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Jl-reflexoes

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Desejo de ser aceito!


Parte II


Há duas formas de sermos frustrados: Uma é não conseguir o que desejamos outra é conseguir! (Lucas 15: 11-12).


O filho que ficou viu que na presença do pai era “impossível” satisfazer o seu desejo de “liberdade”, restava ficar em casa, se acomodar a situação, fingir que está tudo bem, externar um sorriso, quando interiormente esta chorando, mas assim dá para manter o status de “filho”, seria um preço a pagar pelo estereótipo, mas a vida continuaria ser de escravo. Livre para quem o vê fazendo o “convencional”, aquilo que um filho deve fazer, mesmo que isso lhe traga na sua alma a inquietação: “Será que não seria melhor eu tentar buscar minhas realizações, longe do meu Pai?”.


Ao pedir ao pai sua parte na herança, estava implícito que o filho queria ter a liberdade de agir de acordo com as suas convicções, a fala do filho, mostra que para ele, a sua infelicidade estava em ter que agir de acordo com as normas do Pai, logo na óptica do filho o pai era responsável direto pela suas frustrações.


Mas ele teve ousadia, resolveu agir de forma que contraria a maioria, dizia ele no seu coração: “Quero experimentar por mim mesmo que é possível viver longe da presença pai”, afinal na sua presença, não há como fazer o que lhe é contrário! Só serei realizado se fizer tudo o que quero, sem ter que se sentir culpa, sem ninguém para dizer que estou errado.


“Passados não muitos dias, o filho mais moço, ajuntando tudo o que era seu, partiu para uma terra distante e lá dissipou todos os seus bens, vivendo dissolutamente”. (Lucas 15: 13)


O filho que saiu desejou a “liberdade”, o direito de escolher não ficar na casa do pai, e ir para onde quiser, mas a liberdade que deixa livre para agir, nem sempre nos deixa livre depois da ação, logo ele tinha livre arbítrio, mas não liberdade, a liberdade só existe quando ela não nos torna seu escravo! Ser livre não é ter o poder para fazer o que quiser, mas ao fazer o que quiser não ser afetado pela ação, logo liberdade não pertence aos mortais somente aos deuses!


O filho “viveu dissolutamente”, ou “irresponsavelmente”, teve liberdade para fazer o que quis, mas não continuou livre depois de fazer o que fez! Vivia como escravo na casa por não poder fazer o que queria na presença do pai, continuou como escravo longe da presença do pai, pois a liberdade que pretensamente o tornaria livre o escravizou, agora era escravo da liberdade, pois a liberdade também é regida pela lei, não a lei do pai, mas a lei da consciência!


“Então, caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui morro de fome”! Levantar-me-ei, e irei ter com o meu pai, e lhe direi: “Pai pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus trabalhadores”. (Lucas 17-18)


O filho reconhece “pequei” contra o céu e diante de ti.


A definição teológica para a palavra pecado é “errar o alvo”, não atingir o propósito para o qual foi designado! “Pequei contra o céu e diante de ti”. Essa confissão se dá pelo entendimento que antes de pecar contra o próximo se peca contra Deus.


Mas a realidade é que todo o pecado se dá em “errar o alvo com o outro”, não é uma transgressão no “espírito”, pois só ama a Deus amando o próximo. (1 Jo 4: 20), da mesma forma “Deus está no próximo” errarmos o alvo para com o próximo, pecamos contra Deus, de forma que “pecar contra os céus”, é antes de tudo pecar contra o próximo!


O filho relativiza o significado de “liberdade”, pois confessa o seu desejo: “trata-me como um dos teus escravos”. Outrora na casa do pai, queria estar longe de casa e livrar-se da “presença”, agora que estava longe, sente a falta da casa e da presença, percebe que viver como escravo na casa do pai, seria melhor do que viver “livre longe do Pai”. O desejo de ser livre para fazer o que queria, cedeu lugar para a saudade de quando não fazia o que queria.

Continua..

8 comentários:

  1. Será que o filho que saiu chegou à conclusão que não vale a pena ser livre? ou que não vale a pena ser livre longe do pai? Mas o pai lhe concede total liberdade sobre o seu senhorio? Por que ele agora quer ser escravo do pai? por que não aguentou a sua liberdade junto com os porcos? Por que estava sem dinheiro?

    Sua frase

    "a liberdade só existe quando ela não nos torna seu escravo! Ser livre não é ter o poder para fazer o que quiser, mas ao fazer o que quiser não ser afetado pela ação, logo liberdade não pertence aos mortais somente aos deuses!"

    Mas até Deus é afetado pela sua liberdade!! Se considerarmos o pai como símbolo para Deus, o seu ato livre de dar a herança ao filho, provoca nele a dor da separação, a espera na janela pela volta do filho.

    Que riquezas de questões esse tema pode nos trazer!

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  2. Eduardo suas questões são profundas!
    peço-lhe mais tempo para abordá-las com mais reflexão. ok?
    Mas vou já adiantando que tenho um conceitos sobre liberdade e acho que confundimos liberdade com libre arbitrio...
    Até mais. rsss

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  3. Eduardo e J. Lima


    A nossa liberdade é limitada, por exemplo, mesmo que queiramos sair voando, não podemos, e isto já restrigi a liberdade.
    Se quizermos a absoluta liberdade, mesmo que se de fato ela existisse, seriamos destruidos, pois toda liberdade tem limites, e são os limites que se respeitados nos dão condições de se viver e sobreviver no mundo.


    Só no fato de nos relacionarmos, isto já implica limites a nossa liberdade, pois se quizermos viver com total liberdade, teriamos de – como fez o filho pródigo – romper com os relacionamentos, pois quando amamos, há uma entrega voluntaria, um abrir mão voluntario da nossa liberdade.


    Se o sujeito sonha ter liberdade, ele não pode se casar, nem ter amigos, ou seja, de se viver isoladamente, como se fosse em uma ilha deserta.


    Mas é claro que temos escolhas (livre arbitrio), mas a cada escolha que fazemos, abrimos mão de outras, nos restrigindo em nossas opções da liberdade.


    Como diria Sartre; a liberdade é uma doce ilusão!!!!

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  4. Uma outra questão que eu já ia me esquecendo:

    O J. Lima tu não vais comentar a minha nova postagem polêmica?

    Quero saber até onde vai essa nossa indenficação pensante, quando o assunto é sobre sexualidade!!!!

    Quero ver ou ler a sua opinião sobre o assunto. Hahahahaha

    Ou vai pipocar na missão???!!!! hahahahaha

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  5. Marcio aguarda um pouco.
    Estou muito ocupado no momento!
    mas já li o seu texo!
    vou comentar brevemente! hahahahaahha

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  6. Eduardo.

    Vou respondendo as questões levantadas na sequência que você escreveu, sem repetir a sua escrita para que não fique muito longo o texto ok ?

    Vamos lá...

    Eduardo a questão abordada por você sobre o filho ter chegado a conclusão que não vale a pena ser livre?

    Na minha opinião o que aconteceu foi o equivoco do filho que sai sobre o significado de liberdade, pois para min temos a liberdade de escolha entre fazer ou não algo no tocante a tomada de decisões.

    Mas uma vez a decisão tomada acaba-se a liberdade pois temos dominio sobre as decisões que podemos tomar mas não nas contingências dessas decisões uma vez tomada!

    Por que ele agora quer ser escravo do pai? por que não aguentou a sua liberdade junto com os porcos? Eu não chamaria de liberdade, passar a desejar algo contrario a minha natureza, que liberdade é essa que me leva para uma forma de vida inferior a que eu tinha?

    No meu ponto de vista ele poderia usar seu livre arbitrio, para realizar os seus desejos, mas como diz o ditado "ele foi com muita sede ao pote"! E depois que bebeu toda a agua, continuou com sede! Dai ao meu comentário que a liberdade que extingue os limites não é liberdade!

    Quanto até Deus ser afetado pela liberdade veja que há uma diferença, afetar e ser afetado em relação ao sofrimento de Deus ao sentir o nosso sofrimento, pois a felicidade de Deus está em sermos felizes com a nossa capacidade de decidir.

    No entanto veja que mesmo sentindo a dor pelo uso desenfreado da liberdade do filho, em satisfazer seus instintos, o pai não proibiu a liberdade usada pelo filho que atinge o pai no tocante ao sofriemnto devido ao pai o amar.

    Essa parabola tem um alcance para os ateus ou adeptos do ateismo, pois a vida sem nenhum movimento na contração, culmina em diluição. livrar-se de toda lei moral, nenhum deus como senhor, para ser senhor de sí e deus de sí mesmo, é o desejo do ateu e foi o desejo do filho que saiu, o problema é que sem limites o homem se degenera, deixa a sua caracteristica de "dominar a natureza", para ser extensão dela!

    Continua...

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  7. A Cultura que limita o homem é a mesma que o exalta acima da bestialidade animal!

    Se o o excesso de espiritualidade cria animais doentes, por outro lado o excesso de animalidade deforma o homem espiritual.

    Não se deve ter utopia quanto ao homem ter uma liberdade sem afetar o outro, ao mesmo tempo em que é afetado com o uso dessa, não se deixar levar nem pelo que poderíamos chamar de "pulsão na expansão", que é a vida sem limites na execussão e obtenção dos desejos, tão pouco "pulsão na contração", que é a negação de todos os desejos, culminando no recalque, e no momento oportuno a ventilação da ira, como ocorreu como o filho mais velho que ficou em casa!

    A parábola dos filhos narrada pelo maior psicanalista que é Jesus; mostra que viver a vida "pulsando na expansão sem limites", pode diluir o ser humano, levando-o a perder a sua identidade: "desejar o que é desejável aos porcos", mas viver a vida na "contração sem expansão", anulando os desejos recalcando-os pelo medo, culpa imposta pela tradição ou por qualquer lei, produz angustia inveja e ressentimento contra todo o poder que se coloca a frente!

    No caso da parábola os dois filhos tinham resssentimento contra o pai, basta ver que o que saiu pediu a sua parte, o que ficou lançou em rosto do pai que a tanto tempo que trabalhava para ele e não recebia nenhum cabrito como pagamento!

    O filho que saiu viveu a dimensão da "pulsão na expansão sem limites”, o outro que ficou na "pulsão na contração sem limites".

    È preciso limites para viver na expansão, mas também é preciso limites para viver na contação, os dois movimentos da vida: A pulsão na expansão e a pulsão na contração precisa de limites, o filho que saiu precisava se contrair um pouco, e o filho que ficou precisava se expandir um pouco.

    Os dois precisavam de limites para
    Continua...
    viver, o que saiu, limites na execução, o que ficou limites na retração dos desejos!

    Espero ter explicado um pouco os meus conceitos nesse texto.
    Abraço.

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  8. Muito bem explicado JL!

    Eu teria que comentar algumas coisas que você escreveu, mas de novo, meu PC está ruim e estou escrevendo da Lan e da Hause rsssss, como diz o Gresder.

    E como não quero escrever correndo, vou dar mais um tempo para ver se consigo consertá-lo de novo.

    grande abraço!

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