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domingo, 27 de dezembro de 2009

Freud: No divã do Evangelho!


Freud em suas experiências clinica observou que a motivação do homem, “é o programa do principio do prazer, este programa domina operação do aparato mental desde o início (...) este programa está condenado ao fracasso, está em contradição com o mundo todo, tanto o macrocosmo – a natureza – quanto o microcosmo – a civilização” [1]

Não há como contestar essa verdade, o homem busca a sua satisfação, o que realmente o move é à busca da felicidade, e as leis que regulam o universo, parecem conspirar contra a realização humana.

Essa teoria afirma implicitamente que há uma desordem, e que em algum momento foi instalado o caos, é a conclusão da psicanálise e da teologia cristã. No entanto é passiva de discordância a conclusão: “Sinto inclinado-me a dizer, que a intenção de que o homem fosse “feliz” não está incluída no plano da “Criação”. (Freud)

Esse argumento com destaque para as palavras: “feliz”, e “criação”, certamente, tem uma ponta de ironia, visto que extraindo essas frases de qualquer religião aderente a teoria criacionista, aniquilará qualquer sentido de sua existência.

A teologia cristã parte do pressuposto que o universo fez o caminho da ordem para a desordem, e que essa se instalou quando o homem quebrou o seu relacionamento com o criador. Não havia conflito entre a natureza e o homem, no principio havia harmonia, mas a ruptura quando esse resolve por si ser o seu “Deus”. [2]. Depois dessa opção o homem confessa sentir medo ao ouvir a voz daquele que sempre falou com ele, esse é o “desamparo”, ele saí do “absoluto” de Deus para o “relativo”, do conhecimento do bem e do mal.

A teoria da teologia, de que a desordem é o efeito, também é admitido pela psicanálise o desarranjo, o homem tenta dominar a natureza entrando em conflito constante entre prazer x realidade, enquanto a teologia tem a teoria do “pecado”.

Qual seria a teoria da psicanálise para esse antagonismo? Visto que no universo esse fenômeno só é encontrado no homem que é impulsionado pela busca do prazer, mas enfrenta a oposição dos fatos que estão ao seu redor, se opondo a tal aspiração!

A esse dilema segue a explicação: “Na ocasião em que se deu o desenvolvimento do senso da realidade, a imaginação ficou isenta das exigências do teste da realidade, e foi separada para o propósito de realizar os desejos que não podiam ser realizar com facilidade” [3]

A razão alegada é denominada “instintos”, e esses são os que determinam o comportamento emocional do homem, no entanto a causa primaria é desconhecida, nesse ponto a psicanálise nos convida a “ter fé”, visto que os “instintos” são inacessíveis à experiência.

Embora acredite no principio do prazer & realidade, assim com também que os “instintos” devem ser dominados, a teologia não apresenta uma solução imediata, mas sim um paradoxo, pois crê que o domínio dos instintos além de preservar a sociedade, torna o homem mais próximo da condição original em que foi criado, embora admita que haja uma luta dentro dele, que é “a luta da carne” (prazer) contra o “Espírito” (realidade), esses se opõem mutuamente, para que não realize o que quer, assim expressa o apóstolo Paulo:

“Porque bem sabemos que a lei é espiritual; eu, todavia, sou carnal, vendido à escravidão do pecado. Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, mas sim o que detesto. Ora, se faço o que não quero, consinto com a lei que é boa. Neste caso, quem faz isto já não sou eu, mas o pecado que habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer está em mim; não, porém o efetuá-lo”. [4]

Na teologia Cristã, esse conflito vivido pelo apóstolo Paulo é a condição de toda a humanidade, embora nem todos possuam essa consciência de “afastamento de uma condição original”, a sociedade vive em luta para reprimir os seus instintos que a teologia cristã chama de “obras da carne”. [5]

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Notas
[1] Alves Rubem. O suspiro dos oprimidos. São Paulo. Ed. Paulus 1999. p. 78
[2]Gênesis 3:10. Ao ser procurado por Deus o homem pela primeira vez “se esconde”, e confessar ter sentido medo.
[3] W.W. Norton & Co. Nova York 1962. Op. Cit. Rubem. Alves O suspiro dos oprimidos. 1993. Ed. Paulus. p.78
[4] Romanos 7: 14 - 18
[5] Gálatas 5: 19-21

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