Top blog

Top blog
Jl-reflexoes

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Cordeiro e Lobo... Duas faces da natureza humana!

Lucas 10:3 “Ide eis que vos mando como cordeiros ao meio de lobos”.

Ao falar para os discípulos ir “como” cordeiros, ele não diz que mando “cordeiros” pois cordeiro não pode subsistir no meio de lobos, ele faz uma associação, uma símile , ele diz: “eis que vos mando como cordeiros”, mas na seqüência ele não usa figura de linguagem, afirma: “no meio de lobos”.

Sua advertência é uma psicologia de sobrevivência, pois estava dizendo o seguinte: “entenda que a mensagem do reino é uma mensagem de transformação” como cordeiro é um processo não é cordeiro, somente ele viveu em toda dimensão humana na sua essência, ele não é “como” cordeiro, ele “é” cordeiro.

Ser como cordeiro é diferente de ser cordeiro significa que os discípulos de Jesus estão passando por um processo, o evangelho não oferece uma transformação instantânea, mas sim progressiva. Havia um longo percurso para que a natureza de cordeiro existente nos discípulos subjugasse  o poder da natureza do lobo que coexistia em sua personalidade.

Os discípulos recebem missão de agir “como cordeiro”. Lobo e cordeiro são duas faces da natureza humana, cordeiro é a dimensão da natureza que recebe a influência de Deus através do espírito, mas lobo é a outra dimensão da natureza do homem.


Jesus estava não só fazendo uma advertência, mas estava falando das duas dimensões que são antagônicas, que lutam no mesmo centro de consciência e o ambiente facilita, mas não pode determinar. O lobo precisa esforço para agir como cordeiro, mas “como cordeiro” pode facilmente agir “como lobo”, pois quem tem um pouco de lobo não precisa de muito esforço para agir como lobo!


Ter consciência de que a transformação não é instantânea, mas sim progressiva, é saber que o evangelho não atua como num passe de mágica, há necessidade de lutar para que o cordeiro que há na natureza não seja silenciado pelo lobo, isso acontece quando se faz o que deseja, mesmo sabendo que não devia fazer!


Quando se faz algo que sabe que não devia fazer é frustrante ver a luta entre e lobo e cordeiro, fazer o que deseja é fácil basta deixar os instintos levar, mas não fazer o que deseja, é preciso lutar, agir “como” cordeiro é ser manso, quando deseja atacar, suportar, quando quer revidar, essa consciência tem o cordeiro, mas não o lobo, por isso ele vai lutar para que o cordeiro venha agir como ele: “revidar, destruir, atacar!

Quando o lobo ataca faz o que lhe é peculiar por natureza, mas o cordeiro não tem estratégia de ataque, sua natureza não tem essa propensão, Jesus está mostrando que o evangelho oferece a consciência de que devemos ter cuidado, para que nesse conflito entre cordeiro e lobo não deixemos que o lobo venha dominar o cordeiro.


Cordeiro no habitat do lobo é presa facial, por isso ele não diz: “eu mando cordeiro no meio de lobo”, mas “como” cordeiro no meio de “lobo”, porque dentro de nós tem a mansidão do cordeiro que é a herança de cristo, mas tem a astúcia e a sagacidade do lobo, que é o ser humano dentro do seu egoísmo.


Jesus esta dizendo aqui: “Vocês vão como cordeiros no meio de lobo, prestem atenção quando vocês forem confrontados, no meio da matilha tome cuidado para que o lobo que há em você, na sua natureza, ao ser confrontado não queira fazer uma guerra, usando uma astúcia, que  lhe é natural”.


O evangelho é o convite ao homem a tomar a natureza do "cordeiro", e viver no mundo de "lobos", a essência da natureza do lobo é astúcia, sagacidade, é predador, a sua subsistência depende da morte de outro, diferente do cordeiro que precisa ser conduzido, alimentado, cuidado, é dependente, não sabe se defender, já o lobo sua defesa é o ataque!Só recua quando encontra alguém que tem maior poder que ele, somente um poder maior o faz retroceder!


A advertência de Jesus aos discípulos era que eles iriam viver num um sistema predatório, pessoas que vão usar a sagacidade para ludibriar, enganar. Sua alerta: “não quero que vocês usem os mesmos instintos, porque esse é para predador!”


Eu envio vocês com uma natureza oposta, sua arma é a sujeição, bondade, mansidão que se encontra no cordeiro, lute contara a força esmagadora, opressora, coerciva, predatória que há em vocês, não usem as mesmas armas, os mesmos instintos, eu não estou enviando lobos, mas "como cordeiro" para lutar no meio de lobos, embora tenham intimidade com as armas dos lobos, suas armas são as do cordeiro!


A força que lhes dou é uma força oposta, não é a força de subjugar, dominar, oprimir, mas de sujeitar-se, não a força da guerra, mas da paz, não é a força que obtém vitória pelo método predatório que elimina o outro, mas a força da confiança de que você recebe a natureza de cordeiro, embora antes já tenha a natureza do lobo.

Você precisa viver num mundo de lobos, transitar entre lobos e não deixar com que a natureza de lobo que está em você venha dominar a natureza do cordeiro. Ele estava advertindo que haveria o perigo de que os seus discípulos ao entrarem  no meio dos lobos, esquecessem de que eles iriam lutar de forma diferente, se isso acontecesse haveria uma “guerra de lobos”, e a mensagem do reino não será sinônimo de paz,  sim uma guerra.

 Ele estava dizendo: “não estou enviando vocês para fazer uma guerra de poder, eu não quero que vocês mostrem que são mais fortes do que os outros, não usem a estratégia do lobo, usem a simplicidade do cordeiro”. È assim que vocês irão atraí-los a experimentarem viver como cordeiros!


Jesus queria deixar claro que no seu reino os fortes não são os predadores, não é força da imposição, coerção, ditadura, mas sim a força do cordeiro mudo que se deixa levar, não é a força daquele que tem poder para esmagar o seu adversário, mas a força daquele que tendo poder não esmaga a cana quebrada.

A força do reino não é a astúcia do lobo, mas a simplicidade do cordeiro, não auto-suficiência predatória do lobo, mas a dependência e humildade do cordeiro, a mensagem do evangelho não é que você pode tudo, se torna imbatível, mas que a força que domina é a mansidão, paz, benignidade, não é medir forças, um poder que vai fazer frente a outro poder, no homem habita duas faces da natureza, a do cordeiro e a do lobo.


A natureza do cordeiro é um arquétipo do “homem perfeito”, mas há a natureza do lobo, que é o "ególatra", que busca satisfazer-se em detrimento do outro, a luta, não deve ser com a força e a astúcia do lobo, mas com a mansidão do cordeiro, não é uma luta para você dominar com suas forças, mas para deixar-se dominar, a natureza humana tem duas faces a do cordeiro e a do lobo!

14 comentários:

  1. Oi,JL. Pena que estou sem computador e não estou com o tempo necessário para ler com calma e comentar os textos da confraria, que são sempre, tão significativos.

    Você fez uma interpretação muito boa da passagem, mas creio que podemos vê-la sobre outros prismas.

    Não sei se o que Jesus queria enfatizar ali era a dualidade habitante no homem Lobo /cordeiro. Você diz que tornar-se cordeiro é um processo, mas quem, de fato, já chegou a ser cordeiro em vida?

    Lobo e cordeiro não seriam dois aspectos de uma só realidade existencial de toda humanidade?

    Se puder, dá uma lida no meu último post e faz lá um comentário daqueles que só você sabe fazer.

    ResponderExcluir
  2. Olá Eduardo.
    Concordo com você sobre esse texto ter a amplitude de ser visto por outro prisma, no entanto mas abaixo escrevo:

    A natureza do cordeiro é um arquétipo do “homem perfeito”, mas há a natureza do lobo, que é o "ególatra", que busca satisfazer-se em detrimento do outro”.

    Você tem razão ao dizer:
    “Lobo e cordeiro não seriam dois aspectos de uma só realidade existencial de toda humanidade?”

    Creio que sim, mas na minha concepção não podemos eliminar nenhuma nem a outra dimensão, mas podemos fazer com que uma se sobreponha a outra, quanto a não existir “cordeiro” está correto, mas essa é a utopia que na fé cristã será alcançada na ressurreição. Filipenses 3: 11

    Penso que é uma questão de crer, até mesmo uma UTOPIA, o que é útil, essa servem para nos impulsionar, não é porque ninguém conseguiu que não devemos desistir de tentar viver nessa dimensão, mesmo porque tentar viver essa já vale à pena, pois é sublime em si, independente do êxito pleno nessa tentativa! Por isso digo que “Cordeiro” é uma espécie de ARQUÉTIPO da plenitude humana vivida por cristo.

    Aliais acho que o apostolo Paulo chegou num nível bem elevado, no evangelho, é comparar o seu estilo no livro de atos principalmente no capitulo 13 e sua acidez nas cartas de coríntios e gálatas, mas está bem diferente na segunda carta ao seu discípulo Timóteo não acha? Hahahahahahaha

    Vou ler o seu texto e farei um critica ok?
    Abraço.

    ResponderExcluir
  3. Bravo J.Lima!!!


    Perfeita, a sua abordagem psicanalítica de nossa face cordeiro e de nossa face lobo!

    Acredito que Cristo - o perfeito analista da alma, queria dizer justamente o que você conseguiu habilmente mostrar.


    Vá guardando todos esses seus posts num lugar seguro, para publicá-los em um próximo livro. Segue uma dica para o título:

    "Os Evangelhos à luz da Psicanálise" (rsrsrs)


    Aí vão alguns versos em prosa sobre essa FERA (lobo) que habita em nós:



    Lá dentro de mim se esconde
    Um animal perigoso.
    Está preso entre as grades,
    Por ter algo venenoso.
    Ponho guarda dia e noite,
    Pois ele é contencioso.




    Seu vil veneno entorpece
    Nos deixando estonteado.
    No sangue, o cálido desejo
    Pode ser disseminado.
    Quem não resistir a essa fera,
    Termina envergonhado.




    A mordedura desta fera
    Envenena o coração.
    E induz a ver um argueiro
    No olho do meu irmão;
    Não deixa enxergar a trave
    Na minha própria visão.



    Um forte abraço,

    Levi B.Santos

    ResponderExcluir
  4. É J. Lima, nossos pensamentos são realmente muito parecidos, inclusive dá para perceber nas postagens de cada um de nós. Hahahahah

    Só que neste caso, a sua significativa postagem sobre lobo e cordeiro co-existindo dentro do ser humano, eu levo uma ligeira vantagem, pois publiquei primeiro. Hahahahaha

    J. Lima, me revela ai: Quais serão as suas próximas postagens, para eu ver se derepente você não tem uma parecida com as minhas, para que eu venha colocar primeiro do que você. Hahahahahaha

    Brincadeiras a parte, (como é bom brincar, percebo que você tem um otimo bom humor.) eu sou meio suspeito para falar dos seus textos, que dira elogiar, não é mesmo? Rsrsrs

    Mas o seu ensaio novamente é nota 10, sem sombra de duvida.

    Abraços

    ResponderExcluir
  5. Levi.
    Sua idéia já estava amadurecendo em minha história.
    Muitos dos artigos que escrevo tem sempre essa dimensão da psicologia.
    Agora começei a fazer faculadade de psicologia.
    Estou pensando em ir escrevendo e futuramente escrever algo como sugerido por você.
    Certamente vou usar muitos dos seus exelentes textos e comentários.
    Abraço e obrigado pelo cordel.
    Vou salvar em meus documentos.

    ResponderExcluir
  6. Marcio.
    Foi muito bom ter conversado com você por telefone.
    Foi muito divertido;
    Agora quanto a revelar as próximas postagens eu estarei sempre em desvantagens pois você é mais antigo do que eu na blogosfera! hahahahha
    Toda vez que nossos artigos tiverem similaridade vão desconfiar que eu plagiei você, a minha unica chance é publicar antes, mas certamente você já deve terá muitos artigos que ainda vou publicar com o teor teológico semelhante ao meu.
    Bom só me resta ampliar com uma abordagem mais psicológica já que estou estudando psicologia né? hahahahahhahh
    Abraço.

    ResponderExcluir
  7. Ah Levi!
    O tema é sugestivo!
    Creio que durante os 5 anos de curso, certamente poderei colocar em prática.
    Bom queria contar com a sua experiência.
    Se você pudesse dar sugestões de um esboço, para min aproveitar ok?
    Como você já leu os artigos que publiquei no blog, certamente você pode me dar dicas sobre o INDICE DO LIVRO, quero trazer para a linguagem teológica os principios da psicanálise usando os textos biblicos como no artigo CRISTIANISMO DA CULPA E A CULPA NO CRISTIANISMO!
    E mais uma vez obrigado pelo incentivo!

    ResponderExcluir
  8. Ok, JL, captei a mensagem do cordeiro como arquetípico e como utopia a ser buscada ainda que não alcançada.

    Não é que eu discorde das duas dimensões que em nós habita. Você concorda que as duas categorias são aspectos de uma única dimensão, mas depois você disse que

    "Creio que sim, mas na minha concepção não podemos eliminar nenhuma nem a outra dimensão, mas podemos fazer com que uma se sobreponha a outra,"

    Só pra ficar claro: você vê duas dimensões independentes ou duas dimensões de uma só realidade?

    Talvez não sejamos nem cordeiro nem lobo, apenas algo neutro que com a vivência pode se manifestar como um ou outro.

    Então a questão não seria bem de alimentar um e deixar o outro com fome.

    Enfim, perdoe-me a minha falta de conteúdos psicológicos rssss

    ResponderExcluir
  9. Ô Duzinhõ

    Se você disse realmente o que disse, querendo dizer, então eu discordo de você, meu protegido. Rsrsrsrsr

    Sua fala: “Talvez não sejamos nem cordeiro nem lobo, apenas algo neutro que com a vivência pode se manifestar como um ou outro”.

    Minha resposta: A Historia, nossas vidas, nossa sociedade comprova que é impossível uma pessoa nascer neutra!!!
    Não é somente a vivencia que faz o cordeiro ou lobo, ou os dois, se manifestarem, mas sim, a nossa natureza, nossa existência, nossa vida e nossos instintos.
    Claro que o mal como moral será feito a partir de escolhas consciente, só existindo possibilidade de fazer o bem e o mal através da consciência.

    Um animal, por exemplo, pode vir a matar, mas não será culpado de forma alguma, pois eles não possuem consciência, assim é também, quando um homem comete homicídio, se for comprovado que ele sofre de distúrbios mentais, ele não pode ser culpado, pois não fez com a consciência.

    Mas não sei como explicar essa nossa natureza ambígua, o porquê de o homem nascer com inclinações para o mal quanto para o bem, mas de certa forma, o meio em que se vive e as escolhas que se fazem, o tornará um lobo voraz, ou um cordeiro, sendo que mesmo assim, ainda existirão os dois em todo ser humano.

    É a velha nova discussão entre o existencialismo e naturalismo, quem estar certo?
    Acredito que nenhum e nem outro, mas um pouquinho de cada, pois assim é a nossa vida, uma mistura entre o ser que é, e o ser que é feito.

    Abraços

    ResponderExcluir
  10. Duzinho

    Erro acima, quero concertar: onde eu disse “meu protegido”, na verdade eu queria, como quero dizer “meu protetor”. Rsrsrsrsrsrs

    Abraços

    ResponderExcluir
  11. marcinho, o que eu quiz dizer é que muito do que somos, o somos pelo meio em que vivemos. Um bebê de um mês de nascido não é nem lobo nem cordeiro; o será quando tiver consciência do mundo e quando começar a construir a si próprio como pessoa.

    Somos formados pela moral herdada dos nossos pais e pela nosso própria moral construída por nós mesmos no decorrer da vida. Somos um amálgama dessas influências.

    Ou seja, o meio em que vivemos tem um peso muito grande em quem nós somos, é isso que eu estou dizendo.

    Talvez a minha frase que você citou tenha saído meio ambígua mesmo. Então, deixando mais claro, o teor de lobo e cordeiro em nós, será resultado das pessoas que nos influenciaram durante a vida, aqueles que foram exemplos para nós, os valores e a moral que recebemos e pela nossa própria moral que nós construímos, resultante da nossa individualidade.

    Eu só questiono que lobo e cordeiro são duas dimensões que procedem de uma mesma coisa: da nossa integralidade como ser uno.

    ResponderExcluir
  12. Olá José Lima, e parabéns pelo artigo. Foi muito profundo e esclarecedor com referencia à nossa natureza lobo-cordeiro e cordeiro-lobo, principalmente quando achamos que somos cordeiros e nos deparamos com um lobo dentro de nós. Que Deus te abençoe.
    Paulo Soares Junior
    Ribeirão Preto/SP
    p.soares.junior@hotmail.com

    ResponderExcluir