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sábado, 19 de fevereiro de 2011

O que é a verdade?

O que é a verdade? (Jo 18.38). Essa não deve ser a pergunta, mas sim: “Para que saber a verdade”?  Está disposto a enfrentar as conseqüências de saber a verdade? 


Jesus disse que o conhecimento da verdade liberta. (Jo 8.32). Contudo “conhecer a verdade”, não é assimilar um conjunto de normas ou regras: “Aquele que prática” (Jo 8.36).

Conhecer a verdade no conceito de Jesus  é enfrentar o conflito  entre o “ego” e o “ super-ego”, o que se deseja  mas não aprova pelo fato de que o objeto do desejo ser contrário a consciência. 

A herança da teologia cristã num âmbito geral tem sua reflexão nos conceitos da soberania de Deus oriunda da reforma, que na realidade foi emprestada do conceito grego de Aristóteles do "motor imóvel". 


Para os gregos o “arché” é o principio o “logos”, a razão que move todas as coisas é não é movido por nada.

No embate com os fariseus Jesus disse: “E conhecereis a verdade”! Eles replicaram que eram “descendência de Abraão” e por isso eram livres. Conhecer a verdade para eles era ter conhecimento da teologia judaica e da tradição dos rabinos, das normas e regras a serem obedecidas, além da genética de Abraão!

Jesus se antecipa ao principio de sociologia Marxista e diz: “Aquele que pratica” (faz) (Jo 8.36). A verdade para Jesus tem sua gênese na AÇÃO! Marx certamente gostaria da resposta que Jesus deu aos fariseus. A verdade não prende tudo nos seus decretos, não está impassível na sua redoma de transcendência, como está nos "Deus dos reformadores", e na teologia tradicional.
                                                                                     
A verdade surge na história, é construída pelo sujeito que age, no conflito entre o principio do prazer e a realidade, na luta do ego x superego, ou classe dominante e a dominada, na ganância do capitalista e na exploração do trabalhador. Quem tem uma verdade atemporal congelada, não consegue dialogar com o fluxo continuo e paradoxal da vida.

A verdade tem varias faces, na verdade são “verdades”.  Uma é a verdade dos banqueiros outra é a do cliente que paga altas taxas de juros para que esse use seu dinheiro na especulação financeira.

Uma é a verdade do trabalhador explorado na sua dignidade, violentado, visto que seu trabalho, fruto da troca da energia do seu corpo pela sobrevivência, não consegue alimentar o próprio corpo que produz o alimento, para ele sobreviver, isso porque o capitalista precisa estocar a produção, para sustentar a sua ganância na valoração do produto.

Uma é a verdade da história narrada pelo exercito que vence a guerra,  outra é a verdade da narração da mesma história pelo exército que foi derrotado. A mesma história tem  “verdades diferentes” e nenhum dos dois irá narrar à “verdade do outro”, visto que toda a verdade nasce da luta do homem por sua sobrevivência.

Pilatos fez bem em virar as costas ao perguntar a Jesus o que é a verdade: “e saiu novamente” (Jo 8.38). Conhecer  verdade para que? A não ser que queira viver na dimensão que ela exige! Cada um tem a sua verdade, e sinceramente ninguém está satisfeito com ela. Conhecer a verdade é mecanismo para a produção da culpa, visto que a verdade surge na negação do conflito, na consciencia da impotência.


A verdade nasce no corpo, mas transcende quando esse não tem capacidade para suportá-la. 
A verdade que liberta é aquela que leva a pessoa a viver em consonância com aquilo que sabe dela, do contrário ela será produtora da arrogância naqueles que  tentam viver de acordo com a "verdade do senso comum" mas no seu interior sabe que não a vive.   


A verdade é também produtora da culpa naquele que a conhece no intelecto mas não a consegue  transportar da subjetividade da teoria para a  concretização dos seus atos. Só quero conhecer a quantidade de verdade que puder viver de acordo com ela, do contrário, acho que é melhor não saber a verdade se ao conhecê-la viver em oposição a consciência. Mas como não tenho opção entre conhecer ou não a "verdade", vou tentar vivê-la no limite do possível que a conheço. 


Ora andando de acordo com ela,  ora se culpando por conhecê-la e transgredi-la.  A verdade é que a "verdade"  é implacável, por isso João disse que cristo veio: "Cheio de graça e verdade". (Jo 1.18). 


A verdade deve ser precedida pela graça, sem a graça para viver a verdade, a vida pode ser aniquilada.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Como Deus se relaciona comigo?


JEREMIAS 18.1-10
Uma das perguntas mais importantes para o cristão é: “Como Deus se relaciona comigo”? Ter uma visão clara de como Deus intervém na dimensão humana é importante para que a vida do cristão tenha consolo, ao mesmo tempo evita o descontrole, de ficar sempre com medo de que Deus vai fazer algo que está totalmente contra a sua vontade.


No contexto proximo ao episódio onde Jeremias vai a casa do oleiro, Deus já estava  advertindo a tribo de Judá,  que estava em decandencia. Haviam se afastado de Deus e estava caminhando para colher as consequências dos seus atos. (Jr 17.1-27).  Essa tribo iria mais tarde ser levada ao cativeiro em babilônia . (Jr 29.10-11).

Deus chama Jeremias e o manda a casa do oleiro, ao chegar lá Deus usa um processo pedagógico audio-visual, manda ele observar o trabalho do artesão ao mesmo tempo em que fala ao seu coração. Nessa experiência narrada por Jeremias, Deus mostra como ele se relaciona com o homem. O texto mostra uma  figura de Lingugem com três componentes de forma simbólica:
O oleiro = Deus
A roda  = A vida
O barro em cima da roda = O homem  (representado no texto pela tribo de judá).

Nessa narrativa veremos alguns principios deixados por Deus para nos indicar como Ele se relaciona com o homem criado a sua imagem e semelhança:

I. Deus nos da a vida e nos coloca em movimento. Viva consciente de que no movimento da vida, o im-previsto é pré-visto por Deus. Ele não nos impede de correr riscos (Jr 18. 3).

 Jeremias ao chegar a casa do oleiro viu que “ele estava fazendo a sua obra sobre as rodas” (v3). O oleiro colocou o barro num local de movimento, isso porque, a vida é um processo, e tudo no universo se move. O oleiro sabe que ao colocar o barro em cima da roda havera riscos, contudo ele também sabe que uma vida sem riscos não tem significado.

O risco do barro estar sobre as rodas é grande, mas o alvo é maior, todo barro necessita de uma trajetória até se tornar vaso, antes de ser vaso, o vaso é barro. Um vaso não deixa de ser  barro  mas ganha forma , no entanto ele precisa estar em movimento:  “em cima da roda”. Quem quiser se relacionar com Deus precisa saber que ao nos dar vida, Ele já sabe que iriamos ter imprevistos, contudo aquilo que nao é visto pelo homem é ante-visto por Deus. Viva a vida e corra risco, pois correr risco é a essencia de quem está vivo. Deus nos deu a vida e junto com elas essas possibilidades.

II –Deus nos deu a vida para aprendermos que Ele nos tem nas mãos, mas isso não significa que vai nos livar dos acontecimentos que nos causam dor, mesmo estando em suas mãos há possibilidade de nos quebrarmos (Jr 18. 4).

A figura do oleiro e do barro mostra a pedagogia divina no tocante a sua atitude diante do  homem. A roda simboliza a vida, o homem é o barro que gira. A vida é movimento, o barro precisa suportar as contingências do movimento, afinal o mais previsto na vida é justamente o imprevisto! O vaso se “quebrou”, não foi o oleiro que o quebrou,  portanto não precisa pedir para o “oleiro quebrar o vaso”, deixe que a vida se encarrega disso, pois tudo o que está em movimento está em risco.

Deus não tem prazer no sofrimento humano. O sofrimento é um mal necessário, somos compostos de matéria frágil. O texto diz : “o vaso se lhe quebrou nas mãos”! Eis ai um paradoxo: “Se estou nas mãos de Deus como posso me quebrar”? Deua não é todo poderoso? A resposta é sim, mas quem disse que ser todo poderoso é fazer todas as coias? Ser todo poderoso é ter poder para não fazer! Deus é tão poderoso que trabalha com a liberdade humana. Ele limita o seu poder pela nossa liberdade, pois caso contrário ele não poderia dizer que nos ama! O amor se expressa na liberdade de quem ama e o objeto do seu amor.

As pessoas querem um Deus que as livre das adversidades da vida, que não as deixe sofrer, contudo esquecem que a vida é sofrimento, não há como viver sem sofrer. O vaso se quebrou nas mãos do oleiro. Estar nas mãos do oleiro não significa a isenção do sofrimento e das quedas, mas que nos sofrimentos e nas quedas, a mão do oleiro sempre está próxima para nos ajudar a prosseguir.

III. Deus nos Deus  a vida  para corrermos riscos, as quedas pode nos fazer perder a forma anterior, mas no processo de des-construção, o alvo é ser re-construido com uma forma melhor que a anterior (Jr 18. 4-5).

Jeremias observa que o oleiro pega o barro e certamente põe na roda e novamente reinicia o processo da arte. Deus faz uma pergunta a Jeremias: “Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel? diz o SENHOR. Eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão, ó casa de Israel. (v.5).

A Pergunta aparentemente reivindica uma afirmativa, mas na prática a resposta é: “Não jeremias não posso”! Isso está explicito no capitulo 17. Então porque Deus faz aquela pergunta? Toda figura de linguagem tem um limite de aplicação dentro da hermenêutica. Nenhuma figura esgota o sentido do texto em sua integra, pois não consegue acompanhar a dimensão de correlação! Deus estava dizendo em outras palavras para Jeremias: “O oleiro tem poder sobre o vaso, eu não tenho”! “tornou a fazer dele outro vaso, segundo bem lhe pareceu.”. (v 5). Eu estou tentando! Mas até agora não consegui...e só vou consegui se judá deixar! Ele diz que da mesma forma como o barro assim seria a casa de Israel, contudo não era isso que estava acontecendo.

Judá havia caido, o barro estava sem forma, e recusava deixar Deus lhe dar nova forma. O barro na mão do oleiro é totalmente dominado pela vontade do oleiro, contudo Deus como oleiro, não viola a liberdade do homem. Ele se lamenta por não poder fazer o que o oleiro estava fazendo com o barro, pois ele queria o melhor, mas judá tinha liberdade para fazer o que achava melhor para sí mesmo. O barro na mão do oleiro não tem livre arbitrio, mas judá tinha liberdade para rejeitar a forma que o oleiro (Deus) queria lhe dar.

Da mesma forma devemos nos relacionar com Deus sabendo que ele não vai violar a nossa liberdade, embora ele queira nos dar a forma de cristo, em ultima análise que vai determinar se quer ou não ser moldados por Ele,  somos nós.  A Ele cabe apenas lamentar caso recusemos, como estava se lamentando  no caso de Judá.

IV. Deus não determina nosso futuro. O nosso futuro está em construção. Nossas decisões hoje determinam as ações de  Deus, Ele vai se alegrar com seus acertos e ajudá-lo  nos seus erros! Contudo na alegria ou na tristeza, Ele se fará presente (Jr 18. 7-10).

O que é que Deus tem para min? Que pergunta! Deus diz para Jeremias que a sua luta era que Ele queria fazer com a nação o que o oleiro estava fazendo com o barro. Acontece que o barro se quebrou nas mãos do oleiro. Veja que o oleiro não impede o vaso de cair e se quebrar, mas ser colocado na roda não depende do barro. Assim é com Deus, podemos nos quebrar, mas continuar a viver é com ele, só ele nos dá a vida e ânimo para continuar! No entanto, lembremos que Deus está usando uma figura de linguagem para falar do seu relacionamento com o  homem! O homem  ao cair continua a sua vida, mas “deixar Deus lhe dar a forma”, é opcional, essa era a  tristeza de Deus no tocante a Judá a quem ele chama de “casa de Israel” (v 6).

Na sequência Deus mostra qual a diferença entre a forma do oleiro trabalhar com o vaso sobre a roda e Ele se relacionar com o homem na vida. Ele diz que ele é um Deus interativo, na linguagem tecnológica,  ele está semper “online”. Deus fala para Jeremias que ele espera o homem agir, a partir do momento que o homem tomas as suas decisões, ele não vai impedir o homem sua ação, contudo o processo de ação deflagra consequencias. 

Se as ações do homem forem más, as consequencias será destruição, não que Ele vá destruir, mas que Ele não fará nada para impedir. Da mesma forma ele interfere eliminando o processo destrutivo que está direcionado como efeito das ações do homem: “também eu me arrependerei do mal que pensava fazer-lhe” (v 7-8).

Veja que o mal que vem de Deus não tem origem nele, mas sim num processo deflagrado pelas más ações do homem. Ninguém que está sofrendo pelas suas ações pode se queixar alegando que está sendo punido por Deus, visto que Deus: “Dá liberdade para a ação do homem, ao mesmo tempo em que o responsabiliza pelas consequencias dessa liberdade”.

Essa postura de Deus é aboluta tanto para o bem ou para o mal que o homem venha praticar, semelhantemente, o homem pode construir sua vida na prática do bem, contudo não há predileção para nenhum filho se esse venha praticar o mal, ele adverte que retira as promessas de bem, visto que o mal construói efeitos destrutivos.

Quem  quiser se relacionar com Deus deve entender que ninguém está acima do bem e do mal. Deus não determinou nem benção nem maldição para ninguém. Benção e maldição estão condicionadas a liberdde do homem. Quem quiser saber qual é seu futuro, olhe para as suas ações hoje, Deus não constroi o futuro de ninguém, ele convida o homem a ser  parceiro nessa construção.

Conclusão

Estar na roda, significa risco de se “quebrar”.  Deus não impede a queda, assim como  o oleiro não impediu o vaso de se quebrar. O homem tem liberdade para cair, mas a fé lhe dá forças para levantar. O oleiro colocou o barro novamente na roda: “tornou a fazer dele outro vaso, segundo bem lhe pareceu. ( Jr 18.4). O barro não pode dizer ao oleiro a forma que quer ter como molde. O homem pode insistir em continuar com a mesma forma que tinha antes de se “quebrar”!

Estar na roda, significa risco de se “quebrar”.  Deus não impede a queda, assim como  o oleiro não impediu o vaso de se quebrar. Depois que o oleiro colocou o barro novamente na roda: não quis lhe dar a mesma forma. ( Jr 18.4). O oleiro faz o que quer com o barro, mas Deus é limitado pelo amor! Quem ama não usurpa a liberdade do outro! A tristeza de Deus estava em que Judá iria se quebrar mais uma vez, pois ainda não tinha aprendido a usar a sua liberdade para construir a sua vida. Suas quedas anteriores não tinha exercido o processo pedagógico de aprendizado.

Deus não se entristece com quem cai, mas se decepciona com quem depois da queda permanece com a mesma forma. A razão de existir do barro (homem) em cima da roda girando (vida) não é ter medo de cair, mas de ao cair se levantar e não ter mais a  mesma forma que tinha antes da queda. A tristeza de Deus, não é nos ver de-formados com as quedas, mas ao perdermos  as formas, deixar passar a oportunidade de fazer uma re-forma! (Jr 18.6), e ganhar uma nova forma.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Freud, Nietsche , Marx e Darwin: Os cavaleiros do Apocalipse


Freud, Nietsche, Marx e Darwin foram chamados por alguns de os cavaleiros do Apocalipse. 


Os quatro têm em comum a fúria contra a religião  seguintes razões:

Freud: A fuga do homem está que ele não entende o seu psiquismo inconsciente, por isso ignora que seus atos conscientes são impulsos inconscientes.

Nietsche: A fuga está em que toda a moral foi construída na gramática, não existe um sujeito “eu” muito menos um verbo de ação “penso”, logo, corpo-alma ou espírito como pedagogia cristã, é uma construção errônea, o que existe é a vontade de potência e a negação dessa vontade como imposição do “rebanho”, para a manutenção da sobrevivência.

Marx: Aquilo que é produzido como significado é sempre fruto das relações de troca da infra-estrutura econômicas nas relações materiais de troca que produz uma forma de pensamento na superestrutura da consciência e produz significado de códigos e símbolos que organiza o mundo.  A fonte geradora da concepção é a relação que você tem com a mercadoria, com as trocas”,  somos a fonte de significado, semelhante a Freud, o homem é efeito da sociedade.


Darwin:
O homem produz significado faz parte da espécie humana “precisar de significado para sobreviver”. O homem precisa produzir significado, porque a espécie humana é caracterizada pelo córtex ficou muito grande e recebe muita informação. O córtex cerebral acabou se assenhoreando, para Darwin de alguma forma existe a necessidade do ser humano fabricar sentido e significado.

Os quatro têm um ponto em comum:  “A negação da superioridade do homem em relação à natureza”.

A epistemologia Judaico-cristã da superioridade do homem em relação à natureza, tem origem no gênesis, que faz não só uma dicotomia entre homem/natureza, mas coloca o homem acima dela”.

Ao colocar o homem como superior a natureza (meio ambiente externo), houve reflexo, causando outra separação: “o homem interior (alma-espirito), superior as carne (corpo, sensações)". Então a “negação do interior”, ganhou uma “projeção inconsciente” da primeira separação (externa) e automaticamente produziu a segunda (interna), ou seja a alma superior ao corpo!

Ao instituir o homem superior a natureza (externa) , a segunda, (interna) alma superior corpo,   pulsa como uma necessidade inconsciente da primeira.  A gênese teológica de que o metafísico (alma-espirito-sentimentos) são superiores ao corpo. Da origem a “negação dos instintos”, supressão dos desejos.

Na filosofia platônica, negar o mundo fenomenal (sensível, desejos, corpo) é o meio para alcançar o noumenal (ideal, espiritual, metafísico). 

Na teologia de Paulo (espírito x carne) nega-se os desejos da carne (corpo) para alcançar (metafísico), o céu

No Islamismo: Submeter-se, as leis do alcorão, obedeça, negue-se os seus desejos por Alá, que o céu lhe aguarda.

No espiritismo a “negação” dos desejos, purifica para alcançar o carma (evolução metafísica).

No budismo a renuncia através do asceticismo, negando os desejos (corpo) atinge o nirvana. (evolução para tornar-se uma divindade).

No hinduísmo a submissão  aos deuses através a obediência, levará  a imerção no Brahmam, tornando-se UM com a divindade.

Todas as religiões têm em comum a consciência de que o  homem não vive o seu potencial máximo na natureza. O desejo de alcançar algo melhor está no inconsciente humano. Freud, Marx, Nietsche e Darwin, vêm na contramão e diz: “O melhor é viver aqui todo o potencial”. 
O homem não é superior, ele  "É" a própria natureza”!

O desejo de transcendência vem do “desamparo” (Freud), da luta das classes (Marx) da vontade de duração frente ao devir "mudança" (Nietsche), da necessidade de criar significado. (Darwin).

A grande questão é: “O homem viveria melhor sem a utopia criada pela religião”? O quanto de verdade o homem é capaz de suportar? (Nietsche). È mais suportável crer na utopia, do que não ter uma utopia para crer.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Eu Caçador de Min... Ego x Super-Ego

“Por tanto amor
Por tanta emoção
A vida me fez assim
Doce ou atroz
Manso ou feroz
Eu caçador de mim”.

O amor, as emoções que nos afeta e nos transforma. Alterna docilidade e perversidade, mansidão e ferocidade.

O movimento é instável.
O "Eu" animal, e o "Eu moral". O primeiro original, o segundo imposto pela necessidade de preservação... Só resta o conflito dos "Eu's".

O "Eu" que caça e o "Mim" que é caçado!

A memória auditiva é marcada pela intensidade dos sentimentos. Esses nos prendem. As paixões não têm fim, não obedecem leis da física, ignoram espaço e tempo...

“Vou me encontrar
Longe do meu lugar
Eu, caçador de mim”.

O passado não é passado, quando está presente no agora...
As canções eternizam as paixões, nos levam a “outro lugar” outra dimensão, onde habitam os desejos. Conflitos sem fim. O Eu consciente deseja o “proibido” ao mesmo tempo em que outro "Eu" dentro de min o reprime! Não há tréguas. É o Eu caçando a min...

“Nada a temer senão o correr da luta
Nada a fazer senão esquecer o medo
Abrir o peito a força, numa procura
Fugir às armadilhas da mata escura”

Porque temer essa ambivalência? O único medo é correr do conflito.

O “Eu” que caça e o “Mim” que é caçado, coexistem num antagonismo perpétuo. A única coisa a fazer é esquecer o medo. Conviver com ele, o tornar intimo. Assim haverá coragem de se expor “abrir o peito”, ir à procura, onde a única fuga deve ser das armadilhas do desconhecido, “mata escura”!

O jardim deixado para trás, agora é o desconhecido, “a mata” é fora do éden, nela existe fuga!

“Longe se vai
Sonhando demais
Mas onde se chega assim”.

Sonhar é necessário, mas qual o limite dos sonhos?
Aonde se chega quem vive no mundo do faz de contas?

È nele que ventilamos nossas frustrações, transpomos o intransponível... Nele voamos... Mas aonde chegamos vivendo neles? Sempre voltamos à realidade.

“Vou descobrir
O que me faz sentir
Eu, caçador de mim”.

Minha vinda é interrogação (?) quero descobrir o que me faz sentir esse conflito. Não sei por que, a razão desconhece o que acontece entre o Ego x Superego, Carne x Espírito, Prazer x realidade, Animal x Racional. Caçador x Caça, Eu x min.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Uma Psicoteologia da Oração do Pai Nosso


Jesus é o filho que traz a revelação do Pai “PAI” (Mt 6).  

O PAI NOSSO, fala da coletividade, unidade da humanidade, fala da IRMANDADE. O termo “NOSSO” na oração de Jesus, fala do conforto da aceitação em contraposição ao SENSO DE DESAMPARO que vive toda humanidade, ao mesmo tempo em que conclama todos aqueles que aceitarem a revelação de DEUS COMO PAI, viverem em HARMONIA, (razão?). Afinal, o PAI é NOSSO, é de todos. Toda a humanidade compartilha da “angustia” do desamparo! Na metafísica de Jesus, o amor do PAI nivela todos os homens como irmãos.

QUE ESTÁS NOS CÉUS, (necessidade da transcendência?), mas é “NOSSO” na terra; ou seja, sem o outro (irmão?) na terra, não há PAI NOS CÉUS! Se o Pai é nosso, implica que o filho  tem irmãos, sem esses o filho torna-se ÚNICO, mas o Pai não aceita filho único, o único que teve ofereceu para ter em troca MUITOS. (redenção?).

“SANTIFICADO SEJA O VOSSO NOME”, lembre se que a palavra SANTIFICADO, não pode ser desconectada do NOME, ou seja, se no Antigo testamento ele chama um povo para representar o seu NOME, no novo o NOME dele ganha rosto: “O FILHO NA ENCARNAÇÃO!”.  Ao falar para santificar o nome do PAI, Ele traz o seu nome para a TERRA, para o meio dos homens.


O PÃO NOSSO DE CADA DIA, é a sociologia do Deus que se fez carne. O pão é diário, abaixo o capitalismo tirano! Afinal na existência o que temos é “cada dia”... Ninguém pode viver o dia de amanhã, hoje!  A não ser o neurótico, que na sua neura, perde toda a óptica, constrói um castelo de areia, e sonha em viver nele. Esse é irmão do psicótico, que na sua psique, não se contenta em sonhar, mora no castelo construído pelo neurótico... E para legitimar o imóvel paga aluguel ao  psiquiatra...

PERDOA AS NOSSAS DIVIDAS, assim como perdoamos aos nossos devedores. Esse senso de incompletude, essa sensação de falta que cobramos do outro, simplesmente por não conseguir vislumbrar que a ausência está em nós. O perdão para o outro é necessário, pois na realidade a falta do outro, não é a falta dele, mas a nossa falta refletida nele... Sendo assim O PAI QUE ESTÁ NOS CÉUS, perdoa as nossas dividas, pois há um dever de perdoar o outro para o meu próprio bem. Afinal ao perdoar estou me perdoando!

NÃO NOS DEIXES CAIR EM TENTAÇÃO... Como? Segurando na minha mão? Não! O PAI precisa soltar a mão do filho para que esse possa andar sozinho. È preciso ruptura, o filho foi levado ao deserto PARA SER TENTADO, então CAIR EM TENTAÇÃO é descrito a seguir: “PORQUE SE PERDOAR SERÁ PERDOADO”! Agora sim, se a falta que está no outro é a minha falta refletida como no espelho (Lacan?), então, ao não perdoar o outro eu CAIO EM TENTAÇÃO. A tentação é não perdoar o outro, pois estaria condenando a mim mesmo, afinal o outro é a única forma de ver nele minhas faltas!

LIVRA-NOS DO MAL não é pedir ao pai, para impedir que a tentação venha ao FILHO, mas impedir que o ao se confrontar com a falta do outro (Tentação?) não venhamos querer que o outro sofra pela falta, pois assim estaríamos dando a nossa própria sentença: “Condenando-nos no outro”! Fazendo isso estaria transformando a tentação em mal. Jesus como filho foi tentado a odiar seus inimigos, mas ao perdoar ele eliminou a possibilidade de transformar a tentação num mal.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Desejo e Medo: Ambivalência na Psique Feminina

(Cantares 3.1-11)


O capitulo 3 do livro de cantares,  relata o sonho conturbado  de uma mulher que à noite busca o seu amado e não o encontra. Nesse sonho da jovem sulamita há uma ambivalência, o desejo de se entregar ao   seu amado, ao mesmo tempo em que  sombras de medo a acompanha: "de noite busquei o meu amado e não encontrei”. (Ct 3.1).

Sulamita expressa o temor da solidão. O casamento além de ser benéfico é o antídoto contra o maior mal que um ser humano pode fazer a si mesmo: viver só. Sulamita temia, a solidão, no seu subconsciente, se dispôs a procurar o seu amado, sai à sua procura, mas ao não o encontrar, fica angustiada (Ct 3.2).

Na sequencia sua psique é apaziguada, ela o encontra, e o  agarra,  não o deixa ir, leva-o à casa da sua mãe. O que indica que ela era solteira (Ct 3.4). Apesar dos desejos expressos em seus sonhos, ela tem no seu inconsciente a convicção de que ainda não estava preparada, pois, mesmo no sonho, manifesta a sua preocupação despertar o amor sem que esse o queira(Ct 3.5).

Não é que o amor tenha volição, os desejos não querem ou deixam de querer, eles apenas existem, mas o medo o reprime. Ela queria ter certeza que ele seria a pessoa que refletia todo o seu anseio de proteção.

Ela vivia o conflito entre o desejo de se entregar e a consciência dominada pelo medo.   Poderia ceder aos seus desejos, sem ter convição do que realmente queria. Nesse caso a raposinha poderia destruir a vinha ainda em flores (Ct 2.15). Para ela a vinhasó estaria pronta quando tivesse certeza.

No sonho, Sulamita mosta a ambivalência da sua estrutura psicológica. Seu pesadelo dá lugar a uma alegre fantasia.  O casamento reflete o desejo da mulher por proteção, na figura dos valentes de Salomão (Ct 3.8). O casamento expressa o ideal, a alegria do sonho realizado por Sulamita ao casar-se com salomão (Ct 3.11).

O amor não é uma via de mão única, mas uma cumplicidade. Sulamita amava, mas sómente se entregaria ao objeto do seu amor, quando tivesse certeza de que receberia em outras formas, o amor entregue. Essa é a ambivalência do amor e o medo na psique feminina: 


lhe entrego os meus desejos, e desejo me entregar...mas preciso ter certeza que receberei de volta  o que entrego, mesmo que seja em outras formas de afeto. Medo e desejo, duas faces estruturais da psique feminina...".

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Cristo ensinou a negação do Ser?

PARTE II

CONTINUA...

Se Jesus não queria tornar as coisas piores do que já estavam, será que ele estava dizendo:

"Até agora vocês oprimiram o povo com os mandamentos com base na letra da lei de causa e efeito, mas julgam os outros pelos atos, quero lhes mostrar a gênese de todos os atos”. Caso contrario: “Não julgueis, para que não sejais julgados. Pois, com o critério com que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também”. (Mt 7.1-2).

A partir de agora é preciso negar a si mesmo para me seguir, ou seja:

“Quem quiser vir após min, terá que deixar todo juízo de valores a partir de ações concretas, para mergulhar no mundo do inconsciente. A boa noticia que trago, é que as ações são efeitos, as motivações, desejos e repressões são as causas. O juízo de vocês tem base no efeito, julgam os atos, eu, porém proponho uma desconstrução do sistema: “todo juízo deve partir da subjetividade, do abstrato, das intenções e desejos, que estão oculto a uma análise superficial”.

Jesus vivia em conflito com os religiosos, denunciava a mascara social com base no estereótipo, ignorando a interioridade: “limpa primeiro e interior para que o exterior fique limpo“.(Mt 23. 25-26). (Seria essa epistemologia uma introdução à psicanálise?). Freud concorda com Jesus, essa interpretação tem como base a subjetividade! Não seria o fato de ignorar o subconsciente a razão de Freud ser antagônico a religião?

O negar a si mesmo da interpretação tradicional, é a expressão niilista (fuga) de negar o presente (vida) em busca de outra (céu, porvir). Sua nascente na está filosofia platônica, de que: “o mundo dos sentidos estão em oposição ao mundo ideal (metafísico)”, contudo esse ensino não tem paralelo no evangelho de Cristo.

A fuga do homem está que ele não entende o seu psiquismo inconsciente, por isso ignora que seus atos conscientes são impulsos do inconscientes. Jesus fez uma leitura Freudiana antes de Freud no tocante aos fariseus:

"Por que você repara no cisco que está no olho do seu irmão, e não se dá conta da viga que está em seu próprio olho? Como você pode dizer ao seu irmão: ‘Deixe-me tirar o cisco do seu olho’, quando há uma viga no seu? Hipócrita, tire primeiro a viga do seu olho, e então você verá claramente para tirar o cisco do olho do seu irmão. (Mt 7. 3-5).

Não estaria Jesus dizendo que o “cisco” que vemos no olho do outro, na realidade é uma projeção do que está em nós? E que para nos vermos, precisamos do outro como um espelho que reflete a nossa imagem? Mais uma vez não está de acordo com a psicanálise? Porque conseguimos ver no outro algo menor e não conseguimos ver em nós algo maior? Não seria pelo fato de que: “o que nós é próximo nos é desconhecido, como podemos conhecer aquilo que nos é familiar? (Nietsche).

Jesus em seu tempo já denunciava a religiosidade opressora com base em juízos que ignoravam os mecanismo do inconsciente humano. Um amigo psicanalista (Jung) faz a seguinte definição do negar a si mesmo:

“Esse “Negar a si mesmo“ diz respeito ao reconhecimento do nosso lado SOMBRA que, inconscientemente, projetamos no outro? Nesse caso, o “não negar a si mesmo“, seria o mesmo que não admitir o fato de que o comportamento “estranho” do outro, reflete o nosso eu interior coberto pela máscara social?“. (http://levibronze.blogspot.com/2010/11/negar-si-mesmo-o-que-e.html).

Negar a si mesmo é olhar para o que incomoda no outro e saber que são reflexos do nosso olhar no espelho. Só conseguimos nos ver através do reflexo no outro. Todo juízo pré-estabelecido pela sociedade, com normas absolutas, estabelece uma máscara modelo, onde todos são forçados a se encaixar nela. Ignorando a realidade de que cada rosto tem formato diferente, são marcados pelos traços, rugas, sombras existenciais que moldam o rosto de cada um!