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segunda-feira, 21 de junho de 2010

Hierarquia ou Hierodoulia?

Quem criou “hierarquia na igreja?” O modelo de relacionamento perfeito na Bíblia é a Trindade e entre nesse relacionamento não tem hierarquia, onde está a superioridade do Pai para o filho, ou do filho para Espírito Santo?

A palavra “Hierarquia” o “hieros”, sagrado + arché (comando, autoridade), já exprime uma filosofia de domínio, poder, que normalmente leva a opressão dos que não tem nenhum poder!

Já hierodoulia, também tem o “hieros”, o sagrado, mas “doulos” = servo, o sagrado está no servir, e não no poder, visto que o poder que é a essência do reino é despir de todo poder em prol de servir o outro!

O relacionamento descrito por Jesus entre Ele e o Pai em João 17: “Glorifica a teu filho para que ele glorifique a ti (...) assim como lhe conferiste autoridade sobre toda a carne a fim de que ele conceda a vida eterna a todos que lhe deste. (...) Eu glorifiquei a ti e agora glorifica-me (...) com a glória que tive junto de ti, antes que houvesse mundo” [1]. A fim de que todos sejam um; como és tu, o pai, em min e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste. (...) para que sejam um com nós o somos [2].

Interessante que na dimensão humana de relacionamentos o pai está no topo da hierarquia, mas na divindade, a soma de duas unidades é UM, e ainda mais, ele deseja que essa equação seja uniforme em relação à Igreja, só lembrando que ele estava dizendo isso para os discipulos, que viria a ser a “liderança”, que ele estava inciando!

Não digo que deve se excluir a “hierarquia”, no sentido de ninguém liderar, mas que essa é mais uma função, daqueles que sendo aperfeiçoados, ao mesmo tempo recebe a tarefa de ajudar outros a se aperfeiçoarem através dos dons concedidos por aquele que é o cabeça de todo o corpo.

Aqueles que ao exercerem uma função no corpo, não estão acima, não deixam de ser corpo [3]. A “hierarquia”, não deve existir no sentido de “poder para mandar”, mas poder para fazer antes, aquilo que deseja que outros façam!
Quando Jesus se autodenominou o pastor que da a vida pelas ovelhas [4], ele realmente fez aquilo ao qual falou, por isso tinha autoridade para estar no topo da “hierarquia”, mas quando com os discípulos pegou a toalha e lavou-lhes os pés, [5] mostrou que o poder da hierarquia está em não ter poder, pois “poder”, não é um poder de “oprimir os subordinados”, mas um poder de “se subordinar” deixando a prerrogativa de ter poder.

Se houver um líder com essas atitudes, ele não precisará poder para exercer uma hierarquia, pois todos o reconhecerão como alguém que está “acima” dos outros, justamente por se “colocar abaixo”, nesse caso seja bem vindo o “hieros” = (sagrado) + “arché” = (comando, autoridade), pois será autoridade sagrada, pois nesse reino sacro, quem quiser ter autoridade, terá que se despir de toda a força, e se vestir de humildade, os bem aventurados não são os que não tem poder para se impor, mas o que tem o poder de não ter poder, esses são os fortes do reino, pois tem como protótipo aquele que não venceu os principados e potestades, com a sua “divindade”, mas na sua humanidade derrotou-os na Cruz [6].
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Notas
[1] João 17:1-5
[2] João 17:21-22
[3] Efésios 4:11-13
[4] João 10:11
[5] João 13:15
[6] Colossenses 2:14-15

4 comentários:

  1. A figura do Deus Patriarcal não nos traz a Paz.
    Sentimo-nos apaziguados com Deus, através da fragilidade do seu Filho, que abandonou o seu "trono de glória" de uma vez por todas, para existir como homem.

    A fraternidade inaugurada por Cristo é experimentada sempre que confessamos mutuamente as nossas fraquezas. É a fraqueza do "não poder" que nos faz servos um dos outros.

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  2. Belo ensaio, professor. É como o Jesus disse: quem quiser ser o maior no "céu", precisa ser o menor aqui. Pena que as igrejas se tornaram organizações formais, com pessoas desejosas por subir na carreira...

    Abraço, e parabéns.

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  3. E aí, sumidão, muito atarefado? Imagino...

    Um Reino onde o maior é o menor e tanto maior você se faz se cada vez se fizer menor. Eita conceito revolucionário, não? Talvez utópico? Ainda que seja, fica estabelecido como alvo a ser alcançado na comunidade de fé.

    abração

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  4. José Lima,

    Este ensaio, como as teses de Lutero, deveria ser pregado nas portas de todas as instituições religiosas.

    Abraço

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