las venas abiertas da America Latina.
__________________. Programa Sangue Latino, do Canal Brasil, gravado em 2009.

http://www.youtube.com/watch?v=w8rOUoc_xKc
(acesso em 14/02/2012)
PINTO, Anibal. SUNKEL, Osvaldo. “Economistas Latino-Americanos nos Países Desenvolvidos”, Revista Civilização Brasileira, n° 8, Rio de Janeiro, 1966.

QUIJANO, Aníbal. Dom Quixote e os moinhos de vento na América Latina. Rev. Estud.av. vol.19 no.55 São Paulo Sept./Dec. 2005

quarta-feira, 14 de março de 2012

A TOLERÂNCIA QUE DIMINUI A DISTÂNCIA

Como água no deserto
Procurei seu passo incerto
Pra me aproximar
A tempo

O seu código de guerra
E a certeza que te cerca
Me fazem ficar atento

Não me importa a sua crença
Eu quero a diferença
Que me faz te olhar
De frente

Pra falar de tolerância
E acabar com essa distância
Entre nós dois (Música Tolerância –Ana Carolina)

Água no deserto não é apenas desejo, mas necessidade, sobrevivência. A ausência de água como a sentença, como efeito da não vida no deserto. A sua frente caminha alguém que tinha “passo incerto”. Mas o que produz a incerteza nos passos de quem caminha?

Existe um “código de Guerra” para aqueles que em suas certezas tem seus passos incertos e toda “guerra” é produto da “certeza”, é necessário ficar “atento” quando se relaciona com pessoas que tem “certezas” que impedem a aproximação de quem deseja se aproximar, isso porque para essas suas crenças são mais importantes que as pessoas. As certezas colocam as pessoas sempre a “frente” suas crenças se transformam em “cercas”.

Qual caminho deve seguir a pessoa que tenta se aproximar de quem vive a vida como um “código” um sistema de identificação que ajunta os “iguais” ao mesmo tempo em que exclui os diferentes.

“Se pareço ainda estranho, se não sou do seu rebanho e ainda assim te quero”. (A.C). O que é mais nobre: Alguém aceitar o outro pelo fato de ter em comum às mesmas crenças e certezas ou aceitar o diferente, não deixar com que as diferenças façam à diferença? Afinal o que aprendemos com os “iguais”? Não são os diferentes que podem nos acrescentar o que não temos?

Que nobreza há no convívio dos que pensam iguais? Que virtude pode ser desenvolvida se não houver convívio entre os que não são do mesmo “rebanho”?

A crença não deve ganhar proeminência sobre a diferença. A “diferença” torna o outro um espelho, a única forma de nos olharmos “de frente” está justamente nas diferenças. Os que pode fazer com que as pessoas que vivem cercadas de certezas deixem de se relacionar através seus códigos de guerra?

A resposta está para haver diálogo com o diferente, para que haja “fala” é necessário “tolerância” essa é a única forma de acabar com a “distância” trazer o outro para ser o próximo. Os códigos de guerras produzidos pelas certezas, excluem os diferentes que agregam somente os que “pensam iguais”, são produto de ajuntamento do mesmo “rebanho”.

“È que o amor é soberano, e supera todo engano, sem jamais perder o elo" (Música: Ana Carolina).

A grandeza está em quem reconhece sua “estranheza”, sabe que não pertence ao “rebanho”, contudo se esforça para que o “amor soberano” venha superar todo “engano” produto dos “códigos e certezas”. O amor é a única verdade que faz com que não seja perdido o elo... Elo que mantém unidade nas diferenças através da tolerância...

quinta-feira, 8 de março de 2012

QUEM É MESMO O FARISEU?

A interpretação do sermão do monte em sua grande maioria é que os bem aventurados são os que se esforçam para viver a vida naquele modelo descrito por Cristo!

Mas quem disse que Jesus falou para alguém viver aquele modelo? Ele disse que bem aventurados SÃO não os QUE FAZEM não é uma disposição ATIVA, mas PASSIVA!


Quase todos são unânimes que ninguém consegue viver na íntegra o modelo das bem aventuranças expostas no sermão... Mas mesmo assim admitem estar no reino!

Ora, como assim? Então temos que rever a leitura! Veja que a explicação está no contexto onde as maiorias das bíblias fizeram as divisões em MATEUS CAP 5 vs 1, contudo o sermão começa no MATEUS CAP 4.23.

O contexto mostra que Cristo estava falando às pessoas que o seguiam, esses eram os CEGOS, COXOS ALEIJADOS PARALITICOS ETC. Todos esses eram rejeitados tanto pelo império Romano, por serem improdutivos e pela religião como a dos fariseus, que tinha uma teologia de CAUSA E EFEITO!

O que significa uma teologia de CAUSA E EFEITO? Aquela velha barganha, faz para o Senhor que ele faz de volta, sai do caminho do Senhor e ele te castiga, sirva o senhor e prospere, se não servir, o Senhor não prosperará! Isso é o sistema de MERCADO!

O sermão do monte que aliais não é SOMENTE O CAPITULO 5 de Mateus nem começa nele, começa em MATEUS CAP 4.23, e vai até MATEUS CAP 8. 1, quando ele desce do monte. Portanto o sermão do monte é composto por QUATRO CAPITULOS!

Mas a tradição nos viciou a ler o sermão separadamen
te! É ai que entra o legalismo!

Jesus estava dizendo para aqueles que chamaram de BEM AVENTURADOS que DELES era o REINO, e apesar do ESTADO DELES, de forma que BEM AVENTURADOS SÃO OS QUE CHORAM não é POR QUE CHORAM que são bem aventurados, MAS PORQUE não podem fazer outra coisa A NÃO SE CHORAR!

Se o reino pertence aos bem aventurados que choram e porque choram, logo isso se caracterizaria o reino como uma conquista por MÉRITOS. Acontece que a marca do reino é justamente a graça, o que implica a ausência de méritos por aqueles que entram nele!

Os que têm sede de justiça são bem aventurados, porque tem SEDE DE JUSTIÇA e nada mais, visto que não tem PODER PARA FAZER A JUSTIÇA QUE TEM SEDE! È uma sede que não poderá ser saciada. Jesus diz: O REINO É DE VOCÊS!

Não é errado a pessoa ter SEDE DE JUSTIÇA e FAZER JUSTIÇA, pelo contrário, afinal, o trono de Deus é descrito como um TRONO DE JUSTIÇA!!!Jesus ama a justiça e aborrece a iniqüidade! (Hb 1.7-10).

Se o sermão do monte fosse mandamento para serem obedecidos eu prefiro obedecer a LEI... Porque? Veja... Qual seria melhor ser condenado por uma AÇÃO CONCRETA ou por um PENSAMENTO SUJETIVO?

Não adulterarás, a praticar o adultério é pecado essa era a transgressão da lei. Jesus diz: “Aquele que, porém desejar no seu coração já cometeu adultério”!

Qual é o mais difícil? Praticar o adultério ou desejar? Ora é claro que é o praticar. Se esse mandamento de Cristo for literal para ser cumprido logo então é mais fácil alguém da LEI ser Salvo, visto que muitos são os que não praticam o adultério, mas quanto ao desejar...

Sendo assim Jesus veio trazer uma LEI MAIS COMPLEXA ou um FARDO MAIS PESADO?

Agora ninguém toma esse texto com uma aplicação literal não é? Caso fizessem então os LEGALISTAS DE PLANTÃO deveriam averiguar se o membro da igreja DESEJOU NO CORAÇÃO e se ocorreu dar a tão famosa DISCIPLINA...

Mas alguém já viu ser DISCIPLINADO (Diga-se literalmente ex-comungado!) por ter desejado a mulher do irmão? Não! Claro que não! A resposta é AQUELE É UM ADULTÉRIO SUBJETIVO!

Jesus estava mostrando que a aplicação da lei pelos fariseus estavam na realidade atacando o EFEITO e não poderiam resolver a CAUSA!

Ora se para cumprir a lei teria que ser uma obediência de todo o CORAÇÃO MENTE E ENTENDIMENTO E FORÇA, logo o ato do adultério autenticava a transgressão do MANDAMENTO DA LEI, contudo, alguém poderia não consumar o ato e julgar-se melhor do que o transgressor ou ainda o condenar.
Jesus desmascarou mostrando que na essência da lei você pode ser um TRANGRESSOR MESMO AO TENTAR CUMPRI-LÁ.

Isso porque há possibilidade de obedecer aos MANDAMENTOS e se jactar diante dos homens, mas diante de Deus o obediente torna-se um TRANSGRESSOR DO ESPÍRITO DA LEI mesmo obedecendo-a! Cumpre o MANDAMENTO, mas descumpre o ESPÍRITO!

A ação precisa ser legitimada pelo amor, logo, a obediência à letra da lei é efeito, o amor é a causa! Quem viola a causa e se justifica pelo efeito, julga-se ser maior do que a causa, logo se torna DEUS DE SI MESMO, visto que cria a lei e se põe acima dela, quer ser maior do que Deus, pois o próprio Deus cria as leis, mas rege-as pelo amor.

O FARISEU cria as leis e faz delas um fim em si mesmo, se acham acima delas. Portanto que ninguém me venha com FARISAISMO MODERNO de querem se ufanar de ser um BOM CRISTÃO por cumprir os mandamentos do sermão! Esse ninguém os cumpre na íntegra.

O sermão do monte tinha o objetivo de mostrar que no reino CABEM TODOS INDEPENDENTE DO SEU ESTADO e quanto aos FARISEUS que se cuidem, pois os PUBLICANOS E MERETRIZES os antecederão, foi o que disse o REI desse reino: JESUS!

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

TEMPO: CRONOLÓGICO X BIOLÓGICO

"Se tá tão difícil agora.
Se um minuto a mais demora.
Nem olhando assim mais perto.
Consigo ver porque tá tudo tão incerto".
(Música problemas - Ana Carolina).

Ana Carolina consegue como poucos expressar conflitos nos relacionamentos. Ela dá o diagnóstico de um relacionamento em crise. Mostra que o corpo é o relógio do tempo.

Há uma percepção de maior duração no “tempo cronológico” em detrimento do “tempo biológico”.

Quando o relacionamento está bom, à relatividade do tempo funciona da seguinte forma: O tempo biológico (sensações) diminui percepção de durabilidade do tempo cronológico.

Mas o que significa essas duas dimensões de tempos?

CRONOLÓGICO (Relógio): Medido através do movimento da terra em torno do sol.
BIOLÓGICO (vida): É o tempo das sensações, desejo, prazer.

O relacionamento de duas pessoas que se desejam, relativista a duração do tempo. O tempo “Cronos” é imperceptível, o desejo, as sensações, o prazer, faz como que ele seja percebido como de curta durabilidade.

Nessa dimensão é o corpo que mede o tempo. Essa verdade atua em dimensão oposta quando o relacionamento entra em crise, surge uma sensação que não havia antes: "Se tá tão difícil agora”. Um minuto, tempo não perceptível na esfera do desejo, é prolongado a sua sensação de durabilidade com a ausência do desejo: “Um Minuto a mais demora”.

Os mesmos sessenta segundos que não existiam na contagem da relação, agora são prolongados nas sensações.

A música prossegue mostrando a relatividade do espaço. Ela tenta entender o que está acontecendo, se aproxima no sentido de reflexão. O que está acontecendo? O que aconteceu com o “minuto” que não existia, e agora passou a ser “incomodo”?

A aproximação entre o sujeito e o objeto do desejo, não aumenta a sua percepção. A cognição é afetada pelas emoções. Não é uma questão de “Oftalmo” (visão), mas uma questão de “Nous” (mente, entendimento). Ela exclama: “Nem olhando assim mais perto. Consigo ver porque tá tudo tão incerto".

Na certeza criamos o que não existe, na dúvida não conseguimos perceber o que está à frente dos olhos, não é questão de distância geográfica, mas da ausência do desejo. O olhar que dava segurança, agora não consegue ver a razão para a insegurança.

Numa crise as pessoas sempre procuram a “causa”, mas nem sempre é possível encontrar... Mas pode-se sentir o efeito....

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

O MITO DE SÍSIFO E O CAPITALISMO

O capitalismo com seu sistema chamado de “mercado” têm a capacidade de eliminar do ser humano o que lhe é mais peculiar: “A capacidade de criação”.

Na teologia essa capacidade é atribuída à herança da “imagem e semelhança do criador na humanidade”.

Mas como é que o mercado capitalista anula essa capacidade no homem? Ora o mercado atua num ciclo: Produção-repetição-acumulo, novamente, produção-repetição-acumulo e assim infinitamente...

Mas no que isso anula a capacidade de criação? Ora veja que nesse ciclo, não há espaço para o novo, para a criação, o homem não utiliza a imaginação, Ele é “robotizado” ao mesmo tempo em que é “desumanizado”.

Sísifo na mitologia grega recebeu uma punição de Zeus, e essa consistia em carregar uma pedra ao alto de uma montanha e quando chegasse ao topo, deveria soltar ela e descer novamente e subir a pedra sucessivamente infinitamente... Qual foi o maior castigo infligido pela divindade superior? Sem dúvida foi à repetição, tédio, ação sem criação, sem a imaginação.

O castigo de sísifo se assemelha ao castigo do capitalismo ao homem na sua configuração chamada de mercado. O homem produz utilizando a forma de repetição, sua mente está desconectada do seu corpo, não precisa pensar, não cria, apenas repete, dias após dias....

Se o trabalho virou mera repetição, não exige a inter-relação entre corpo e mente, já não é mais criação e sim repetição.... Na sabedoria da mitologia grega a punição pior para o homem seria a ausência de sentido no trabalho, essa seria a grande tortura para a existência humana: “Subir com a pedra e a soltar sabendo que vai rolar novamente e depois a buscar”, é uma ação sinônimo de Tédio!

Nessa experiência o tempo se torna supérfluo, pois embora exista o “Kronos”, o tempo “biológico” passa com a percepção de que nada ocorre, não acontece o novo, a surpresa, anula a experiência. O corpo torna-se máquina isso acontece pelo fato de que a experiência é a capacidade de assimilar acontecimentos, fatos, que nos confrontam com as dificuldades que nos transformam, que nos faz criar.

O mito de Sísifo continua atual.... Sísifo não tinha liberdade para rolar a pedra da montanha e não voltar a levá-la novamente para o alto. Zeus (deus) é o capital, o homem é Sísifo, seu castigo é “rolar a pedra” e a subir novamente.Essa é a sua sobrevivência ao mesmo tempo seu castigo...

Os deuses da mitologia tinham que cumprir seu destino, mas o homem pode soltar essa pedra do monte e não mais voltar a buscá-la?