Top blog

Top blog
Jl-reflexoes

sábado, 10 de abril de 2010

NEO-ATEISMO: “O paradoxo da transcendência na imanência”

André Comte-Sponville, finalmente um “Ateu” coerente que na realidade não é tão ateu assim! È ateu por negar a transcendência, mas faz diferenciação entre as palavras RELIGIÃO & ESPIRITUALIDADE admitindo a segunda sem necessariamente precisar da primeira, ou seja, a existência de ESPIRITUALIDE sem RELIGIÃO, essa é a proposta do que denomino NÉO-ATEISMO!

Essa separação na definição entre ESPIRITUALIDADE e RELIGIÃO é no mínimo PARADOXAL (não contraditória!), pois a palavra ESPIRITUALIDADE, já aponta para uma dimensão de TRANSCENDÊNCIA o que a meu ver é uma forma de RELIGIÃO, mas que não vai para “ALÉM DE” tendo “OUTRO” o diferente, como objeto fora de si, mas a “OUTRA” a IMANENCIA, porém não se pode permanecer na IMANÊNCIA “estar em”, quando se usa a META-FÍSICA, (estar além), pois essa em si é TRANSCENDÊNCIA!

A antropologia do SPONVILLE é EVOLUCIONISTA, mas nessa definição ele acaba transcendendo:

“O que é espiritualidade? É a vida do espírito, especialmente em sua relação com o infinito, com a eternidade, com o absoluto.”

Essa vida do espírito está relacionando como o que TRANSCENDE que é o “infinito, eternidade e absoluto”, de qualquer forma o SPONVILLE admite a dimensão TRANSCENDENTE do ser humano.

Já os ATEUS ORTODOXOS, em oposição a SPONVILLE que seria o NEO-ORTODOXO do ateísmo, não anula a TRANSCENDÊNCIA, pois os ORTODOXOS fazem oposição até mesmo à antropologia EVOLUCIONISTA, que admitem a TRANSCENDENCIA do homem em relação à natureza, com a tese:

“Houve um momento em que o homem dá um salto e esse foi justamente o momento quem que ele TRANSCENDE”.

Não se sabe qual o momento, tão pouco que experiência foi essa, alguns dizem que foi na percepção da sua FINITUDE, o antropólogo CLAUDE LÉVIS STRAUSS com pressupostos da psicanálise FREUDIANA diz: “Surgiu à primeira REGRA OU NORMA”.

FREUD e STRAUSS defendem a tese de que esse momento foi a PROIBIÇÃO DO INCESTO!”

SPONVILLE não CRÊ numa transcendência para um “ALÉM DE”, mas numa transcendência na relação “A UM” usa três termos abstratos para falar da espiritualidade: “INFINITO, ETERNIDADE, e o ABSOLUTO”

Essas são dimensões da religião, o “ALÉM DE”, ainda que não se acredite numa PESSOALIDADE, ou IMPESSOALIDADE, numa causa primária da existência, mas crê-se na dimensão META-FISICA!

A filosofia atéia de SPONVILLE no tocante a ESPIRITUALIDADE já demonstra uma RELIGIÃO, embora admita a ausência de RELIGIOSIDADE, fica difícil de separar uma da outra, pois se pode haver ESPIRITUALIDADE sem RELIGIOSIDADE, não pode haver religiosidade sem ESPIRITUALIDADE seja DOGMÁTICA ou A-DOGMÁTICA, nesse caso, acredito que o SPONVILLE inconscientemente admite que ao definir a possibilidade de uma “VIDA NO ESPIRITO”, fundamenta de que a ESPIRITUALIDADE já é uma RELIGIÃO!

Os termos usado por ele, não carrega uma conotação de PESSOALIDADE ou PERSONALIDADE, como nas religiões TEISTAS, que no relacionamento com o ABSOLUTO usam PRÓ-NOME, que é uma PRÓ-jeção da di-mensão HORIZONTAL, “homem” para a VERTICAL “Deus”, embora não seja assim que crêem os CRISTÃOS ORTODOXOS, pois faz uma pseudo-reflexão na ordem inversa, uma epistemologia na VERTICAL "Deus" para uma HORIZONTAL "homem"!Como se isso fosse possível!

A definição do ABSOLUTO judaico-cristão tem sua gênese não na premissa de um ABSOLUTO “Deus” que CRIA o homem a sua IMAGEM, (embora essa seja a teoria) mas da sua IMAGEM o homem CRIA a imagem do ABSOLUTO “Deus”, isso em reflexo do olhar para si vê a sua imagem e a nomina “Deus”, como efeito do reflexo desse olhar no espelho! Isso explica Deus ter tantos rostos diferentes!

As religiões IMANENTES como o HINDUISMO tem no BRÂMAN o princípio divino, não-personalizado, e neutro, ENERGIA, são diversos adjetivos, FORÇA CÓSMICA, o TAO: “caminho no espaço-tempo - a ordem na qual as coisas acontecem”, no BUDISMO o SAMSARA compreende os três mundos superiores: “Deva, semideuses e seres humanos”.

Mesmo uma religião sem Deus admite a TRANSCENDENCIA, a percepção de tempo, espaço e continuidade da vida tira o homem da total IMANÊNCIA eleva-o a TRANSCENDENCIA!

Se por um lado no ateísmo de SPONVILLE, não há pessoalidade de relação do homem com o ABSOLUTO, ele sai da premissa filosófica grega onde a causalidade é a RAZÃO o motor IMÓVEL que MOVE, também rejeita o “SER QUE É”, o imutável de PARMÊNIDES, que é a expressão judaica do SER com PERSONALIDADE do judaísmo!

SPONVILLE em busca de uma ESPIRITUALIDADE crê na impessoalidade, mas não consegue escapar do que se propõe fugir a “RELIGIOSIDADE”, pois não há outra forma de definir ESPIRITUALIDADE, o termo em si já é RELIGIOSIDADE, por aceitar outra dimensão de existência mesmo na IMANÊNCIA, não nas “fugas” do niilismo negativo das religiões tradicionais (paraíso) nem no niilismo reativo da religião ciência (futuro), mas uma TRANSCENDÊNCIA na própria IMANÊNCIA, o que é “PARADOXO”, pois toda transcendência é movimento para “ALÉM DE” sendo assim PARADOXO é verdade da fé!

SPONVILLE: “bem vindo ao clube”, da religião!
________________________________
NOTA
Esse artigo foi escrito tendo como base o excelente texto postado pelo meu amigo Eduardo Medeiros.
Recomendo que para entender melhor esse texto leia antes o artigo no seu blog, com o tema: Espiritualidade ateísta.
http://saladopensamento.blogspot.com/2010/04/espiritualidade-ateista.html

9 comentários:

  1. Li bem rápido pois a lan já vai fechar, logo, terei que vir depois e ler de novo, pois aqui você desenvolve o pensamento do Comte, coisa que eu não fiz no meu blog.

    Volto depois, mas já adianto: espetacular!!!

    ResponderExcluir
  2. Voltei J. Li de novo o texto...e mais uma vez...pq.riu!!!! cara você é um tremendo cabeção pensante haaaaaaaa

    Se eu fosse TENTAR comentar a sua impecável análise do paradoxo comt-Sponvilliano, eu precisaria ter um nível e uma capacidade de teologizar muito além da que eu tenho, e se a tivese, o comentário caberia talvez numas 20 páginas....

    Mas vou me ater à síntese do seu questionamento:

    "SPONVILLE em busca de uma ESPIRITUALIDADE crê na impessoalidade, mas não consegue escapar do que se propõe fugir a “RELIGIOSIDADE”, pois não há outra forma de definir ESPIRITUALIDADE, o termo em si já é RELIGIOSIDADE, por aceitar outra dimensão de existência mesmo na IMANÊNCIA,"

    Temos de fato que ponderar: pode haver espiritualidade sem religiosidade? Você observa muito bem que o termo religiosidade em si, já é espiritual por aceitar outra dimensão ainda que não nos termos teístas ou deístas.

    Talvez possamos dizer que pode haver espiritualidade sem religião(aqui falo do dogma, do rito), mas espiritualidade sem religiosidade, só se for uma "religiosidade sem religião", O que também, parace um paradoxo pois a transcendência não é de fato, eliminada!

    Obrigado, J. por nos brindar com um texto tão bom.

    ResponderExcluir
  3. "Sicuti naviganti portus, ita et mihi versus fuit optabilis novissimus... Explicit feliciter.
    Deo gratias"

    ResponderExcluir
  4. Hubner foi você que postou?
    ou é SPAM.
    Se foi por gentileza traduza, não tenho esse nível intelectual!
    rssss.

    ResponderExcluir
  5. Não é span assumo a minha postagem amigo, é em latim!
    Começa assim: "Como abrigo em viagens..." a continuação deixarei por você.

    Abraços

    ResponderExcluir
  6. Hubner.
    Grato pela sua visita.
    Mas prefiro que escreva em português.
    Pois não conheço nada de latim...
    E mesmo com a tradução da frase, não consegui entender o significado, e a razão de eu continuar o que você escreveu...?

    ResponderExcluir
  7. Tai J. Lima gostei da idéia, ainda que paradoxal do SPONVILLE, de separar espiritualidade da religião, embora a religião parta e seja a decodificação da espiritualidade, eu também concordo que é possível dizer espiritualidade sem religião, mas a minha tese embora tenha sua gênese paralela a idéia dele, ela se distancia e faz o seu próprio caminho, pois para mim ser espiritual é ser mais humano – o que ele chama de transcendência na imanência – pois de fato, não há mais ritos da religião, apenas um viver integralmente a vida sem a preocupação dicotômica, o que falta apenas se encaixar na minha teoria é justamente o grande Assombro, mas já estou dando um jeitinho nisto, pois quero inventar uma nova teologia, a saber: Uma teologia sem Deus.

    Abraços

    ResponderExcluir
  8. O marcinho está cada vez mais pirado haaaaaaaa teologia sem deus? Marcinho, já fizeram isso meu amigo!!! mas quero muito ver a sua versão do tema. Talvez você crie uma a-teo-a-logia teológica .haaa

    ResponderExcluir
  9. Sério mesmo Duzinho???
    Quer dizer que uma teologia sem deus já foi inventada e sistematizada???
    Puxa vida heim!!! Bem que o sábio já tinha outroramente alertado que não há nada novo debaixo do sol.

    Mas a minha ideia (mesmo que já exista essa tal teologia, ainda sim eu posso dizer que é minha, pois nunca tinha lido em nenhum lugar sobre essa tematica, mas foram os meus pensamentos pensantes) é muito simples meu amigo, é uma teologia em que não venhamos falar de deus, pois ele sendo o grande Assombro, Mistério dos misterios, não há como falarmos dele, logo, minha teologia partiria apenas do chão desta terra, no solo sagrado da existencia humana, para abordarmos pensamentos na imanencia e nunca na transcendencia.

    Mas um dia eu vou sim, e quero muito escrever sobre essa tematica dentro de meus pensamentos pensantes, é que já tem uma fila enorme de assuntos para eu abordar.

    ResponderExcluir