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domingo, 13 de setembro de 2015

LEI E PECADO EM JESUS E PAULO

Há uma diferença básica entre a definição de Pecado e Lei na vida de Jesus e a abordagem feita pelo apóstolo Paulo.

Jesus e Paulo falam do pecado (singular) como a perda da retidão do homem no Éden (Romanos 5.12) contudo, Paulo tenta aplicar os efeitos dos “pecados” nas relações humanas no contexto das comunidades cristãs.

Jesus não dá ênfase a “pecados” (plural), trata da condição humana perdida no Éden e como restaurar sua relação com o próximo, condição sem a qual impossibilitava o cristão de entrar no reino. (Mateus 5.20).

Paulo fala da humanidade caída, onde Judeus e gentios estão nas mesmas condições (Romanos 3.19-20).

Nessa relação entre lei e pecado temos três estágios:

1º LEI DA LIBERDADE: A árvore do conhecimento era apenas uma opção, embora houvesse desejo, nenhum impulso determinaria sua escolha (Gênesis 2.16-17).

O homem opta livremente em seguir a sugestão da serpente: “abrir os olhos para o conhecimento e ser igual a Deus” (Gênesis 3.5). O desejo de ser “deus” de si mesmo.

2º LEI DO PECADO: O conhecimento do mal não daria ao homem poder para dominar o mal conhecido. Deus advertiu Caim: “o pecado o ameaça à porta; ele deseja conquistá-lo, mas você deve dominá-lo” (Gênesis 4.7).

A liberdade passou a ser limitada pelo desejo, onde era apenas uma opção, passou a ser um conflito. O pecado passaria a dominar o homem e ao homem caberia lutar para não se deixar dominar. A lei da liberdade passou a ter um limitador: a “lei do pecado”?

Paulo didaticamente explica esse conflito em sua experiência:

“eu não saberia o que é pecado, a não ser por meio da lei. Pois, na realidade, eu não saberia o que é cobiça, se a lei não dissesse: Não cobiçarás". (Romanos 7.7).

O pecado se utiliza do mandamento para produzir efeito colateral: “produzir todo tipo de desejo cobiçoso. Pois, sem a lei, o pecado está morto”.(Romanos 7.8).

Somente uma intervenção poderia amenizar ou dar ao homem um possibilidade de lutar contra a lei do pecado que habita nele. A lei da liberdade foi afetada pela lei do pecado, que agora precisaria de uma nova lei...

3º LEI DO ESPÍRITO E VIDA: Depois e mostrar os conflitos que havia no seu interior e que a lei serviu para mostrar a intensidade do pecado que habita no homem (Romanos 7.13).

Paulo mostra que não basta desejar fazer o bem, pois na prática, fazia o mal que não desejava, isso porque, havia um conflito entre: o bem que conhecia e o mal que prevalecia. (Romanos 7.18-23),

Paulo fala da nova lei que faria oposição a lei do pecado que seria a anulação da condenação atrvés da “Lei do Espírito e Vida” que faria a libertação da lei do pecado e da morte.

A  lei embora com boas intenções (7.12) não tinha poder sobre o pecado, devido ao pecado que habita no homem, então Deus interfere “enviando seu próprio Filho à semelhança do homem pecador, como oferta pelo pecado. E assim condenou o pecado na carne”. (Romanos 8.3).

A lei não atingia seu objetivo porque havia uma contradição entre os desejos de viver de acordo com a lei e os desejos despertados pela própria lei, dessa forma, o homem sequer saberia o que é cobiça se a lei não dissesse: “Não cobiçarás” (Romanos 7.7).

Paulo então fala que agora seria possível “andar no Espírito” através de uma mudança de mentalidade (Romanos 8.5), seria possível não cumprir com os “desejos” que conspiram contra a Lei do Espírito e de vida.

Como então o homem poderia vencer o pecado que atua através da lei? Lutando contra Ele? A resposta está no inicio do capitulo 7, Paulo diz que a morte rompe com a lei: “vocês também morreram para a lei, por meio do corpo de Cristo”. (Romanos 7.4).

Morrer relativamente e não totalmente, ou seja, embora os desejos sempre irão existir, não deverão mais ser alimentados através da lei, o apóstolo descobriu que: “o próprio mandamento, destinado a produzir vida, na verdade produziu morte” (Romanos 7.10)..

O  pecado não poderá ser vencido criando uma leis, a lei ao invés de  enfraquecer o pecado, o fortalece. 

Tomemos um exemplo quando alguém se propõe a fazer um regime, a pessoa diz:

Não vou comer mais o tanto que comia, ao fazer isso, a pessoa inconscientemente cria uma lei e automaticamente o desejo de comer será maior que antes.

Jesus  e a lei: A letra da lei justifica o homem  diante dos homens -  o espírito da lei iguala  todos  os homens diante de deus.

Se a lei condenava o pecado “Não adulterarás” a  penalidade seria a morte por apedrejamento (Levítico 20.10), como entender Jesus dizer:

Vocês ouviram o que foi dito: ‘Não adulterarás’. Mas eu lhes digo: qualquer que olhar para uma mulher para desejá-la, já cometeu adultério com ela no seu coração. (Mateus 5.27,28).

Se na lei o pecado é condenado na prática, Jesus traz o pecado para a esfera do desejo. Jesus trouxe  uma lei mais severa que a lei do pecado? Já que o pecado só era creditado quando efetivado e agora, seria concretizado no desejo e não no ato.

Para entendermos esse texto é preciso analisar o seu contexto, Jesus não estava trazendo um evangelho mais rígido que a lei, mas sim queria confrontar os moralistas  que achavam que poderiam ser justificados diante de Deus através das obras da lei, por isso, Jesus advertiu os discípulos:

Pois eu lhes digo que se a justiça de vocês não for muito superior à dos fariseus e mestres da lei, de modo nenhum entrarão no Reino dos céus" (Mateus 5.20).
Jesus reconhece que havia justiça nas obras dos fariseus e mestres da lei, contudo, essa justiça era parcial, visto que o cumprimento da lei exigia harmonia entre o desejar e o praticar, assim, “não adulterar” não era suficiente, era preciso “não desejar adulterar”!

Jesus estava confrontando os fariseus que não adulteravam, eram admirados pelos homens, mas diante de Deus, caiam na condenação ao “desejar no coração” o que não concretizavam nos atos.

O ato não é justificado pelo ato em si, mas pelo desejo que está por trás do ato. A justiça da lei exige que haja harmonia entre ação e o desejo:

Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu CORAÇÃO, de toda a sua ALMA e de todo o seu ENTENDIMENTO’ (Mateus 22.37).

No Evangelho segundo João capitulo 8, vemos um exemplo prático, uma  mulher flagrada em adultério, estava para ser apedrejada, Jesus perguntou aos que estavam com as pedras nas mãos:

Quem NÃO TEM PECADO atire a primeira pedra. Se algum de vocês estiver SEM PECADO, seja o primeiro a atirar pedra nela (João 8.7).

Jesus cita “pecado” (singular) não estava falando de  “pecados” mas de pecado no sentido de desejar. Quais deles que queriam apedrejar a mulher que  não estaria desejando secretamente no seu coração ter aquela  mulher que queriam apedrejar?

O pecado na raça humana pode entendido usando a teoria de Aristóteles na relação: “potência” e “Ato”, todos carrega em si a  potencialidade (potência)  para a atualização (ato), o que separava os apedrejadores era a  “atualização” (consumação)  do pecado que não se concretizava por  medo de quebrar a lei.

No entanto ao obedecer a letra da lei:  “não adulterarás”, quebravam o “Espírito da lei”, o amor a Deus era apenas na exterioridade, pois na interioridade, “coração, alma, entendimento”(Mateus 22.37) estavam em oposição as suas ações.

Jesus mostra que as dimensões: “Letra e Espírito” devem estar unificadas, portanto, quem ousar tentar cumprir a lei através da obras,  não basta se abster da prática do mal, mas no coração não  desejar o mal do qual se abstém.  

Jesus  iguala fariseus, publicanos, pecadores e prostitutas  e concorda com Paulo quando diz:

 “Sabemos que tudo o que a lei diz, o diz àqueles que estão debaixo dela, para que toda boca se cale e todo o mundo esteja sob o juízo de Deus. Portanto, ninguém será declarado justo diante dele baseando-se na obediência à lei, pois é mediante a lei que nos tornamos plenamente conscientes do pecado. (Romanos 3:19,20).

Cumprir os mandamentos da lei pode até justificar o homem diante dos homens, mas o  Espírito da lei mostra que todos são iguais diante de Deus: Pecadores!

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