Top blog

Top blog
Jl-reflexoes

sexta-feira, 29 de abril de 2011

NIETSCHE E A RELIGIÃO


Um dos principais métodos para a aprendizagem é a DÚVIDA, a partir dessa a gente começa a questionar, a buscar resposta, esse é um bom começo. A filosofia de Nietsche na sua critica a religião principalmente ao cristianismo está no seguinte:

“O paraíso ou céu tem um preço e qual é esse preço? Todos os sentidos que temos como vontade, desejos, tudo aquilo que o nosso corpo deseja, se opõe a alcançar esse mundo do porvir, que está em oposição aos desejos”.

Paulo tem essa mesma idéia quando diz que para alcançarmos o céu, precisamos aniquilar os desejos da carne (que se manifestam no corpo) para herdarmos o céu. (Que está na outra vida). Esse mundo dos sentidos de Platão é o mesmo que a Carne, e o mundo noumenal que é o ideal, equivalem ao céu à outra vida, pois nessa vida para Platão os sentidos são impedimentos, pois o corpo prende a alma, da mesma forma Paulo diz que a carne (sentidos) é inimiga do Espírito (não físico ideal).

Semelhante a Platão, Paulo consciente ou inconsciente advoga que o corpo é inimigo do Espírito, já que a CARNE entenda esse termo como “desejos que se manifestam no corpo”, milita contra o ESPIRITO, para que esse não faça aquilo que deseja, ou seja, é preciso anular todos os desejos da carne para herdar o céu. Isso significa anular os impulsos naturais do corpo.

Nietsche critica o cristianismo chamando-o de PLATONISMO PARA O POVO, isso por que a filosofia nos tempos de Platão era linguagem da elite. Paulo usa os conceitos de Platão e anuncia por todo o império romano, os princípios da filosofia de Platão para o povo não elitizado.

Nietsche diz que negar os desejos em prol de um mundo noumenal (ideal) na filosofia de Platão, ou negar os desejos que ele chama de AFETOS em pról de um paraíso ou céu no cristianismo, é viver uma vida de FUGA do DEVIR, ou seja, para deter o fluxo continuo da vida que é mudança, crio um principio metafísico, do SER que não muda. Aristóteles o define como o MOTOR IMÓVEL uma força que move todas as coisas, mas não é movido.

No judaísmo esse SER é chamado YAVÉ, no cristianismo JESUS, no Islamismo ALÁ. Esse SER tem princípios imutáveis, regras, dogmas, que ao serem obedecidas, levará o fiél a outra vida, e o recompensará pelo fato dele ter negado os impulsos ou vontade de potencia (NIETSCHE). No judaísmo é a NOVA JERUSALÉM, cristianismo como CÉU, e no ISLAMSMO é PARAISO.

A critica de Nietsche é que para alcançar essa vida fora do corpo, o homem precisa negar os afetos. Acontece que os afetos são a própria vida, e o que chamamos de sentimentos são a “moralização dos afetos”. Reprimi-los é reprimir a vida, uma covardia do homem que anula o viver aqui, em prol de outra vida que supostamente haverá de vir.

Nietsche não para por ai, ele já pertence a modernidade, critica a CIÊNCIA, chamando a de RELIGIÃO. A religião leva o homem a fuga do que ele chama de DEVIR, que significa MUDANÇA, pela necessidade de duração criada pelo homem em razão de que o universo está em constante mudança.

A filosofia grega e as religiões monoteístas dão continuidade a filosofia de PARMENIDES, onde o principio é o ARCHÉ ou SER. NIETSHE dá continuidade ao pensamento de HERÁCLITO, que o principio não é um ser estático, mas o DEVIR, ou seja, no universo tudo se faz, se desintegra e se refaz (esse é o principio da física quântica, da energia que se transforma em matéria e novamente volta ao estado energia, num movimento constante, ora como ondas, ora como partículas) nada está fixo.

NIETSCHE diz que a ciência substituiria o CRISTIANISMO, essa seria a “morte de Deus”, pois no lugar da “fé em Deus”, entra a fé no “homem cientista”. A fé cristã tira o homem do presente quando o leva a viver na dimensão do céu que virá anulando o hoje. A ciência em sua natureza também é religiosa, pois promete o “paraíso” de uma forma metafísica, chamando-a de “futuro”.

A evolução do conhecimento era uma “fé”, ou convicção, que através dela todos os problemas da humanidade seriam resolvidos. Essa idéia era inconscientemente o principio da fé cristã que no paraíso o ESPIRITO não mais lutará contra a CARNE. A ciência prometia também no futuro, um “PARAISO”, pois o conhecimento aniquilaria os conflitos do homem. O principio básico da ciência também é a Fé!

Nietsche chama as propostas da religião e da ciência de NIILISMO (Vazio, nada) visto que as duas projetam para o futuro a solução dos problemas da humanidade. Ambas anulam a vida, o presente, e o devir, em troca de algo que segundo ele não acontecerá!

A matriz filosófica da ciência é a dedução, que busca a comprovação, a da religião é a revelação. Na primeira o êxito está na prova, à tese busca aniquilar toda anti-tese. A religião propõe a tese, e vai além da anti-tese, pois no âmbito da revelação predomina a síntese da dedução e do mistério. A religião não precisa de comprovação, sua dimensão é a convicção que não necessita ser provada para subsistir.

A ciência não conseguiu provar que por meio dela o homem faria do universo um paraíso, entrou em descrédito, quanto à religião continua com sua credibilidade, afinal ela é DESEJO, aceita como verdade o que não se pode provar. A prova do que se crê é o percurso que faz com que a  fé se transforme em ciência.

6 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. J.Lima

    Parafraseando Nietzsche, esse “Céu demasiadamente humano” da imaginação humana, é uma tentativa de fugir do destino carnal mais certo, que é retornar ao pó, ou então uma desesperada busca para se perpetuar em outro mundo, numa outra existência, a fim de continuar vivendo eternamente, dando vazão ao desejo de potência mais íntimo de não findar nunca; procrastinando seu ser, suas vontades e desejos; perpetuando-se por séculos sem fim, almejando continuar num mundo sensitivo de prazeres e delícias, negando a própria natureza de todas as coisas, e a sua própria, onde tudo nasce, cresce e morre.

    Abraços

    P.S.: Não esqueça os velhos amores (a C.P.F.G.)

    ResponderExcluir
  3. Falou mestre Levi.
    Vou dar uma passada mais tarde na CPFG
    não vou esquecer não ok?
    Abraço.

    ResponderExcluir
  4. Caro J.Lima. segue quase na íntegra um aforismo de Niestzche no Gaia ciência: A crença é sempre desejada com a máxima avidez, é mais urgentemente necessária onde falta vontade: pois é a vontade como emoção de mando, o sinal distintivo de auto domínio e força. Isto é, quanto menos alguém sabe mandar, mais avidamente deseja alguém que mande, que mande com rigor, um Deus, um Príncipe,uma classe, um médico, um confessor,um dógma,uma consciência partidária.De onde talvez se pudesse concluir que as duas religiões universais, o budismo e o cristianismo, poderiam ter tido a razão de seu surgimento,sobretudo de sua súbita propagação, em um descomunal adoecimento da vontade. E assim ambas as religiões encontraram um desejo que, pelo adoecimento da vontade, se acumulara até a insensatez a chegava até o desespero, o desejo de um "tu deves".Quando um homem chega à convicção fundamental de que é preciso que mandem nele, ele se torna "crente". niestzche fala aqui sobre o crente e sua necessidade de crença. E mais: sobre a necessidade de ser subalterno,de ter regras a serem seguidas, de ter uma classe que o domine, de ter alguém que sob o pretexto de estar lhes incutindo a vontade de Deus, lhes dê as mais severas ordens. niestzche como sempre está até certo ponto com razão, não obstante seu niilismo tão peculiar que encarava a religião sobretudo o cristianismo como sendo algo vazio, sem sentido. você citou Paulo que disse que para alcançarmos o céu precisamos aniquilar os desejos da carne. isto de certo modo não contradiz o conceito de niestzche que diz que o crente tem sua vontade adoecida pela crença? ou seja: o prazer está justamente na resignação,na falta de liberdade produzida pelo fanatismo? então parece haver uma contradição entre Paulo e niestzche, pois no conceito paulino o prazer é impedimento para alcançar o mundo porvir,enquanto niestzche afirmava que ao procurar a crença o indivíduo ja excluia a possibilidade do prazer, pois teria sua vontade adoecida!

    ResponderExcluir
  5. A humanidade sempre foi criadora de ídolos, sejam esses ídolos novas religiões ou novas ideias, simplesmente para tentar encobrir a verdade da MORTE que é algo inevitável. Para tanto, a humanidade criou a arte, a musica e até mesmo as religiões, por isso que eu não desprezo as religiões, pois eu a considero como uma expressão criativa do pensamento humano.
    Imagino que se Nietzsche vivesse nos tempos de hoje ele criticaria tanto a religiosidade atual, quando o movimento ateológico, que não tem mais um argumento solido fundamentado na razão, mas virou uma mera desculpa para que as pessoas façam o que quiserem.

    ResponderExcluir
  6. Estive procurando uma relação entre Paulo e Platão e encontrei em seu blog um caminho. Sempre briguei com Platão até conhecer Nietzsche por quem me apaixonei, mas escolhi me casar com Sartre. Nietzsche pergunta, denuncia e Sartre responde. Agora entendo porque escolhi a Psicologia (não a Psicanálise). Eu me recuso a esquecer o corpo, o afeto em prol de um devir que nunca vem. Eu ajudo a solucionar problemas no hoje, no aqui e agora. O futuro é consequência das nossas escolhas hoje. Renunciar e conformar-se é escolher o fracasso. Você conseguiu fazer uma síntese interessante do que venho estudando. Continue postando seus textos, pois vou acompanhá-los. Parabéns pelo blog. Precisamos de você. Roseli Weh

    ResponderExcluir