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Jl-reflexoes

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Desejo de ser aceito!


Parte I
E Jesus disse ainda:
– Um homem tinha dois filhos. (Lucas 15:11)

A universalidade no homem detecta um problema crônico: aceitação! Ser aceito é uma busca desenfreada na jornada existencial, tudo o que fazemos gira em busca da aceitação, as narrativas mitológicas mostram a face dessa trajetória, Abel e caim, aceitação e rejeição, aceitação de um, ressentimento do outro.

Disputa, e inveja, tudo por causa do amor do pai, Jesus na parábola inverte a concepção do gênesis onde o filho (Abel) é aceito e o outro (Caim) rejeitado, na parábola os dois foram aceitos, enquanto Abel foi aceito por ser o melhor, o filho da parábola é aceito mesmo sendo o pior! Algo sem precedente ausente na história e na mitologia, mostrando que esse desejo de aceitação pode ser saciado quando os filhos não precisarem fazer ou ser para conquistar.

Os dois filhos da parábola tinham o DNA do pai, mas não conhecia o pai que os havia gerado, não viviam como filhos, se identificavam como escravos presos na consciência de que a presença do pai, os impedia de “desfrutar” o que queria, por ser contrario ao desejo do pai, e contrariar o desejo do pai seria perder o direito de ser filho.

O filho mais novo tomou a decisão de sair, porque se sentia preso, o mais velho optou por ficar, o mais novo manifestou a sua insatisfação saindo, o mais velho ocultou a sua insatisfação ficando; mas tanto o que saiu quanto o que ficou viviam sem desfrutar a casa e a presença do pai.

O problema estava na “presença do Pai” que por não ser conhecido, era julgado como empecilho, um filho inconscientemente culpava-o por não ter o que desejava devido a sua presença, o outro, por na sua presença não conseguir festejar.

O mais novo pediu a sua parte porque sentia que não tinha nada, o mais velho, também sentia o mesmo, pois disse “Há tantos anos que te sirvo sem jamais transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito sequer para alegrar-me com os meus amigos” (Lucas 15:29)

Essa parábola fala de dois filhos insatisfeitos, um manifestou a sua insatisfação ao sair, o outro ao ficar. O que ficou escondeu a insatisfação no silêncio, só revelou ao ver que, o que saiu conseguiu sem nenhum esforço; tudo o que ele achava que com muito esforço poderia conseguir.

O sentimento que estava no coração do “filho que saiu” podemos classificar: “insatisfação ativa”, tem o ponto positivo de que o filho foi sincero consigo e com os outros, expressou a realidade do seu interior, externou o que estava no seu coração, foi julgado pelos que o viram tomar a decisão de sair, não teve a pretensão em fazer da vida um teatro, um personagem fictício, não se importou dos outros ver nele a imagem real do seu Ser.

O sentimento que estava no coração do “filho que ficou” podemos denominar: “insatisfação passiva”, tem o lado positivo de não deixar transparecer, ninguém fica sabendo o que está se passando dentro da alma, finge estar tudo bem e recebe a aprovação de outros. Mas no silêncio, geme, deseja ter a coragem do irmão que saiu, mas o preço que tem a pagar é muito alto, perder a re “puta”-ação! Além do que acha que o Pai (Deus), não sabe das suas reais condições!

Quando o “filho que saiu” estava em casa, tinha roupas novas, símbolo de limpeza, ao voltar o pai lhe providenciou vestes limpas, símbolo da sujeira que adquiriu fora da sua presença. Perdeu o anel, sinal de filiação e passou a viver como escravo achava que era filho porque estava em casa, mas não era estar em casa que o tornava filho, pois ele tinha mente de escravo, desejava ser livre, mas transformou a “liberdade” em escravidão! Perdeu tudo ao sair, estava em casa e tinha tudo, mas não tinha consciência de que tudo tinha; achava que não tinha nada! Prova disso é que pediu a sua parte!

O filho que saiu, perdeu a sua parte, achou que perdeu tudo, estava enganado por achar que não tinha tudo, e ainda que ter “tudo” depende de estar na “casa”, mas tem tudo quem esta na “presença”! Não é espaço o diferencial, mas o “sentimento” estar na casa só é realidade se estiver na “presença”. Quem “sai” da casa pode sair da presença, mas na ausência, percebe o quanto perdeu por estar em casa e não estar na presença, mas o que está em “casa”, pode acostumar-se, ter o seu espaço, mas não dar espaço para ter a presença!

O que sai sente falta da casa e da presença, mas o que fica não sabe o real valor do espaço, não sente a falta da casa nem a saudade da presença!O filho que saiu teve tudo de volta, com a diferença que agora iria valorizar o que já tinha, mas não tinha noção do valor de filho, pois não conhecia o pai, por isso disse: “não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus trabalhadores”. (Lucas 15:19).

Antes achava que a estar na casa do pai era a razão das suas frustrações, queria ser “livre”, agora depois de experimentar a liberdade, o seu desejo é voltar, e como punição pelo seu erro aceita ser rebaixado para a “classe de escravo”.

A consciência punitiva do filho que aceita voltar à casa do pai para ser escravo, mostra a mentalidade escravocrata, não sabia que para o pai, filho sempre será filho, na sua casa ou longe da sua presença, filho não é filho porque acerta ou erra, mas porque foi “gerado”, pelo Pai.

O filho nada faz para ser filho, e nada pode fazer para deixar de ser, não é uma questão de “fazer para ser”, mas de “ser” independente de fazer! O filho que ficou tinha o anel símbolo de vocação, mas não vivia a vocação de filho, e sim como escravo!

Continua ...

* Aviso aos amigos da blogosfera:
Essa mensagem foi escrita tendo por base uma série de 12 pregações de aproximadamente 25 minutos cada.
Devido ser muito longa fiz a divisão em três partes, para que os textos não fiquem longo e cansativos para você leitor. Estarei postando 1 em cada semana.


7 comentários:

  1. J. Lima seu texto é tão completo, que apenas vou me utilizar dois primeiros parágrafos, para fazer o meu pequeno comentário:


    (Cada parágrafo dar para fazer vários comentários, como estou sem tempo, e preciso visitar outras salas dos pensamentos dos confraternos, e, já preparar a minha próxima postagem, vou me ater aos dois primeiros parágrafos.)



    A busca pela aceitação na caminhada do processo de viver a vida existencial existindo em vida no caminho da aceitação é o grande alvo humano no contexto da humanidade humana de aceitação dos aceitados pela aceitação da maioria dos aceitados.


    Ser aceito é o premio desejado por quem deseja a aceitação. Aceitamos a aceitação dos outros sem aceitarmos nossa própria aceitação de nós e para nós mesmos. Mas nisto reside o grande problema da problemática do problema social-cultural-da-aceitação. Pois deixamos de ser e fazer por puro desejo de ser aceito, si sendo e fazendo o que não é, e não deseja fazer.


    Mas também somos culpados pela culpa da culpabilidade de nós mesmos, pois aceitamos o padrão da aceitação do outro, como aceitação única, sem nós darmos conta que, aceitação da aceitação é ser aceito por nós, nos aceitando com nossa aceitação sem precisar ser aceito sendo outro que não nós mesmos pela aceitação dos aceitados despersonalizados pela aceitação da maioria dos aceitados.


    Precisamos reconhecer que nossa aceitação vem primeiro, pois se não aceitarmos a nossa própria aceitação nos aceitando, como poderemos ser aceitos pelos outros aceitados pela aceitação dos aceitos?


    Aceitação da aceitação é ser aceito por si, podendo ser aceito pela aceitação dos aceitados, sem precisar ser preciso ser aceitp pela aceitação dos aceitados, pois nos aceitamos do jeito que somos e fazemos.


    A contradição das contradições está em si fazer deixando de si ser, pelo fazer por fazer para ser aceito pela aceitação, sendo que o próprio Deus nos aceita sem sermos aceitos pelos outros, pois o seu aceitar é sem descriminalização e preconceito de obras meritórias, pois está baseado na graça da aceitação pela graça de aceitar os que não podem e não são aceitos pela aceitação popular.


    O Deus da parábola de Jesus é o Deus da aceitação que aceita todos sem precisar ser preciso ser aceito, pois aceita sem aceitamento, todos que desejam ser aceitos por Deus, que não aceita o que se não é, e o que si faz se si ser, pois o ser da aceitação divina, é aceitarmos nós mesmos pela nossa aceitação de si ser e fazer, aceitando o nosso fazer e ser, pois somos aceitos pela aceitação de Deus.


    Abraços

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  2. Meu Caro J. Lima


    Essa parábola é de uma profundidade psicológica imensa.


    No livro de Paul Tournier, “Culpa e Graça” que eu li e você também já leu, ele discorre de uma maneira clara sobre a culpa que está no plano do “fazer”, e da culpa que está no campo do SER.

    O Filho pródigo quando planeja sua volta para o pai, dizendo que não merece SER chamado de filho, realmente provoca uma mudança radical do tipo de culpa. É na culpa do “fazer” que se desenrola a maioria dos julgamentos entre os homens, que pode chegar até a esmagá-los.

    Esse tipo de culpa se manifesta através do RESSENTIMENTO, indo as últimas conseqüências, que é aquela de admitir que se está sofrendo por causa da injustiça (suposta) de um pai, de um líder ou de um superior.

    É a consciência da miséria comum que pode unir os homens no plano do SER.

    Fico aqui no aguardo do segundo capítulo do seu denso e significante ensaio.



    Um forte abraço,

    Levi B. Santos

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  3. Sabe José lima a muito tempo eu não faço nem uma barganha para com Deus, não lhe peço praticamente nada, e nem tento fazer nada para Ele.

    Não busco a Deus, não tento agradar, sou o mais natural possível, não luto contra nada sou exactamente o que eu quero ser.

    Muitos dirão que isso é perigoso, mas somente para quem não é "filho" em escencia.

    Porem estando eu livre, aida assim não faço o que não é da minha natureza genética.

    Porque aquele que é vegetariano, não come carne e que vive na agua não sabe voar.

    Pois meu pecados estão limitados por uma lei interior que rege meu ser.

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  4. JL, lembro que quando mais jovem sempre ouvia pregações exaltando a atitude do filho que ficou e não o de que saiu.

    A ideia era de que não valia a pena sair. Devia-se ficar na casa do pai ainda que sem festas. Hoje vejo que o que saiu, o que gastou a herança, agiu de forma mais plena do que o irmão que ficou.

    Mesmo lá com os porcos, mesmo na crise do ser, do querer ser escravo, no fundo no fundo ele sabia que ele era realmente filho e não poderia deixar de sê-lo.

    Seu texto e sua abordagem estão trazendo novos significados que eu ainda não tinha pensado.

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  5. Belissimo texto caro J.Lima.

    Aprendi que liberdade não se compra nem ao menos se conquista meritoriamente.

    Porque já nascemos LIVRES.

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  6. J. Lima


    Meu pensamento se assemelha muito com o do GRESDER, pois assim como ele, eu também não oro, jejum, leio a bíblia e busco a Deus, me esforçando para agrada-lho, me sinto quase um ateu!! Rsrsrsrs


    (Alias seu maldito dos malditos malditosos Gresder!!!! Eu fui quem primeiro disse isto, você esta me copiando seu safado de uma figa!!! Rsrsrsrs)


    Tanto o Gresder quanto eu, estamos caminhando por um caminho “fio de navalha”, pois vivemos como se Deus não existisse, muito embora ele esteja em nós e temos plena consciência Dele.
    Mas o nosso viver como se Deus não existisse, é em nossa praticabilidade e não em nossa essência da existência!!!


    Creio que o que agrada a Deus, é Ele mesmo, ou seja, Ele não nos ama por sermos ou fazermos alguma coisa, mas por Ele mesmo!!!
    O amor de Deus é unilateral, gratuito, não é meritório, retributivo, de causa e efeito.


    Mas por Ele ser assim, podemos ser e fazer o que quisermos, pois Ele nunca deixará de nos amar, pois Ele ama e ponto final.


    Eu não roubo, mato, adultero, minto, falseio, calunio, não é por causa de Deus, porque Ele esta com o seu grande olho nos perseguindo.
    Mas por simplesmente, não ser ladrão, assassino, adultero, mentiroso, falsário e caluniador.


    Não é para ser aceito por Deus, pois não há nada que possamos fazer ou deixar de fazer para que Deus nos ame mais ou menos, mas por causa da minha consciência de ser e fazer do meu existir em existência!!!!


    Abraços

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  7. Garotos ainda fraldas, Márcio e Gresder: eu não pratico tais "disciplinas" há mais de 20 anos...

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