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Jl-reflexoes

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

O Feminino na Teologia Judaico-cristã

Quanto mais estudo a religião em conexão com a psicologia, mais percebo a estrutura dos arquétipos que estão por trás de toda a construção da existência humana. A tradição judaica no Genesis tinha antes de Eva uma figura feminina por nome “Lilyth”. Essa foi à primeira “mulher” criada perfeita, mas se “rebelou” contra a autoridade masculina.

Na cabala Lilith é tida com a primeira mulher, antecede Eva no antigo testamento, também responsábilizada pela “desordem no universo masculino” (sempre elas não é?)

Ela abandonou o jardim do Èden por causa de uma disputa sobre igualdade dos sexos, chegando depois a ser descrita como um demônio, essa passagem está registrada no livro do profeta Isaias, segundo a interpretação Rabinica.

Algumas interpretções dizem que Lilyth se rebela quando percebe que é da mesma matéria prima que adão, essa percepção culminou na recusa: “Ficar sempre por baixo durante o ato sexual”.

Lilyth é a précursora que remonta o inconsciente revoltado contra o “dominio patriarcal, teve a audácia de questionar Deus sobre a razão dessa inferioridade ele reponde: “Essa era a ordem natural, o domínio do homem sobre a mulher”. Essa resposta a levou a abandonar o Éden.

Após os hebreus terem deixado a Babilônia Lilith perdeu aos poucos sua representatividade e foi eliminada do velho testamento. Eva é criada no sexto dia, e depois da solidão de Adão no gênesis.

Agora deixando o fundo histórico, o que percebo é que o homem ao longo da história criou mecanismos de defesa, sentiu-se ameaçado, seja qual for a forma que a mulher ganhou ao longa da história seja Astarte, Lilith, Rainha dos céus, Eva ou Maria.

Uma coisa percebe-se no fundo do inconsciente masculino: “O homem sente-se ameaçado”.

A divindade do Espírito Santo no novo testamento como uma “personalidade assexuada”, seria a síntese inconciente, para ficar num “meio termo”, nem o pai vetero testamentário, nem o filho néotestamentário, nem a mãe, maria mãe de Deus, que gerou um filho do pai, mas esse não era homem somente, “era Deus-homem”.

Filho de Mulher sem contato de homem! O Espírito Santo é a SINTESE da divindade, nem masculino nem femino, “neutro”, visto que a ausência da figura masculina ou feminina no arquétipo humano deixa-o deficiente.

Só o Pai do AT) , simbolizando a força, o poder da guerra, a manutenção da vida, deixa deficiente,da ausência do colo materno, geradora da vida, leite, cuidado no crescimento!

A figura feminina é responsavel por gerar a vida, a masculina por protegê-la.

A história da humanidade não conseguiu conciliar esse dois lados importantes da existencia humana. Um sempre exluiu o outro, no novo testamento, sugre uma terceira via, que ninguém via, a saber: Um “Deus” que os cristãos adota pela necessidde inconsciente de apaziguar esse conflito.

Nem o pai, nem a mãe, nem o filho, ou todos ao mesmo tempo e nenhum exclusivamente, que tal o “Espírito Santo”? Na teologia tem as mesmas glórias do pai e do filho, são eternos, mas diferentes individualmente!

Além do que, a teologia do Espírito pode ser uma expressão inconsciente da associação do pecado ao sexo, por isso a mulher fica “gravida do Espírito” não é um homem que a engravida, mas o proprio “Deus”.

Isso porque a “mulher” não teria pureza suficiente para gerar um “santo” com o homem, nem o homem a poderia “purificar” visto ser ele também impuro.

Não seria essa forma do Novo testametno incoscientemente valorizar a mulher? Ao mesmo tempo que a salvação vem por um homem, não é o homem o autor da salvação?

È um “homem” que redime, mas esse não é filho da “mulher”, nem “filho de homem”. Não é fecundado por homem, mas pelo “Espírito”. (Ruah: vento, sopro, ar em movimento). Com personalidade, mas “assexuado!

Seria incoscientemente uma repugna ao “sexo” ao mesmo tempo uma resignação contra o dominio “Masculino”? Uma tentativa de “equilibrirar”, visto que a mulher tem maior participação do que o homem na história da redenção cristã?

Não seria “filho do homem” o redentor, mas seria “semente da mulher”! Opa! Mas quem disse que mulher tem semen-te? Não importa estamos falando de fé...
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Esse texto foi postado anteriormente com o tema
Deus: Masculino -Feminino...Sem Sexo! (Com pequenas mudanças)
http://cpfg.blogspot.com/2010/08/deus-masculino-femenino-sem-sexo.html

2 comentários:

  1. Ótimo texto JL,

    Recentemente li "O Banquete" de Platão e percebi uma semelhança com a figura do Espírito Santo do cristianismo neste texto:

    "O Amor não é um deus e não é humano.
    O Amor tem o poder de interpretar e transmitir aos deuses o que vem dos homens, e aos homens o que vem dos deuses, de uns as súplicas e os sacrifícios, e dos outros as ordens e as recompensas pelos sacrifícios; e como está no
    meio de ambos ele os completa, de modo que o todo fica ligado todo ele a si mesmo. Por seu intermédio é que procede não só toda arte divinatória, como também a dos sacerdotes que se ocupam dos sacrifícios, das iniciações e dos encantamentos, e enfim de toda adivinhação e magia. Um deus com um homem não se mistura, mas é através desse ser que se faz todo o convívio e diálogo dos deuses com os homens, tanto quando despertos como quando dormindo; e aquele que em tais questões é sábio é um homem de gênio,
    enquanto o sábio em qualquer outra coisa, arte ou oficio, é um artesão. E esses gênios, é certo, são muitos e diversos, e um deles é justamente o Amor."

    Qualquer semelhança não é mera coincidência, rsrs.

    Abraços,

    Evaldo Wolkers.

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  2. Caro professor e amigo


    De início, vou pinçar um parágrafo do seu texto, para nossa dialética aqui nesse recanto.

    “O Espírito Santo é a SINTESE da divindade, nem masculino nem feminino, “neutro”, visto que a ausência da figura masculina ou feminina no arquétipo humano deixa-o deficiente”

    Este trecho do seu ensaio, meu caro J. Lima deu asas a minha imaginação. Já que você colocou o E. Santo como a SÍNTESE, entre a TESE (Deus – pai autoritário) e a ANTÍTESE (Jesus – Filho, ligado a uma bondosa mãe), eu perguntaria:

    Ao invés de considerar a figura do E. Santo como “neutra”, não se revestiria de maior significado simbólico, se Nele (A Síntese) estivesse presente tanto o masculino como o feminino? O fato do E. Santo ser tanto Consolador (atributo feminino da mãe) e ao mesmo tempo gerador do Filho (atributo paterno) não encaixaria bem na minha premissa?

    Nesse caso, eu recorreria ao “hermafroditismo” para explicar antropomorficamente a ação do E. Santo. Levando para o plano humano as minhas divagações, o E. Santo refletiria a nossa ambivalência ou ambigüidade, não no sentido negativo, mas no sentido de ter componente dos dois lados dos arquétipos principais (arquétipo patriarcal e o arquétipo maternal – na figura filial)

    Ansiosamente, fico aguardando a sua resposta.

    Abçs,

    Levi B. Santos

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