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sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Nietsche e o Super-homem

O que há de errado com crer no paraíso, que virá? Nada! Pois diante do terror do “não existir”, manifesta-se a solução,  crer na transcendência! Alguém tem que pelo menos tentar explicar como vamos dar continuidade à vida, afinal todos concordam que o homem não concorda em deixar de existir!

Mas o erro está em que ao crer nesse “paraíso futuro”, exime-se do presente, uma espécie de fuga castradora do potencial humano, a anulação do devir, da transformação pelo desejo da imutabilidade, a cristalização do “ideal”!

Com o surgimento da modernidade, Nietsche anuncia a “Morte de Deus”. Mal compreendido por muitos críticos que pensam que ele falava da aniquilação da fé, mas o que ele quis dizer foi que “Quando a ciência nasce à religião perde o valor”.

Para ele quem mata Deus é o homem cientista, antes eu rezava, mas agora vou ao médico. Não e pensar que "Deus" não exista, mas o deixar para o segundo plano. Esse seria o Niilismo reativo: “Reago a Deus e no trono de Deus eu coloco o cientista”.

Para Nietche “A verdade não é produto da curiosidade humana em descobrir o que as coisas são, é produto do nosso medo da morte. “A verdade e uma necessidade psicológica de duração”, por não sermos capazes de lidar com a vida como ela é. Não nos sentimos fortes o suficiente para afirmar a vida como ela é então construímos a idéia de verdade”.

A resposta de Nietzsche para o niilismo é a busca para a superação do homem no presente, dia após dia, está em concordância com a essência da fé cristã, pois para ele o “Super-homem é aquele que parte da afirmação da morte, inventa a si mesmo, ao invés de aceitar o modelo pré-estabelecido”.

Super-homem é esse que tem coragem de lidar a cada segundo da sua vida com os conflitos, paradoxos e contradições através da escolha. Existe uma diferença entre liberdade e livre arbítrio, no livre arbítrio existe uma série de possibilidades de escolhas, mas essa série é pré-dada. Sendo assim, a liberdade consiste no máximo como “possibilidade do livre arbítrio”. Enquanto que na liberdade: “inventamos nossas próprias possibilidades” em cada situação, com a consciência de que há: “um instante supremo e nesse, nosso gesto determina”. Esse é o Homem que se supera, que se inventa no presente.

Para Nietsche, organizar a vida a partir de dar significado mostra o “ressentimento”, do homem, para ele o ideal é viver a vida despencando no abismo dançando, mas o que ocorre é despencar gritando, ou para não gritar “criar sentido na transcendência”.

A religião é produtora fantasias para dar significado ao vazio que o homem está caindo, por isso: “a humanidade inventa o significado”. No entanto todos estão “despencando”, não importa se gritando ou sem gritar.

Acho que a transcendência nos ajuda a gritar menos, até mesmo a dançarmos enquanto despencamos...

6 comentários:

  1. Prezado José Lima

    Vejo alguns pontos que quero dialogar contigo:


    1-A visão do paraíso como entorpecedora do Ser:
    É aquela em que para a pessoa, o céu é tudo, e por isso, passa-se a ser buscando como o sentido máximo e último das nossas vidas.

    Com esse alvo áureo futurístico e utópico, a pessoa fica paralisada no seu presente, algemada na esperança de um amanhã glorioso, resignando-se a lutar para mudar a sua situação temporariamente presente.


    Ela anestesia o seu presente-inferno, desejando um futuro-céu.


    2-A visão do paraíso como sentido do Ser:
    Partamos da premissa de que o tal paraíso seja invenção, uma ficção não real, apenas um imaginário humano, ainda assim é melhor o se crer, do que o descrer.


    A diferença magistral – se é o que eu entendi no seu brilhante texto – é como se despenca no abismo da morte, independente da não existência, podemos suavizar a nossa trajetória, nos transcendendo através da religião.


    3-Minha visão do paraíso:
    Não penso no céu.
    Tento viver com a visão deista, de que a morte encerra a nossa vida.


    Procuro encontrar significado já nesta vida, vivendo o máximo que eu posso.


    Mas para contrabalançar, ao mesmo tempo em que vivo como se não existisse vida no porvir, vivo com a esperança de um céu glorioso em Cristo.


    Não sei, se isto é possível, meu caro amigo, não li nada parecido, mas isto não quer dizer que esse meu pensamento seja de todo sem sentido.


    Em síntese, vivo com minha mente concentrada nesta vida, mas com o meu coração desejoso e esperançoso que exista uma continuação da nossa vida.



    Há, já iria me esquecendo de que, quando estou doente nem penso em Deus, eu vou direto ao medico. Rsrsrsrs


    Abraços

    Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.

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  2. Marcio!
    Sabe antes de ler um pouco de filosofia eu tinha uma síndrome de perseguição por achar que todos que falavam mal do cristianismo não tinha razões para isso e que na realidade era o “Diabo”! Rsss.

    Acontece que os intelectuais na sua grande maioria não se opõem ao cristianismo pelo fato da fé na transcendência, embora esse seja o pressuposto de toda a filosofia ateísta!

    Mas sim pelo tipo de gente que o cristianismo produz com esse “niilismo”, uma fuga do presente, veja o reflexo na nossa sociedade, o mal que houve nessa visão totalmente alienada, quando se valoriza o meta-físico como o mundo maravilhoso que virá, em detrimento da fuga desse!

    Sabe quanto a sua fala:

    “Mas para contrabalançar, ao mesmo tempo em que vivo como se não existisse vida no porvir, vivo com a esperança de um céu glorioso em Cristo”.

    Não se preocupe, com a contradição ou falta de coerência porque acho que a fé não é nada coerente, e essa pré-missa da não contradição não é válida na dimensão da fé.

    Eu sou como você; em alguns momentos, não creio em milagres, minha tendência no momento é não acreditar, mas se o negocio ficar feio eu oro pedindo um... (vai que dá certo hahahhaha).

    Quanto a desejar continuar viver em outra vida, esse é o ponto comum de todas as religiões percebeu? Seja na ressurreição seja na re-encarne-ação seja na absorção!

    Você é como eu ainda que tenha argumentos que não haverá vida após a morte, acho que não consigo deixar de crer, pois amo tanto a vida, que não quero deixar de continuar a viver, ainda que seja só nos meus desejos...

    Abraço.

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  3. "A visão do paraíso como entorpecedora do Ser:
    É aquela em que para a pessoa, o céu é tudo, e por isso, passa-se a ser buscando como o sentido máximo e último das nossas vidas".

    Meu amigo Marcio, aí, tocou no ponto crucial(ou nevrálgico) de nossa formação religiosa.

    O Reino do Céu a ser buscado (como é pregado) é aquele que está fora de nós.
    Ouvimos isto exaustivamente desde criancinha em nossas igrejas. É quase que a teoria do "Eterno Retorno de Nietzsche" às avessas.

    O crente(falo por mim como pentecostal de nascença - rsrsrs) vive em função do céu. Esse mundo para o crente não tem mais solução, e ele adora quando surge qualquer catástrofe, pois, estufa o peito e diz: "ORA VEM SENHOR JESUS!!". É a teoria do quanto pior, melhor. Penso que foi por isso que Freud designou a religião, como uma grande ilusão, que se aprofundada no indivíduo, o tira da realidade. Nesse ponto Freud tinha toda razão mesmo, quando considerou a religião como a maior fabricadora de neuroses.

    Mas Cristo pregava que o Reino de Deus estava dentro de nós. Certa vez Jesus orando disse que vida eterna( que muitos crentes consideram como a vida após a morte)era "Conhecer o único Deus verdadeiro e o seu Filho a quem o Pai havia enviado" João (17: 3)

    Prezado J.Lima como você explica esse desejo (imanente) do retorno ao "Éden de delícias" numa vida futura? É um desejo mítico?
    E qual a sua relação com o "Eterno Retorno" de Nitzsche?

    Desculpe, se pedi demais (rsrsrs)

    Um grande abraço,

    Levi B. Santos

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  4. Amigo José Lima

    Apesar de ainda me considerar um Cristão – não religioso, mas existencialmente com valores ensinados e vividos por Cristo – gosto muito dos filósofos ateus, pois eles se revoltaram contra deus que não é Deus, por causa da religiosidade paranóica existente dos seus tempos.


    Inclusive, Karl Max vai nos dizer, em uma das suas frases celebres que: “A religião é o ópio do povo”, isto é genial, e olha, que agora, esta muito pior, com o advento da alucinatória e paralisante teologia da prosperidade, de tal forma, que eu quero parafrasear a frase dita por Karl, dizendo: “A religião evangélica da prosperidade é a cocaína do povo”, pois concede ao homem mortal, a sensação de poder controlar a divindade a o seu favor.


    Mas como toda droga, o efeito é passageiro, deixando os seus dependentes em estado de ressaca pós-culto.


    Meu amigo, você tocou em um ponto nevrálgico meu, a saber: MILAGRES!!!!
    Prova disto é uma postagem minha, que escrevi com o coração, portanto, te convido a ler e comentar, mas lembre-se que foi com as profundezas de minha alma.


    (Essa foi a postagem mais polemica do blog: “NÃO CREIO EM MILAGRES!”.)


    Cara, uma das coisas mais injustas, partindo do premissa de realmente existam, é o tal do milagre.
    Gostaria que não existisse, pois premia alguns (?) para deixar a esmagadora maioria a sua própria sorte.


    Uma coisa que me ocorreu, meu amigo José lima, se – como é de fato – em todas as religiões do mundo, tem a mesma esperança, de que a vida continue após a morte, não seria para relevarmos e pensarmos, pois, assim como utilizo do argumento, de que, nunca houve um povo ateu, para mostrar que Deus esta impregnado em nossa psique, nem que seja como imagem do nosso subconsciente, da mesma forma, poderíamos dizer que, as possibilidades de um futuro porvir, aumentariam?


    Prefiro ter a crença na vida após a morte, como uma grata surpresa inesperada, mas desejada, e ter a decepção ao contrario, do que viver escravizado por uma coisa irreal e fictícia, e me decepcionar ainda que seja apenas na especulação da não existência pós-vida em minha mente pensante!


    Abraços

    Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.

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  5. Amigo e Mestre Levi

    Como crentes Assembléianos, cansamos de ouvir e viver com essa perspectiva do céu, paraíso lá e depois, para viver o aqui e agora no presente com baixa qualidade de vida.


    Por isso, resolvi apostar na minha resignificação de Fé, para viver com coragem existencial o aqui e agora, não pensando no futuro céu paraíso.


    Você entrou num ponto crucial, e diante disso, gostaria de perguntar a você e ao José Lima, num exercício dialético – estou diante de dois mestres, portanto, quero aproveitar. rsrsrs – talvez Levi, isso seja mais difícil de você responder do que para o José Lima, eu pergunto:


    Se de fato, o mundo esta irremediavelmente perdido e amaldiçoado, e é alvo da ira de Deus, sendo que Jesus ira nos buscar, para morarmos no céu, porque lutar por um mundo melhor? – eu não acredito em nenhuma das afirmativas ensinadas.


    Veja a implicação dessa pergunta, pois ela esta firmada na essência da teologia clássica cristã, ou seja, destruindo-a, estaremos derrubando as bases de “nossa” (?) teologia.


    Em relação a questão do Reino de Deus ser para os crentes a vida após a morte, estou preparando uma postagem com esse assunto, onde eu desconstruo essa premissa.


    Abraços

    Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.

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  6. Levi.
    Na minha modesta opinião a psicanálise Freudiana explica como ninguém esse desejo:
    “Desamparo” acho que o homem não aceita o fim, ele não tem um programa lógico como disse Rousseau: “os animais são extensão da natureza são “um”, o homem e a natureza são dois”

    Deixe me escrever um pedacinho da música do David Quilan na linguagem que você conhece mais do que eu do “inconsciente coletivo”:

    Quero ser como criança,
    Te amar como tu és,
    Voltar à inocência,
    Confiar só em ti,
    Mas às vezes sou levado,
    Pela vontade de crescer,
    Torno-me independente,
    E deixo simplesmente de crer...

    O desamparo explicado por Freud juntamente com o inconsciente coletivo de Jung creio ser a explicação mais razoável para esse desejo humano de reconquistar uma perda.

    Vou escrever uma reflexão sobre essa música e postarei brevemente no blog, acho que ela expressa o “inconsciente coletivo evangélico” dos nossos dias, crescer implica perda, (sem contar na colonização escravocrata da América latina que nos deu um legado de dependência), interessante que tanto na mitologia grega, quanto na narrativa do Gênesis, o homem sai de um estado de “inocência” (criança) para o crescimento, (adulto).

    Um teólogo Judeu residente na América Harold Kusner chama de “Queda para cima”, muito contestado pelo ortodoxia é claro. Recomendo. Rsss. Mas seja Adão ou Prometeu, transgridem um pacto com “deus” seja o Éden ou o Olímpo!

    Levi não é concordância na filosofia e creio também não é na psicanálise, mas dá a impressão que houve um período em que o homem teve esse “Éden”, claro que hoje é mais fácil de entender o “Éden” como uma narrativa simbólica, mas acho que é mais Mítica.

    Quanto ao eterno retorno de Nietsche e o “amor fati”, sinceramente ninguém é perfeito, para fugir do niilismo, do paraíso perdido ou o paraíso que vai conquistado, restou para o Nietsche fazer do presente o momento, e “absolutizar o presente”, visto que não há transcendência, e não o negar o presente, mas afirmá-lo como “bom”, por ser o único que existe.

    Mas o que falar dos desastres, daqueles que nos oprime, quando a dor vem, na própria linguagem do Nietsche da para negar os “afetos” negativos, para afirmar a vontade de pontencia? Se o momento presente for mal como o negar, para afirmar como bom?

    Não sou Nietzschiano; embora reconheça que a filosofia tem necessariamente que passar por ele, para afirmar ou contestar, mas acho que o “amor fati”, foi melhor desenvolvido por Jesus, que não negou o presente, não negou a dor mas experimentou, nem deixou de sentir, e ainda não negou a transcendência embora não tenha usado essa como fuga do presente, pelo contraio mas afirmou como “vontade de potencia”!

    Olha confesso que ainda estou estudando um pouco mais sobre a doutrina Nietzschiana do eterno retorno, e quanto a sua pergunta do desejo mítico, confesso que tenho que ler mais um pouco... Aliais estarei iniciando o curso de psicologia esse ano de 2010!

    Já estou pensando em me especializar em Lacan que acha? Rsss

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