UMA REFLEXÃO SOBRE VELHICE DESCARTÁVEL E A SUPERVALORIZAÇÃO DA JUVENTUDE NA MODERNIDADE.
A propaganda começa com uma Senhor falando :
- 140 anos trabalhando aqui e ainda fico abismado como a cerveja é gostosa.
O jovem entra na conversa e diz:
- Falando em gostosa, vocês não querem fazer um comercial com mulher gostosa né?
O Senhor que havia falado que há 140 anos trabalhava na cervejaria responde:
- Não!
O jovem então pergunta:
- O que a gente faz então para deixar a nossa propaganda mais jovem?
Outro Senhor pergunta:
- De novo?
O primeiro que iniciou o diálogo diz:
- Você pode fazer o que quiser só não mexe com a cerveja!
O outro Senhor levanta o dedo e diz:
- E nem com a Dona Yolanda!
Aponta com a cabeça para o lado em direção uma Senhora que está sentado do outro lado, dá uma pausa e com um sorriso diz:
“Tô pegando”!
Há dois conceitos que retratam o fenômeno que vivemos na modernidade em relação a juventude e velhice:
O 1° conceito:
A enfase inicial que ressalta o valor da tradição, o tempo como algo que pode preservar a qualidade.
Um século e meio, fala da “velhice” uma valoração da tradição como uma necessidade psicológica de duração, de segurança.
Segundo Giddens (1990, p.107):
“A tradição contribui de maneira básica para a segurança ontológica na medida em que mantém a confiança na continuidade do passado, do presente e futuro, e vincula esta confiança a práticas rotinizadas”.
Há uma defesa da tradição, da preservação dos costumes no tempo, onde separa beber desvinculado a mulheres seminuas, como é feito normalmente nas propagandas.
A cerveja não foi afetada pelas mudanças da modernidade, a tradição resistiu ao tempo.
O 2° conceito:
A propaganda faz uma apologia a preservação da tradição, ao mesmo tempo em que a contradiz.
Isso acontece quando outro senhor dá continuidade, mostrando que o tempo preservou o valor ao dizer:
- E nem com a Dona Yolanda!
A Dona Yolanda e a Cerveja são colocadas como sinônimo de valor imutável, não afetada pela modernidade, a tradição que resiste ao tempo.
Mas quando o Senhor faz uma pausa e diz:
- Tô pegando!
Ele mostra o processo de desconstrução da tradição frente a modernidade, ao utilizar um termo que mostra as relações frágeis.
Esse é o fenômeno da “modernidade liquida”, onde as relações são fluidas e pouco duráveis.
Na concepção de Baumann (2003):
“Os fluídos movem-se facilmente, quer dizer: simplesmente “fluem”, “escorrem entre os dedos”, “transbordam”, “vazam”, “preenchem vazios com leveza e fluidez”.
Desvalorização da velhice e uma tentativa de eternizar a juventude.
A juventude é supervalorizada e a velhice é sinônimo de invalidez e objeto descartável.
Vivemos num mundo em que as pessoas têm medo envelhecer, por isso o Senhor que valorizou a “Dona Yolanda” que também tinha a sua faixa etária, a desvalorizou quando disse:
- “Estou pegando”!
Estar “pegando alguém", não é algo da tradição é fenômeno da modernidade.
Essa é a desvalorização do durável e a supervalorização do descartável.
"Pegar" conota objeto e não pessoas.
Nesse drama existencial é que surge uma das industrias que mais faturam no mundo capitalista.
A industria de cosméticos para ocultar os traços da velhice.
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Referências.
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Tradução: Plínio Dentzien. Rio de Janeiro: Zahar, 2003.
GIDDENS, Anthony. As consequências da modernidade. Jorge Zahar Editor. Rio de Janeiro. RJ. 1997.
A propaganda começa com uma Senhor falando :
- 140 anos trabalhando aqui e ainda fico abismado como a cerveja é gostosa.
O jovem entra na conversa e diz:
- Falando em gostosa, vocês não querem fazer um comercial com mulher gostosa né?
O Senhor que havia falado que há 140 anos trabalhava na cervejaria responde:
- Não!
O jovem então pergunta:
- O que a gente faz então para deixar a nossa propaganda mais jovem?
Outro Senhor pergunta:
- De novo?
O primeiro que iniciou o diálogo diz:
- Você pode fazer o que quiser só não mexe com a cerveja!
O outro Senhor levanta o dedo e diz:
- E nem com a Dona Yolanda!
Aponta com a cabeça para o lado em direção uma Senhora que está sentado do outro lado, dá uma pausa e com um sorriso diz:
“Tô pegando”!
Há dois conceitos que retratam o fenômeno que vivemos na modernidade em relação a juventude e velhice:
O 1° conceito:
A enfase inicial que ressalta o valor da tradição, o tempo como algo que pode preservar a qualidade.
Um século e meio, fala da “velhice” uma valoração da tradição como uma necessidade psicológica de duração, de segurança.
Segundo Giddens (1990, p.107):
“A tradição contribui de maneira básica para a segurança ontológica na medida em que mantém a confiança na continuidade do passado, do presente e futuro, e vincula esta confiança a práticas rotinizadas”.
Há uma defesa da tradição, da preservação dos costumes no tempo, onde separa beber desvinculado a mulheres seminuas, como é feito normalmente nas propagandas.
A cerveja não foi afetada pelas mudanças da modernidade, a tradição resistiu ao tempo.
O 2° conceito:
A propaganda faz uma apologia a preservação da tradição, ao mesmo tempo em que a contradiz.
Isso acontece quando outro senhor dá continuidade, mostrando que o tempo preservou o valor ao dizer:
- E nem com a Dona Yolanda!
A Dona Yolanda e a Cerveja são colocadas como sinônimo de valor imutável, não afetada pela modernidade, a tradição que resiste ao tempo.
Mas quando o Senhor faz uma pausa e diz:
- Tô pegando!
Ele mostra o processo de desconstrução da tradição frente a modernidade, ao utilizar um termo que mostra as relações frágeis.
Esse é o fenômeno da “modernidade liquida”, onde as relações são fluidas e pouco duráveis.
Na concepção de Baumann (2003):
“Os fluídos movem-se facilmente, quer dizer: simplesmente “fluem”, “escorrem entre os dedos”, “transbordam”, “vazam”, “preenchem vazios com leveza e fluidez”.
Desvalorização da velhice e uma tentativa de eternizar a juventude.
A juventude é supervalorizada e a velhice é sinônimo de invalidez e objeto descartável.
Vivemos num mundo em que as pessoas têm medo envelhecer, por isso o Senhor que valorizou a “Dona Yolanda” que também tinha a sua faixa etária, a desvalorizou quando disse:
- “Estou pegando”!
Estar “pegando alguém", não é algo da tradição é fenômeno da modernidade.
Essa é a desvalorização do durável e a supervalorização do descartável.
"Pegar" conota objeto e não pessoas.
Nesse drama existencial é que surge uma das industrias que mais faturam no mundo capitalista.
A industria de cosméticos para ocultar os traços da velhice.
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Referências.
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Tradução: Plínio Dentzien. Rio de Janeiro: Zahar, 2003.
GIDDENS, Anthony. As consequências da modernidade. Jorge Zahar Editor. Rio de Janeiro. RJ. 1997.