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Jl-reflexoes

quarta-feira, 28 de abril de 2010

A liberdade da escravidão & a escravidão da liberdade

Na teologia a palavra corrente, traz uma conotação de “segmento de um pensamento Teológico”, ou seja, “corrente”, quando alguém diz que é de corrente, “calvinista”, está dizendo que a sua estrutura teológica é herança da construção teológica do reformador João Calvino, da mesma forma a corrente “Arminiana”, de Jacobus Arminius, Wesleyana de John Wesley, Luterana, de Lutero, e assim por diante.

Não é incomum ouvir a pergunta? De qual corrente você é? A resposta depende da formação teológica de cada um! Corrente é uma palavra que traz uma conotação de “limite de liberdade”, mas será que a corrente tem somente essa definição?

Será que não existe liberdade na escravidão? Até que ponto pode dizer que alguém acorrentado não tem “liberdade”. Se definirmos liberdade como capacidade de fazer o que quer, logo o acorrentado não é livre, mas pode alguém ser livre, quando tem “liberdade”, para fazer e não consegue fazer, visto estar preso por “correntes”, como essa da Teologia?

Não sou contra a Teologia, mas não gosto muito dessa palavra quando se refere à teologia, pois para mim a teologia deve estar “livre das correntes”, pois se for corrente, dificilmente será livre! A não ser que haja liberdade na “corrente”!

A corrente que limita o espaço nos tira a liberdade de ir e vir, mas o que dizer das correntes psico-“lógicas”, emaranhadas num sistema fascinante que produz uma letargia mental, onde uma seqüência de pensamentos organizados coloca a mente dentro de uma forma esquemática, fazendo aquele que crê ter tanta convicção das suas certezas, que não consegue ser “livre”, para pensar de forma diferente, embora o seu cérebro esteja “livre”, na realidade está acorrentado! Embora tenha “liberdade” está preso!

Que dizermos da liberdade, ah! Liberdade, como sonha o homem estar livre da causa e efeito... da lei da gravidade! Esse é o sonho humano de ser divino! Enquanto alguns se amarram com a lógica dos "dogmas", outros se libertam dos "dogmas", mas se amarram na "corrente", de não ter “dogmas”, ficando preso na liberdade de não ser escravo.

A liberdade também acaba sendo uma “corrente”, pois a liberdade do homem é relativa, mesmo sendo “livre”, é “escravo” das leis, inclusive a “lei da liberdade”. Não a lei do "não fazer", que sofre as com-“seqüências”, da “passividade”, que é a in-“capacidade” de “fazer”, vive a lamentar a in-felicidade de não ter a liberdade, para “fazer” as coisas mudarem!

Mas a lei do “poder fazer”, para mudar, também tem as conseqüências, tendo ou não uma “corrente”, estaremos sempre acorrentados, uns presos pela corrente dos dogmas, outros presos pelas correntes das “conseqüências”, do “fazer”, mas “não poder”, ser livre das conseqüências do que faz!

Que o diga os “hereges” da história que lhes foram tirados a “liberdade” de expressão, acorrentados, tornaram-se escravos por ter a inteligência livre. Mas quem realmente teve a liberdade transformada em “escravidão”? Quem foi “acorrentado”? Os “acorrentados” por causa da liberdade da inteligência, ou os que os “acorrentaram”, pelo atrofiamento da inteligência escrava, “acorrentada” na ignorância dos seus pré-“conceitos”.

Quem é livre tem “conceitos”, e a visão desses, está sempre aberta a passar pela re-“visão”, pois a revelação está em andamento! Mas o pré- “Conceito”, é um conceito “canonizado”, que não aceita ser re-“visa”-do, pois não “visa”, re-“visar”, que conhecer, também implica em re-“conhecer”, que a verdadeira “liberdade” é estar debaixo da sub-“missão” e essa é a supra-“missão” daqueles que foram chamados para ser os “escravos-livres” de Deus. [1]

Depois de algum tempo os ex-termina- “dores” de “hereges”, que colocaram fim nas “dores” de alguém que conseguiu ver o invisível, a revelação é visível para quem recebe e escura para quem é mero contemplador!

Descobriram que os “hereges” não eram tão “hereges” assim! A definição de herege, ou não, depende do ponto de “vista” de quem acha que de-“tem” a verdade, mas o tempo descobre que os hereges também têm seu ponto de “vista”, mas a “vista” às vezes da “Ponto”, para quem tem o “poder” de prevalecer, contra quem tem a “verdade”, mas não tem poder, para fazer prevalecer a sua “heresia”!

Da a impressão que a verdade é escorregadia, pois nossas certezas hoje são in-“certezas”, amanhã! Quem pode arrogar que nunca foi corrigido pelo mestre em divindade chamado “Tempo”! As certezas são as convicções que termos num momento, mas no momento, seguinte, só ficamos com a certeza do “equivoco”.

Arminio, o herege de Calvino, Lutero o herege do sistema Romano, Os pietistas os hereges dos luteranos, Wesley o herege do Anglicano, Pentecostal hereges do Tradicional... e assim continua a lista interminável dos hereges! A não ser que soframos as “conseqüências da liberdade”, que assim como as “conseqüências da escravidão”, também tem as suas “conseqüências”!

A diferença é que um sofre as conseqüências do "não poder fazer", porque estão presos as "doutrinas", outro as mesmas conseqüências do não poder fazer, mesmo estando livre das doutrinas. O primeiro sofre as conseqüências do que não pode fazer, por isso continua preso. O outro sofre a conseqüência inversa, do poder fazer, e não fazer.
Viva a liberdade da escravidão... E a escravidão da liberdade, afinal ser escravo é também ser livre!
________________________
Notas
[1] Conferir Romanos 6: 17-23, quando o apóstolo fala que eramos: “escravos do pecado” (δουλοι της αμαρτιας) “douloi tes hamartias”, E, libertados do pecado: “fostes feitos servos da justiça” (εδουλωθητε τη δικαιοσυνη) “edoulothete te dikaiosine”.

A palavra “escravos” (douloi), vem da mesma origem “Servos”, (edoulothete) que a palavra “doulos”, traduz para a nossa lingua tanto para “servo” como para “escravo”, ou seja servo ou escravo tem o mesmo significado no grego do novo testamento.

Continuando em Romanos 6: 19: δουλα τη ακαθαρσια (doula te akatharsia), “escravidão da impureza” em contraste com “servirem a justiça” (δουλα τη δικαιοσυνη) “doula te dikaiosine”. (v 20) “Servos de Deus” (δουλωθεντες δε τω θεω) “doulothentes de to theo”.

O apostolo ao escrever em grego, não fez distinção como na lingua portuguesa entre “servo”, e “escravo”, mas usou a mesma palavra tanto para um como para outro. Os tradutores acharam melhor não usarem a mesma palavra, fazendo distinção entre “servo” e “escravo”, coisa que não foi feito no texto grego pelos escritores do Novo testamento

5 comentários:

  1. Prezado J. Lima


    Providencial foi esse seu texto.

    Emito as minhas opiniões, mas elas não são imutáveis e fixas para mim.Isso quer dizer que amanhã eu posso está emitindo uma opinião paradoxal a que estou emitindo hoje.

    Vivemos uma eterna páscoa, uma eterna "passagem", que significa movimento, o qual não combina com os "ismos" e outros conceitos fixos e acabados acerca do pensamento das pessoas, segundo a época em que viveram.

    Aliás nos não criamos conceitos, são os outros que nos define, como isso, aquilo, etc.

    Há quem viva satisfeito com os "ismos" que adota ou segue.Contudo, eu acredito que reciclar pensamentos é uma carcaterística humana, daqueles que gostam de refletir.


    Abçs,

    Levi B. Santos

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  2. A liberdade de quem está preso a uma corrente teológica vai até aonde o tamanho da corrente lhe permita ir. A partir daqui, o acorrentado terá que se contentar com o espaço que a corrente lhe impôs e ficar olhando os que estão livres da corrente.

    Mas talvez o acorrentado diga: "pobres destes livres, pois se perdem na própria liberdade...prefiro estar seguro na minha corrente que não me deixará andar a esmo..."

    abraços, professor

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  3. Posso até pensar dentro de uma determinada "corrente" teologica, mas só se for parcial e temporariamente como um exercicio intelectual, pois eu prefiro ainda o dogma de não ter dogma, do que propriamente o dogma, mesmo que já seja dogma o não ter dogma.

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  4. Marcinho, resumindo: você adora um dogma....hahahaha

    JL, a sequência dos "hereges dos hereges" é por demais criativa hahahaha

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  5. AMIGOS CONFRATERNOS;

    INFORMO QUE POR NECESSIDADE FINANCEIRA, TEREI QUE ME DESFAZER DO MEU COMPUTADOR, POR ESTE MOTIVO ME AUSENTAREI POR ALGUM TEMPO DESTA E DAS SALAS DOS NOSSOS CONFRATERNOS; ESPERO QUE COMPREENDAM ESTE MEU MOMENTO.

    ESPERO MUITO EM BREVE VOLTAR COM FORÇA TOTAL E COM NOVAS POESIAS.

    CONTINUAREI ME DEDICANDO A POESIA, JÁ RESERVEI UM CADERNO, ONDE ESTOU ESCREVENDO MAIS POESIAS.

    FORTE ABRAÇO A TODOS.

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