"Se tá tão difícil agora.
Se um minuto a mais demora.
Se um minuto a mais demora.
Nem olhando assim mais perto.
Consigo ver porque tá tudo tão incerto".
(Música problemas - Ana Carolina).
Ana Carolina consegue como poucos expressar conflitos nos relacionamentos. Ela dá o diagnóstico de um relacionamento em crise. Mostra que o corpo é o relógio do tempo.
Há uma percepção de maior duração no “tempo cronológico” em detrimento do “tempo biológico”.
Quando o relacionamento está bom, à relatividade do tempo funciona da seguinte forma: O tempo biológico (sensações) diminui percepção de durabilidade do tempo cronológico.
Mas o que significa essas duas dimensões de tempos?
CRONOLÓGICO (Relógio): Medido através do movimento da terra em torno do sol.
BIOLÓGICO (vida): É o tempo das sensações, desejo, prazer.
O relacionamento de duas pessoas que se desejam, relativista a duração do tempo. O tempo “Cronos” é imperceptível, o desejo, as sensações, o prazer, faz como que ele seja percebido como de curta durabilidade.
Nessa dimensão é o corpo que mede o tempo. Essa verdade atua em dimensão oposta quando o relacionamento entra em crise, surge uma sensação que não havia antes: "Se tá tão difícil agora”. Um minuto, tempo não perceptível na esfera do desejo, é prolongado a sua sensação de durabilidade com a ausência do desejo: “Um Minuto a mais demora”.
Os mesmos sessenta segundos que não existiam na contagem da relação, agora são prolongados nas sensações.
A música prossegue mostrando a relatividade do espaço. Ela tenta entender o que está acontecendo, se aproxima no sentido de reflexão. O que está acontecendo? O que aconteceu com o “minuto” que não existia, e agora passou a ser “incomodo”?
A aproximação entre o sujeito e o objeto do desejo, não aumenta a sua percepção. A cognição é afetada pelas emoções. Não é uma questão de “Oftalmo” (visão), mas uma questão de “Nous” (mente, entendimento). Ela exclama: “Nem olhando assim mais perto. Consigo ver porque tá tudo tão incerto".
Na certeza criamos o que não existe, na dúvida não conseguimos perceber o que está à frente dos olhos, não é questão de distância geográfica, mas da ausência do desejo. O olhar que dava segurança, agora não consegue ver a razão para a insegurança.
Numa crise as pessoas sempre procuram a “causa”, mas nem sempre é possível encontrar... Mas pode-se sentir o efeito....