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quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Desejo de ser aceito!


Parte I
E Jesus disse ainda:
– Um homem tinha dois filhos. (Lucas 15:11)

A universalidade no homem detecta um problema crônico: aceitação! Ser aceito é uma busca desenfreada na jornada existencial, tudo o que fazemos gira em busca da aceitação, as narrativas mitológicas mostram a face dessa trajetória, Abel e caim, aceitação e rejeição, aceitação de um, ressentimento do outro.

Disputa, e inveja, tudo por causa do amor do pai, Jesus na parábola inverte a concepção do gênesis onde o filho (Abel) é aceito e o outro (Caim) rejeitado, na parábola os dois foram aceitos, enquanto Abel foi aceito por ser o melhor, o filho da parábola é aceito mesmo sendo o pior! Algo sem precedente ausente na história e na mitologia, mostrando que esse desejo de aceitação pode ser saciado quando os filhos não precisarem fazer ou ser para conquistar.

Os dois filhos da parábola tinham o DNA do pai, mas não conhecia o pai que os havia gerado, não viviam como filhos, se identificavam como escravos presos na consciência de que a presença do pai, os impedia de “desfrutar” o que queria, por ser contrario ao desejo do pai, e contrariar o desejo do pai seria perder o direito de ser filho.

O filho mais novo tomou a decisão de sair, porque se sentia preso, o mais velho optou por ficar, o mais novo manifestou a sua insatisfação saindo, o mais velho ocultou a sua insatisfação ficando; mas tanto o que saiu quanto o que ficou viviam sem desfrutar a casa e a presença do pai.

O problema estava na “presença do Pai” que por não ser conhecido, era julgado como empecilho, um filho inconscientemente culpava-o por não ter o que desejava devido a sua presença, o outro, por na sua presença não conseguir festejar.

O mais novo pediu a sua parte porque sentia que não tinha nada, o mais velho, também sentia o mesmo, pois disse “Há tantos anos que te sirvo sem jamais transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito sequer para alegrar-me com os meus amigos” (Lucas 15:29)

Essa parábola fala de dois filhos insatisfeitos, um manifestou a sua insatisfação ao sair, o outro ao ficar. O que ficou escondeu a insatisfação no silêncio, só revelou ao ver que, o que saiu conseguiu sem nenhum esforço; tudo o que ele achava que com muito esforço poderia conseguir.

O sentimento que estava no coração do “filho que saiu” podemos classificar: “insatisfação ativa”, tem o ponto positivo de que o filho foi sincero consigo e com os outros, expressou a realidade do seu interior, externou o que estava no seu coração, foi julgado pelos que o viram tomar a decisão de sair, não teve a pretensão em fazer da vida um teatro, um personagem fictício, não se importou dos outros ver nele a imagem real do seu Ser.

O sentimento que estava no coração do “filho que ficou” podemos denominar: “insatisfação passiva”, tem o lado positivo de não deixar transparecer, ninguém fica sabendo o que está se passando dentro da alma, finge estar tudo bem e recebe a aprovação de outros. Mas no silêncio, geme, deseja ter a coragem do irmão que saiu, mas o preço que tem a pagar é muito alto, perder a re “puta”-ação! Além do que acha que o Pai (Deus), não sabe das suas reais condições!

Quando o “filho que saiu” estava em casa, tinha roupas novas, símbolo de limpeza, ao voltar o pai lhe providenciou vestes limpas, símbolo da sujeira que adquiriu fora da sua presença. Perdeu o anel, sinal de filiação e passou a viver como escravo achava que era filho porque estava em casa, mas não era estar em casa que o tornava filho, pois ele tinha mente de escravo, desejava ser livre, mas transformou a “liberdade” em escravidão! Perdeu tudo ao sair, estava em casa e tinha tudo, mas não tinha consciência de que tudo tinha; achava que não tinha nada! Prova disso é que pediu a sua parte!

O filho que saiu, perdeu a sua parte, achou que perdeu tudo, estava enganado por achar que não tinha tudo, e ainda que ter “tudo” depende de estar na “casa”, mas tem tudo quem esta na “presença”! Não é espaço o diferencial, mas o “sentimento” estar na casa só é realidade se estiver na “presença”. Quem “sai” da casa pode sair da presença, mas na ausência, percebe o quanto perdeu por estar em casa e não estar na presença, mas o que está em “casa”, pode acostumar-se, ter o seu espaço, mas não dar espaço para ter a presença!

O que sai sente falta da casa e da presença, mas o que fica não sabe o real valor do espaço, não sente a falta da casa nem a saudade da presença!O filho que saiu teve tudo de volta, com a diferença que agora iria valorizar o que já tinha, mas não tinha noção do valor de filho, pois não conhecia o pai, por isso disse: “não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus trabalhadores”. (Lucas 15:19).

Antes achava que a estar na casa do pai era a razão das suas frustrações, queria ser “livre”, agora depois de experimentar a liberdade, o seu desejo é voltar, e como punição pelo seu erro aceita ser rebaixado para a “classe de escravo”.

A consciência punitiva do filho que aceita voltar à casa do pai para ser escravo, mostra a mentalidade escravocrata, não sabia que para o pai, filho sempre será filho, na sua casa ou longe da sua presença, filho não é filho porque acerta ou erra, mas porque foi “gerado”, pelo Pai.

O filho nada faz para ser filho, e nada pode fazer para deixar de ser, não é uma questão de “fazer para ser”, mas de “ser” independente de fazer! O filho que ficou tinha o anel símbolo de vocação, mas não vivia a vocação de filho, e sim como escravo!

Continua ...

* Aviso aos amigos da blogosfera:
Essa mensagem foi escrita tendo por base uma série de 12 pregações de aproximadamente 25 minutos cada.
Devido ser muito longa fiz a divisão em três partes, para que os textos não fiquem longo e cansativos para você leitor. Estarei postando 1 em cada semana.


sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

O encontro do desespero com a necessidade


“Enquanto estas coisas lhes dizia, eis que um chefe, aproximando-se, o adorou e disse: minha filha faleceu agora mesmo; mas vem, impõe a mão sobre ela, e viverá”! [Mateus 9:18]

O cristianismo sempre foi dado muita importância as "doutrinas", de forma que ser salvo está implícito em "aceitar doutrinas corretas a cerca de Jesus", isso quer dizer que a verdade significa o "pensar correto", são as formulações teológicas sobre a explicitação da fé, que em ultima análise vai determinar o que é verdade ou o que é heresia.

Esse paradigma legitima o pensamento de que a “doutrina certa”, justifica a “crença correta”, e que pensar diferente sobre Deus, seus atributos, fora da herança dos pais da igreja é correr o risco de ser taxado de herege, ou seja, deve haver uma concordância na formulação doutrinaria, ninguém tem o “livre arbítrio” para pensar diferente, embora o livre arbítrio seja uma "doutrina" na qual o homem tem a liberdade de agir contrário ao propósito que Deus tem para ele revelado na sua palavra.

Que contradição, crer que Deus o criador dá livre arbítrio para o homem agir em oposição aos seus propósitos, mas negar o mesmo livre arbítrio do outro em contrariar uma "verdade" que até mesmo se transforma num "ídolo", pois na realidade uma “crença fixa” imóvel , torna-se uma imagem que substitui Deus.

A crença numa doutrina como infalível, dá segurança para quem crê não no Deus que se revela na doutrina, mas na doutrina que recebe a honra de "salvar" o homem, dar segurança que de acordo com a mesma doutrina anunciada só pode-se ter num Deus que está para além das "imagens", criadas pelas doutrinas.

Interessante é que os defensores da "doutrina correta", só defendem suas convicções até serem confrontados com uma circunstância que os levem ao desespero, aqueles momentos em que "o que cremos”, entra em choque com o que "acontece", pois quando a nossa confissão de fé, é confrontada com as necessidades, ai estamos dispostos a rever nossa “confissão de fé na doutrina”, quando essa não explica os acontecimentos que vão além da confissão!

O que aconteceu com o Chefe da sinagoga que na sua confissão de fé, tinha a máxima: “Ouve ó Israel o SENHOR, nosso Deus é o único SENHOR!” [Deuteronômio 6:4]. Adorar outra pessoa que não fosse o Deus que se manifestou no monte Sinai, seria absurdo, pois para um “chefe de Sinagoga”, era imprescindível observar essa doutrina!

Os discípulos de João disseram a Jesus que eles e os fariseus jejuavam, enquanto os seus não faziam isso, Jesus mostra que nele tem um novo inicio da ordem de todas as coisas, ele era o noivo e estava fazendo um “casamento” com a humanidade, era hora de festa, quando ele estivesse ausente sim, era hora de contrição, saudade, e finaliza dizendo que a natureza do reino não é uma adaptação, mas uma ruptura, tem que ser um novo começo: “remendo novo em roupa velha, causa um maior estrago, quando romper, vinho novo em odre velho, rompe-se e perde todo o conteúdo, mas somente o novo com o novo podem preservar-se”.[Mateus 9:14-18].

Uma nova ordem estava sendo iniciada, o reino de Deus chegou, e agora era hora de rever conceitos, doutrinas, certezas, era hora de fazer uma re-visão na visão, para ver que quem quisesse ser participante desse reino precisava re-visar, as suas certezas, e estar disposto a aceitar o absurdo como graça.

Jesus não veio ensinar “doutrina”, para ele essa tem apenas a função de explicitar a fé, e não era a fé em si mesma, de forma que o falar da doutrina é expressar uma verdade que se ajusta ao intelecto, mas essa não esgota no intelecto a verdade que se expressa.

Assim como Jairo que ao ter a sua filha a beira da morte teve suas convicções confrontadas com o desespero, e viu que suas “verdades eternas” eram históricas, pois na sua história ele aprendeu que agora estava de frente a única verdade e ao vê-lo: “prostrou-se a seus pés”. [Marcos 5:21].

Por falar nisso lembram-se da quase total unanimidade sobre ser contra o novo casamento do divorciado... Até que alguns dos que defendiam a doutrina da "uma só carne", ter na sua carne a separação ai...O encontro do desespero com a necessidade gerou a flexibilidade...


terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Desejo inconsciente


O templo era aconchegante, ar condicionado,  ambiente agradável, altar  amplo, paredes com acabamento de textura,  teto com lustres finos, no altar uma enorme cruz de metal reluzente dourado, a sua direita uma replica do tabernáculo, o pregador tinha uma boa retórica, bem vestido com camisa alva bem passada, gravata bem arrumada, falava andando de um lado para o outro, fazendo gestos com veemência,

Olhei para o relógio, 20 minutos havia passado ele falava sem parar, não houve uma introdução, o tema não foi anunciado, falava sem parar, os assuntos girava em torno de ser bem sucedido, comer o melhor da terra, que tudo o que quiséssemos poderíamos determinar, ao mesmo tempo em que não falava de um tema especifico falava de muitos, eu não estava entendendo... De repente ele disse:

- A palavra de Deus no Evangelho de Lucas capitulo 6:38 diz: “dai, e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, sacudida, transbordante, generosamente vos darão; porque com a medida com que tiverdes medido vos medirão também”.

Ao terminar de citar o texto, deu uma entonação grossa na voz como que para mostrar autoridade passava uma sensação que naquele momento incorporava uma divindade e agora não era mais ele e sim um espírito supremo, na qual  denominavam “Espírito Santo”, agora era outro que falava por ele; disse com toda convicção:

- Irmãos a palavra de Deus diz que se você quiser receber mais, você deve dar mais, você é que vai medir a quantidade de benção que quer receber, porque você é quem determina o quanto quer receber, quer ser abençoado, de o dizimo, quer ser mais abençoado ainda, de oferta, o dizimo é o mínimo, a oferta é o sacrifício.

Eu estava sentado praticamente no meio do templo à direita da porta, não me lembro porque, ou como entrei naquele lugar, mas não saí antes no meio do culto, para não chamar a atenção dos que ali estavam, no entanto, ao ouvir a explicação do pregador senti um frio na espinha, a respiração ficou ofegante, o suor corria no meu rosto, sentia a língua secar na boca, o coração descompassado acelerou os batimentos, senti o sangue fluir com maior rapidez, e receber adrenalina, minhas pupilas dilataram, um nó na garganta, uma inquietação não suportando mais; levantei-me do banco e olhando na direção do altar, falei com alta voz:

- Pregador, o versículo que você citou não esta falando de dar a Deus boa medida recalcada sacudida e transbordante, ele está falando de relacionamento, pois no contexto Jesus fala que precisamos quebrar a lógica da retaliação, que os inimigos são carentes de misericórdia, por perpetuarem um ciclo vicioso de ódio, (v 35), e conclui no verso (v 36) dizendo que o pai ama os que não o ama, e quem quiser entra na categoria de sublime deve agir nessa anti-lógica, pois ser filho do altíssimo é justamente agir na contra mão da lógica destruidora do ser, que a maior característica de um filho de Deus é ser misericordioso, e esse ato só tem validade quando aplicado a quem não merece (v36). É por isso que se chama misericórdia!


Jesus está falando do efeito retribuitivo na dinâmica da vida, que agir de acordo com a misericórdia (v 36) não julgar o outro, não condenar, ao fazer isso estará estabelecendo uma lei inexorável, pois o desejo de quem recebe um ato de bondade é retribuir com maior bondade, embora nem sempre essa ação garanta uma retribuição, mas quem é vitimado pela maldade tende a retribuir sempre mais em quantidade e intensidade que à proporção que recebeu, a reação será “recalcada sacudida e transbordante! (v 37)”.

Não que seja uma garantia de que agindo com misericórdia, sempre terá ações de misericórdia como retribuição, mas a ação de maldade trará o desejo múltiplo de retaliação em maior quantidade e intensidade que a maldade sofrida!


Naquele momento houve um silêncio sepulcral, os olhares se voltaram na minha direção, o pregador ficou por um segundo sem acreditar no que acabara de ouvir, quem era esse que ousava confrontar abertamente um ungido de Deus, ai daquele que se levantar contra um profeta do Senhor! De repente como se tivesse saído de um transe olhou na minha direção e disse:

“Irmãos fiquem calmos, o inimigo está querendo tirar a sua benção, porque Deus está querendo a sua prosperidade”.

Olhou para os lados deu um sinal com a cabeça e nesse exato momento dois obreiros se aproximaram um de cada lado, pegaram cada um num braço, colocaram a mão sobre a minha cabeça e começaram a gritar e empurrar para frente e para trás, dizendo: “Sai dele em nome de Jesus, espírito maligno... Sssssssssai!”! Eu tentava me soltar, puxava os braços, mas a cada tentativa, eles usavam de maior força, me colocaram para fora, e me mandaram ir embora.

Na saída do templo olhei para trás e não vi nenhum dos dois obreiros, ao desviar os olhos para cima vi uma placa escrita no templo: O DEUS DESTE SÉCULO. Nesse momento suando frio, levei as mãos à cabeça, senti os dedos baterem num objeto de madeira, um som abafado, apertei o travesseiro... acordei!

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

O Cristianismo da culpa e a culpa no Cristianismo!

Desde o nascimento, o ser humano sente necessidade (id).  Por ex: a fome. A criança não consegue expressar, tão pouco sabe o que é.  O choro vem como reação da necessidade. A mãe vem e o alimenta  ele se cala. Ao sentir sua necessidade satisfeita, a partir de então, quando sente  fome ela chora, mas também percebe que a mãe nem sempre vem no momento exato do seu choro, e ela sente falta.

Na psicanálise isso é chamado de “principio de realidade”. O trauma que a criança sente ao perceber que as coisas acontecerem no mundo e ela sente o desconforto. Aquilo que é fome e que ela não sabe o que é, e o adulto chama de "fome". , A criança apenas snete o desconforto da fome e  chora,  a mãe vem supre as suas necessidades.

A criança começa a ter a percepção da demora, ter  consciência de que “a realidade não responde ao seu desejo”. Isso produz dois traumas:

a) O desejo pela mãe e,
b) E o trauma de que a realidade não responde ao seu desejo como um todo representada na figura da mãe.

Isso significa dizer que são "Produções e significado são associados a “mecanismos inconscientes, o que significa dizer que nasce com o homem e morre com o homem”. (Freud)

Quando vai se tornando adulto, a criança vai perdendo esse senso de “dependência”, passa a ser mais “autônoma”, vai em busca de “satisfazer seus desejos”, mais  enfrenta as oposições da realidade de outra forma. A mãe sai do cenáro como oposição , e entra a  “realidade”, como substituta da figura materna, surgem os “princípios morais legados da família, tradição cultura principalmente da religião”.

Essa é a explicação psicanalítica dos nossos conflitos, à busca da satisfação das nossas necessidades, que é chamada de (id) mas o “ego” que é o consciente encontra a “realidade” como oposição que é interpretação do mundo com os conceitos morais de “certo ou errado”, “permitido ou proibido”.

Tudo o que nos passaram através da família, educação, tradição e cultura herdada, essa capacidade de julgar o que é “proibido” na psicanálise se chama “superego”.

O superego é o juiz que julga ser ou não lícito à realização dos nossos desejos, ele atua como um “Juiz do égo”, “eu consciente”, aquele que vai decidir se opta ou vai contra o ego, e se decidir agir contrário, se da inicio ao caminho para a chamada “neurose” que é o resultado da vida em conflito, por ultrapassar os limites impostos pelo super-ego.

A culpa surge quando se faz o que deseja (ego), mas sabe ser proibido (superego), daí nasce à culpa, por ter se apropriado de algo “indevido”.  Na linguagem cristã para quem “transgride a lei” chama-se “pecado”, depois da transgressão ai vem a “culpa”. A culpa pode ser camuflada na forma de piedade, muitas pessoas demonstram serem piedosas para “compensar”.

Numa linguagem católica, pagar “indulgência”, visto que não pode quitar o erro que cometeu, então faz da “ida ao templo” um certo tipo de “sacrifício expiatório”. Usa-se as contribuições, oferta, cânticos, pregações, etc...

Atos de bondade são externados para camuflar a culpa interiorizada, dessa forma atos externos de piedade são na realidade mecanismos inconsciente.como uma forma de “reparar erros”, que apesar de todos os esforços fica no “subconsciente”.

Essas pessoas adoecem, pois embora suas ações demonstrem uma vida “santa”, por dentro ela se contorce na maior de todas as dores, a culpa. “Porque eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim” (Salmos 51:3).

Esse estado com o tempo, leva a pessoa a somatizar no corpo aquilo que está na mente, pois não  são duas dimensões distintas, mas sim parte de uma unidade, a psicologia chama de “psicossomática”.

O salmista teve alterado sua estrutura física: “Porque de dia e de noite atua mão pesava sobre mim; minhas forças foram se esgotando como em tempo de seca” (Salmos 32:4). A falta de ter alguém para falar (Catarse), pois falar é um começo para da cura: “Quando eu guardei silêncio, envelheceram os meus ossos pelo meu bramido em todo o dia”. (Salmos 32:3).

A culpa pode ser “real”, ou seja, pode a pessoa sentir culpa por algo que realmente deve sentir e isso é normal é saudável, mostra sensibilidade para si mesmo, quanto para com o próximo. Mas a culpa pode também ser “irreal”, ou seja, “a pessoa sente culpa por algo que na realidade não deveria sentir”, e isso é terrível, pois não importa se a culpa é real ou irreal, mas sim: “o que a pessoa sente em relação ao que fez”.

Muitas sofrem por uma “culpa irreal”, ou seja, ensinos colocados pelos homens, que na realidade não tem nada de ilegal no ato em si. Mas toda culpa é real para aquele que a pratica, pois ela transgredida a lei da sua consciência que é a única lei que realmente é transgredida! O psiquiatra cristão Paul Tournier faz o seguinte comentário sobre a falsa e a verdadeira culpa:

“(...) a verdadeira culpa dos homens surge em relação às coisas que Deus lhes reprova no secreto do seu coração. Só eles mesmos podem sabe quais são estas coisas. Geralmente são coisas totalmente diferentes daquelas que os homens reprovam. A referência a Deus que a Bíblia nos traz aclara acentuadamente o nosso problema: a “falsa culpa”, em primeiro lugar, é a que resulta dos julgamentos dos homens e de suas sugestões. A “verdadeira culpa”, é a que resulta do julgamento divino (...)”

Continua...

A culpa existe como conseqüência do conhecimento da lei, somente através da consciência do proibido, é que a culpa passa a existir, seja pela lei, escrita, seja pela lei da consciência herdade pelas regras da sociedade:

“Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei; Os quais mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência, e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os” (Romanos 2:14-15)

A lei existe para mostrar a transgressão, e veio a existir como resposta a uma necessidade que surge, não importa se é a lei de Moisés ou a lei do evangelho, visto que o evangelho tem lei, mas a lei do evangelho é a “lei do amor”, não é uma lei que tem sua base no “Obedeça para viver”, mas sim “porque é vivo pode obedecer”, não é uma lei de “Dever”, mas uma “lei de direito”, não vou fazer para ter vida, mas porque tenho vida vou fazer!

Há pessoas que tiveram atos que realmente são culpas reais, mas ao invés de curadas, tiveram as suas dores aumentadas devido à inabilidade de quem tinha a responsabilidade para ajudar. Um dos problemas da religião, em oposição ao cristianismo é que a religião divide sempre o mundo em dois pólos antitéticos: o sagrado e o profano, o santo e o não santo, o certo e o errado, etc... E quando isso acontece o cristianismo se transforma numa religião esmagadora e adoecedora do ser humano.

A religião proíbe muitas coisas que a bíblia não proíbe, por ex: para a religião estar no templo (igreja) é um lugar sagrado, mas e estar num parque, clube, isso é proibido... Sim, pois o lugar santo é o “espaço do templo”, não o significado para quem crê no Deus do templo! Jerusalém ou samaria? Qual o lugar para se adorar? Veja que Jesus disse que a adoração a Deus não está restrito a um “lugar sagrado”.

O lugar só tem significado pela consciência de quem projeta o significado no lugar, de forma que qualquer lugar pode ser sagrado, pois o sentido, está muito além do lugar e do espaço.Ir ao cinema, jogar futebol, tomar vinho... E por falar em vinho, o que Jesus transformou era vinho sem álcool... Ou “suco de uva?” O cristianismo não é uma religião que tem como base o certo e o errado, não são mandamentos, mas “mandamento”, não é plural, mas singular: “amar o próximo como a si mesmo”, e Só!

O amor relativiza a lei, toda a lei transgredida requer punição, o amor é a mensagem de que quem ama recebe a punição no lugar do outro, e isso não é uma questão de certo ou errado, mas uma questão de “amor” que não é guiado por mandamentos, mas pelo coração! A lei exige punição do transgressor, o amor tem o legislador como cumpridor da punição do transgressor, a lei não governa o universo, mas sim o amor.

A lei é inflexível, o amor leva todas as regras ao absurdo, pois aceita o transgressor como inocente desde que reconheça a culpa: “Mas, se confessarmos os nossos pecados a Deus, ele cumprirá a sua promessa e fará o que é correto: ele perdoará os nossos pecados e nos limpará de toda maldade”. (1 João 1:9). Mas não justifica o que se diz inocente, se esse insistir em afirmar a sua inocência. “Se dizemos que não temos pecados, estamos nos enganando, e não há verdade em nós”. (1 João 1:8). E isso não é em relação a um “Deus pessoal”, não por esse na existir, mas sim que a sua pessoalidade está na nossa relação com o outro!(Conf: v 7)

Quanto maior a proibição, maior domínio haverá através do medo, a falta de maturidade produz a necessidade de “tutor”, que são “condutores”, que farão de tudo para que os que estão sob a sua tutela não alcancem a maioridade, pois assim os “filhos permanecerão como escravos” e serão levados para onde os “seus Senhores” quiserem. (Gálatas 4:1-3), mas se crescer vai perceber que a fé é o que determina o que é ou não pecado.

Tens tu fé? Tem-na em ti mesmo diante de Deus. Bem-aventurado aquele que não se condena a si mesmo naquilo que aprova. Mas aquele que tem dúvidas se come está condenado, porque não come por fé; e tudo o que não é de fé é pecado. (Romanos 14:22-23)
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Nota
[1] Paul Tournier. Culpa e Graça. Uma análise do Sentimento de culpa e o ensino do Evangelho. Abu. Editora. São Paulo - SP 1985. p. 75

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

O natural e o anti-natural no Evangelho.



O Evangelho segundo a óptica de Mateus desde o seu inicio tenta mostrar que Jesus é o messias; isso ele o faz ao mostrar que Jesus veio da descendência da real de Davi. (Mateus 1:1). Depois ele fala como aconteceu o nascimento e a visita dos reis magos e a ida e volta do Egito [Mateus 1:18-25: 2: 1-23].

O objetivo de Mateus era mostrar aos judeus que as profecias messianicas se cumpriam em Cristo, e o sermão do monte mostra Jesus como o maior rabino judeus que revolucionou a interpretação da torá, pois ele não só dá uma nova interpretação mas transcende a dimensão do “ouvistes”, que apenas chegou ao “ouvido, para alcançar o “coração”, indo ao Eu porém vos digo”. ”[Mateus 521].

Uma coisa é “ouvir o que foi dito”, outra coisa é entender com o coração o que está por traz do que não foi dito. A “letra da lei” só conseguia chegar ao ouvido o “Espírito da lei”, alcança a dimensão do coração, daí que não precisa matar para ser assassino, basta irar-se contra ele de forma que os sentimentos o coloca na posição de réu. [Mateus 5:21-22].

Mateus mostra que em Cristo, não seria mais uma filosofia do “porque”, mas do “como”, o messias não era para ser entendido, mas para ser aceitado, não era uma convição de mente, mas uma disposição para a prática, é isso que até hoje muitos dos cristãos do ocidente não conseguem entender, que “o verbo não se tornou dicurso que mostra a lógica e ordem da vida, mas carne para na vida viver as suas aflições”!

O messias não veio fazer definições sobre a “natureza da carne”, mas “experimentar na carne a natureza”, não veio falar o que a lei exigia, mas cumprir suas exigências. [Mateus 5:19-20]. O sermão do monte, começa no capitulo 5 “Vendo Jesus as multidões, subiu ao monte e, como se assentasse, aproximaram-se os seus discipulos; e ele passou a ensiná-los” [Mateus 5:1-2], é concluido no capitulo 8:“Ora descendo ele do monte, grande multidões seguiram.” [Mateus 8:1].

Logo ao fim do sermão um leproso é purificado, isso mostra que Ele veio com a missão de fazer “inclusão social”, pois esse, era excluido da sociedade. Ao curar o criado de um centurião ele mostra que a sua mensagem vai além das “barreiras políticas”, o centurião era romano. [Mateus 8: 2-13], ao acalmar a tempestade mostra ter poder sobre a natureza, a restauração da ordem era uma apocaliptica judaica, e a esperança dos cristãos. [Mateus 8: 23-27].

Suas ações são vista como uma intervenção de Deus no “natural”, ao qual é denominado “Milagres”, essa epistemologia, inconscientemente vê Deus como aquele que está “fora do mundo”, e que em algumas circunstancias ele “entra no mundo” de forma “sobre-natural”, para arrumar alguma coisa que saiu do programa!

Mas nos evangelhos esses eventos são descritos como “sinal”, pois a realidade era um sinal para os judeus de que o messias havia chegado e um sinal de esperança para não judeus que seriam incluidos numa nova aliança de Deus com os homens.

A realidade é que as intervenções do messias eram sinais de Deus, de que esse mundo é que está num estado “anti-natural”, suas ações são naturais num mundo que deixou de ser natural. Ele não está fora, e entra ás vezes para fazer algo em resposta a um pedido, e volta deixando a vida seguir; ele está: “sobre todos, age em todos, age por meio de todos e está em todos. [Efésios 4:6]

Cada ação do messias era um “sinal” de que aquilo que o ser humano define como “natural”, na realidade não é “natural” visto que a exclusão do outro na sociedade, pré-conceito, enfermidades, trazer ordem ao caos, é entendido com uma ação em algo “natural”, e o restabelecimento é o “sobrenatural”.

Mas para Jesus todo o sistema era “anti-natural” ao chamar Mateus para o seguir, ele mostra que os que eram julgados como traidores, teriam a oportunidade de serem re-significados pela vida. [Mateus 9: 9]. Haveria uma unificação das classes que eram estigmatizadas, produzindo um status quo injusto: “publicanos e pecadores”. [Mateus 9:10]

Essas classes de pessoas eram separadas por sua miséria, seriam unidas, sentariam a mesa com o criador, teriam o prazer de ouvi-lo dizer: “o natural é que somente quem se reconhece estar doente, procurar o médico, e que para o religioso seria difícil detectar sua enfermidade, pois olhava par si com a lente do orgulho e assim estaria cego para si, seria enganado pela “ilusão de óptica”.[Mateus 9:12].

Na realidade a graça se manifesta como graça para quem consegue ver o seu estado, ao mesmo tempo é ineficaz para quem acha que a graça de ter uma vida melhor que o outro o faz produtor da sua própria vida, sendo assim rejeita a Deus.

Daí ser a auto-suficiência a matriz de toda a des-graça da humanidade, por querer gerenciar a vida, por si, sem o outro, mas até para esses há esperança: “reciclar suas mentes, relativizar a liturgia, absolutizar o amor, pois a misericórdia é o amor em movimento”. [Mateus 9: 10-13]. Num universo em expansão o único absoluto “se fez carne” se relativizou!

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

O fogo iluminou, os olhos se abriram...


Quero ser como criança
Te amar pelo que és
Voltar à inocência
Confiar só em ti
Mais às vezes sou levado
Pela vontade de crescer
Torno-me independente
E deixo simplesmente de crer
Não posso viver
Longe do seu amor
Senhor
Não posso viver
Longe do seu abraço
Senhor
Abraça-me
Abraça-me

Muitos definem a música como sacra ou secular, ou santa ou profana, mas na minha modesta definição, há três tipos de musica: Boa, ruim e péssima! Não importa se é sacra ou não sacra, aliais para min toda música que eu goste é sacra! Sempre cantei a música do David Quilan, “Abraça-me”, mas não havia notado a expressão mítica que ela traz, do que poderíamos chamar “inconsciente coletivo”. Na narrativa do gênesis o homem usurpa de Deus algo que ao tornar-se seu “abre-lhe os olhos”.

Na narrativa grega Prometeu que rompe o pacto com os deuses do olimpo, e dá o fogo sagrado, traz luz para os homens, que iria “iluminar”! Os dois recebem castigo por passar a ver o que antes não era possível! O gênesis foi uma re-escrição de um conto da antiga babilônia e mostra uma realidade comum na humanidade: “A experiência da passagem da inocência para o conhecimento”.

Na narrativa bíblica o estado do homem ao desobedecer é denominada na teologia uma “queda”, já numa leitura psicológica poderia denominar-se uma “subida”. A evolução do ser humano entre a idade de um e três anos quando se dá à emergência da auto-percepção, tanto a narrativa grega de prometeu quanto no gênesis em adão, tem em comum a ira da divindade.

Prometeu recebe como castigo um abutre que devora seu fígado, que cresce durante a noite para se devorado novamente no outro dia e assim eternamente. Mercúrio leva uma caixa com todas as doenças, que pandora, mulher de prometeu, por curiosidade abre e a humanidade passa a viver intermináveis doenças.

Da mesma forma a mulher de adão que também teve curiosidade de conhecer, cedeu a sugestão da serpente, como castigo adão passa a viver na angustia de produzir o seu sustento, o sofrimento se alastra na humanidade, tendo seu ápice na autoconsciência de que sua existência tem um fim!

A narrativa de Adão mostra o mito da autoconsciência e o de prometeu a capacidade de transcendência, abstração do tempo; prometeu significa “previsão”, invenção, futuro!

Nas narrativas, os deuses ficaram irados com a criatividade do homem, é como se a autoconsciência e a transcendência tirasse o homem do seu domínio, o maior crime do homem seria sair da inocência, deixar a infância, a segurança; para criar, transcender inventar. O Éden representa o estado de ausência de conflitos, onde não existe culpa nem remorso, esse é um estado que precede a autoconsciência, o desejo expresso na letra da música:

“Voltar à inocência”
“Confiar só em ti”

Essa letra mostra o inconsciente: “O crescimento trás conflitos”, mas visto que optou por crescer, sua punição será o desejo de voltar ao estado de inocência! E o caminho é entregar a outrem a responsabilidade pelo uso da sua liberdade! Voltar à inocência, não tomar decisão seria essa a proposta da religião que oferece ao homem “entregar a Deus sua vida”, confiar totalmente nele anular a sua liberdade!

Agora é viver para fazer a vontade de Deus, ou seja, anular os desejos, entregar a outrem os riscos, uma forma inconsciente de isentar-se da responsabilidade de encarar os conflitos da vida, a promessa de ter de volta esse estado perdido. Pergunto-me? Será que viver no Éden sem a ausência de conflitos, mas perpetuando o estado infantil seria o melhor para o homem?

O filosofo Hegel fez uma leitura, que mais tarde o rabino Harold Kushner adotou sobre a queda como: “Queda para cima”! “abriram os olhos”... Esse foi o momento a auto-percepção, esse ato implica conflito entre o “homem e deus” ou a “criança e o pai”, os dois falam de “poder que limita”, deuses com ciúme do homem, pai em conflito com o filho, que ao “abrir os olhos” entra em conflito com todo poder que ameaça o seu crescimento.

Adão e prometeu filhos dos “deuses”, arquétipo psicológico; em adão ansiedade em prometeu tortura, a verdade de que no homem existem conflitos, coragem ou submissão, conforto ou liberdade, a segurança ou crescimento.

“Mais às vezes sou levado,
Pela vontade de crescer,
Torno-me independente,
E deixo simplesmente de crer”.

Desejo de crescer, medo da angustia produzida pelo crescimento, tornar-se independente em oposição a crer, esses são conflitos, por um lado o natural é crescer, mas ao confrontar-se com o crescimento produz distância, e com as angustias percebe que crer implica em romper, sair da esfera da proteção, à distância trás a saudade de algo perdido em algum tempo, então o cantor inconscientemente confessa:


“Não posso viver,
Longe do seu amor,
Senhor”

O amor não ficou para trás, ficou a inocência de crer, os olhos que não se via, a angustia que não existia, a transcendência que tirou a magia do eterno presente, a caixa de pandora se abriu, o fogo não aqueceu, o éden ficou para traz, os olhos se abriu e o homem não gostou do que viu...

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Eu que aprenda... A desejar!


– Um homem tinha dois filhos. Certo dia o mais moço disse ao pai: “Pai, quero que o senhor me dê agora a minha parte da herança.”
– E o pai repartiu os bens entre os dois”.

A parábola narrada por Jesus tem uma dimensão psico-lógica ampla, me vejo nela não somente na condição do filho que sai, mas também no que fica, uma insatisfação crônica na dimensão dos desejos, de forma que dentro dos limites impostos pela minha consciência desejo ficar, mas também desejo sair, me sinto preso por ficar, mas, ainda mais preso se sair.

O meu coração tem duas dimensões:
- Uma que não se satisfaz com o que tem.
- Outra que deseja o que não tem.

Não se basta com o que tem, mas idealiza o que não tem, o batimento traz o ritmo de dois filhos o “eu” que fica insatisfeito com o que tem, e o “eu” quer sair, em busca de satisfazer-se com o que não tem!

Vivo a síndrome da liberdade ideal, quero ser livre, mas sei que no máximo tenho o livre arbítrio, pois a liberdade é invenção, e nunca vai excluir os efeitos das ações. O “eu” insatisfeito que fica às vezes se expressa na indignação, por não ter o que gostaria.

Ao mesmo tempo, o “eu” que deseja sair se perde na conquista, pois não ter o objeto do desejo mantém vivo o objeto e o desejo, a realização pode frustrar, nesse caso mata tanto o objeto quanto o desejo!

A liberdade ideal é ficção, pois ao ser experimentada perde a imagem idealizada, é inatingível, Lacan chama essa busca de objeto “a” quando você chega nele, já não mais está no lugar que estava!

O filho que saiu, sou “eu”, que deseja, luta, conquista, mas ao conquistar percebe que não conquistou, pois a liberdade só existe com limites, sem esses gera frustração, pedir a herança é um ato simbólico de transferência, ter, possuir, tocar em algo que na realidade, é intocável, a sua falta, é essencial, aquilo que não possuo é fundamental para a minha realização.

O filho que saiu, “eu”, não sofre com a falta do que vê e não possui, mas sim por possuir e não ver, alguém já disse: “Como ver aquilo que me é próximo”?

A posse do objeto de meu desejo faz com que não veja o valor do objeto que possuo por isso: Eu que aprenda a desejar...