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sexta-feira, 16 de abril de 2010

Dogma-latras: adoradores de dogmas!


“Não terás outros deuses além de min”. [1]. Uma tradução mais literal do hebraico poderia ser: “... Não terás outros deuses à parte de min, frente a min, na minha presença”.

Olhando para o contexto onde o povo viveu por 430 anos, uma nação que escravizou os descendentes de Abraão, [2] a nação egípcia descende de Cam, que gerou Miszraim [3] Os Egípcios eram politeístas, e faziam imagens de seres da natureza como representantes das divindades nas quais cria, isso explica o porquê do bezerro de ouro ao enfrentar à ausência de Moisés quando subiu ao monte.

“Mas vendo o povo que Moisés tardava em descer do monte, acercou-se de Arão e lhe disse: Levanta-te, faz-nos deuses que vão adiante de nós; pois, quanto a este Moisés, o homem que nos tirou do Egito, não sabemos o que lhe terá sucedido. Disse-lhes Arão: Tirai as argolas de ouro das orelhas de vossas mulheres, vossos filhos e vossas filhas e trazei-mas”. [4]

Não foi sem propósito a advertência sobre fazer imagens de qualquer espécie das coisas que Ele mesmo criou a “imagem”, exerce poder sobre quem a observa, o ser humano tem uma capacidade extrema de fazer “imagens”.

No caso especifico os quatro séculos de sobrevivência da nação que colocava os seus anseios nas imagens que representava a sua “fé”, essa “imagem” distorcida do Deus de Israel, certamente a primeira advertência seria para que não fizessem “imagem” do Deus que está acima de qualquer imagem criada pela imaginação humana.

Mas será que era a imagem em si, que Deus estava proibindo que se fizesse adoração? Poderíamos definir Idolatria na esfera do ser criar imagem do “ser que o criou”, ou qualquer imagem, ainda que não fabricada nos moldes da argila, metal ou quaisquer que seja o material usado para esculpir a divindade.

O problema não estava na essência, na com-posição, mas na “posição”, do homem diante da imagem que ele cria, pois essa passa a ser digna de ser o “seguro” da fé daquele que crê, quando a dimensão da fé é não estar seguro, é a segurança na insegurança do que se não vê [5]

A idolatria não está na “imagem”, pois essa poderá ser “pedagoga da fé”, a imagem pode revelar verdades através da criatividade da mente, que nem sempre mente, quando cria uma visão da revelação do mistério da fé, visto que na audição o próprio Deus convida a sair [6], mas na visão Ele mesmo diz: “olha para o céu e conta as estrelas”[7], a arte é a visão daquele que vê o que outros não conseguem ver, arte é invenção é expressão de fé!

Na história da igreja, a imagem ganha muitas formas, a idolatria tem muitas faces os “dogmas”, substituíram a idolatria dos “santos” esculpidos pelas mãos humanas, criados por Deus a sua imagem e semelhança, o próprio homem transformou a “imagem” de Deus em substituto do próprio Deus.

A re-forma foi importante, pois combateu a forma, esculpida pelo homem no tocante a sua justificação diante de Deus, mas ao justificar que a justificação pela fé diante Deus não exige forma, também deu forma para a mesma justificação, quando estabeleceu os “dogmas” como à “forma”, para o conhecimento de Deus.

Quem pode negar a importância da re-forma, quando destruiu a forma, mas a mesma reforma também cometeu o erro, não de formar os dogmas, mas de os “canonizar”, querer se segurar na “imagem” de uma confissão de fé estática. Isso é confirmado pelos que se jactam de ser adeptos de uma Teologia calvinista, que certamente nem “Calvino”, imaginaria que iriam “canonizar” a doutrina levando o seu nome.

Na “progressão do paganismo”, sim entre aspas, pois quem pode definir o que é pagão, se para o “pagão” suas ações se movem na direção do sagrado! Mas na defesa da glória de Deus, só havia um remédio, não remediar, agir! Os re-“forma” dores, in-con-“forma”-dos, arrumaram forma de dar o antídoto, convidam o grego "pagão?" Aristóteles, para usar a lógica e dar forma a um Deus multi-forme. Agora ninguém mais colocaria imagem “diante D’Ele”.

No entanto com o passar dos tempos, chegando aos nossos dias, percebemos que a imagem foi substituída pelos “dogmas”, não que os re-forma-dores tinham essa intenção, mas ao querer usar os “dogmas”, para segurar a fé, sem perceber substituiu Deus pelos “dogmas”, a fé nos Deus vivo, pela confissão de Fé que descreve o Deus vivo, agora deveria ter as formas do sistema idealizado da “Sofia”. [8]

Foi posta a res-posta, anti-idolatria, onde se substitui a idolatria do homem que se colocava no lugar de Deus, o “Ser”. Mas corria o risco da substituição, outro ocupar o lugar, o “Saber”.

Não seria a figura humana esculpida, o objeto que ocuparia o lugar: “Não terás outros deuses além de min”. foi convidado Aristóteles "pagão?" trouxe consigo a amiga lógica, a  segurança da “Sofia”, o saber que enganou quem não “sabia”, que há muitas formas de idolatria. A imagem esculpida foi substituída pela imagem do “saber”, foi trocado um ídolo por outro, mudou-se a forma, permanece a essência!

Essa foi denominada “A era dos dogmas”, pois para fugir da idolatria das “indulgências”, que divinizava o homem e destronava Deus, descendo-o a um mero coadjuvante expectador passivo das vontades humanas, necessário era colocar Deus de volta no seu trono, mas a “Sofia”, não sabia que não poderia colocar um Deus tão transcendente, que não fosse com-desce-ente, pois o Deus en-carne, desceu até o homem nas suas limitações.

Os “dogmas”, que foram feitos para proteger o homem das “heresias das indulgências” não conseguiu o proteger das “indulgências das doutrinas”, para ser perdoado dos pecados precisava pagar pelo pecado cometido, da mesma forma havia um preço a ser pago, para quem cometesse o pecado de não aceitar a “proteção”, dos dogmas.

Ouve uma substituição das “indulgências do pecado”, pelas “indulgências dos dogmas”, de qualquer forma o homem pagaria pela sua transgressão, ou pela des-obediência a “lei” do sumo sacerdote, ou pela des-obediência a “lei dos dogmas”, uma coisa ambos concordaram, toda lei transgredida exige punição! O homem pagava por si mesmo ao transgredir o padrão de moral, estabelecido pela “lei”, dos homens, o que produziu uma re-volta, onde a volta a “Sola Scriptura”, foi usada para organizar idéias sobre Deus.

O remédio teve efeito colateral, pois ao colocar em ordem o “descrever Deus”, foi necessário limitá-lo! Os mistérios da revelação seriam sepultados pela premissa: “Deus é soberano”.

Só restou a pré-destinação como ato de um Deus Todo poderoso, que resolveu “eleger” alguns e simplesmente ignorar outros, afinal é todo poderoso pode escolher o que bem quiser, ainda que se contradiga ao dizer: “A minha alma não se alegra com a morte do ímpio”![9]

A salvação era privatizada, e tinha na infalibilidade da igreja a segurança do homem, mas com a re-forma, houve uma substituição, pois agora “a infalibilidade dos dogmas”, era a segurança do homem, para a mesma salvação! O homem só era livre para concordar que não era livre, pois discordar o levaria a experimentar a realidade da prisão!

Neustã [10] nunca foi digna de ser adorada, ela foi apenas uma “imagem”, que serviu de “pedagoga” da revelação, apontando para aquele que a sua semelhança seria pendurado, e nele não há imagem estática, mas uma cura constante, dando o direito de o homem ser curado, dos males de alimentar-se da arvore da ciência do bem e do mal, sendo atraído, ao olhar para ELE. [11]

A serpente de metal, ainda está presente, não por movimento próprio, pois ela não tem vida, mas está viva na mente de quem ouviu [12] falar que só para ela olhar, o milagre acontecia.

Só resta agora despedaçar qualquer imagem, seja de metal, [13] seja da “Sofia dos dogmas”, a revelação progrediu, Deus é multiforme, presente em diversas formas, e não há imagem que possa superar aquela que corporificou , se fez carne vivendo entre nós. [14]
___________________________
NOTAS
[1] Êxodo 20:1
[2] Cf: Gênesis 15:16. O tempo que Israel ficou no Egito foi de 430 anos, embora 30 anos não fosse considerado escravidão visto que esse foi o período que Jose foi governador do Egito. Cf: At 7:18-19.
[3] Gênesis 10:6.                    
[4] Êxodo 32:1-2.                   
[5] Hebreus 11:1.
[6] Gênesis 15:4.                     
[7] Idem, vs (5).
[8] Philosofia: palavra de etimologia grega que significa sabedoria, daí o termo significar “philo”, amigo, amante da Sabedoria.
[9] Ezequiel 33:11.                
[10] Números 21:8-9.
[11] João 3: 14-15 Ele tirou os altos, quebrou as estátuas, deitou abaixo os bosques, e fez em pedaços a serpente de metal que Moisés fizera; porquanto até àquele dia os filhos de Israel lhe queimavam incenso, e lhe chamaram Neustã.
[12] Números 21:8-9 "E disse o SENHOR a Moisés: Faze-te uma serpente ardente, e põe-na sobre uma haste; e será que viverá todo o que, tendo sido picado, olhar para ela. E Moisés fez uma serpente de metal, e pô-la sobre uma haste; e sucedia que, picando alguma serpente a alguém, quando esse olhava para a serpente de metal, vivia".
[13] Ele tirou os altos, quebrou as estátuas, deitou abaixo os bosques, e fez em pedaços a serpente de metal que Moisés fizera; porquanto até àquele dia os filhos de Israel lhe queimavam incenso, e lhe chamaram Neustã.
[14] João 1:14 : E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.

4 comentários:

  1. Olhá J. Lima se você continuar assim, nem vai precisar colocar duas postagens por semana, pois uma só é totalmente suficiente por ser demais enriquecedora e muito profunda, isto aqui é um verdadeiro estudo.

    De fato, para os fundamentalistas e as demais religiões, o deus deles não é Deus mesmo, mas antes as suas compreensões e sistematizações em dogmas sagrados e petrificados da imagem de deus.

    Mas eu fico ainda com a definição do Paul Tilich: "Deus está para além de deus".

    Abraços

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  2. Prezado J. Lima

    Ainda vou ler seu interessante tratado mais a vagar, para comentar após uma reflexão mais demorada.

    Num primeiro instante, compreendi que o deus vindo de fora só poderá ser sentido através de dogmas, imagens ou ídolos.
    Compreendi também que houve um homem, ao qual deram o nome de Jesus, que tinha a mania de dizer que o reino de Deus estava dentro de nós mesmos. eSSA VERDADE EU COMPROVEI.

    Daí em diante, morreram ídolos, imagens de escultura e dogmas.

    Não restam dúvidas de que sinto saudade deles. Às vezes, eles aparecem como algo real em minhas elucubrações, como aqueles fenômenos psíquicos que os discípulos sentiram após o desaparecimento de seu Mestre.
    Ás vezes eles ressuscitam e se projetam para fora de mim como se fosse algo palpável, mas tudo é produto da nostalgia solidificado em minha imaginação.

    Do porão do meu incosnciente, ás vezes, afloram os brinquedos (mofados) que eu admirava e adorava quando pequeno: os dogmas, os bonecos meus heróis, os meus idolos intocáveis de carne e osso.

    Depois que cresci, olho para eles com saudade, mas que pena, não servem mais para mim

    QUE PENA...


    Abçs,

    Levi B. Santos

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  3. JL, fiz uma leitura dinâmica mas tenho que ler de novo seu excelente ensaio. Gostei demais do parágrafo

    "A re-forma foi importante, pois combateu a forma, esculpida pelo homem no tocante a sua justificação diante de Deus, mas ao justificar que a justificação pela fé diante Deus não exige forma, também deu forma para a mesma justificação, quando estabeleceu os “dogmas” como à “forma”, para o conhecimento de Deus".

    Sofia formou de novo o que a reforma tentou "desformar". SEi que sofia é apenas forma, mas tal qual Levi, não consigo ficar longe dela por muito tempo! O importante é saber que sofia é forma e não essência.

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  4. Amigos, criei um novo blog: o "Tem-pla-ti - Templates pra ti"

    http://templati.blogspot.com/

    Ele surgiu do meu gosto por templates (modelos para blogs ou sites), do meu desejo de compartilhar o que eu aprendi nesse tempo de blogagem e também da necessidade de amigos de terem uma orientação sobre como lidar com o layout dos seus blogs e outras coisas do tipo.

    Conto com a participação de vocês baixando os templates, testando-os, usando-os em seus blogs, comentando, fazendo sugestões e divulgando para os outros amigos blogueiros que você conhecem.

    Pretendo atualizar este blog constantemente, portanto, sugiro que assinem a sua newsletter.

    Abraços!

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