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Jl-reflexoes

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

PARA QUEM QUER VIVER FELIZ!


“Quero ser feliz”! “Será que essa frase não é contraditória”?  O desejo não é errado em si, mas a ontologia [1] de que “ser feliz", expressa um estado, uma cristalização de êxtase, uma vida de euforia constante! Por outro lado muitos colocam sua expectativa de “ser” feliz quando alcançar uma realização, conseguir um bem, realizar algo definido como um sonho!

Essa busca coloca a felicidade como algo estático, um lugar, objeto de conquista, e nessa odisséia, voluptuosa, o ser que ainda não é, constata a cada realização, bem conquistado, sonho realizado, que não será feliz, pois felicidade não é um lugar que se chega, mas um caminho que se vai, não é um objeto que se conquista sonho que se realiza, pois a realização diminui o êxtase, o que era já não é, perde o sentido, tiveram maior sabor antes, alcançaram o ápice, e declinaram depois.

Por não entender essa dinâmica da vida, o ser humano se ilude em “ser” feliz, e de plano em planos, de conquistas em conquistas, sempre volta ao ponto de partida, êxtase, auge e declínio, nessa redoma que doma a ilusão prevalece a frustração! Se o homem não pode “ser” feliz, por não conseguir prolongar o êxtase de uma alegria, ele pode “viver” feliz, para isso ele precisa viver em outra dimensão, não meta-física, mas na física-meta, pois como ser físico e metafísico o homem precisa muito mais que circunstâncias para viver feliz!

A felicidade de acordo com Jesus está mais perto da consciência de que a “A vida não consiste em poucos grandes momentos, mas sim em milhares de pequenos momentos aos quais emprestamos significado”. [2] Jesus não apresenta códigos para uma vida feliz, tão pouco um manual com passos prefixados, mas a sua vida reflete princípios pela qual podemos nos orientar:

“E chegada a hora, pôs-se Jesus a mesa, e com ele os apóstolos. E disse-lhes: Tenho desejado ardentemente comer convosco esta páscoa, antes da minha paixão. Pois vos digo que não a comerei mais até que ela se cumpra no reino de Deus“ [3]

A vida deve ser firmada em amizades, pois muito mais do que Servos, Jesus se relaciona conosco como amigo!

O momento histórico vivido por Jesus estava chegando ao seu ápice, os discípulos já haviam preparado tudo para a última refeição “foram, pois, e acharam tudo como lhes dissera e prepararam a páscoa”. [4] Esse era um dos últimos instantes de Jesus na terra antes de ser crucificado, e o que ele faz? Convida discípulos e realizar uma ceia, os participantes dos seus últimos momentos foram aqueles que andaram com ele durante os três anos de ministério.

A vida para Jesus era fundamentada em amizades, ele conhecia a importância de valorizar as pessoas e não os seus talentos, não o que elas tinham capacidade de fazer, mas a sua companhia, nos últimos momentos de sua vida ele não deu nenhuma recomendação para os seus discípulos, não estava preocupado com a produção de cada um, com o desempenho que teriam, se iriam dar continuidade a mensagem do reino, para Jesus as pessoas tinha prioridades sobre o que elas podem produzir daí vemos que não houve nenhuma recomendação, mas a ação de desfrutar os momentos apesar das circunstâncias não ser das melhores.

Com essa ação, Jesus absolutiza o paradigma de que o mais importante entre ele e o homem, não é um código de leis, com regras a serem cumpridas e sim que o Deus em-carne, desce do seu nível, iguala-se aos homens nos relacionamentos.

A cultura religiosa usa muito o termo “Servo”, mas pouco o termo “amigo”, no tocante ao relacionamento do homem com Jesus, o termo servo implica a nossa condição de submissão ao seu Senhorio, não na perspectiva feudal, e sim um “escravo”, com condições de não aceitar a subserviência, tendo a liberdade para não servir, mas opta servir seu SENHOR, por esse, ser amigo, e não déspota, submete não por coerção, mas por voluntariedade. Jesus nos elevou a condição de amigo:

“Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos. Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas chamei-vos amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos dei a conhecer” [5]

O relacionamento com os discípulos mostra que num dos momentos mais críticos, ele não passa um código de leis para a obediência, tão pouco os coage a segui-lo, mas senta a mesa com eles, e fala do seu desejo por aquele momento. Essa é a perspectiva de Jesus no tocante a ser feliz, valoriza pessoas, faz com que a companhia daqueles com quem Ele se relaciona seja de amizade.

Se o homem quiser experimentar a felicidade, precisa conscientizar-se de que O SENHOR se relaciona como amigo semelhantemente o homem também precisa se relacionar com ELE como amigo, pois o desejo de Deus é voltar aos “velhos tempos” do Éden onde face a face se encontrava para passear na virada de cada dia. [6]

Jesus o Deus que se fez carne, veio resgatar, a fonte primária do relacionamento do homem com Deus, a psicanálise diz que o homem desde o seu nascimento sofreu um “desamparo”, de forma que sempre busca resgatar essa perda.

O cerne da filosofia cristã é dar novamente ao homem o original, pois a ruptura deixou no homem um vazio existencial que somente a restituição do estado perdido, colocar novamente o homem na sua posição em cristo, essa restauração pode ser feita, pois “o verbo se fez carne e habitou entre nós”, prossigamos nessa odisséia humana, para contemplarmos como o mestre da vida, viveu e quer que vivamos para o nosso próprio bem...

Continua...
Quero dedicar essa serie de mensagens ao Pr. Ricardo Gondim.
Pela sua influência no meu pensamento que muito me ajudou na reflexão Teológica.
Que Deus o abençoe , lhe dando longevidade para continuar a influenciar essa geração!
____________________________
Notas

[1] do Gr. ón, óntos, ser + lógos, tratados. f., ciência que estuda os seres em geral; teoria ou ciência do ser;metafísica
[2] Kivitz, Ed René. Vivendo com propósitos. A resposta Cristã para o sentido da Vida. Editora mundo Cristão. 2003. São Paulo - SP.
[3] Lucas 22:14-15.
[4] João 15-13-15.
[5] Idem 22:13.
[6] Gênesis 3:8, fala que Adão e Eva na virada do dia: “Ouviram a voz do Senhor”, que andava no jardim do Éden, nesse período, a comunicação do Ser criado com o Criador, era direto, sem nenhuma ruptura, mas logo na seqüência diz: “esconderam-se da presença do Senhor Deus, o homens sua mulher, por entre as árvores do jardim”.

11 comentários:

  1. Professor J. LIMA

    Vejo que você a cada dia que passa, esta se tornando um especialista da alma humana, com seus excelentes textos.

    Para que o meu comentário não fique tão extenso, quero apenas pegar um fio desta teia de areia de significados que é o seu texto, e tecer o meu comentário;

    Sua fala: “o Deus em-carne, desce do seu nível, iguala-se aos homens nos relacionamentos”.

    Paradoxalmente enquanto as inúmeras teologias perdem suas forças dentro de mim, uma ganha espaço, que é a teologia relacional.

    Embora hoje isto seja muito mais um simbolismo do que um literalismo, mas ainda sim, carrega em si, um poder de valorização e dignidade humana, e tudo que é pró-vida, estou dentro, mesmo que seja para “diminuir” os “atributos” de Deus.

    Pois deus na teologia relacional se mostra mais poderoso ainda, se diminuindo, abrindo mão voluntariamente de sua soberania, para de igual para igual relacionar-se com o homem, ser até mesmo afeto pelo mesmo, isto é muito belo. – eu gosto muito da beleza, acho a beleza uma das grandes imagens simbólicas de Deus!!!

    Mas vou parar por aqui, pois pretendo em breve escrever sobre isto em uma postagem.

    Abraços

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  2. JL, meu professor e amigo, enfim, consigo voltar aos teus sempre intrutivos textos. Ainda estou com dificuldades com a marinet por isso tenho aparecido pouco.

    Teu texto está repleto de significados, e a pergunta "você é feliz" se feita para várias pessoas, é bem provável que a maioria diga que será feliz quando alcançar isso ou aquilo, condicionando a felicidade ao ganho material.

    Eu sou viciado em internet, confesso, rsss, principalmente na leitura dos textos dos amigos da confraria, mas estou com o meu computador quebrado, conserta-quebra, gasto uma grana em lanhause, mas isso não me faz infeliz...talvez um pouco ansioso.

    Já descobri que felicidade é, como você disse, um caminho, uma jornada, e não um alvo. Alcançar alvos é muito bom; tenho muitos alvos ainda para alcançar, mas nenhum deles me farão mais felizes do que eu sou, apenas me darão satisfação, que logo, se acabará, depois que a conquista não for mais conquista!

    Caminhar o caminho da vida com amor, amizades e contentamento pelas belezas que não podem ser compradas, é realmente, a melhor receita para a felicidade.

    abraços

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  3. Marcio e Eduardo.
    È sempre bom ter vocês no meu blog.
    Sejam sempre bem vindos!
    È isso ai não tô nem ai para "Atributos", principalmente o chamado de "poder de Deus", para min o poder de Deus está no amor e esse relativiza todo o poder, acho interesssante que ante da crucificação Jesus não fez nenhuma "REUNIÃO DE OBREIROS"!para falar sobre as funções de cada um e como deveriam "CONSAGRAR" obreiros...
    Mas sim aproveitou para comer!
    hahahahahahaha
    Imagino que hoje as reuniões de Jesus seria numa CHURRASCARIA, e o assunto não teria nada a ver com essas reuniões chatas de ministério!
    hahahahahahaha.
    Abraço para vocês.

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  4. AH marcio já ia me esquecendo viu para quem fiz a dedicatória do texto!
    Ao mestre Ricardo Gondim.
    Quando for em São Paulo na Betesda quero marcar para lhe encontrar lá!
    Vou aproveitar para dar um mega abraço no Pastor Ricardo! Sou fã incondicional dele! (Que os pentecostais tradicionais não leia esse comentário) hahahahhahahahha

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  5. J. LIMA

    Putz meu!!!! Eu li a sua dedicatória ao meu pastor, mas acabei esquecendo de mencionar no meu comentário, é que lá na minha sala esta rolando o maior debate existencial, e confesso que minha cabeça pensante já esta fervendo de pensamentos, a tal ponto que esta doendo, mas os caras não param de debater e nem eu!!!!! Hahahaha

    Mas obrigado pela dedicatória, também sou um...........digamos “discípulo” do Ricardo, principalmente no que tange pensar por si só.
    É como um grande mestre que pega na mão do seu aluno, como pega na mão do seu filho e ensina a andar, mas depois que aprende a andar, ai já não é mais com ele (mestre), mas com o discípulo o caminhar no caminho rumo a maturidade!!!!!

    Vamos marcar sim, quando você vier a betesda, se quiser pode dormir em casa, te prometo que não irás passar fome como o GRESDER SIL que sofreu na minha mão. Hahahahaha

    Será um imenso prazer encontrá-lo e poder conversar contigo pessoalmente!!!!

    Abraços virtuais por enquanto. Hahahahahah

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  6. Prezada amigo J. Lima


    Magnífico esse seu ensaio!

    Enquanto o lia nessa Terça-Feira de Carnaval, veio a minha mente o samba bossa nova de Vinícius e Tom, intitulado “A Felicidade”, que faço questão de aqui reproduzir um bom pedaço:

    “A felicidade é como a pluma
    Que o vento vai levando pelo ar
    Voa tão leve
    Mas tem a vida breve
    Precisa que haja vento sem parar
    A felicidade do pobre parece
    A grande ilusão do carnaval
    A gente trabalha o ano inteiro
    Por um momento de sonho
    Pra fazer a fantasia
    De rei ou de pirata ou jardineira
    Pra tudo se acabar na quarta-feira.”


    Como você muito bem dissertou, essa tal de felicidade de exaltação dos sentidos é frustrante, por ter seu começo, seu ápice e seu fim, como bem cantou Moacir Franco em “Turbilhão” (não sei se é do seu tempo), da qual reproduzo aqui uma estrofe:


    Turbilhão
    Moacyr Franco

    "A nossa vida é um carnaval
    A gente brinca escondendo a dor
    E a fantasia do meu ideal
    É você, meu amor
    Sopraram cinzas no meu coração
    Tocou silêncio em todos clarins
    Caiu a máscara da ilusão
    Dos pierrots e arlequins".

    OBS: Mudarei a terceira e quarta linha da estrofe, para terminar coadunando com o seu belíssimo ensaio:

    Em vêz de “E a fantasia do meu ideal, é você meu amor”, fica assim:

    “A alegria do meu ideal é você meu irmão”


    E viva a fraternidade inaugurada por Cristo. A união dos irmãos da C.F.G é a nossa força. (rsrsrrs)


    Um forte abraço,

    Levi B. Santos

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  7. CORREÇÃO (Em tempo):

    Onde está escrito "Prezada", leia-se "Prezado"

    Abçs,

    Levi B. Santos

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  8. Levi.
    Gosto dessa sua versatilidade de encaixar os temas, fazendo uma exelente contextualização!
    Como Pastor e prof. de teologia uso muito os textos biblicos, você sabe que é uma necessidade para quem atua nessa área né?

    Mas você consegue sempre ir longe trazendo a música, mostrando as riquezas contidas nos poétas brasileiros.
    Abraço.

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  9. Ótimo texto como sempre!!!! Bom vou me atrever em fazer um comentário hehehe
    Uma vez no colegial, um professor de filosofia deixou uma pergunta no ar... Felicidade existe?? E minha resposta mental prontamente foi sim e não! Essa idéia de felicidade adiquirida e pronta é muito limitada, a felicidade que muita gente acredita que ainda vai chegar, aquela que vou sentir quando tiver isso ou aquilo, quando me tornar algo que almejo ser, quando chegar aquela proposta que vai mudar a minha vida...na minha opnião essa felicidade não existe e a maioria das pessoas estão esperando a felicidade chegar... e ela nunca vai chegar porque ela já está aqui, ela está no nosso cotidiano, nos momentos em que alguém nos rouba um sorriso numa boa conversa, num abraço de uma amigo, no conselho sincero de um irmão, numa música que nos faz fechar os olhos e sonhar, num sermão dominical que nos faça conhecer o amor de Deus por nós, numa obra de arte que nos faça pensar no surreal, nas relações humanas... essa sim existe e eu experimento dela diarimente... e essa tem sempre um inicio e um fim, são como as ondas que vão e veem e nisto há um propósito, estamos sempre em busca, isto nos traz um crescimento como ser humano...No livro do C S Lewis "O grande Abismo", fala algo sobre isso, se não conseguimos viver essa felicidade terrena não vamos apreciar a felicidade eterna a que todos almejamos e sentimos saudade, já temos a oportunidade de experimentar da felicidade do reino de Deus... Num texto do Rubem Alves sobre jardins encontrei uma citação de Angelus Silésius:
    Se, no teu centro
    um Paraíso não puderes encontrar,
    não existe chance alguma de, algum dia,
    nele entrar.
    É sempre muito bom compartilhar de suas reflexões!!

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  10. OLá Vanessa.
    Bom ter você aqui.
    realmente pensou bem sobre essa "Felicidade", que na realidade é uma construção de momentos que damos significado.
    Apareça quando quiser,será sempre um prazer.
    Abraço.

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  11. Muito bom!
    Aff! Felicidade esta presente na minha vida em tantos momentos; não depende de eu ter coisas, ir a lugares. Já tive muitas coisas, foi em muitos lugares, por ossos do oficio frequentei lugares cheio de hipocrisia e maracutáias, tinha de tudo um pouco menos felicidade.

    Eu sou feliz com o que eu sou; pois creio que vivo tudo o que a graça de Deus me permite.

    Abraços Mestre.
    Bella

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