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sábado, 9 de abril de 2011

O QUE JESUS QUIS DIZER COM "VENCER O MUNDO"?

Jesus começa a sua despedida no capitulo 14 do evangelho de João, falando que na casa do pai HÁ MUITAS MORADAS caso contrário ele teria dito: “POIS VOU PREPARAR LUGAR e caso fosse, se não houvesse moradas, ele iria e voltaria para que os discípulos estivessem onde ele estaria. (Jo 14.1-3). 

Ele disse rogaria ao pai para que enviasse outro consolador, para que ficasse com eles para sempre (Jo 14.16). Prometeu que não os deixaria órfãos e que voltaria para eles: “Jesus respondeu, e disse-lhe: Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada” (Jo 14. 23).

Jesus então disse como ele virá e fará morada naqueles que guardar a sua palavra : “Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito”. (Jo 14.23).

Quando Jesus diz que no mundo tereis aflições (Jo 16.33). Ele está falando do sistema que é justamente o oposto do que ele vai falar. Ele mostra que entre Ele e o pai não há hierarquia de poder, que a sua submissão tem base no amor” (Jo 17.1-5). Isso porque mesmo usando o termo PAI, ele mostra um relacionamento de reciprocidade, sem nenhuma patente de superioridade.

Jesus o filho estava EM CARNE! (Jo1.14). Ele desce a uma esfera inferior, mas mostra que o pai o trata com igualdade! Na oração registrada no evangelho segundo João, Ele mostra que mundo é esse que ele diz ser instrumento de aflição e que os seus discípulos em todos os tempos deveriam vencer.

Mundo é todo relacionamento que usa do poder para se impor! Um sistema que tem seus relacionamentos com base na imposição da hierarquia. Mundo se manifesta em toda tentava de manter a ordem através da coerção.  (Jo 17. 1-5)

O evangelho é relacionamentos! A essência do evangelho é mostrar como que Deus o PAI se relaciona com seus filhos através do seu FILHO Jesus! Ele havia mostrado que os relacionamentos não devem ser estabelecidos numa ordem hierárquica, pois quando alguém se sujeita por imposição, ele faz por não ter opção, faz o que lhe é dever, mas tudo que é feito por dever, exclui o prazer, a alegria!

Jesus diz que é chegada a hora e pede para que o pai lhe glorifique, para que ele retribua (Jo 17.1). O pai dá ao filho e o filho se compromete em retribuir mostra que a submissão ao pai, deve existir tendo por base a liberdade, por isso ele mostra que recebeu poder sobre toda a carne, (homens), para ao mesmo tempo para dar a vida a todos quantos ele recebeu (Jo 17.2).

Quando o relacionamento não tem base no poder do maior na escala hierárquica, há retribuição voluntaria, há uma submissão espontânea por isso Jesus disse: “Eu glorifiquei-te na terra, tendo consumado a obra que me deste a fazer” (Jo 17.4). A honra que o PAI deu ao filho o motivou levar adiante a obra que recebeu.

A liberdade traz reciprocidade sincera, enquanto a imposição traz mascaras, fingimento. Só tem ao lado a pessoa que ama, quando a pessoa amada tem liberdade para decidir não ficar ao seu lado e faz opção por ficar. Na liberdade se manifesta o amor e a verdade, pois só quem dá liberdade prova que ama, e só quem fica ao lado de quem tem a liberdade para não ficar, realmente fica porque ama.

Mundo é todo relacionamento com as posses, como se essas fossem realmente do possuidor! Tudo era do pai, e do filho. Pai e Filho tinham tudo, mas os dois se relacionavam como se não tivessem nada! (Jo 17. 6-10).

Mundo é um sistema onde a pessoa se relaciona com egoísmo para com os bens que conquista. Jesus mostra que o mundo se relaciona com base no egoísmo, na oração ele diz que manifestou o nome do pai aos homens que do MUNDO ME DESTE, eram TEUS e tu MOS DESTE (Jo 17.6) e que agora eles conheciam que TUDO QUANTO ME DESTE e eles a RECEBERAM e tem verdadeiramente conhecido que SAI DE TI e creram que ME ENVIASTE (Jo 17.7,8).

Eu não rogo pelo MUNDO (nesse caso mundo pode se interpretar que naquele momento a oração tinha era para os que seriam futuramente seus discípulos e não todas as pessoas), ele continua: “mas por aqueles que me deste, porque são teus”. (Jo 17.9). Depois ele conclui: “E todas as minhas coisas são tuas, e as tuas coisas são minhas; e nisso sou glorificado” (Jo 17.10).

Ele diz que estando no mundo guardou os discípulos no nome do pai, e que nenhum deles havia se perdido exceto o filho da perdição para que a escritura se cumprisse (Jo 17.12).

Judas se perdeu como? Perdeu a “salvação” onde está escrito que Judas perdeu a salvação? Em nenhum lugar diz que Judas perdeu a salvação, todos os discípulos ainda estavam vivos e essa oração foi feita antes da morte de Judas. Jesus disse que os outros discípulos ele guardou, mas que Judas se perdeu, porque se deixou seduzir pelo amor a POSSES. Quem se deixa seduzir pelo que deseja conquistar ou pela conquista que deseja, se perde porque esse é o sistema do mundo. No texto não fala sobre perdição como “perder a salvação”, aliais sequer surge o termo salvação no texto! Quem colocou no texto foi a interpretação da tradição!

Ganhar o mundo e perder a alma não é aproveitar a vida aqui no mundo e não ir para o céu, mas conquistar o que deseja aqui em troca de uma vida amarga, sem sensibilidade, sem alegria “Pois, que aproveitaria ao homem ganhar todo o mundo e perder a sua alma?” (Mc 8.36). Muitos entenderam que Jesus estava propondo uma troca, trocar a vida aqui pela vida do porvir.

Esse entendimento criou cristãos alienados da vida, fugitivos, e até mesmo medrosos em certos contextos! Perder a alma não é perder a salvação para o mundo que virá, mas perder a alegria em busca dos poderes que o sistema do mundo oferece! E em busca de conquistar o que deseja perder o desejo de desfrutar a própria vida.

A pergunta é de quem são mesmo todas as coisas? Do filho ou do pai? Ele diz que todas as coisas são dele, depois diz que todas as coisas são do pai! Ora nós entendemos posse se referindo na primeira pessoa do singular MINHA com antitético a SUA. Jesus e o pai se relaciona como os que TEM TUDO mas ao mesmo tempo NÃO TEM NADA. Onde estava a alegria do filho? Está em que tinha tudo, ao mesmo tempo tudo não era exclusivamente seu, mesmo tendo tudo ele viveu como se não tivesse nada! “As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça”. (Mt 8.20).

Só desfruta de tudo que tem quem tem tudo, mas vive como se não tivesse nada. A segurança no que se tem, tira a alegria de desfrutar o que está em seu poder, visto ter medo de um dia ficar sem nada, mas quem já vive como se nada tivesse não tem nada a temer, pois não tem o que perder!

Jesus mostra que mundo é um sistema de vida organizado no EGOISMO onde aquilo que é meu nunca é compartilhado com o outro, é viver em torno das posses, é nunca aproveitar a vida porque sempre tem que economizar, é nunca deixar que outro usufrua daquilo que é minha posse.

Mundo para Jesus e desejar ter tudo e ter a sensação de não ter nada, e o oposto ao sistema do mundo e viver como se tivesse tudo, mas ao mesmo tempo ter consciência que não tem nada, afinal realmente não temos. Quando se tem essa consciência, a vida pode ser mais leve, pode-se desfrutar melhor do que se conquista, pode se aproveitar o que se tem, por ter consciência que na realidade nada se tem, tudo vai passar!  

Mundo é todo relacionamento que exclui os diferentes. O Filho se fez carne, o pai é Espírito, contudo são UM! Na encarnação as diferenças entre eles convergiram para a unidade na diversidade! (Jo 17.11, 21-22).

]Na encarnação o filho desceu a uma dimensão inferior de vida, ficou limitado ao tempo, sentiu todas as fraquezas humanas. Mas o  relacionamento que Ele tinha com o pai se manteve em harmonia como o que Ele tinha desde a fundação do mundo! (Jo 17.5). Jesus fala que já não está mais no mundo, mas os discípulos continuarão no mundo e ele iria para junto do pai e pede para que o pai os guarde em seu nome os que lhe deste “PARA QUE SEJAM UM, ASSIM COMO NÓS” (Jo 17.11). Ele fere o principio da gramática “sejam um” assim como “nós somos um”. Ele não segue a lógica da gramática e nem da matemática.

Na gramática plural e singular são auto-excludentes, não podem conviver na mesma frase, isso porque a gramática é construção da lógica, trabalha com concordância, relacionamentos precisam existir mesmo com discordâncias! Jesus mostra que a diversidade deve convergir para a unidade, pois há diferença entre unidade na uniformidade para a unidade na diversidade


Na primeira as diferenças são anuladas, tudo se parece, mas não é, consegue fazer com que todos venham agir da mesma forma, contudo não conseguira fazer com que ações e pensamentos andem juntos. Na segunda há tolerância para os que pensam diferente, consegue manter a unidade pelo fato de ter o mesmo propósito. Jesus nunca quis uma unidade de pensamento, mas uma unidade de objetivos. A forma com que os objetivos são alcançados são diferentes.

“E eu dei-lhes a glória que a mim me deste para que SEJAM UM como NÓS SOMOS UM. Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste” ( Jo 17.21,22)

Jesus já antevia o principio da física quântica que relativiza o significado do numero UM! Não existe “UM” como unidade independente! Nenhum objeto é único, visto estar em conexão com as demais leis do universo. Jesus já dizia que Ele e o pai, adotaram esse principio desde a eternidade “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus (Jo 1.1) e queria que os discípulos assim o fizessem, Pedro, Tiago, João, Tomé, Felipe, pessoas diferentes que jamais teriam UNIFORMIDADE, poderiam ter UNIDADE.

Quando se busca unidade na diversidade preserva-se a singularidade. Deus é singular e criou seres singulares, cada um com características ímpares.  A exclusão para com os diferentes é o que Jesus chamou de mundo, para ele a unidade dos discípulos iria tornar mensagem do evangelho digna de credibilidade, não significa pensar igual tão pouco se expressar da mesma forma, mas reconhecer a magnitude da manifestação  da multiforme sabedoria de Deus.

3 comentários:

  1. É imenso o texto mas li na íntegra e tenho que conversar com você sobre isso pessoalmente, pois minha sensação ao te ler foi de uma intuição muito forte sobre a capacidade de homens como Caio Fabio, e muitos outros em fechar o evangelho de forma poética sistemática como você também fez. O romantismo sistemático de vocês é a causa de todo êxito da religião desde João o apostolo, Justino o mártir, Irineu o pai apostólico e Agostino e todos os outros que dão a sua versão particular do evangelho, minha leitura do seu texto foi muito alem do eu você passou, eu te li como escritor, eu te vi como romancista do evangelho como caio, Boff e outros que fazem o mesmo. Meu papo com você pessoalmente esta alem do teor intelectual e espiritual do texto, mas sim em questões morais e viscerais sobre a formação e fundação da religião pelos escritores talentosos desde João ate caras como você que cria e esculpe na madeira uma forma aonde não tem forma, o evangelho não existe espiritualmente, são talentos literários que criam ele.

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  2. VC É DEMAIS DEUS ABENÇOEI CONTINUE ASSIM

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  3. Gostei das definições de mundo; muito lúcido.

    Abraços,

    Bella

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