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quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Cristo ensinou a negação do Ser?

PARTE II

CONTINUA...

Se Jesus não queria tornar as coisas piores do que já estavam, será que ele estava dizendo:

"Até agora vocês oprimiram o povo com os mandamentos com base na letra da lei de causa e efeito, mas julgam os outros pelos atos, quero lhes mostrar a gênese de todos os atos”. Caso contrario: “Não julgueis, para que não sejais julgados. Pois, com o critério com que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também”. (Mt 7.1-2).

A partir de agora é preciso negar a si mesmo para me seguir, ou seja:

“Quem quiser vir após min, terá que deixar todo juízo de valores a partir de ações concretas, para mergulhar no mundo do inconsciente. A boa noticia que trago, é que as ações são efeitos, as motivações, desejos e repressões são as causas. O juízo de vocês tem base no efeito, julgam os atos, eu, porém proponho uma desconstrução do sistema: “todo juízo deve partir da subjetividade, do abstrato, das intenções e desejos, que estão oculto a uma análise superficial”.

Jesus vivia em conflito com os religiosos, denunciava a mascara social com base no estereótipo, ignorando a interioridade: “limpa primeiro e interior para que o exterior fique limpo“.(Mt 23. 25-26). (Seria essa epistemologia uma introdução à psicanálise?). Freud concorda com Jesus, essa interpretação tem como base a subjetividade! Não seria o fato de ignorar o subconsciente a razão de Freud ser antagônico a religião?

O negar a si mesmo da interpretação tradicional, é a expressão niilista (fuga) de negar o presente (vida) em busca de outra (céu, porvir). Sua nascente na está filosofia platônica, de que: “o mundo dos sentidos estão em oposição ao mundo ideal (metafísico)”, contudo esse ensino não tem paralelo no evangelho de Cristo.

A fuga do homem está que ele não entende o seu psiquismo inconsciente, por isso ignora que seus atos conscientes são impulsos do inconscientes. Jesus fez uma leitura Freudiana antes de Freud no tocante aos fariseus:

"Por que você repara no cisco que está no olho do seu irmão, e não se dá conta da viga que está em seu próprio olho? Como você pode dizer ao seu irmão: ‘Deixe-me tirar o cisco do seu olho’, quando há uma viga no seu? Hipócrita, tire primeiro a viga do seu olho, e então você verá claramente para tirar o cisco do olho do seu irmão. (Mt 7. 3-5).

Não estaria Jesus dizendo que o “cisco” que vemos no olho do outro, na realidade é uma projeção do que está em nós? E que para nos vermos, precisamos do outro como um espelho que reflete a nossa imagem? Mais uma vez não está de acordo com a psicanálise? Porque conseguimos ver no outro algo menor e não conseguimos ver em nós algo maior? Não seria pelo fato de que: “o que nós é próximo nos é desconhecido, como podemos conhecer aquilo que nos é familiar? (Nietsche).

Jesus em seu tempo já denunciava a religiosidade opressora com base em juízos que ignoravam os mecanismo do inconsciente humano. Um amigo psicanalista (Jung) faz a seguinte definição do negar a si mesmo:

“Esse “Negar a si mesmo“ diz respeito ao reconhecimento do nosso lado SOMBRA que, inconscientemente, projetamos no outro? Nesse caso, o “não negar a si mesmo“, seria o mesmo que não admitir o fato de que o comportamento “estranho” do outro, reflete o nosso eu interior coberto pela máscara social?“. (http://levibronze.blogspot.com/2010/11/negar-si-mesmo-o-que-e.html).

Negar a si mesmo é olhar para o que incomoda no outro e saber que são reflexos do nosso olhar no espelho. Só conseguimos nos ver através do reflexo no outro. Todo juízo pré-estabelecido pela sociedade, com normas absolutas, estabelece uma máscara modelo, onde todos são forçados a se encaixar nela. Ignorando a realidade de que cada rosto tem formato diferente, são marcados pelos traços, rugas, sombras existenciais que moldam o rosto de cada um!

3 comentários:

  1. MUITO BOM, J. LIMA!
    BOM ESTAR AO SEU LADO PARA APRENDER AQUILO QUE ESTÁ OCULTO NA PALAVRA DO TODO PODEROSO.
    QUE A PARTIR DE POSSA SER UM TEÓFAGO.
    CONTINUE ASSIM, PARABÉNS

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  2. Caro J. Lima

    Magistral a sua abordagem sobre o "Negar a si mesmo" - fugindo dos estereótipos que pululam por aí,

    Essa da trave no olho tem tudo a ver com a teoria do espelho de Lacan. O cisco que está no olho do outro nos incomoda tanto, justamente porque ele é um pequeno reflexo da trave (recalques) que está no nosso olho interno (o inconsciente).

    O seu texto sobre esse tema, trouxe mais subsídios psicoteológicos em seu bojo, e, não tenho dúvida, de que deu mais consistência ao que postei de forma sucinta lá no "Ensaios & Prosas"

    Parabéns.

    P.S.: Que tal dissecarmos, agora, sobre o que o que é "Tomar a sua Cruz", que vem posteriormente ao "Negar a si mesmo"? (rsrs)

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  3. Olá Levi.
    Não tinha conhecimento dessa teoria do Lacan.
    Quanto a proposta de escrever algo sobre "Tomar a sua cruz", é uma boa.
    Começa lá no seu blog que vou lá postar um comentário, e depois estendo numa nova reflexão para o meu ok?
    Abraço.

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