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Jl-reflexoes

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Mito como expressão da fé.

A razão cientifica da modernidade tirou o assombro do mito, agora tudo que é verdade tem que ser cientificamente provado, mas a fé deve estar mais próxima do mito ou do logos? Tanto “mythos”, quanto “logos” significa palavra.

Os gregos da idade clássica, em Platão, separaram o “mythos” que é a palavra transmitida por via oral do “logos” diferenciando-a como a expressão do pensamento ou a exteriorização do pensamento que emana de dentro da mente do indivíduo, transformou-se no discurso racional, lógica!

Mythos é aceito sem questionamentos, faz parte das crenças e da cultura do povo, já o “Logos”, é a expressão do pensamento por isso passível de ser questionado, testado, no tribunal do pré-conceito pela lei da razão, tendo a lógica como juiz, e a não contradição com júri, condenar ou absolver a expressão!

O Evangelho segundo João começa dizendo que no principio era o “logos” que estava com Deus e era Deus. Não poderia ele dizer que no principio era o “Mithos”? Visto que o mito não exige lógica, e sim expressa à fé? Imagine ele dizendo que “O mito se fez carne”!Tornou se o caminho a verdade e a vida, pois o “logos” exige verdade, e a verdade tem a ver com a vida!

A verdade no mito, nada tem a ver com a lógica e sim com o paradoxo, o assombro, as contradições, por isso o “Logos”, na carne se tornou “mitos”, e ao se tornar carne, aceita não lógica da vida, por isso a verdade não é um conceito universal para todos, a verdade do mito aceita contradição, e apesar delas, sustenta a fé.

A fé não precisa temer o mito, mas sim o logos, esse sim deve ser temido, pois quem nele se firma precisa das muletas, da razão. O mito carrega nas suas entranhas a fé, oferece caminho para as potencialidades da vida, do que somos capazes de conhecer e experimentar interiormente, expressa o que a razão não decodifica, pois verbaliza as mais profundas aspirações do homem.

Mito “é a invocação daquilo que nomeia”, seja os deuses seja os heróis, eles estão presentes de modo que “enunciar o mito implica sair do mundo dos fenômenos naturais, para entrar numa outra dimensão numa outra temporalidade, numa outra experiência que sacraliza o tempo e o espaço”.

O Logos que se fez carne é mito?... E daí? Esse mito não é verdade para quem quer ver o logos na carne, mas quem não vê na carne o logos, crê que o “mito” se fez carne, e é a verdade daquele que crê!

3 comentários:

  1. Amigo José Lima, devagarzinho vou lendo todos os textos do seu blog.


    Acredito que a grande catástrofe do fundamentalismo, que foi exportado e enlatado pela teologia Norte-Americano ao nosso Brasil evangélico, foi a literalização da bíblia, como sendo o logos.


    Pois tal maneira de se ler a bíblia, derivam as interpretações mais bizarras e grotescas dos tipos; pecado original advindo do jardim do Eden, juízos vindouros de um Deus irado, advindo do apocalipse e tantos outros.


    Sendo que a leitura literalizada da bíblia, e a percepções do texto como sendo o logos, acredito se não estou enganado, iniciou-se no ano de 1.800, com John Nelson Darby, e posteriormente com o renomado teólogo Scofield e suas famosíssimas dispensações.


    Mas a historia esta ai, e comprova que antes disso – acho que foi precisamente antes da idade moderna – , a bíblia tanto hebraica como cristã era interpretada como sendo o mythos.


    O que aconteceu foi, se dar mais valor a letra, do que o simbolismo dos mitos – O melhor de nós para explicar isto, meu amigo José Lima, é o filosofo dos mitos Eduardo Medeiros.


    Respondendo sua pergunta; nossa Fé tem que estar firmado no mythos, pois sendo assim, não há contradições.


    Mythos é mythos, e não necessita ser provado, apenas crido, que carrega em si mesmas, profundas riquezas de sentidos e significados que transcende as meras letras.


    Essa sua frase é genial: “A fé não precisa temer o mito, mas sim o logos, esse sim deve ser temido, pois quem nele se firma precisa das muletas, da razão”.


    Os evangélicos não sabem do grande perigo e da armadilha que eles mesmos armaram e estão prestes a caírem, ao literalizarem os textos sagrados!


    Minha Fé se apóia no mythos e não pode ser contraposta pela razão e ciência!


    Abraços e obrigado mais uma vez pela reflexão!


    Bendito seja o Gresder que te deu essa idéia maravilhosa de fazeres um blog! Rsrssrsrsr

    Porque del
    e e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.

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  2. A fala de Marcio, resumiu bem o pensamento de J. Lima no seu esplêndido ensaio.

    As imagens míticas passam de geração a geração quase que inconscientemente.
    Elas assumem roupagens diferentes quando aparecem em épocas diferentes.

    O Mythos é dinâmico, não é exclusivo de uma só forma religiosa. Ele é universal.

    Nós, é que, às vezes, erroneamente ou egoisticamente, o particularizamos.

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  3. BRAVO!!!! de novo!! Pô J. vou ter que dizer bravo em todos os seus textos?? rssss

    Estou gostando muito, continue assim, provocando as discussões necessárias para pensarmos para além da lógica do logos.

    Eu já percebi faz tempo que o maior erro dos apologistas cristãos é querer defender a todo custo o logos.

    João, querendo contextualizar o mytho do evento Jesus para o pensamento grego, atrelou a sua origem no logos pré-existente, ideia bem conhecida dos platonistas.

    Mas com isso, ele mitologizou o que pretendia racionalizar.

    Somos nós que damos ao mythos o valor de logos. Mas quando fazemos isso, todo o poder simbólico do mythos que fala à alma e não à razão, se perde.

    Os fundamentalistas não admitem o Mythos por ver nele sinônimo de "falsidade", "mentira", "fábula". Não percebem que muito dos que eles lêem na Bíblia como logos, é mythos.

    A única linguagem que a religião conhece é a linguagem do mythos. A razão lógica do logos quando a ela aplicada indiscriminadamente, produz contradições insolúveis e levam os desavisados a crêr literalmente no que só deveria ser lido pela linguagem da fé - o mytho.

    abraços

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