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Jl-reflexoes

sábado, 19 de fevereiro de 2011

O que é a verdade?

O que é a verdade? (Jo 18.38). Essa não deve ser a pergunta, mas sim: “Para que saber a verdade”?  Está disposto a enfrentar as conseqüências de saber a verdade? 


Jesus disse que o conhecimento da verdade liberta. (Jo 8.32). Contudo “conhecer a verdade”, não é assimilar um conjunto de normas ou regras: “Aquele que prática” (Jo 8.36).

Conhecer a verdade no conceito de Jesus  é enfrentar o conflito  entre o “ego” e o “ super-ego”, o que se deseja  mas não aprova pelo fato de que o objeto do desejo ser contrário a consciência. 

A herança da teologia cristã num âmbito geral tem sua reflexão nos conceitos da soberania de Deus oriunda da reforma, que na realidade foi emprestada do conceito grego de Aristóteles do "motor imóvel". 


Para os gregos o “arché” é o principio o “logos”, a razão que move todas as coisas é não é movido por nada.

No embate com os fariseus Jesus disse: “E conhecereis a verdade”! Eles replicaram que eram “descendência de Abraão” e por isso eram livres. Conhecer a verdade para eles era ter conhecimento da teologia judaica e da tradição dos rabinos, das normas e regras a serem obedecidas, além da genética de Abraão!

Jesus se antecipa ao principio de sociologia Marxista e diz: “Aquele que pratica” (faz) (Jo 8.36). A verdade para Jesus tem sua gênese na AÇÃO! Marx certamente gostaria da resposta que Jesus deu aos fariseus. A verdade não prende tudo nos seus decretos, não está impassível na sua redoma de transcendência, como está nos "Deus dos reformadores", e na teologia tradicional.
                                                                                     
A verdade surge na história, é construída pelo sujeito que age, no conflito entre o principio do prazer e a realidade, na luta do ego x superego, ou classe dominante e a dominada, na ganância do capitalista e na exploração do trabalhador. Quem tem uma verdade atemporal congelada, não consegue dialogar com o fluxo continuo e paradoxal da vida.

A verdade tem varias faces, na verdade são “verdades”.  Uma é a verdade dos banqueiros outra é a do cliente que paga altas taxas de juros para que esse use seu dinheiro na especulação financeira.

Uma é a verdade do trabalhador explorado na sua dignidade, violentado, visto que seu trabalho, fruto da troca da energia do seu corpo pela sobrevivência, não consegue alimentar o próprio corpo que produz o alimento, para ele sobreviver, isso porque o capitalista precisa estocar a produção, para sustentar a sua ganância na valoração do produto.

Uma é a verdade da história narrada pelo exercito que vence a guerra,  outra é a verdade da narração da mesma história pelo exército que foi derrotado. A mesma história tem  “verdades diferentes” e nenhum dos dois irá narrar à “verdade do outro”, visto que toda a verdade nasce da luta do homem por sua sobrevivência.

Pilatos fez bem em virar as costas ao perguntar a Jesus o que é a verdade: “e saiu novamente” (Jo 8.38). Conhecer  verdade para que? A não ser que queira viver na dimensão que ela exige! Cada um tem a sua verdade, e sinceramente ninguém está satisfeito com ela. Conhecer a verdade é mecanismo para a produção da culpa, visto que a verdade surge na negação do conflito, na consciencia da impotência.


A verdade nasce no corpo, mas transcende quando esse não tem capacidade para suportá-la. 
A verdade que liberta é aquela que leva a pessoa a viver em consonância com aquilo que sabe dela, do contrário ela será produtora da arrogância naqueles que  tentam viver de acordo com a "verdade do senso comum" mas no seu interior sabe que não a vive.   


A verdade é também produtora da culpa naquele que a conhece no intelecto mas não a consegue  transportar da subjetividade da teoria para a  concretização dos seus atos. Só quero conhecer a quantidade de verdade que puder viver de acordo com ela, do contrário, acho que é melhor não saber a verdade se ao conhecê-la viver em oposição a consciência. Mas como não tenho opção entre conhecer ou não a "verdade", vou tentar vivê-la no limite do possível que a conheço. 


Ora andando de acordo com ela,  ora se culpando por conhecê-la e transgredi-la.  A verdade é que a "verdade"  é implacável, por isso João disse que cristo veio: "Cheio de graça e verdade". (Jo 1.18). 


A verdade deve ser precedida pela graça, sem a graça para viver a verdade, a vida pode ser aniquilada.

4 comentários:

  1. jl, um filósofo africano dizia que existem pelo menos 3 verdades: a minha, a sua e a VERDADE.

    mestre, é a sua vez de postar lá na confraria(aquele reduto dos desviados de javé que você abandonou) kkkkkkkk

    levi pediu para você escolher um texto seu e postar lá de preferência até amanhã e que você está intimado (com tempo ou sem ele, dá teu jeito, recruta)a participar dos debates que ele produzira.

    abraços

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  2. J lima,
    Estou assassinando a curiosidade de conhecer parte de você, já que somos confraternos lá na CPFG e ainda nâo tive o prazer de ler nem comentar nenhum ponto de vista seu. Vá lá, siga o cnselho do Eduardo.
    Abraços.

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  3. Olá....


    Um comentário...

    Ser homem já indica que entre homens há algo em comum, e o que é comum entre os homens compreende-se como Verdade do Homem. O Homem como criatura é a imagem e semelhança de Deus. A Verdade do Homem é, portanto, inerente a Verdade de Deus. Como tal, é imutável, algo que simplesmente é, que permanece sempre.

    As qualidades que o homem recebe de Deus, que o tornam agradável ao seus olhos, a graça, supõe antes o próprio homem. A graça, sendo algo que acontece a partir de Deus, exige antes um portador do acontecimento, exige antes o Homem, exige antes a Verdade do Homem. A graça, portanto, é precedida pela verdade.

    Abraços...

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