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Jl-reflexoes

domingo, 27 de dezembro de 2009

O estado emocional como bloqueio para o processo cognitivo



A natureza do conhecimento: pensamento, sentimento, ação. “Todo processo cognitivo partira da emoção dominante”, essa, traz a seguinte epistemologia: “A emoção irá determinar o processo de aprendizado, de forma que aquilo que a pessoa poderá vir a aprender dependerá da emoção dominante em relação, a ela". (Pichón Riviere).

A teoria de Pichón, não define sobre a causa primaria entre pensamento, sentimento, porém a teologia Cristã da mais ênfase à ação, com produtora dos sentimentos, e os pensamentos como inicio de toda a ação. Mesmo porque para grande parte, o cristianismo é semelhante a uma religião com leis para se cumprir, de forma que a pessoa ao procurar para um aconselhamento, deduz-se que transgrediu uma “lei”, contraria a sua consciência.

A percepção cognitiva dependerá do estado emocional da pessoa com quem está se relacionando, a aprendizagem é afetada de acordo com o estado emocional do ouvinte, e que para que haja uma boa percepção é necessário que haja um desbloqueio

Na teologia do novo testamento há uma passagem onde Jesus faz um desbloqueio emocional para transmitir a mensagem do reino de Deus, pois quando os conceitos estão impregnados na mente do ouvinte dificilmente a mente absorverá a mensagem, pois o emocional bloqueia o cognitivo, vejamos um exemplo de como Jesus fez esse desbloqueio, para que a sua mensagem fosse entendida pelos seus ouvintes:

“Por aquele tempo, em dia de sábado, passou Jesus pelas searas. Ora, estando os seus discípulos com fome, entraram a colher espigas e a comer.
Os fariseus, porém, vendo isso, disseram-lhe: Eis que os teus discípulos fazem o que não é lícito fazer em dia de sábado.
Mas Jesus lhes disse: Não lestes o que fez Davi quando ele e seus companheiros tiveram fome?
Como entrou na casa de Deus, e comeram os pães da proposição, os quais não lhes era lícito comer, nem a ele nem aos que com ele estavam mas exclusivamente aos sacerdotes?
Ou não lestes na lei que, aos sábados, os sacerdotes no templo violam o sábado e ficam sem culpa? Pois eu vos digo:
Aqui está que é maior que o templo.
Mas m se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero e não holocaustos, não teríeis condenado inocentes.
Porque o Filho do Homem é Senhor do sábado”.[1]

Esse texto mostra o quanto o cognitivo influência na percepção do aprendizado, bloqueando totalmente o entendimento, pois o “dia”, tornou-se mais sagrado do que o “ser humano”, e os mandamentos mais importantes que a manutenção da vida.

Os discípulos estavam com fome, uma necessidade básica para a manutenção da vida, mas o mandamento de guardar o sábado tornou-se tão “absoluto”, que não poderia ser “Relativizado”, ainda que estivesse em detrimento a própria vida. “Seis dias trabalharás, mas no sétimo dia, descasarás, quer na aradura, quer na sega”. [2]

È interessante que Deus não absolutizou a lei, por saber que as circunstâncias são variáveis, o sacerdote Aimeleque fez algo contrário ao instituído na lei: “Deu - lhe, pois o sacerdote o pão sagrado, porquanto não havia ali outro, senão os pães da proposição, que se tiraram de diante do Senhor, quando trocados, no devido dia, por pão quente”. [3]

Esse texto era conhecido dos fariseus, mas porque será que mesmo lendo não conseguiam compreender, esse principio absoluto: “A vida é mais importante que a lei, e que a lei, não abrangia todas as variáveis circunstanciais”.

Jesus estava tentando desbloquear o “cognitivo”, pois a mente deles estava saturada do “medo” de quebrar a lei, e isso fazia com que mesmo lendo não conseguisse interpretar o que lia. Ele foi mais além e disse que até mesmo os sacerdotes, os maiores responsáveis pela manutenção do cumprimento da lei, a violavam e ficavam sem punição, quando as circunstâncias exigiam:

“No dia de sábado, oferecerás dois cordeiros de um ano, sem defeito, e duas décimas de um efa de flor de farinha, amassada com azeite, em oferta de manjares, e a sua libação; é holocausto de cada sábado, além do holocausto contínuo e a sua libação”. [4].

A religião na sua expressão é propensa a causar esse bloqueio, levando o religioso ao fanatismo, pois a irracionalidade provém do excesso da valorização dos dogmas, em detrimento do humano, se existe religião boa é aquela que valoriza a vida, acima dos dogmas pois esses tem a função de explicitar a fé, e não ser um fim em si mesmo.

_____________________
Notas
[1] Mateus 12:1-8
[2] Êxodo 34:21
[3] I Samuel 21: 5
[4] Números 28: 9-10

4 comentários:

  1. Isso realmente é importante no sentido não de ser simplesmente uma analise da coisa, mas uma forma positiva e pragmática de fazer as coisas, pois as pessoas medem os pecados pelo efeito emocional negativo que eles causam nelas. E não pelo seu dano real no próximo.

    Exemplo: se cometo qualquer ato pecaminoso julgado imoral e “feio” pelo senso comum religioso, logo isso produz em mim uma culpa lacerante, não pelo dano moral aos outros envolvidos, mas pelo teor “hediondo” deste pecado impregnado em meu ser pela coação religiosa que aterroriza as pessoas com exclusão espiritual e social caso elas seja pegas em tais atos.

    Enquanto isso milhares de atos pecaminosos são cometidos contra Deus e contra o próximo sem culpa nenhuma, pois nestes casos a sensação emocional de juízo não as impede de tais praticas assim como inibem em outros casos mais “horríveis”

    Caramba essa sua avaliação do seu post vai me dar uma ajuda no próximo livro que eu quero escrever, daqui uns dois anos a qual já tem essa analise da questão baseado na passagem do sábado e a qual eu darei o titulo de um capitulo: “o homem foi feito para o casamento ou o casamento foi feito para o homem?”

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  2. BRavo!!

    A mente cristã evangélica até hoje absolutiza os dogmas e esquece da VIDA. A vida vivida debaixo do julgo opressor do dogma, torna-se uma anti-vida. Daí eu colocar o dogma, "dogmático", aquele que não admite contestação no seu devido lugar: na lata do lixo.

    Abraços

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  3. Oi Jose, estou aqui só para agradecer por fazer parte de seu blog de alguma forma, com certeza lerei todas as reflexões e comentarei o que senti. uma abraço, e até logo mais.

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  4. Olá professora?
    Seja bem vinda, será um prazer tê-la no meu blog.
    Fique a vontade.
    Abraço.

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