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quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Eu Caçador de Min... Ego x Super-Ego

“Por tanto amor
Por tanta emoção
A vida me fez assim
Doce ou atroz
Manso ou feroz
Eu caçador de mim”.

O amor, as emoções que nos afeta e nos transforma. Alterna docilidade e perversidade, mansidão e ferocidade.

O movimento é instável.
O "Eu" animal, e o "Eu moral". O primeiro original, o segundo imposto pela necessidade de preservação... Só resta o conflito dos "Eu's".

O "Eu" que caça e o "Mim" que é caçado!

A memória auditiva é marcada pela intensidade dos sentimentos. Esses nos prendem. As paixões não têm fim, não obedecem leis da física, ignoram espaço e tempo...

“Vou me encontrar
Longe do meu lugar
Eu, caçador de mim”.

O passado não é passado, quando está presente no agora...
As canções eternizam as paixões, nos levam a “outro lugar” outra dimensão, onde habitam os desejos. Conflitos sem fim. O Eu consciente deseja o “proibido” ao mesmo tempo em que outro "Eu" dentro de min o reprime! Não há tréguas. É o Eu caçando a min...

“Nada a temer senão o correr da luta
Nada a fazer senão esquecer o medo
Abrir o peito a força, numa procura
Fugir às armadilhas da mata escura”

Porque temer essa ambivalência? O único medo é correr do conflito.

O “Eu” que caça e o “Mim” que é caçado, coexistem num antagonismo perpétuo. A única coisa a fazer é esquecer o medo. Conviver com ele, o tornar intimo. Assim haverá coragem de se expor “abrir o peito”, ir à procura, onde a única fuga deve ser das armadilhas do desconhecido, “mata escura”!

O jardim deixado para trás, agora é o desconhecido, “a mata” é fora do éden, nela existe fuga!

“Longe se vai
Sonhando demais
Mas onde se chega assim”.

Sonhar é necessário, mas qual o limite dos sonhos?
Aonde se chega quem vive no mundo do faz de contas?

È nele que ventilamos nossas frustrações, transpomos o intransponível... Nele voamos... Mas aonde chegamos vivendo neles? Sempre voltamos à realidade.

“Vou descobrir
O que me faz sentir
Eu, caçador de mim”.

Minha vinda é interrogação (?) quero descobrir o que me faz sentir esse conflito. Não sei por que, a razão desconhece o que acontece entre o Ego x Superego, Carne x Espírito, Prazer x realidade, Animal x Racional. Caçador x Caça, Eu x min.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Uma Psicoteologia da Oração do Pai Nosso


Jesus é o filho que traz a revelação do Pai “PAI” (Mt 6).  

O PAI NOSSO, fala da coletividade, unidade da humanidade, fala da IRMANDADE. O termo “NOSSO” na oração de Jesus, fala do conforto da aceitação em contraposição ao SENSO DE DESAMPARO que vive toda humanidade, ao mesmo tempo em que conclama todos aqueles que aceitarem a revelação de DEUS COMO PAI, viverem em HARMONIA, (razão?). Afinal, o PAI é NOSSO, é de todos. Toda a humanidade compartilha da “angustia” do desamparo! Na metafísica de Jesus, o amor do PAI nivela todos os homens como irmãos.

QUE ESTÁS NOS CÉUS, (necessidade da transcendência?), mas é “NOSSO” na terra; ou seja, sem o outro (irmão?) na terra, não há PAI NOS CÉUS! Se o Pai é nosso, implica que o filho  tem irmãos, sem esses o filho torna-se ÚNICO, mas o Pai não aceita filho único, o único que teve ofereceu para ter em troca MUITOS. (redenção?).

“SANTIFICADO SEJA O VOSSO NOME”, lembre se que a palavra SANTIFICADO, não pode ser desconectada do NOME, ou seja, se no Antigo testamento ele chama um povo para representar o seu NOME, no novo o NOME dele ganha rosto: “O FILHO NA ENCARNAÇÃO!”.  Ao falar para santificar o nome do PAI, Ele traz o seu nome para a TERRA, para o meio dos homens.


O PÃO NOSSO DE CADA DIA, é a sociologia do Deus que se fez carne. O pão é diário, abaixo o capitalismo tirano! Afinal na existência o que temos é “cada dia”... Ninguém pode viver o dia de amanhã, hoje!  A não ser o neurótico, que na sua neura, perde toda a óptica, constrói um castelo de areia, e sonha em viver nele. Esse é irmão do psicótico, que na sua psique, não se contenta em sonhar, mora no castelo construído pelo neurótico... E para legitimar o imóvel paga aluguel ao  psiquiatra...

PERDOA AS NOSSAS DIVIDAS, assim como perdoamos aos nossos devedores. Esse senso de incompletude, essa sensação de falta que cobramos do outro, simplesmente por não conseguir vislumbrar que a ausência está em nós. O perdão para o outro é necessário, pois na realidade a falta do outro, não é a falta dele, mas a nossa falta refletida nele... Sendo assim O PAI QUE ESTÁ NOS CÉUS, perdoa as nossas dividas, pois há um dever de perdoar o outro para o meu próprio bem. Afinal ao perdoar estou me perdoando!

NÃO NOS DEIXES CAIR EM TENTAÇÃO... Como? Segurando na minha mão? Não! O PAI precisa soltar a mão do filho para que esse possa andar sozinho. È preciso ruptura, o filho foi levado ao deserto PARA SER TENTADO, então CAIR EM TENTAÇÃO é descrito a seguir: “PORQUE SE PERDOAR SERÁ PERDOADO”! Agora sim, se a falta que está no outro é a minha falta refletida como no espelho (Lacan?), então, ao não perdoar o outro eu CAIO EM TENTAÇÃO. A tentação é não perdoar o outro, pois estaria condenando a mim mesmo, afinal o outro é a única forma de ver nele minhas faltas!

LIVRA-NOS DO MAL não é pedir ao pai, para impedir que a tentação venha ao FILHO, mas impedir que o ao se confrontar com a falta do outro (Tentação?) não venhamos querer que o outro sofra pela falta, pois assim estaríamos dando a nossa própria sentença: “Condenando-nos no outro”! Fazendo isso estaria transformando a tentação em mal. Jesus como filho foi tentado a odiar seus inimigos, mas ao perdoar ele eliminou a possibilidade de transformar a tentação num mal.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Desejo e Medo: Ambivalência na Psique Feminina

(Cantares 3.1-11)


O capitulo 3 do livro de cantares,  relata o sonho conturbado  de uma mulher que à noite busca o seu amado e não o encontra. Nesse sonho da jovem sulamita há uma ambivalência, o desejo de se entregar ao   seu amado, ao mesmo tempo em que  sombras de medo a acompanha: "de noite busquei o meu amado e não encontrei”. (Ct 3.1).

Sulamita expressa o temor da solidão. O casamento além de ser benéfico é o antídoto contra o maior mal que um ser humano pode fazer a si mesmo: viver só. Sulamita temia, a solidão, no seu subconsciente, se dispôs a procurar o seu amado, sai à sua procura, mas ao não o encontrar, fica angustiada (Ct 3.2).

Na sequencia sua psique é apaziguada, ela o encontra, e o  agarra,  não o deixa ir, leva-o à casa da sua mãe. O que indica que ela era solteira (Ct 3.4). Apesar dos desejos expressos em seus sonhos, ela tem no seu inconsciente a convicção de que ainda não estava preparada, pois, mesmo no sonho, manifesta a sua preocupação despertar o amor sem que esse o queira(Ct 3.5).

Não é que o amor tenha volição, os desejos não querem ou deixam de querer, eles apenas existem, mas o medo o reprime. Ela queria ter certeza que ele seria a pessoa que refletia todo o seu anseio de proteção.

Ela vivia o conflito entre o desejo de se entregar e a consciência dominada pelo medo.   Poderia ceder aos seus desejos, sem ter convição do que realmente queria. Nesse caso a raposinha poderia destruir a vinha ainda em flores (Ct 2.15). Para ela a vinhasó estaria pronta quando tivesse certeza.

No sonho, Sulamita mosta a ambivalência da sua estrutura psicológica. Seu pesadelo dá lugar a uma alegre fantasia.  O casamento reflete o desejo da mulher por proteção, na figura dos valentes de Salomão (Ct 3.8). O casamento expressa o ideal, a alegria do sonho realizado por Sulamita ao casar-se com salomão (Ct 3.11).

O amor não é uma via de mão única, mas uma cumplicidade. Sulamita amava, mas sómente se entregaria ao objeto do seu amor, quando tivesse certeza de que receberia em outras formas, o amor entregue. Essa é a ambivalência do amor e o medo na psique feminina: 


lhe entrego os meus desejos, e desejo me entregar...mas preciso ter certeza que receberei de volta  o que entrego, mesmo que seja em outras formas de afeto. Medo e desejo, duas faces estruturais da psique feminina...".