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Jl-reflexoes

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

O encontro do desespero com a necessidade


“Enquanto estas coisas lhes dizia, eis que um chefe, aproximando-se, o adorou e disse: minha filha faleceu agora mesmo; mas vem, impõe a mão sobre ela, e viverá”! [Mateus 9:18]

O cristianismo sempre foi dado muita importância as "doutrinas", de forma que ser salvo está implícito em "aceitar doutrinas corretas a cerca de Jesus", isso quer dizer que a verdade significa o "pensar correto", são as formulações teológicas sobre a explicitação da fé, que em ultima análise vai determinar o que é verdade ou o que é heresia.

Esse paradigma legitima o pensamento de que a “doutrina certa”, justifica a “crença correta”, e que pensar diferente sobre Deus, seus atributos, fora da herança dos pais da igreja é correr o risco de ser taxado de herege, ou seja, deve haver uma concordância na formulação doutrinaria, ninguém tem o “livre arbítrio” para pensar diferente, embora o livre arbítrio seja uma "doutrina" na qual o homem tem a liberdade de agir contrário ao propósito que Deus tem para ele revelado na sua palavra.

Que contradição, crer que Deus o criador dá livre arbítrio para o homem agir em oposição aos seus propósitos, mas negar o mesmo livre arbítrio do outro em contrariar uma "verdade" que até mesmo se transforma num "ídolo", pois na realidade uma “crença fixa” imóvel , torna-se uma imagem que substitui Deus.

A crença numa doutrina como infalível, dá segurança para quem crê não no Deus que se revela na doutrina, mas na doutrina que recebe a honra de "salvar" o homem, dar segurança que de acordo com a mesma doutrina anunciada só pode-se ter num Deus que está para além das "imagens", criadas pelas doutrinas.

Interessante é que os defensores da "doutrina correta", só defendem suas convicções até serem confrontados com uma circunstância que os levem ao desespero, aqueles momentos em que "o que cremos”, entra em choque com o que "acontece", pois quando a nossa confissão de fé, é confrontada com as necessidades, ai estamos dispostos a rever nossa “confissão de fé na doutrina”, quando essa não explica os acontecimentos que vão além da confissão!

O que aconteceu com o Chefe da sinagoga que na sua confissão de fé, tinha a máxima: “Ouve ó Israel o SENHOR, nosso Deus é o único SENHOR!” [Deuteronômio 6:4]. Adorar outra pessoa que não fosse o Deus que se manifestou no monte Sinai, seria absurdo, pois para um “chefe de Sinagoga”, era imprescindível observar essa doutrina!

Os discípulos de João disseram a Jesus que eles e os fariseus jejuavam, enquanto os seus não faziam isso, Jesus mostra que nele tem um novo inicio da ordem de todas as coisas, ele era o noivo e estava fazendo um “casamento” com a humanidade, era hora de festa, quando ele estivesse ausente sim, era hora de contrição, saudade, e finaliza dizendo que a natureza do reino não é uma adaptação, mas uma ruptura, tem que ser um novo começo: “remendo novo em roupa velha, causa um maior estrago, quando romper, vinho novo em odre velho, rompe-se e perde todo o conteúdo, mas somente o novo com o novo podem preservar-se”.[Mateus 9:14-18].

Uma nova ordem estava sendo iniciada, o reino de Deus chegou, e agora era hora de rever conceitos, doutrinas, certezas, era hora de fazer uma re-visão na visão, para ver que quem quisesse ser participante desse reino precisava re-visar, as suas certezas, e estar disposto a aceitar o absurdo como graça.

Jesus não veio ensinar “doutrina”, para ele essa tem apenas a função de explicitar a fé, e não era a fé em si mesma, de forma que o falar da doutrina é expressar uma verdade que se ajusta ao intelecto, mas essa não esgota no intelecto a verdade que se expressa.

Assim como Jairo que ao ter a sua filha a beira da morte teve suas convicções confrontadas com o desespero, e viu que suas “verdades eternas” eram históricas, pois na sua história ele aprendeu que agora estava de frente a única verdade e ao vê-lo: “prostrou-se a seus pés”. [Marcos 5:21].

Por falar nisso lembram-se da quase total unanimidade sobre ser contra o novo casamento do divorciado... Até que alguns dos que defendiam a doutrina da "uma só carne", ter na sua carne a separação ai...O encontro do desespero com a necessidade gerou a flexibilidade...


7 comentários:

  1. Pois é JL, deus nos deu o livre-arbítrio para escolhermos entre dois caminhos. E se você escolhe o caminho que a doutrina tem como "perdição", a doutrina diz que deus vai te castigar por tal escolha. Ou seja, temos livre-arbítrio para escolher apenas o que a doutrina tem por verdade.

    Excelente temática a que você aborda no texto. Esse é o livre-arbítrio contraditório da teologia cristã.

    abraço

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  2. Meu amigo J. Lima

    (Não vou fazer um comentário extenso, pois estou sem tempo, tendo pouco tempo, tenho que comentar outras salas dos pensamentos da nossa confraria dos pensadores fora da gaiola)

    Troquemos a verdade-mentira dos dogmas dogmáticos, que gera rancor, ódio e intolerância para com os outros que ousaram pensar fora da verdade-mentira, pois perceberam que verdade-verdade não é verdade, sendo verdade-mentira, pela universalização da vida, que está sim é verdade-verdade, pois não há verdade maior que a vida, sendo a vida uma verdade viva.

    Toda e qualquer teologia tem que ser re-significada, re-pensada e re-crida a parti do chão da existência da vida, pois teologia da vida é aquela que é construída pela desconstrução da teoria pela vida que é viva e não estática, não podendo nunca ser engessada, mas anda em constante fluxo, gerando flexibilidade, pois o que foi pode não ser, e o que é pode não continuar sendo, só a vida viva que determina como e, o que, e de que maneira creremos.

    Abraços

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  3. É meu caro J. Lima

    "crença correta" - "doutrina certa" - "pensar correto". Tudo isso faz parte de um maniqueísmo religioso que anula completamente o Evangelho de Cristo

    Parabéns, pelo enxuto e lúcido texto


    Levi B. Santos

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  4. Otimo texto José, Eu sempre briguei comigo mesmo e com os partidarios da segurança acima da Fé , na submissão, na entrega. A ordem das coisas, costuma sim alterar o produto.

    Aguardo sua visita.

    Abraços em Cristo e Paz!

    Danilo Fernandes

    http://www.genizahvirtual.com/

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  5. Blog interessante. Já estou seguindo.

    Visita o meu depois e, se gostar do conteúdo, sinta-se a vontade para nos segir!

    Abraço!

    Eliel
    www.elielvieira.org

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  6. Diante de tudo que ja ouvimos e vimos, só nos resta dizer o que foi dito por Jesus a Nicodemos: "É necessario nascer de novo."

    Belissimo artigo!

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  7. JLima permita-me:

    A pedido do verdadeiro Nureda; Segue o comentario que fez no meu Blog:

    Jair dos Santos, ou deveria chamá-lo de furacão?

    Jair, houve um propósito para eu o verdadeiro Nureda, iniciar esta despedida justamente contigo.

    Estou saindo do meio de vocês, pessoas tão magníficas, pois minha missão, acredito, já fora cumprida.

    Peço-lhe Jair dos Santos:

    Não desista de escrever seus poemas, pois embora eu nos os comente mais, sempre estarei lendo-os.

    Não deixe o Esdras se perder em seus pensamentos tão "subjetivos",pois aquele garoto ainda será um grande escritor. Eu ficarei orgulhoso de vê-lo dando autógrafos no lançamento de um de seus livros, talvez ele até assine um pra mim, mas não saberá que sou eu.

    Busque mais almas para essa CONFRARIA Jair! Não deixe que eles se dispercem, não permita que se agridam, não tolere que não se amem.

    Vou para outras salas tentar dar continuidade à minha missão. Talvez não encontre o amor que encontrei nesta, mas vale à pena tentar.

    Adeus Jair!

    Copie este comentário e passe aos outros confraternos, pois não mais voltarei.

    Ass. Noreda Somu Tossam

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